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09/03/2020

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (22)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

«Em defesa do SNS, sempre»

Se o SNS antes do Covid-19 já estava doente, a epidemia está a potenciar as suas deficiências ao mesmo tempo que confirma a incompetência da ministra e a preocupação exclusiva da agenda mediática por parte do Dr. Costa.

O cenário de um milhão de infectados seguido da sua correcção, o anúncio do «estamos preparados» seguido do «esgotaram a capacidade» (ver este Serviço público impertinente), a linha SNS24 que não atende um quarto das chamadas, a médica que telefona 44 vezes sem resposta, o médico que esteve de prevenção 556 horas num só mês, são alguns dos muitos exemplos na semana passada da falência do ministério da Saúde.

O Tribunal de Contas, confirmando o seu papel de «força de bloqueio», como lhe chamava o professor Cavaco, quando o TC foi presidido pelo professor Sousa Franco antes de ser ministro das Finanças de Guterres e esquecer as suas anteriores prédicas, diagnosticou um cenário caótico na gestão do Hospital das Forças Armadas que fica assim alinhado com os hospitais civis.

O crescimento é "poucochinho"

Com o crescimento previsto pela CE de 1,7%, o segundo menor entre os chamados países da coesão, o Fórum da Competitividade estima que se o crescimento nestes países nos próximos quatro anos for igual à média dos quatro anos anteriores, Portugal será ultrapassado pela Hungria, Roménia, Polónia e Letónia e será um dos quatro mais pobres da UE.

Hoje há conquilhas, amanhã não sabemos

Ou, mais precisamente, hoje já se percebe que começarão a faltar as conquilhas e amanhã já sabemos que não as haverá. As previsões das exportações e do crescimento começam a ser revistas (por agora ainda timidamente, para não despertar o pânico). Sem esquecer o turismo que sofrerá um enorme impacto do Covid-19 - no caso português, a redução de 10% do turismo (admite-se que possa chegar aos 25%) significará uma quebra de 1,6 mil milhões de euros nas receitas e a perda de 15 mil postos de trabalho.

Neste contexto, a confusão e paralisia no Porto de Lisboa com uma média de 10 pré-avisos de greve por ano nos últimos dez anos é apenas um pormenor.

E, no entanto, os portugueses, como sempre, embalados pelas estórias de um governo que trabalha para os mídia, são dos últimos a perceber, como se vê pelo crescimento de 4,2% do comércio a retalho em Janeiro (o segundo mais elevado na UE).

Há vida para além do orçamento?

É neste contexto que se vão esfumar as ilusões de um equilíbrio orçamental conseguido à custa de um aumento enorme dos impostos (mais de 7 mil milhões de euros em quatro anos, dos quais 80% em impostos indirectos) e de cortes drásticos das despesas de investimento, em prejuízo das despesas correntes com o funcionalismo público, a clientela eleitoral socialista, cortes que deixaram a administração pública de rastos. Por isso, digo com João Duque, «adeus, excedente», lá se vai o milagre do Ronaldo das Finanças.

As dívidas não são para se pagar, foi isto que ele aprendeu

Depois de uma muito festejada redução da dívida pública bruta no final do ano para fins promocionais, escondendo o facto da dívida líquida ter aumentado, logo no mês de Janeiro a dívida bruta voltou a aumentar 2,3 mil milhões atingindo 252,1 mil milhões, o que representa um acréscimo de 17,6 mil milhões à dívida herdada do governo PSD-CDS (235,7 mil milhões). Já sem as preocupações promocionais de fim de ano, a almofada financeira aumentou 2,86 mil milhões.

Mestres do ilusionismo

É S. Ex.ª o presidente a clamar entre dois selfies que temos «os melhores militares do mundo» (a quem roubam as armas) e é o ministro da Defesa que apresentou há um ano um «plano ambicioso para atrair mais mulheres» com a «criação de creches e jardins de infância em unidades militares» e um ano depois, sem uma creche ou um jardim de infância, apresenta um projecto-piloto para pôr os jovens a dormir nas casernas e atraí-los a pegarem armas pela defesa da Pátria.

Com esta gente que anda pelo governo poderiam fazer-se vários ministérios da Propaganda ou directores comerciais de empresas (públicas). É uma vocação falhada.

A justiça para nós é a política (e os negócios) por outros meios

S. Ex.ª ainda não se lembrou de nos garantir que temos os melhores juízes do mundo o que faria mais sentido do que ter garantido que temos os melhores militares do mundo, sobretudo agora que, para além dos casos de Rui Rangel, Fátima Galante e Luís Vaz das Neves, se vão conhecendo os processos disciplinares em curso envolvendo três juízes do Tribunal da Relação de Lisboa, incluindo o seu ex-presidente.

A solução dos socialistas para as falhas do socialismo é mais socialismo e mais Estado Sucial

Já tratei várias vezes nestas crónicas dos programas concorrentes de arrendamento acessível dos dois putativos sucessores do Dr. Costa. Ainda não tinha tratado da habitação social que, para não mudar o padrão das intervenções do Estado Sucial na habitação, se veio a saber que é "intervencionada" por «grupos organizados "vendem" chaves das casas de habitação social, subarrendam-as e até as ocupam ilegalmente».

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