Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

28/09/2018

O triunfo do Estado Corporativo

As Ordens profissionais com seu quadro estritamente regulado na lei são uma espécie de reminiscência das guildas medievais. Na maioria delas, o acesso à profissão está limitado aos membros da ordem. A este respeito continuamos a viver numa espécie de sequela do Estado Novo.

Como se fosse pouco, em 2013, em pleno mandato de um governo "neoliberal", foi aprovado o regime jurídico de criação, organização e funcionamento das Associações Públicas Profissionais, isto é das Ordens, que autorizou a cobrança das quotas dos membros através do processo tributário.

Mais tarde, em 2015, o mesmo governo "neoliberal" tornou «possível a cobrança de receitas das Ordens Profissionais (quotas e taxas por prestação de serviços) através de processo de execução fiscal, a instaurar pelos serviços competentes da AT». As Ordens aplaudiram e alteraram os seus estatutos nesse sentido e os profissionais ditos liberais saltaram mais uma vez para o colo do Estado. É o triunfo do Estado Corporativo. Se os profissionais liberais não defendem o Estado Liberal, quem deverá fazê-lo?

Mostrando que o Portugal dos Pequeninos é um país sui generis, a "defesa" do Estado Liberal ficou a cargo do presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos, que repudiou a transformação do fisco «num cobrador do fraque». «As máquinas fiscais existem para cobrar impostos em prol dos cidadãos, não existem para fazer de cobrador de fraque de quem quer que seja».

1 comentário:

Anónimo disse...

«As Ordens profissionais com seu quadro estritamente regulado na lei são uma espécie de reminiscência das guildas medievais. Na maioria delas, o acesso à profissão está limitado aos membros da ordem. A este respeito continuamos a viver numa espécie de sequela do Estado Novo.»

Errado.
Não são sequelas São mesmo uma continuação medieval. Por aqui, o espírito da Casa do Vinte e Quatro mentém-se.
O que nada tem a ver como o estadinho arranja 'leis' para gamar nas calmas; de frak ou em ceroulas.