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17/03/2020

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (23) - Em tempo de vírus

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

Esta é uma crónica especial que esteve para não ser publicada. Ao publicá-la, com atraso, tornou-se impossível omitir o tema Covid-19, ou melhor não tratar da resposta do governo do Dr. Costa e dos impactos na saúde e na economia.

Um governo atropelado pelo vírus

Evidentemente que o governo não tem nenhuma responsabilidade pelo surgimento do Covid-19 em Portugal. Tem responsabilidade, e muita, por uma resposta hesitante e tardia, quando deveria saber que não existindo vacinas para este vírus, as únicas medidas eficazes de contenção são os constrangimentos à movimentação e ao agrupamento das pessoas. Medidas que só nos últimos dias começaram timidamente a ser tomadas.

É sem dúvida inaceitável que uma DGS tenha começado a meio de Janeiro, quando a China já tinha declarado a epidemia e fora da China já havia pessoas infectadas, garantir ser pouco provável que o vírus chegasse a Portugal, para em finais de Fevereiro falar de um cenário de um milhão de infectados, e poucos dias depois voltar a desvalorizar o impacto da epidemia.

«Estamos preparados»

É claro que não estavam preparados. O SNS, que em tempos normais já sofria de uma notória incapacidade de resposta, soçobrou completamente. A desorientação da ministra e da sua equipa devia envergonhar o Dr. Costa, os amigos que o rodeiam e o PS em massa. Para dar um só exemplo, a linha SNS24, um Call center como muitos outros, algo que deveria ser simples de manter a funcionar, ficou completamente paralisado.

Ainda não é o mafarrico, mas já se sente o cheiro das brasas

É agora claro que os impactos do Covid-19 serão tão profundos que a pandemia vai ser para o Dr. Costa o que o Lehman Brothers foi para o Eng. Sócrates, isto é o fim de um ciclo de aparente prosperidade, o início do fim do governo socialista e, inevitavelmente, o álibi para o Dr. Costa se tentar desresponsabilizar pela governação de 5 anos que deixa Portugal com uma economia extremamente vulnerável, uma dívida pública gigantesca de 250 mil milhões, praticamente o dobro de antes da falência do Lehman Brothers, com uma despesa pública corrente superior em mais de 10% à anterior à crise, uma economia descapitalizada, metade da produtividade média da UE e praticamente estagnada, fortemente dependente do turismo (um sexto do PIB e 10% do emprego).

Ronaldo das Finanças, a primeira vítima do Covid-19

Uma das consequências da pandemia é, com elevada probabilidade, que o Dr. Centeno, uma pessoa tecnicamente muito bem preparada que se revelou um político com poucos escrúpulos, ansioso por se abrigar numa tença no BdP, sabendo que os milagres que ele anunciou teriam os meses contados mesmo sem o Covid-19, com os impactos económicos e financeiros do Covid-19, ou bem vai ter de adiar a sua saída, ou bem o Dr. Costa o deixa sair e perde o pouco que lhe resta da sua autoridade como primeiro-ministro.

2 comentários:

Anónimo disse...

Faltou ontem. Compreendo. Aqui está, hoje.

Carlos Conde disse...

"...o Dr. Centeno, uma pessoa tecnicamente muito bem preparada..."

O que fez este homem no âmbito das funções que desempenha para merecer a avaliação?
Será que a alcunha de Ronaldo das finanças basta?