Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

30/11/2024

Títulos inspirados (96) - Titilando mentes fracas com palavras fortes. Será a Mota-Engil um cadáver adiado?

Há um tempo atrás, assinalei aqui o exercício patético de uma peça do Expresso com o título "Quem são os 'fundos abutres' que investem quase €300 milhões para a bolsa nacional se afundar?" em que o jornalista concluiu que existe um enorme risco de uns fundos que controlam menos de 0,5% da capitalização bolsista das 11 empresas portuguesas onde detêm posições afundarem uma bolsa que está há muito afundada na sua própria irrelevância.

O mesmo exercício patético foi agora replicado por outro jornalista, provavelmente por encomenda da putativa vítima do abutre, com o título «Mota-Engil foi a “vítima perfeita para um fundo abutre”, diz administrador financeiro». Desta vez, o abutre é o Muddy Waters Capital Domino Master Fund com uma posição curta (*) de 0,65% que, segundo o roteiro, conseguiu afundar as cotações em quase 40% reduzindo a posição de 0,65% para 0,57%. 

Em vez de "vulture" o jornalista de causas financeiras deveria classificar o fundo Muddy Waters (o nome de um famoso guitarrista fundador do Chicago blues - ouça aqui Mannish Boy) como fundo "sorcer" visto que, com apenas uns gramas de uma barra que pesa quilos, está a transformar em chumbo essa barra de suposto ouro. Nesse caso deveria acrescentar que o feitiço, supondo que é a causa da queda, só estará a resultar porque o free float da Mota-Engil são peanuts ou, dito em português corrente, é insignificante a percentagem das acções transacionáveis na bolsa porque os "donos" da Mota-Engil não confiam no mercado e olham para os outros accionistas como silent partners ou, em português corrente, uns parolos a quem permitem deter acções para manter a empresa cotada.

 _________

(*) Por memória: os "fundos abutres" praticam o short selling ou venda a descoberto que consiste em vender um activo esperando comprá-lo mais tarde a uma cotação menor, o que só faz sentido para o fundo se tiver expectativas que o activo em causa está sobreavaliado. Em mercados evoluídos considera-se que esta prática reduz o risco dos investidores e aumenta a liquidez e a estabilidade dos mercados.

29/11/2024

No, maybe it won't be the end of the world (8)

Continued from (1), (2), (3), (4), (5), (6) and (7

It is very difficult to comment on Mr. Trump's ideias because his volatility is as great as the America he wants to make. And by the way, although it is an apparent contradiction, but the most achievable purpose is his motto MAGA because, as it has been written, a country that has an unemployment rate of 4% and a GDP per capita of $85,000 does not have to be made great again - it has been great for a long time. 

To the volatility of Mr. Trump you have to add the unrealism of the ideas of the people he picked for his government. For example, the designated secretary of Health and Human Services and dropout candidate Robert F. Kennedy Junior promised that he and the President will «transform our nation’s food, fitness, air, water, soil and medicine», a purpose that the Democratic party would not disdain.

And to RFK Jr's unrealism we must also add the unintended consequences (or perhaps intended) of Elon Musk's announced purposes, whose objective of eliminating bureaucracy could very well degenerate into the creation of an oligarchy.

Returning to the increase in tariffs and citing the conclusions of economist Ricardo Reis, the experience of Trump's first term showed that, with some exceptions such as steel, a US tariff of 10% on a Chinese import leads to an increase in the price paid by Americans of 9.5% and a drop in the price received by the Chinese of 0.5%. In other words, the tariff ends up being almost entirely paid by Americans.

Furthermore, it was found that a 10% increase in rates came with a decrease of about 10% in purchases after 3 months, and about 20% after 18 months. And it was also found that those who benefited from these tariffs were mainly countries such as Mexico, Vietnam, Thailand and South Korea, that increased their exports to the USA, and at least in some cases Chinese companies opened branches in the country and continued exporting to the USA through of them.

In the end, according to the best available estimates, Americans lost out in margins and in profits and wages, or in prices. Other countries may gain slightly, although the world will lose by producing in less efficient and more expensive places.

