Já estive nos Açores várias vezes, em particular em S. Miguel, mas, que me recorde, nunca em Rabo de Peixe, uma vila agora elevada à categoria de campo de batalha pela esquerdalhada, a pretexto do acordo de incidência parlamentar que viabilizou um governo de direita incluir o Chega.
Fiquei a saber pelo podcast Contra-Corrente de José Manuel Fernandes, conhecedor de Rabo de Peixe, que é a vila de Portugal com maior percentagens de beneficiários do RSI com uma cultura enraizada de subsídio-dependência que se acentuou quando o governo de Guterres criou o RSI.
De tal modo o RSI agravou o problema que, segundo JMF, no ano seguinte à sua introdução a natalidade em Rabo de Peixe duplicou porque o subsídio dependia também do número de filhos. Entretanto, enquanto a população residente em Portugal se tem mantido praticamente estável com tendência para diminuir, a população de Rabo de Peixe aumentou mais de 30% de 6.652 em 1991 para 8.866 em 2011.
É neste contexto que o acordo abrangendo PSD, CDS, PPM e Chega inclui o seguinte compromisso:
«Os partidos signatários comprometem-se, durante a atual legislatura, a criar condições de desenvolvimento económico, promoção da inclusão social, laboral, de competências pessoais, sociais e profissionais, quebrando o ciclo de pobreza, permitindo reduzir até ao final da legislatura, através da inserção social e laboral, o número de beneficiários do Rendimento Social de Inserção, em idade ativa, com capacidade de trabalho, aumentando a sua colaboração com a comunidade onde estão inseridos e fiscalizando de modo eficiente a sua atribuição, considerando-se para e para o efeito a atual situação económica da região.»
Face a este compromisso que jornalistas de causas e uma parte da comentadoria, verdadeiros pandeireiros do socialismo, instalados na maioria das redacções, anunciaram o fim do mundo, primeiro em Rabo de Peixe, depois nos Açores, e, quem sabe?, em todo o Portugal, reagindo com uivos de indignação e uma campanha de agitprop a uma medida que num país civilizado seria considerada inspirado nos princípios da social-democracia.
Como o cão de Pavlov salivava reagindo à campainha, a esquerdalhada berra reagindo a qualquer tentativa de "acabar com os pobres", porque, tal como Otelo Saraiva de Carvalho - o nosso coronel Tapioca falhado - a esquerda se quer acabar com alguma coisa são os ricos, ricos que na circunstância é uma classe média esmifrada por uma carga fiscal a que, ao contrário dos verdadeiros ricos, não consegue aliviar.
1 comentário:
check https://observador.pt/opiniao/pais-de-faz-de-conta/
Enviar um comentário