O que podemos esperar do Dr. Costa e o que o Dr. Costa pode esperar da realidade
Volto a citar a previsão de Henrique Neto, um antigo socialista que sabe do que está a falar e escreveu: «vamos ter na próxima legislatura mais Estado e menos liberdade, mais impostos e mais taxas e menos concorrência, mais escolhas de quadros por amiguismo e menos por critérios de mérito, mais corrupção e menos transparência.»
Quanto ao Dr. Costa, espera-o muito provavelmente governar com uma dívida crescente a custos crescentes com a inflação a subir, uma CE menos permissiva e um BCE menos cooperante a comprar dívida, logo que a economia e as finanças públicas italianas recuperem pela mão do Super Mario, comunistas assanhados e berloquistas ressabiados, uns e outros a tentarem recuperar na rua e nas greves, os primeiros, e nas redacções dos mídia, os segundos, o que perderam nas urnas, e com um PSD acossado pelo IL e pelo Chega à procura de uma identidade perdida com um líder precário.
Irá o Dr. Costa dar ao pedronunismo a oportunidade de pôr Portugal a voar?
Lê-se nalguns jornais que no novo governo o Dr. Siza vai passar a pasta ao Dr. Pedro Nuno Santos. É uma excelente ideia. Se assim vier a ser, o Dr. Pedro Nuno estará em melhor posição para endoutrinar os "privados" no seu modelo TAP.
As eleições para a câmara de Lisboa foram uma desagradável surpresa para o PS dando a vitória a Carlos Moedas contra todas as previsões. Multiplicam-se os sinais de que a máquina do PS já está em marcha para corrigir a anomalia impedindo o presidente eleito de gerir e câmara e levando-o à demissão.
As consequências previsíveis mas imprevistas das medidas do governo para ficar bem na foto do ambiente
Há um ano o governo mandou fechar a central a carvão de Sines, «a maior e a mais eficiente da Península Ibérica», uma medida completamente irracional, como aqui se citou há um ano. Um ano depois as consequências estão à vista, como aqui explicou o antigo director-geral de Energia e Geologia. Numa altura de seca extrema foi preciso usar as reservas hidrográficas para compensar o fecho da central a carvão e importar 30% da electricidade consumida, principalmente de Espanha e uma parte dela das centrais a carvão espanholas muito menos eficientes e mais poluidoras do que a de Sines.
Job for the Boys
Uma das medidas mais relevantes para evitar o nepotismo e a incompetência que lhe está associada tomada pelo governo de Passos Coelho em 2011 foi a criação da CRESAP (Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública). Poucos meses de depois de tomar posse, o Dr. Costa mostrou ao que vinha e mandou cancelar uma dúzia de concursos da CRESAP que estava a recrutar candidatos com base em perfis técnicos definidos pelas tutelas, coisa que não interessava nada à geringonça mais preocupada com os cartões de filiados. Com uma nova direcção desde Abril de 2017 nomeada pelo governo de Costa, a CRESAP aprovou prontamente 167 candidatos a cargos dirigentes na administração pública sem quaisquer reservas ou, como escreveu o semanário de reverência, «com zero chumbos». Outras vezes, para fintar a selecção pela CRESAP, o governo recorreu ao regime de substituição. Desde então gradualmente a CRESAP entrou em extinção e o governo já nem se dá ao trabalho de manter as aparências.
O que deve fazer um governo que não consegue que o Estado cumpra eficaz e eficientemente as suas funções essenciais?
Exemplo: foi novamente adiado o concurso público internacional para a gestão da rede SIRESP e a despesa adicional ultrapassa 100 milhões.
Resposta: fazer o papel dos "privados", por exemplo comprando apartamentos para «alargar a oferta habitacional pública a custos acessíveis». Não vos preocupeis. É apenas mais um anúncio do Dr. Pedro Nuno, a duas semanas de ir pregar para outra freguesia, de mais um dos vários programas de habitação lançados nos últimos 6 anos em concorrência com o Dr. Medina, o outro putativo sucessor do Dr. Costa, todos eles fracassados.
Take Another Plan
Mais um rato que abandona o navio naufragar. Depois do CFO em Outubro, foi a vez da administradora Alexandra Reis que tinha sido nomeada depois da nacionalização e agora renunciou.
Um governo de mendicantes num país de pedintes
Há um domínio em que o Dr. Costa dá razão ao mantra delirante de S. Ex.ª e mostra que «Somos bons, muito bons. Somos os melhores dos melhores»: «Portugal é, em toda a UE, o país que mais depende dos fundos comunitários para investir».
Boa Nova
Boa Nova
A CE reviu em alta numas décimas a previsão de crescimento do PIB em 2021 e a imprensa amiga festejou a coisa, esquecendo que o PIB português será dos últimos a atingir o nível pré-pandemia no segundo trimestre do ano.
As exportações e as importações superaram em 2021 os níveis de pré-pandemia, performance igualmente festejada, esquecendo igualmente que o défice da balança comercial se agravou em relação ao ano passado e atingiu praticamente o mesmo valor de 2019.
Como explicou o outro contribuinte neste post, a Suécia com medidas Covid muito menos intrusivas teve menos infectados, menos mortes atribuídas a Covid e metade do excesso de mortalidade português ficando este a dever-se essencialmente à incapacidade do SNS responder à pandemia.
Ainda não é o mafarrico, mas já se sente o cheiro das brasas
No último leilão as taxas das OT a seis anos subiram de -0,162% para 0,603% e as OT a nove anos subiram de 0,127% para 1,008%. Como se pode ver no gráfico seguinte, os yields das OT a 10 anos estão a aumentar desde o princípio do ano.
Quem disse que o Dr. Cabrita não foi diligente no caso do morte do cidadão ucraniano?
Pelo contrário. Em agosto de 2021, homologou o arquivamento de um «inquérito disciplinar do qual se conclui que afirmações que fez no parlamento em abril de 2020 são falsas».
Os dois chapéus do Dr. Centeno
Atropelando ostensivamente o seu ex-ajudante e actual ministro das Finanças, o Dr. Centeno da sua torre de marfim do BdP antecipou que o défice do OE 2021 deverá ficar abaixo de 3% do PIB retirando assim ao Dr. Leão os últimos 15 minutos de fama que ele contava para anunciar o feito.
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