Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
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Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

26/04/2022

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (12)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

Nota prévia

Os posts destas séries têm sido publicados à segunda-feira. Excepcionalmente, este é publicado à terça-feira para destacar o post sobre o 25 de Abril impertinente que se não assino é apenas porque já está assinado.

De volta à madraça do PS

O Dr. João Leão antes de tirar o chapéu das Finanças fez aprovar o financiamento ao ISCTE, onde foi nomeado vice-reitor, para financiar o Centro de Valorização e Transferência de Tecnologias do ISCTE, que ele próprio irá presidir. Para se perceber melhor a tramóia leia-se a estória aqui contada.

Investimento público, a autoestrada mexicana do PS

Há anos que o governo socialista vem usando o expediente da auto-estrada mexicana no investimento público. Uma vez mais, em 2021 o Orçamento previa que o investimento crescesse 49%, o que permitiu fazer os anúncios do costume. No final aumentou apenas 23%.

O FMI não acredita. Faz mal. Não conhece as cativações e a autoestrada mexicana

«FMI não acredita na redução de défice prometida por Medina para 2022» e tem pelo menos uma boa razão – o Dr. Medina em plena guerra não aumentou nem um cêntimo no orçamento da Defesa.

As políticas socialistas ajudam quem menos precisa

Subsidiar os preços dos combustíveis reduzindo os impostos (na circunstância o ISP) talvez pareça uma boa ideia, mas não é. Por várias razões. Primeira porque distorce os sinais do mercado; segunda e mais fácil de entender, o subsídio é financiado por todos os contribuintes, incluindo os mais pobres, mas favorece especialmente os maiores consumidores de combustíveis que são os menos pobres. A alternativa é, evidentemente, o apoio directo às famílias mais pobres. E não se devem subsidiar os preços ainda menos se deve controlá-los administrativamente, como lembra Teodora Cardoso.

Então não estamos a crescer mais do que a Óropa?

Não, não estamos. O que o semanário de reverência celebra são as previsões da convergência com a Zona Euro, ou seja com os países que mais ricos que crescem menos do que os mais pobres que nos vão ultrapassando, ano após ano, o último dos quais a Roménia. Ainda assim, se, como o gráfico seguinte sugere, o diferencial for de 0,6% como o PIB per capita PPP português é cerca de 70% da média da Zona Euro para atingir os 100% precisaríamos de… meio século.


 Outros jornais menos celebrativos titulam «Portugal ficou mais pobre com a pandemia e deve estagnar com a guerra» e dizem-nos que o FMI prevê que o PIB per capita PPP português será ultrapassado em 2022 pelo Porto Rico, Polónia e Hungria.

Boa Nova

Citando o jornal Sol, «Costa Silva teve a ideia, António Costa aprovou-a e o Governo já está a trabalhar com o porto de Sines para avançar com uma solução de abastecimento do Norte da Europa alternativa ao gás russo do Nord Stream. (…) já houve mesmo uma primeira reunião de trabalho (…)» Alguém deveria informar os lunáticos que, à parte pequenos pormenores como de onde viria a quantidade pantagruélica de grana para investir em tal coisa, porque haveria o Norte da Europa de pagar uma solução para construir gasodutos de 3 ou 4 mil km se poderia descarregar LNG directamente nos seus portos? E em qualquer caso se estivéssemos à espera dessa alternativa ao gás russo do Nord Stream, o Sr. Putin teria tempo para anexar todos os países da região.

E porque não tratar de coisa mais ao nosso alcance…

Como, por exemplo, fazer funcionar os tribunais administrativos para resolver um contencioso fiscal que está em 17 mil milhões de euros ou quase 9% do PIB de 2021, a maior percentagem da Zona Euro, contencioso fiscal que chega a atingir a provecta antiguidade de quinze anos. E, de caminho, fazer uma reforma fiscal para simplificar os procedimentos fiscais e reduzir drasticamente as mais de 4.300 taxas e impostos que a máquina de extorsão do Estado sucial nos espreme.

Take Another Plan

Fonte

Não é preciso acrescentar mais nada, pois não? Entretanto, a TAP em Abril não usou um quarto dos slots de que dispõe e cancelou 40 voos.

Já é o mafarrico, e já se sente o cheiro das brasas

A inflação na Zona Euro já vai em 7,4% e não é só por causa da guerra, porque os preços já vinham aumentando antes devido ao alívio quantitativo e às ajudas no contexto da pandemia. Quem não parece preocupado é o Dr. Costa que garante que a inflação é coisa passageira. Se ele o diz…

A produção industrial portuguesa caiu em Fevereiro 5,7%, a segunda maior queda na UE. E a estaglação vem a caminho.

«Pagar a dívida é ideia de criança»

O Dr. Medina anuncia que «Portugal regista a terceira maior queda da dívida na UE em 2021» e prenuncia que «vamos tirar Portugal do grupo das economias com maior dívida pública na Europa». O mundo real, infelizmente, não parece estar tão optimista porque a dívida pública em Fevereiro voltou a subir e o endividamento total da economia (empresas não financeiras e famílias) aumentou em relação a 2021 3,4 milhões (dos quais 2,9 mil milhões do sector público).

«Empresa Financeiramente Apoiada Continuamente (pelo) Estado Central»

Finalmente a EFACEC, uma empresa industrial que não se podia deixar falir porque era uma das poucas empresas portuguesas que fabricava maquinaria eléctrica pesada, foi vendida ao grupo DST. Para fabricar maquinaria eléctrica pesada? Não, para pré-fabricar construção modular.

1 comentário:

Bilder disse...

A Nação-o País mais o Povo-caminha para onde ele próprio quiser.Para a Esquerda,para o Centro,para a Direita,talvez.Haverá Socialismo se o Zé Nabo quiser,multiplicado por milhões de Zés Nabo.O rumo da Pátria está no leme do patrão Lopes do Povo(assim é a Democracia)e não nos desmandos apatetados do senhor Vasco Gonçalves da Mais Triste Memória.Se os Partidos desejam que o Povo os respeite terão que começar por respeitar o Povo.Portugal é grande demais para aceitar políticos louvaminheiros ou polítiqueiros louvaminhas,bajulices graxantes,utopias fáceis que se acabam,sempre,por pagar bem caras.
Temos a prova provada.
Manuel de Portugal,27 Fevereiro 1976 no jornal "Tempo"