(To be continued)

Se ká nevásski faziasse kásski

Jornal Económico

O estudo em causa que parece ser uma espécie de exercício de pensamento miraculoso é da McKinsey, uma grande consultora americana, em tempos considerada la crème de la crème da consultoria, cuja reputação foi bastante abalada por vários escândalos. O mais conhecido desses escândalos foi aconselhar fabricantes de medicamentos, nomeadamente a Purdue Pharma, a preparar planos de marketing enganosos para as vendas de opióides. A McKinsey foi condenada e está a tentar um acordo de pagamento que pode chegar a US$ 600 milhões

Não é provável que os portugueses, sempre ansiosos de boas notícias e de «fazer boa figura, a título pessoal ou colectivo», proponham uma acção colectiva contra a McKinsey por estudos enganosos - afinal estamos num país onde costumamos dizer uns para os outros «engana-me que eu gosto».

28/11/2024

Estado empreendedor (112) - A política industrial falha porque o Estado é um mau empreendedor

O texto seguinte é um resumo de «Os falhanços da política industrial» de Ricardo Reis no Expresso, um artigo de opinião com uma independência e lucidez infelizmente raras no nosso Portugal dos Pequeninos, sobre as políticas industriais adoptadas com o propósito do Estado intervir para fazer crescer a economia, criar os chamados "campeões nacionais" e, em particular, intervir na investigação e desenvolvimento (I&D), sendo este último propósito o foco do artigo.

Ricardo Reis começa por chamar a atenção que a UE e os EUA gastam os mesmos 0,7% do PIB na I&D e a diferença está no sector privado que nos EUA investe quase o dobro da UE e no sector público em que na UE o apoio à ciência tem mais a ver com a equidade entre os Estados membros do que nos méritos dos programas financiados. Um exemplo desta última diferença é o Human Brian Project (HBP) no qual a UE «investiu cerca de mil milhões de euros entre 2013 e 2013, que fez avanços fundamentais na neurociência e na computação com o objetivo de criar um simulacro artificial do cérebro humano. Esse objetivo nunca foi alcançado. Já a empresa privada DeepMind, adquirida pela Google em 2014, começou por querer desenhar jogos, mas rapidamente dedicou-se a desenvolver ferramentas de inteligência artificial, alcançou enorme sucesso na biologia molecular, e mais recentemente está a apostar nos braços robóticos.

No que diz respeito às políticas industriais, há casos de sucesso e casos de falhanço quando estudamos a sua história pelo mundo fora. Regra geral, são mais os falhanços, justificando um saudável ceticismo quando se vê um partido fazer disto a sua bandeira como o PS fez parcialmente nas últimas eleições legislativas. Um problema de raiz é que os políticos não são particularmente bons a escolher os sectores certos onde investir. Antes pelo contrário, é inevitável que os bolsos fundos do Estado atraiam o esforço de persuasão de muitos aldrabões e oportunistas preparados para se aproveitarem do político bem-intencionado.

27/11/2024

CASE STUDY: A atracção por Belém - a lista dos que não se excluem não pára de crescer (12)

Outras atracções.

Desta vez ainda com maior antecedência (desde 2022, pelo menos), começaram a alinhar-se os candidatáveis a Belém, segundo os próprios, segundo os partidos que os apoiarão, segundo as cortes privadas, segundo os jornalistas amigos e até segundo os jornalistas inimigos, frequentemente para lançar o barro à parede ou para queimar nomes.

Eis um breve elenco feito à pressa dos que já se chegaram à frente ou foram falados ou sondados ou lançados à parede (disclaimer: não há garantias implícitas ou explícitas de que a lista esteja actualizada):

  • Ana Gomes
  • André Ventura
  • António Guterres
  • António José Seguro
  • António Vitorino
  • Augusto Santos Silva
  • Elisa Ferreira
  • José Pedro Aguiar-Branco 
  • Henrique Gouveia e Melo 
  • Leonor Beleza
  • Luís Marques Mendes
  • Mário Centeno 
  • Paulo Portas
  • Pedro Passos Coelho
  • Pedro Santana Lopes
  • Rui Rio
Faz uns vinte anos inventei a seguinte teoria conspirativa: é mais barato e mais agradável ser presidente da República do que líder da oposição, que implica suportar a travessia do deserto do poder, aguentar uma cambada de potenciais traidores escondendo as navalhas da traição nas calças da pouca-vergonha e suportar uma infinita corja de medíocres ansiando por uma sinecura, tudo isto apenas mitigado pelo séquito de seguidores incondicionais, que vai minguando, na medida em que mingua a esperança do governo de serviço cair. Percebe-se que esta teoria conspirativa, como todas as teorias conspirativas, teve um tempo de vida limitado, neste caso porque a candidatura a Belém já não é, como foi nalguns casos no passado, um ersatz à candidatura a líder da oposição. Hoje, com a emergência das redes sociais e da bacoquice sem freio, a candidatura a Belém é sobretudo o pináculo da carreira de um "influencer".

