Prólogo
A primeira fase da governação do D. Costa foi o «virar a página», dedicada a desmantelar as poucas reformas introduzidas pelo governo PSD-CDS. Nela assistimos à execução, com a assistência de S. Ex.ª o PR, de passes de mágica de grande sofisticação, entre os quais se destaca a redução do horário dos funcionários públicos de 40 para 35 horas que, garantiram todos os participantes no número, não teria consequências orçamentais.
Seguiu-se a fase das «contas certas» onde à custa de cativações e outros expedientes orçamentais o Dr. Costa procurou a quadratura do círculo tentando satisfazer comunistas e berloquistas e manter sossegada a CE.
A partir das eleições de 2019, a geringonça começou a desfazer-se e o Dr. Costa inventou em sua substituição uma espécie de Passarola que teve vida curta e se afundou com o chumbo do OE2021 pelos antigos aliados, agora inimigos. Chumbo que levou às eleições do dia 31 de Janeiro em que o eleitorado do Partido do Estado, a que o PS costuma chamar povo, falou e disse que não está para maçadas, preferindo a mansidão da decadência à turbulência das "reformas" e dos "mercados" e espera que o Dr. Costa, agora livre da geringonça, consiga com as suas habilidades extorquir à Óropa e aos ricos os dinheiros necessários para manter o statu quo.
A herança de Passos Coelho, reiteradamente invocada pelo Dr. Costa e seus ajudantes e pelos ex-aliados da geringonça, herança que, aliás, era do Eng. Sócrates e dos seus ajudantes (entre os quais o Dr. Costa), prescreveu há pelo menos quatro anos. A partir de agora, a pesada herança do Dr. Costa é a obra de 6 anos que ele próprio carregará aos ombros da sua maioria absoluta. Contudo, não se diminua a proverbial habilidade do Dr. Costa a descartar responsabilidades e, por isso, o mais tardar no final do mandato, ou antes, se as coisas correram começarem a correr pior mais depressa, devemos estar preparados para receber a herança que ele nos vai deixar que rivalizará com a do seu antecessor Eng. Sócrates.
«Pagar a dívida é ideia de criança» ou o passe de mágica do governo do Dr. Costa
Num coro afinado, a imprensa amiga publicou a semana passada a Boa Nova do recuo de 900 milhões da dívida pública, com títulos enaltecendo o feito.
Banco de Portugal |
Quando se lê a nota de informação do BdP e se observa o gráfico acima, salta à vista que a redução de 900 milhões da dívida bruta foi exclusivamente conseguida à custa da redução da almofada de segurança dos depósitos em bancos. A dívida líquida, que é afinal a que interessa, aumentou 7.372 milhões para 253.039 milhões. Se compararmos as dívidas líquidas em Dezembro de 2017 e em Dezembro de 2021 constatamos que em quatro anos houve um brutal aumento de 26.603 milhões, apesar das cativações e outros truques orçamentais, passando o rácio da Dívida Líquida/PIB de 116% para 121%.
Então não estamos a crescer mais do que a Óropa?
Não, não estamos, ao contrário do que diz o marketing socialista. Apesar de em 2020 o PIB ter caído 8,4%, em 2021 a economia portuguesa apenas cresceu 4,9%, contra os 5,3% da UE e da Zona Euro. Como que para compensar, é anunciada uma previsão de crescimento de 10% no 1.º trimestre deste ano, crescimento que, ainda assim, significaria um crescimento médio anual de 0,05% em relação ao 1.º trimestre de 2019.
O novo normal
A taxa de inflação homóloga aumentou em Portugal de 2,7% em Dezembro para 3,3% em Janeiro e na Zona Euro atingiu 5,1% e nos EUA em Dezembro atingiu 7%, a mais alta em 40 anos. De onde podemos esperar a curto prazo uma aceleração da inflação interna induzida pela externa. A médio prazo, apesar dos anúncios de expectativas do BCE, travestidos de previsões, ser no sentido deste ser um aumento pontual dos preços resultante de factores conjunturais, quando, além desses factores conjunturais, se considera a escassez de mão de obra na Europa e EUA, as mudanças em curso no comércio internacional, as preocupações da dependência excessiva da produção chinesa e as necessidades crescentes de capital para financiar a transição climática, a inflação pode ter chegado para ficar.
Entretanto e em consequência, as taxas das dívidas públicas começaram a aumentar: na dívida a 10 anos as taxas alemãs subiram de quase zero para 0,15% e as portugueses de 0,7% para 0,85%,
De volta ao velho normal
O montante total de crédito bancário a particulares em 2021 atingiu quase 22 mil milhões de euros, o valor mais elevado desde 2008, assim distribuído: 15,3 mil milhões para compra de habitação (aumento de 34%); 4,4 mil milhões para consumo (aumento de 10%); 2,2 mil milhões para outros fins (aumento de 2%). Tudo isto a taxas de juros que apesar de mais altas do que em 2020 estão em mínimos históricos insustentáveis logo que as taxas do BCE começarem a aumentar. (BdP).
Mais do mesmo
Dos primeiros 3,8 mil milhões aprovados da bazuca, quase tudo foi destinado a entidades públicas. Aos "privados" chegaram cerca de 100 mil euros.
Take Another Plan. Se não conseguires melhorar o teu negócio tenta estragar o da concorrência
«A easyJet queria ter mais três aviões baseados em Lisboa este verão, mas fomos impedidos», diz o director geral em Portugal.
Segundo o Presidente do Colégio de Medicina Intensiva da Ordem dois Médicos o número de doentes em cuidados intensivos por covid é metade do anunciado, porque a outra metade infectada por SARS-Cov-2 está internada por causa de outras morbilidades. Do mesmo modo, as mortes reportadas por Covid são em grande parte mortes causadas por outras morbilidades de pessoas infectadas. É uma espécie de cortina de fumo para disfarçar a falta de resposta do SNS.
«Empresa Financeiramente Apoiada Continuamente (pelo) Estado Central»
A caminho dos dois anos de tentativas infrutíferas de reprivatização, a EFACEC registou no ano passado uma quebra de facturação de 90 milhões, um prejuízo de 63 milhões e um EBITDA (lucros antes de juros, impostos e amortizações) negativo de 32 milhões (estavam previstos 22 milhões positivos), atingindo a dívida líquida 195 milhões. A EFACEC é, pois, uma empresa estratégica, isto uma empresa onde governo torra o dinheiro dos contribuintes portugueses e, de preferência, europeus.
1 comentário:
Pagar a dívida é ideia de criança e acusar alguém de corrupçáo(ou lá o que é) por pedir mais "fotocópias"(etc etc) é uma fantasia do MP. Lol(ou talvez não)
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