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12/03/2023

SERVIÇO PÚBLICO: A Pluma Caprichosa sofreu uma epifania

«Vivo num país onde é normal o Estado, leia-se o Governo, ajudar a pagar a renda da casa. Onde é normal o Estado, leia-se o Governo, ajudar a pagar as compras do supermercado e da mercearia. O Estado substitui-se ao cidadão e retira-lhe a capacidade de controlar os aspetos mais íntimos da sua vida, como gastar o dinheiro em bens essenciais. O Estado está presente em todos os quartos da casa física e espiritual do cidadão. Na cama, dirigindo-lhe a vida sexual através de prescrições doutrinárias disfarçadas de podes ser tudo o que quiseres e deves mesmo tentar ser tudo o que quiseres em matéria de género e identidade, na consciência individual, dirigindo-lhe a vida espiritual através de imposições doutrinárias nas escolas, estendendo um modelo de consciência coletiva sobre a individual que não é considerada suficientemente elevada para ter autonomia ou discernimento.

Nunca houve tanto Estado nas nossas vidas, em democracia, e nunca ele foi tão incapaz de formar cidadãos completos. O que resulta desta invasão subtil, permanente e insistente nas esferas privadas é um povo anestesiado e dependente, que protesta sobre tudo e com tudo, mansamente, surdamente, e aceita tudo o que lhe vendem todos os dias como bom procedimento, embora desconfie o tempo todo de que está a ser enganado. O Estado é o que se poderia designar como Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo.

As pessoas têm medo do Estado. A carta no correio, a multa, o requerimento, o selo, o imposto, o sobrescrito picotado da Autoridade Tributária. Exceto quando um antigo ministro da Economia tem o topete de dizer que cometeu fraude fiscal durante anos e que recebeu dinheiro do BES através de offshores, e que tal era prática normal no grupo e toda a gente fazia a mesma coisa, dentro e fora do grupo, e que o dinheiro, os milhões, diz ele, que recebeu do grupo enquanto era ministro, eram “prémios” atrasados. Mas “o que lá vai lá vai”, diz o distinto político socialista, ou ex-político, ou mesmo ex-socialista, quem sabe? Se é para o dom Fradique... é o que quiser.

Isto não parece provocar no povo de mão estendida, um povo de subsidiados que não ganham um salário ou reforma dignos e suficientes para comprar ovos e fruta e arrendar ou pagar a casa, qualquer protesto operacional, embora as redes sejam um esgoto compensatório

A Dr.ª Clara Ferreira Alves, a Pluma Caprichosa, uma vez ou outra, como agora, faz uma pausa na demonstração do seu cosmopolitismo erudito que verte na sua coluna da Revista do semanário de reverência, é vítima de uma epifania e escreve coisas como esta que agora cito. Infelizmente não retira todas as consequências da sua visão do excesso de Estado nas nossas vidas a começar por não se distanciar dos promotores desse excesso.

2 comentários:

Unknown disse...

O artigo desta "Woman for all seasons" é uma resposta à estafada pergunta " Para que é que se fez o 25 A.? "...

O Espartano disse...

«Até um relógio parado está certo duas vezes ao dia.»