«O futuro não é liberal. O futuro é do Estado Social»
Disse com inesperada e inabitual sinceridade o Dr. Costa no parlamento durante a discussão do programa de governo, um pastiche do programa anterior que o Dr. Costa e os outros militantes imaginaram que seria um bom programa para uma realidade que já não existia nessa altura e desde a invasão da Ucrânia definitivamente deixou de existir.
A descentralização da administração pública faz-se no mausoléu da Caixa
Há duas semanas o governo anunciou que a carga fiscal descerá de 35,2% do PIB em 2022 para 34% em 2026. A semana passada soube-se que em 2021 a carga fiscal subiu para 35,8%, um recorde desde 1995.
Em 2010, o outro contribuinte escreveu aqui sobre a manobra de engenharia financeira da Caixa que vendeu o edifício da sede social – aquele horrendo mausoléu de estética Estado Novo onde se alojaram mais de 4.000 zombies – por 252 milhões ao fundo de pensões que ela própria gere (em 2008 a receita já tinha sido aplicada vendendo ao fundo de pensões por 121 milhões imóveis cujo valor de balanço era 62 milhões). Doze anos depois, tendo o número de zombies sido drasticamente reduzido, o espaço libertado irá ser ocupado por 17 (dezassete) ministérios que assim ficarão todos juntos no mesmo mastodôntico jazigo e pagarão rendas ao fundo de pensões com o dinheiro dos impostos dos contribuintes.
Então não estamos a crescer mais do que a Óropa?
O governo felicitou-se com o crescimento de 11,5% entre 2015 e 2019, o que, como sabemos, não impediu a queda do PIB per capita PPC de 15.º lugar para sucessivamente 16.º, 17.º, 18.º e em 2021 para 21.º no ranking da UE. Este ano o crescimento está novamente a ser revisto em baixa de 4,3% para 4% pela Católica.
Take Another Plan
Take Another Plan
O plano de reestruturação aprovado pela CE obrigou a TAP a vender 14 dos 108 aviões. Pouco tempo depois o governo aprovou a compra de 6 novos aviões que eram para chegar em Outubro mas só chegaram dois em Março. Por isso, a TAP alugou quatro aviões com as respectivas tripulações o que levou os sindicatos a protestar por haver pilotos de sobra.
O parágrafo anterior foi escrito a semana passada. Esta semana o mesmo jornal anunciou que tinham sido contratados mais 200 tripulantes cujos contratos não tinham sido renovados há dois anos. De onde temos de concluir que ou bem este absurdo de vender aviões e despedir pessoal foi ditado pela incompetência dos técnicos da Comissão Europeia ou bem estamos perante uma empresa pública do Portugal dos Pequeninos com um governo socialista. Faites vos jeux.
Entretanto, o Dr. Pedro Nuno Santos debate-se com o dilema de não saber se a TAP sendo uma empresa pública deve ter rotas deficitárias ou se deve ser uma empresa pública porque explora rotas deficitárias. A solução foi descoberta há muito: a TAP deve resolver o dilema tornando todas as rotas deficitárias.
«Em defesa do SNS, sempre»
O SNS, cuja paternidade é atribuída a um socialista (na verdade apenas registou o nascituro, quem tratou da criança nos primeiros anos foi um governo PSD), a par com a educação, é uma das paixões do PS. Quando constatamos o estado de qualquer destas criaturas poderíamos concluir que também nas políticas publicas as paixões têm mau resultado.
«Em defesa do SNS, sempre»
O SNS, cuja paternidade é atribuída a um socialista (na verdade apenas registou o nascituro, quem tratou da criança nos primeiros anos foi um governo PSD), a par com a educação, é uma das paixões do PS. Quando constatamos o estado de qualquer destas criaturas poderíamos concluir que também nas políticas publicas as paixões têm mau resultado.
Em 2016, quando se dizia existirem 1,2 milhões de portugueses sem médico de família, o Dr. Costa anunciou que no ano seguinte só haveria 500 mil. Seis anos depois, os números do Portal da Transparência do Ministério da Saúde mostram que existem 1,235 milhões de portugueses dos quais 890 mil na região de Lisboa e Vale do Tejo.
Em 2020, primeiro ano da pandemia, foram realizados menos 2,4 milhões de atendimentos nas urgências. Passada a crise pandémica, o Hospital Dona Estefânia não tem exames por falta de médicos, o Hospital de Loures não tem anestesistas e as urgências de vários hospitais continuam em crise presumivelmente porque a elas acorrem "utentes" que não encontram resposta nos centros de saúde e preferem «esperar 4 a 6 horas na urgência do que voltar ao centro de saúde".
Choque da realidade com a Boa Nova
Há duas semanas o governo anunciou que a carga fiscal descerá de 35,2% do PIB em 2022 para 34% em 2026. A semana passada soube-se que em 2021 a carga fiscal subiu para 35,8%, um recorde desde 1995.
De volta ao velho normal
Em Fevereiro o défice da balança comercial aumentou em termos homólogos 1,412 milhões para 2,154 milhões por força de um aumento das importações (42.3%), mais do dobro das exportações (20,2%). Poderia ser por força do aumento dos preços dos combustíveis, mas não foi, porque sem combustíveis as exportações aumentaram 17,5% e as importações 31,6%,
Já é o mafarrico, e já se sente o cheiro das brasas
A emissão de 3 mil milhões de obrigações do Tesouro a 10 anos teve um yield de 1,69%, cinco vezes maior do que há cinco meses para o mesmo prazo. Nada de extraordinário porque nesse dia os yields da dívida pública portuguesa estava a atingir máximos desde Maio de 2020 para prazos de dois e cinco anos e um máximo desde Março de 2019 para 10 anos.
A inflação continua a galopar na UE com os preços na produção industrial a subirem 31% nos 12 meses terminados em Fevereiro.
Transformar uma solução num problema
A "precariedade" é a solução que empresas pouco competitivas, descapitalizadas e sem dimensão recorrem para sobreviver. O governo pretende criar um novo imposto, a que chama «taxa de rotatividade» para «penalizar os empregadores que recorrem “em excesso” a contratos a prazo». A seguir vão criar um subsídio para ajudar as empresas em dificuldades que por acaso são empresas que recorrem “em excesso” a contratos a prazo.
Pensamento mágico
O governo imaginou que Sines poderia ser a porta de entrada do gás liquefeito (LNG) para a Óropa oferecendo assim uma alternativa à dependência de gás russo que o Czar Vlad vende principalmente à Alemanha aproveitando para financiar a sua mal sucedida tentativa de anexar a Ucrânia. Há só alguns pequenos obstáculos: (1) seria necessário construir mais terminais o que precisaria de vários anos e (2) os gasodutos que ligam a Espanha a França têm uma capacidade inferior à dos terminais já existentes.
O Dr. Duarte Cordeiro, que substitui o fantasista anterior no ministério da Energia e Ambiente, mostrou estar à altura do seu predecessor recusando reactivar as centrais a carvão porque as «renováveis são a energia da liberdade». Ninguém lhe perguntou como irá produzir electricidade quando não há vento e de noite.
Com a verdade nos enganam
Nem de propósito, um estudo da Deloitte para a Associação Portuguesa de Energias Renováveis concluiu que as renováveis permitiram poupar 300 euros por família o ano passado. Faltou dizer que isso se deveu ao aumento exponencial dos preços do gás porque nos vinte anos anteriores as famílias andaram a pagar rendas absurdamente elevadas à energia eólica.
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