26/11/2024

Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (38)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa» e do «Semanário de Bordo da Nau Catrineta». Outras Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa.

Num país normal, depois dos encómios do Dr. Pedro Nuno, o Estado como agente económico ficaria definitivamente desacreditado (continuação)

A semana passada ironizei a pesporrência ignorante do Dr. Pedro Nuno citando o caso das carruagens com amianto compradas à Renfe, o que um comentador considerou exagerado. Concordo que até nem foi o caso mais grave da governação do actual líder socialista, foi apenas o mais ridículo. Entre outras razões porque na compra foi anunciado que as carruagens começariam a circular no fim desse ano (2020), o que efectivamente só aconteceu em Julho de 2023, mas ridículo sobretudo porque numa saloiice terminal o Dr. Pedro Nuno se auto-glorificou com um Portugal (isto é, ele próprio) «pode ensinar a outros Estados estrangeiros e também a alguns privados como fazer bons negócios».

O bilhar às três tabelas do Dr. Pedro Nuno (coadjuvado pelo Dr. Ventura) pode não lhe correr bem

Provavelmente com duplo propósito de facturar junto dos pensionistas, um segmento fundamental dos seus mercados eleitorais, sem ter de pagar a factura das “contas certas”, o Dr. Pedro Nuno e o Dr. Ventura propuseram aumentos adicionais das pensões que custarão segundo a UTAO 327 milhões e 265 milhões, respectivamente. Suspeito que estejam enganados, porque o Dr. Montenegro está a aproveitar para mostrar responsabilidade e, se a proposta for aprovada, a memória do eleitorado pensionista irá esquecer o Dr. Pedro Nuno e o Dr. Ventura e lembrar a medida como mais uma de um PSD esforçado para apagar as más recordações do resgate.

Dez anos depois o processo da Operação Marquês está no mesmo sítio

O processo em que é acusado o Sr. Eng. Sócrates é muito mais do que uma acusação a um sujeito com muito mais ambição do que escrúpulos que usou em proveito próprio um lugar político. É um processo em que está em causa o domínio do aparelho de Estado por um partido com a cumplicidade e o proveito de uma parte da nomenclatura do regime, incluindo bonzos que ocupam o aparelho judicial. Por isso, desiludi-vos, o processo vai arrastar-se a pretexto de expedientes judiciais e apodrecer, porque ninguém com influência está interessado numa autópsia do regime.

A acção promocional do Dr. Centeno não está a correr bem

Parece que, no seu afinco promocional, o Dr. Centeno meteu a pata na poça ao apresentar do seu púlpito a tese que Portugal é um «receptor líquido de diplomados», ao arrepio da conclusão generalizada. A demonstração da argolada foi feita por várias pessoas mais bem qualificadas para o tema, entre as quais o professor Óscar Afonso no artigo «Senhor Governador, a fuga de talento é mesmo real».

25/11/2024

Crónica de um Governo de Passagem (28)

Outras Crónicas do Governo de Passagem

Navegando à bolina
Mercearia orçamental. No topo do mundo

Mais de 2.100 propostas de alteração ao OE2025 foram apresentadas à razão de uma para cada duas páginas das quase cinco mil, com o Chega em primeiro lugar com 639 propostas, seguido do PCP com 517, do Livre com 264, etc. O PAN com 238 propostas para um só deputado teve um desempenho prodigioso que, se igualado pelos outros partidos, teria resultado em quase 55 mil propostas o que seguramente colocaria o parlamento português no topo do mundo.

O outro contribuinte deste blogue fez em 2017 as contas do número de páginas por cada milhão de euros dos orçamentos português e do Reino Unido e conclui que eram respectivamente 4,7 e 0,076 o que dava um rácio comparativo de verborreia com 1 para 62. Aqui sem dúvida, estamos no topo do mundo.

A educação também é uma paixão para a AD? Será este governo bom no género mau?

Há um mês havia 54 mil alunos que em algum momento não tiveram aulas a pelo menos uma disciplina e nesta altura ainda há mais de 2 mil alunos nessa situação. Dir-se-á que pior não seria possível, mas foi. No final do 1.º período do ano lectivo passado o governo para quem «educação era uma paixão» tinha quase 21 mil nessas mesmas circunstâncias.

