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15/11/2021

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (111) - A Passarola Afundada (III)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

República dos Bananas. Precisa-se de um Coronel Tapioca

Quando se pensava que as instituições não poderiam descer mais baixo, surge o caso do tráfico de diamantes, ouro e etc. perpetrado por um gangue dos Comandos participando numa missão da ONU na República Centro-Africana. O caso envolve uma teia que começa com um miúdo de Camarate que se alistou para fazer bodybuilding e uma mulher misteriosa que alegadamente o aliciou, continua com soldados, sargentos e oficiais dos Comandos, gente da GNR e da PSP, bancários, empresários e tutti quanti, passa pela Guiné-Bissau e por Angola, e acaba não se sabe onde, algures em Amsterdão ou Antuérpia.

A comédia inclui um ministro da Defesa que durante quase dois anos, invocando, acredite-se ou não, o segredo de justiça, não informou o primeiro-ministro, que diz não saber de nada, nem o presidente da República - por acaso comandante supremo da tropa segundo a Constituição - que garantiu que o caso «não atinge minimamente o prestígio das Forças Armadas» e considerou que investigá-lo «só as prestigia em termos internacionais». É demasiado até para S. Ex.ª


Garantiu o Dr. Siza Vieira a propósito da melhoria de umas décimas nas previsões da CE. É uma opinião bastante questionável, desde logo porque a mesma CE prevê um minúsculo crescimento em cadeia de 1,1% no quarto trimestre e a economia só atingirá o nível antes da pandemia em meados do próximo ano. Sem esquecer que o Dr. Centeno no seu poiso do BdP diz que a economia em Outubro cresceu menos de 1%, e ainda que a produção industrial em Agosto caiu 7,2% em Portugal e subiu 5,3% na UE e em Setembro voltou a cair 4,8% em Portugal, em comparação com o mesmo período do ano passado, que já foi um ano mau.

Ineficiente, sempre. Ineficaz quando possível

Depois das trapalhadas do IVAucher, o governo resolveu continuar as trapalhadas com o AUTOvoucher para devolver 5 (cinco) euros por mês a cada português que comprar gasolina, chicletes, jornais, doces, sandes ou produtos de limpeza.

Enquanto sonha com o TGV, o pedronunismo exercita-se na CP com sucessivas avarias do sistema de controlo de velocidade que este ano têm atingido o Alfa Pendular obrigando a velocidade de circulação a ser reduzida para metade ou mesmo para um terço.

Não se pense, no entanto, que o governo tolera a ineficácia em todos os domínios. O Dr. Costa e os seus antecessores sabem perfeitamente que há um departamento governamental que tem de funcionar bem - a cobrança de impostos aos sujeitos passivos. Daí o desvelo pelos respectivos funcionários e os seus incentivos que este ano atingiram o máximo previsto de 5% do valor das execuções fiscais - quase 900 milhões de euros.

Take Another Plan. TAP uma companhia de campanha

Se o Dr. Pedro Nuno Santos tivesse dois neurónios empresariais a funcionar perceberia que a sua campanha para mandar para a reforma o Dr. Costa, à pala da saga da TAP em que está a torrar vários milhares de milhão, seria o seu enterro político se no Portugal dos Pequeninos houvesse uma opinião pública esclarecida, o que aliás seria difícil com uma opinião publicada que é no geral uma câmara de eco do governo. Há um ano que se arrasta a negociação com a CE, significando que se tenta adiar o inevitável emagrecimento do mastodonte, o corte das ajudas estatais e a perda de slots, como o próprio Dr. Pedro Nuno já teve de admitir. Depois de muitos meses a justificar a existência do mastodonte com o controlo dos slots, diz agora que «a TAP não tem necessariamente interesse em usar todos os slots»,  demonstrando assim que ter muito em comum com o Dr. Costa, sendo a diferença mais do estilo e dos amigos políticos.


Quando em Fevereiro a equipa da Marinha passou a comandar os apparatchiks da task force salvou a vacinação do completo fracasso. Afastado o Vice-Almirante, em menos de um mês o processo está de novo à beira do caos. Nevoeiro comunicacional, um milhão e meio de idosos à espera da terceira vacina, sem metas e sem calendário definido.

«Em defesa do SNS, sempre»

Prosseguindo o seu propósito de alinhar os hospitais por baixo, terminando os contratos em regime de PPP, o governo está em vias de criar uma Entidade Pública Empresarial para colocar o Hospital de Loures sob gestão pública ao nível dos outros, como os Hospitais de Santa Maria ou o de Leiria em que as urgências entraram em colapso.

Entretanto o INEM tem ambulâncias paradas e demora uma hora para as enviar, por falta de técnicos dizem eles, num Estado que em 6 anos aumentou em mais de 70 mil o número de funcionários públicos. E o que dizer de um SNS que não é capaz de saber quais são os tempos de espera para consultas?

O governo do Dr. Costa consegue tornar escasso o que é relativamente abundante

O socialismo bolivariano conseguiu que faltassem combustíveis numa Venezuela que tem as maiores reservas mundiais de petróleo. O Dr. Costa e o cromo que ele colocou como ministro começaram com 1.668 mil alunos e 121 mil professores, cinco anos depois têm menos 64 mil alunos e mais 6 mil professores e conseguem ter milhares de alunos sem aulas a pelo menos uma disciplina por falta de professores.

A Torrefacção Lusitana no mandato do Dr. Costa está no topo da EU

Numa nota à comunicação social o ministro do Planeamento, posto inspirado nos governos soviéticos com os seus planos quinquenais, declara orgulhosamente que «Portugal é, neste momento, o segundo país que mais executou». E não, ele não quer significar que foi o segundo melhor a aplicar o dinheiro dos fundos, potenciando assim o milagroso multiplicador socialista que transforma 1 euro em n euros. Ele quer apenas dizer que foi o segundo que maior percentagem aplicou dos fundos doados pelos contribuintes da UE, certamente com o sucesso a que a Torrefacção Lusitana nos habituou.

A vocação empresarial do Estado sucial é a promoção de zombies

Vocação exercida com pouco sucesso já que os credores da Dielmar, o seu último objecto, decidiram o seu encerramento. Restou ao Dr. Siza ir pedir a um empresário de Viseu amigo do governo que ficasse com os activos que restam do mono por 250 mil euros, deixando dívidas para o Estado (incluindo segurança social) de quase 10 milhões, 6 milhões à banca e 2,5 milhões a fornecedores.

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