Há quem defenda, e eu concordo, que a nação nasceu do país que os «laivos matricidas» mailos maus fígados do Fundador o levaram a fundar, em má hora e, por certo, com maus conselheiros. Quem torto nasce, tarde ou nunca se endireita e se a estes maus princípios acrescentarmos os moçárabes fica tudo explicado, desde o matricídio de D. Afonso Henriques até às fugas do pântano do engenheiro Guterres, aos défices vagabundos, às sestas dos governantes e tudo o mais que se passou nestes quase nove séculos de muitas bizarrias e poucas vergonhas.
E assim, durante essa eternidade, se cozinhou uma cultura que, entre vários outros aleijões, está marcada por aquilo a que o muito citado antropólogo Hofstede chamou «power distance». Quer ele dizer na dele que para os portugueses o respeitinho é muito bonito, os sinais exteriores de status são muito importantes, as mudanças só se fazem à porrada, etc. (um enorme etc.).O nosso score nesta matéria só é superado na Europa pela França - quem mais poderia ser?
A coisa é também notória na necessidade que os portugueses, principalmente das classes possidentes, têm de emitir sinais da sua importância social. A coisa chega até aos pequenos rituais de socialização: um beijinho, dois bejinhos, três beijinhos. A coisa chega até ao Natal.
Feliz Natal para os tesos
Bom Natal para a classe média
Santo Natal para a classe possidente
Esclarecimento, que me sinto obrigado a fazer:
Vá-se lá saber porquê, estive para escrever, «classe possidónia». Teria feito asneira, segundo o meu dicionário de plástico. «Possidónio» terá sido usado por Camilo para designar um «político ingénuo e sertanejo, que vê a salvação da pátria no corte profundo e incondicional de todas as despesas públicas». «Possidónio» seria pois, se existisse, um bicho mais raro do que o lince da Serra da Malcata.
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
Sem comentários:
Enviar um comentário