Este post é uma continuação de (I), (II), (III), (IV) e (V)
Em retrospectiva:
Em 2019 o governo anunciou 104 milhões de euros (três quartos dos quais destinados à área metropolitana de Lisboa) para permitir reduzir o preço dos passes sociais, justificou que daí resultariam mais 100 mil pessoas por ano nos transportes públicos, mais 63 milhões de viagens e menos 72 mil toneladas de dióxido de carbono, escrevi aqui que se tratava de mais um exercício de planeamento milagroso porque as famílias com menores rendimentos já então privilegiavam o transporte público e tinham um passe social.
Os meses foram passando e os resultados milagrosos não aparecerem ou só apareceram do lado dos passes que têm vindo a aumentar, o que se explica pelo acréscimo da procura induzido pela redução dos preços de quem não é passageiro regular, nomeadamente as centenas de milhar de reformados nas zonas metropolitanas.
Decorridos quatro anos, há uma novidade em relação aos planos do governo do Dr. Costa. Desta vez não ficou tudo na mesma. Desta vez as coisas pioraram, como descreve o Expresso:
«Só um em cada quatro portugueses vai a pé ou de transportes coletivos para o trabalho (24,9%), segundo os dados dos Censos de 2021 divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) esta quarta-feira. Há uma década a percentagem era de 29,1%. Portanto, ao contrário do desejável, a utilização desses modos de deslocação diminuiu e aumentou o uso do automóvel, tornando mais distantes as metas definidas pelo Governo para 2030.
Os dados sobre dinâmicas territoriais agora discutidos pelo INE focam-se nas deslocações para o trabalho, sem incluir a ida das crianças para a escola. E mostram que ir a pé para o trabalho tornou-se ainda menos frequente na última década: era a escolha de 13,5% dos portugueses em 2011 e passou para 12,7% em 2021.
O mesmo aconteceu com a utilização de transportes coletivos, como comboio, autocarro, Metro ou barco, a caminho do trabalho: passou de 15,6% em 2011 para 12,2% em 2021.
Pelo contrário, aumentou o uso do carro. Há uma década era o meio usado por 68,3% dos portugueses na ida para o trabalho, agora subiu para 72,6%.»
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