«Entre salários, prémios, bónus, contribuições para planos de pensões e outras remunerações monetárias, as 15 empresas do PSI pagaram um total de 31,9 milhões de euros aos seus presidentes executivos (atuais e antigos) em 2021, de acordo com os cálculos do ECO com base nos valores recolhidos nos relatórios e contas das empresas do índice português. A soma representa uma forte subida de 89,9% face ao valor de 2020, ano em que os CEO ganharam 16,5 milhões de euros» (Jornal Eco)
Este é apenas um exemplo da crescente desigualdade na distribuição da riqueza e do rendimento nos países, cuja percepção pelos pobres e pela classe média é um dos factores que geram a sua rejeição da democracia liberal e os torna receptivos ao nacionalismo extremo, ao populismo e à admiração de autocratas actuais (como o Putin) ou potenciais (como o Trump). E não adianta fazer-lhes discursos sobre a igualdade de oportunidades que, ouvidos por um morador num bairro da lata que tem os filhos matriculados na escola pública mais próxima, serão ouvidos como profundamente hipócritas.
Na verdade, a percepção da desigualdade é um epifenómeno. O problema está no elevador social que não funciona e quem ganharia que funcionasse não percebe, e quem percebe ou deveria perceber não está interessado em que funcione. E não funciona porque os sistemas educacionais públicos não estão a servir os seus propósitos de niveladores das desigualdades sociais porque foram capturados pelos interesses corporativos dos sindicatos dos professores e pelo áctivismo do género e as elites deixaram de se interessar pela qualidade do ensino público porque matriculam os seus filhos nas escolas privadas.
4 comentários:
Em primeiro lugar, o dinheiro não é tudo. As coisas mais importantes não têm valor, embora as pessoas tendam hoje a considerar que o que não tem valor não é importante.
Em segundo lugar, essa ordem de vencimentos será sempre uma afronta a quem trabalha honestamente e não encontra justificação para tal disparidade. Transmite a ideia que é possível sair a alguns a lotaria todos os meses, o que desmotiva o esforço dos outros.
Em terceiro lugar não há nenhum elevador social. CEOs a ganhar milhões de euros por ano seriam sempre uma élite entre uma minoria, e nada garante que a escolha se deva ao mérito. Assim de repente, lembro-me do Zeinal Bava e outros meliantes da mesma matilha, que se distinguiram por desbaratar as ”blue chips” do PSI20 no pré-bancarrota de 2011.
Isto vai acabar mal (como sempre): “Não somos de direitas nem de esquerdas. Somos os de baixo e vamos apanhar os de cima”. Essa vai ser a utilidade do “elevador”...
Anónimo de 28/04/2022, 23:16:00
Tem a Verdade consigo.
Os súditos do ditador do futuro serão governados sem sofrimentos por um corpo de engenheiros sociais altamente instruídos.
(Admirável Mundo Novo)
Aldous Huxley
Caro Senhor
A famosa "million dollar question" seria a de perguntar qual a percentagem dos filhos dos nossos dirigentes ( deputados; governo) frequentam o ensino público pré universitário?
Eu apostaria ( 1.000 €) que seriam menos de 10%! Mas isso é uma matéria sobre a qual as nossas caixas de ressonância (vulgo Media) nunca irão investigar, nem nos irão informar.
Cumprimentos
Vasco Silveira
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