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12/10/2018

Bons exemplos (128) - O MeToo como reacção sectorial reaccionária

Se me tivessem perguntado se algum dia relevaria uma opinião de Raquel Varela, arrumada no baú dos pensadores do radical chic, garantiria que não. Até hoje, em que relevo o que escreveu no Público, mudando «reacção mundial conservadora» para reacção sectorial reaccionária, apesar da aparente redundância, porque meia dúzia de tribos do politicamente correcto nos EU e na UE não são o mundo, e conservador é outra coisa.

«RV – Dá vergonha alheia ver os jornais onde elas publicam denúncias, sem qualquer investigação. Que náusea. Alguns locais de trabalho onde o MeToo chegou mais cedo lá fora tornaram-se irrespiráveis, conheço uma dúzia de pessoas de esquerda, pelo menos, e várias mulheres, que pediram para mudar de local de trabalho por conta desse clima absurdo de "assédio", na feroz competição académica e nas empresas aproveita-se o assédio para destruir colegas. É o vale tudo. Para condenar uma minoria de predadores condenam-se todos à suspeição permanente.

TRL – É urgente que ensinem os portugueses a pensar, antes mesmo de escrever.
Pela parte que me toca, não me sinto representada por nenhuma dessas bandeirolas – feminismo, machismo, ronaldismo! Só venho tentar separar os alhos dos bugalhos porque uma jornalista (Ana Sá Lopes) do PÚBLICO me meteu ao barulho – a mim e si, Raquel Varela. Chamou-nos machistas...

RV – Oh eu vítima, estão-me a ofender, quem ousou tratar uma jovem mulher como eu de machista? Quem terá sido a machista?!
Vamos à parte séria. É o Movimento MeToo a entrar em Portugal pela porta mais frágil, o nosso crónico atraso, o peso desmesurado do futebol na economia do país. O caso Ronaldo é o mote para a defesa do fim da presunção de inocência. Várias pessoas vieram a público esta semana, entre elas o ex-ministro da Administração Interna Rui Pereira no Correio da Manhã, afirmar com base em "estudos" que as vítimas de abusos sexuais não mentem, deve-se presumir que os homens são culpados até prova em contrário. O MeToo, embora pareça de esquerda, porque é "amigo das vítimas", trata-se de uma reacção mundial conservadora em curso em vários países que defende que em nome da segurança deve-se diminuir a liberdade, ou suprimi-la em parte. É um movimento conservador contra as Luzes.»

Luta de sexos, o novo feminismo?, uma conversa de Teresa Rita Lopes e Raquel Varela

Aditamento: transferi Raquel Varela para o baú da esquerda inteligente, o que é uma espécie de promoção.

3 comentários:

Amélia Saavedra disse...

Olhe que não... olhe que não!
Tenha atenção às palavras que ela utiliza... movimento conservador... repito... con-ser-va-dor... está a tentar lavar mais branco, dando a entender que esse movimento que é do mais politicamente correcto que há (e de esquerda, claro está) é afinal conservador... Era de lhe perguntar o que é que realmente esse movimento pretende conservar...

Anónimo disse...

«quem ousou tratar uma jovem mulher como eu...»
Quem terá sido o pitosga?

Ricardo disse...

A haver uma esquerdista inteligente será J Amaral dias(sempre me pareceu alguém com mais bom senso que o normal vindo daqueles lados).Vejam seu artigo "pensar alto" hoje no CM,não tarda está a ser atacada pelas gentes da "superioridade moral esquerdista".