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22/02/2022

Take Another Plan. A TAP vista por quem sabe

Sérgio Palma Brito, ex-Diretor Geral da Confederação de Turismo, escreve regularmente no seu blogue sobre temas da aviação e a TAP, sobre a qual publicou o ano passado o livro TAP Que Futuro? Como chegámos aqui!. A semana passada deu ao jornal Nascer do Sol uma entrevista muito esclarecedora onde questiona a mitologia construída sobre a TAP e considera que a decisão da CE «é filha de um Governo estatizante, de um ministro com ideologia de extrema-esquerda e de uma comissária e Direção-Geral incapazes de se impor à pressão política».

Sobre o imaginário papel insubstituível da TAP no turismo, conclui:

«O que interessa ao país é o 'turismo recetor' de não residentes em Portugal que gera a receita de viagens e turismo na balança de pagamentos. E não o 'turismo emissor' de residentes em Portugal a deslocar-se ao estrangeiro que gera despesa na referida balança. Cito a decisão: «A TAP decisiva e significativamente apoia o crescimento de uma das mais relevantes atividades económicas para o país, o turismo». Isto é delírio. A TAP foi é e será insignificante em Faro e não contribuiu para o extraordinário crescimento do aeroporto do Porto. Na Madeira perde importância e nos Açores foram a Ryanair e a easyJet que tiraram o turismo da pacatez. Em Lisboa a TAP representará cerca de 25 % do turismo recetor no aeroporto. É grave que a 'investigação aprofundada' da Direção-Geral da Concorrência tenha ignorado esta realidade, claramente quantificada por INE e Eurostat. O 'compromisso medíocre com a realidade' é demasiado brando para este nível de cegueira. A decisão é filha de um Governo estatizante, de um ministro com ideologia de extrema-esquerda e de uma comissária e Direção-Geral incapazes de se impor à pressão política. Não honram o legado de Carl van Miert, vice-presidente da Comissão (1993/99) e responsável pela política da concorrência. Segundo o The Guardian, 'One of the most powerful men in Europe', é capaz de se impor aos EUA. A regulação europeia do transporte aéreo (1992/93) está concebida para empresas ligeiras, ágeis e rápidas a adaptar-se às exigências do mercado, como só são as empresas privadas. Uma empresa nacionalizada e com políticas (não orientações estratégicas) incompatíveis com o mercado único europeu está fragilizada à partida. Quem viver, verá.»

1 comentário:

Anónimo disse...

Como costuma ser a vossa marca, uma boa lição (explicação).
Abraço