Aproveitai enquanto dura…


Graças principalmente ao turismo, que este ano deverá atingir 20% no PIB, o saldo positivo da balança corrente e de capital, isto é, o excedente externo voltou a subir no 3.º trimestre para 8,2 mil milhões, o equivalente a 3,9% do PIB, com um crescimento de 4,7 mil milhões em relação ao mesmo período do ano passado. Se quisermos imaginar o que seria da economia portuguesa sem este surto do turismo podemos olhar os saldos negativos do gráfico até 2011 entre os -4% e os -12%.

… e aí está o endividamento a aumentar

Jornal Económico

Aumento devido principalmente às empresas privadas com uma subida de 2 mil milhões de euros em Setembro. Se fosse para investimento produtivo…

Contas erradas

O Ministério da Saúde corrigiu agora um erro do OE2025 com um aumento da despesa que explicou ainda não estava totalmente quantificada.

Para convocar uma greve qualquer pretexto é bom

O Dr. Leitão Amaro, ministro da presidência, numa conferência de imprensa referiu o facto de Portugal ter um número de acidentes por km de ferrovia «sete vezes pior do que a primeira metade dos países europeus» e anunciou a «proibição de condução sob o efeito de álcool», sem estabelecer qualquer relação entre o facto e a medida. Um dos 17-sindicatos-17 da CP enfiou o chapéu e apressou-se a convocar uma greve «para defender a honra e o respeito profissional».


24/11/2024

Mitos (343) - O contrário do dogma do aquecimento global (XXXIII) - Os limites ao crescimento em 1972, segundo o Clube de Roma

Outros posts desta série

Em retrospectiva: que o debate sobre o aquecimento global, principalmente sobre o papel da intervenção humana, é muito mais um debate ideológico do que um debate científico é algo cada vez mais claro. Que nesse debate as posições tendam a extremar-se entre os defensores do aquecimento global como obra humana – normalmente gente de esquerda – e os outros – normalmente gente de direita – existindo muito pouco espaço para dúvida, ou seja para uma abordagem científica, é apenas uma consequência da deslocação da discussão do campo científico, onde predomina a racionalidade, para o campo ideológico e inevitavelmente político, onde predomina a crença.
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A COP29 realizou-se este ano no Azerbaijão, um país onde a produção de petróleo e gás representam metade do PIB cujo presidente de acredita, compreensivelmente, que «o petróleo e o gás são dons de Deus».   

Mme Sandrine Dixson-Declève, que falou em representação do Clube de Roma, fez uma intervenção incendiária onde a par das teses catastrofistas habituais do áctivismo ambientalista fez também a habitual ligação estúpida entre a direita e os inimigos do ambiente - «quem vota à direita não acredita em alterações climáticas», assim transformando o problema das mudanças climáticas numa questão partidária, mais até do que política. 

Model Standard Run as shown in The Limits to Growth

Se olharmos para as teses catastrofistas de Mme Dixson-Declève à luz das previsões catastrofistas do Clube de Roma no seu relatório de 1972 The Limits to Growth (pode ler aqui o texto integral nas suas mais de 200 páginas ou aqui um resumo de 13 páginas) que antevia o esgotamento de todos os principais recursos minerais nalgumas décadas seguida da fome generalizada, poderíamos concluir essas teses não tem qualquer credibilidade e que o Clube de Roma continua a contribuir para transformar uma questão científica numa questão ideológica, prestando um péssimo serviço à causa que se propõe defender.

23/11/2024

DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Portugueses no topo do mundo (66) - O Senhor Oliveira da Figueira dos Ferraris em Madrid

Outros portugueses no topo do mundo

1.ª página do Caderno de Economia do semanário de referência

A carência de reconhecimento dos portugueses, gerada pelo «sentimento (identificado por Eduardo Lourenço) de fragilidade íntima inconsciente e a correspondente vontade de a compensar com o desejo de fazer boa figura, a título pessoal ou colectivo», é ainda mais esmagadora do que a raridade de portugueses que o mundo reconheça estarem no topo do mundo. 

