«A propósito da insubordinação no navio Mondego, ouvi vários comentadores dizer que o chefe do Estado-Maior da Armada tinha dado uma «reprimenda em público» aos marinheiros sublevados, sujeitando-os a «uma tremenda humilhação».
Os próprios advogados bateram na mesma tecla, afirmando que os militares estavam «psicologicamente afetados» por esse puxão de orelhas em público.
Ora, nem os militares insubordinados levaram uma ‘reprimenda’, nem foi ‘em público’.
Estranho que os comentadores não soubessem que os marinheiros sublevados não estavam presentes na cerimónia, e, sobretudo, que não tenham reparado que as imagens mostradas pela RTP eram filmadas de longe e não captadas no local.
Nenhuma câmara nem nenhum microfone estavam no convés do navio.
Os cameramen atuaram como os paparazzi: filmaram de longe e captaram o som com microfones de longo alcance.
E isso era fácil de percecionar, pois as imagens não eram nítidas e o som era defeituoso, tanto assim que foi necessário recorrer a legendas.»
«Como foi possível ninguém se aperceber disto?» pergunta-se retoricamente José António Saraiva no jornal Nascer do Sol, sabendo certamente que os comentadores em causa (por exemplo o Dr. Daniel Oliveira e o Dr. Pacheco Pereira) e a esquerdalhada em geral sofrem do reflexo de Pavlov e, apercebendo-se ou não, começam logo a salivar quando se fala de certos nomes, como Cavaco Silva, Passos Coelho e, mais recentemente, de Gouveia e Melo.
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