Em retrospectiva:
Em 2019 o governo anunciou 104 milhões de euros (três quartos dos quais destinados à área metropolitana de Lisboa) para permitir reduzir o preço dos passes sociais, justificou que daí resultariam mais 100 mil pessoas por ano nos transportes públicos, mais 63 milhões de viagens e menos 72 mil toneladas de dióxido de carbono, escrevi aqui que se tratava de mais um exercício de planeamento milagroso porque as famílias com menores rendimentos já então privilegiavam o transporte público e tinham um passe social.
Quatro anos depois, o que é feito do aumento de 63 milhões de viagens em relação a 2019 quando foi anunciada a Boa Nova?
Passados 2020 e 2021, os dois anos da pandemia em que em consequência do confinamento a utilização dos transportes públicos diminuiu drasticamente, os volumes totais actuais pouco diferem dos de 2019. Se deduzirmos a utilização por um número crescente de turistas e o acréscimo da procura induzido pela redução dos preços dos passes das centenas de milhar de reformados nas zonas metropolitanas, é provável que até tenha diminuído o número de viagens dos passageiros regulares nos transportes públicos, precisamente aqueles para quem o automóvel é mais atractivo.
A confirmar aquela inferência estão os dados do uso do carro que mostram o aumento em todos os concelhos (com excepção de Lisboa) das áreas metropolitanas onde residem a maioria das pessoas que se deslocam diariamente para trabalham nas cidades de Lisboa e Porto. É um exemplo da fusão do planeamento milagroso (uma variante do wishful thinking) com o agitprop.
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