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08/08/2019

SERVIÇO PÚBLICO: «China: os assassinos perdoados»

«Podem insultar 40 vezes Trump ou Bolsonaro, que eles merecem. O que não podem é calar-se perante a bárbara repressão imperial de Xi Jinping, que a partir de Pequim atua impunemente sem o esboço de um vago protesto daqueles tão interessados em direitos, perseguições, minorias, discriminações, e tudo o que à volta destas coisas rodar. Um abaixo-assinado que seja. (...)

Há campos de concentração; há um autêntico genocídio em marcha, há ameaças sobre as famílias daqueles que escaparam da China e denunciam a barbárie noutros países. E há o pesadíssimo silêncio sobre o assunto. Hoje a informação faz-se com o que se vê, lê e se pode partilhar. Trump, Bolsonaro, Orban, Salvini, Maduro, são, por isso, mais detetáveis. Mas talvez nenhum deles constitua um décimo do perigo que Xi Jinping e a China representam para todos nós, sobretudo da guerra comercial (e não em nome de qualquer direito humano), que Trump move àquele país. (...)

A posição do nosso Governo é simples: Portugal assinou uma carta a apelar ao governo chinês para respeitar os direitos dos uigures e de outras minorias de Xinjiang. Mas – e como este mas é significativo! – fizémo-lo associados a muitos outros membros da União Europeia (porque o nosso respeitinho é muito bonito, além de ser lindíssimo o dinheiro que a China investiu em Portugal, na EDP, na REN, no BCP, em partes que restaram do BES e por aí fora). (...)

Mas onde estão os nossos ativistas, o pessoal do PCP e do Bloco? Os socialistas? Mesmo o PSD e o CDS e todos os que são tão sensíveis às perseguições? Onde se meteram? O próprio Papa consegue ser mais rápido e assertivo! Sim, porque na China os uigures são, em grande, o exemplo do que também sofrem os cristãos.»

Excertos de «China: os assassinos perdoados», Henrique Monteiro no Expresso Diário

Chinese actions in Xinjiang become a matter of international dispute
Não tenho a certeza se a posição do nosso governo é assim tão simples. Portugal não assinou a carta dirigida ao Conselho de Direitos Humanos da ONU apelando à China para cessar a «detenção arbitrária em massa» e, por isso para a Economist, Portugal não faz parte dois 22 países que condenam a China pelas suas atrocidades contra os 11 milhões de muçulmanos da minoria Uigur em Xinjiang, a região no noroeste da China.

2 comentários:

Unknown disse...

"Other voices , other rooms"
E mais não digo...a não ser um reparo à questão de "escala" e à milenar discussão entre confucionistas e legalistas.
Coisa que passam ao lado do nosso minguante eurocentrismo - e da sua "helenística" norte-americana...
Continuemos fixados na "mercearia"...

Anónimo disse...

“Who cares?” - “Not me!”
Por uigures, rohingyas e outros muslos nunca darei um chavo para os seus peditórios. Porquê?
Hindús que vivem ao lado de cristãos = Sem problemas
Budistas que vivem ao lado de ateus = Sem problemas
Confucionistas que vivem ao lado de judeus = Sem problemas
Cristãos ao lado de budistas = Sem problemas
Judeus ao lado de hindús = Sem problemas
Ateus ao lado de confucionistas = Sem problemas
etc., etc., etc.
Muçulmanos ao lado de hindús = Problema (Caxemira)
Muçulmanos ao lado de budistas = Problema (Myammar)
Muçulmanos ao lado de judeus = Problema (Palestina)
Muçulmanos ao lado de cristãos = Problema (Líbano)
Muçulmanos ao lado de confucionistas = Problema (Xinjiang)
Muçulmanos ao lado de ateus = Problema (Europa)
Muçulmanos ao lado de muçulmanos = GRANDE PROBLEMA (Síria, Yemen, Líbia, etc, etc...)
Daqui se conclui quem está na origem do problema, a sua causa comum.