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29/05/2018

TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Paraíso fiscal onshore

«Como outras celebridades mais ou menos milionárias (...)  Johansson escolheu vir para Portugal para beneficiar das excelentes vantagens que o Estado português oferece aos seus “residentes não habituais”.

Por um período de dez anos, os seus rendimentos gerados noutros países gozam de uma redução nas taxas de IRS que pagam ou, se forem reformados, estarão completamente isentos dessa chatice que, segundo o ditado, seria tão inevitável como a morte (contra esta, nem uma cunha nos partidos do poder pode fazer o que quer que seja). Enquanto isso, o comum “residente habitual” paga cada vez mais impostos todos os anos e, se tiver azar, vê a Autoridade Tributária a abusar do seu poder para lhe cobrar indevidamente ainda mais.

(...)

Por reconhecerem que o sistema fiscal português é um autêntico inferno, os governos portugueses de todas as cores criam um paraíso para aqueles cujo dinheiro ou actividade desejam atrair. Por saberem que precisam de alimentar as extensas clientelas que dependem do Orçamento do Estado e de que eles próprios não dependem menos, os partidos que se vão revezando em São Bento sabem, também, que o tal inferno precisa de ser imposto aos que não têm a sorte de terem amigos no Rato ou na Lapa, nem de terem feito filmes em Hollywood, pois sem isso não terão onde sacar o recheio do festim orçamental que garante a sobrevivência dos que, por sua vez, garantem a sua.

Ao contrário do que infelizmente se tornou moda dizer e pensar, não vejo qualquer mal em que cada vez mais estrangeiros escolham Lisboa para visitar ou viver, muito menos que consigo tragam (e gastem) o dinheiro que muita falta cá faz. Mas vejo mal (e muito) em que, ao mesmo tempo, se mantenha um sistema que só faz com que os que cá nasceram e vivem queiram ir para outro sítio

Excerto de «Scarlett no País das Maravilhas», Bruno Alves no Negócios

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