A frescura da ironia, a complacência de Fellini com as suas fraquezas, os devaneios, as obsessões, o desalinhamento com o bafio moral da época, revelaram-me um filme deslumbrante. Esteticamente quase perfeito - não consigo imaginá-lo a cores. Tecnicamente nem por isso - há óbvios problemas de sincronização do som, por exemplo.
Hoje. revendo-o, tenho a sensação que se não fosse a distância galáctica que vai do princípio dos anos sessentas até aos dias de hoje, seria considerado um filme sexista, como muitos outros de Fellini, um filme politicamente incorrecto.
Lembrei-me disto ao ver uma foto do «8 1/2» no Presépio d'A Praia, de que me aproprio indecentemente. Qual é o homem que não sonhou já ser um menino jesus nas mãos de meia dúzia de pecadoras?
[Fellini, por interposto Mastroianni, no meio de pecadoras, faltando inexplicavelmente a misteriosa Anouk e a fabulosa Claudia]
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