É possivelmente por isso que um auto-intitulado semanário de referência (*), à míngua de portugueses que o mundo coloque no seu topo, aproveite o que vem à rede e juntando o útil ao agradável preste um serviço promocional à Santogal prantando na 1.ª página do seu Caderno de Economia um seu gerente sentado numa bela Ferrari (os ferraris são todos fêmeas).
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(*) Parece que o semanário Expresso deixou cair há uns anos o "de referência", perdendo assim a singularidade de ser o único periódico auto-intitulado de referência.

Informação inútil (para quem conheça a obra de Hergé): «Le senhor Oliveira da Figueira vit ordinairement à Lisbonne, d’après les affirmations du capitaine du boutre qui recueille Tintin lors d’une tempête en mer Rouge, au début des "Cigares du Pharaon". Son prénom est un nom fréquent au Portugal et Figueira désigne une ville du centre du pays. On découvre vite sa principale caractéristique : c’est un vendeur qui sort de l’ordinaire.»  (Timtim.com)

22/11/2024

LASCIATE OGNI SPERANZA, VOI CH'ENTRATE: Vamos todos fingir que o problema não existe? Sim, vamos (11) - A leveza insustentável do sistema público de pensões (VIII)

Continuação de (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7), (8), (9) e (10)

mais liberdade

A insustentabilidade do sistema de pensões que o diagrama antecipa dentro de menos de 20 anos não deveria surpreender ninguém, pelo menos não deveria surpreender quem nos visita e lê o que vimos escrevendo sobre este tema há pelo menos 15 anos, com este, este ou este post a que seguiram os posts desta série.

mais liberdade

Na génese da insustentabilidade anunciada estão vários factores e entre eles uma taxa de poupança que tem vindo a cair há duas décadas e que hoje é uma das mais baixas da União Europeia. A poupança é tão baixa que, por um lado, não me permite aplicar as poupanças necessárias para garantir a sustentabilidade dos fundos de pensões públicos e privados (as subscrições dos planos de poupança-reforma estão há dois anos a cair) e, por outro, não permite os investimentos produtivos necessários para garantir o aumento da produtividade e o crescimento a longo prazo indispensável para aumentar a poupança sem baixar os níveis de consumo e o bem-estar.

21/11/2024

No, maybe it won't be the end of the world (7)

Continued from (1), (2), (3), (4), (5) and (6

One of the most ambitious measures announced by Mr. Trump is the creation of the Department of Government Efficiency (DOGE) led by Elon Musk and Vivek Ramaswamy to cut $2 trillion from the federal budget, more than the government’s discretionary spending for a year. The cuts may make sense, depending on what exactly is cut, but the fact is that the total federal government workforce is now the same size as it was in the late 1960s. 

Mr. Trump has given the DOGE two years to make the cuts, but even so, total federal government spending is about $7 trillion, and subtracting interest on the public debt and mandatory allocations for pensions and health insurance leaves $1.8 trillion, so cutting $2 trillion over two years would mean cutting more than half of payroll spending. Even for Mr. Trump’s megalomania, this sounds like overkill. 

The most likely scenario, and in line with the threats made by Mr. Trump and his loyalists, is that the cuts, whatever they may be, will be a pretext for removing undesirable people.

Another of Mr. Trump’s measures targets the Justice Department, whose independence he wants to abolish by turning it into a personal law department to selectively prosecute his political enemies, as revenge for the prosecutions he has endured. Federal judges are likely to prevent the worst of these ideas from being carried out, but the appointments that Mr. Trump intends to make will only reduce opposition to these measures. 

Other clean-up actions Mr Trump has talked about include firing “woke” generals - after all he was quoted as having privately said «I need the kind of generals that Hitler had». According to some sources, the «transition team are drawing up a list of military officers to be fired, potentially to include the Joint Chiefs of Staff».

When it comes to monetary policy and the Fed, Mr Trump has made no secret of wanting to have a say. Whatever that means, it will not be good news for the Fed's independence - remember what happened to a similar move by President Nixon in the 1970s when inflation was soaring above 10%.

(To be continued)

20/11/2024

Proposta Modesta Para Evitar que os Áctivistas Desperdicem Acções e Indignações (13) - Áctivistas da igualdade de "géneros" ide manifestar-vos em Bagdade frente do parlamento

Outras propostas modestas

[Em 1729 Jonathan Swift publicou um panfleto satírico com o título longo e insólito A Modest Proposal: For Preventing the Children of Poor People in Ireland from Being a Burden to Their Parents or Country, and for Making Them Beneficial to the Public.]

MSM

E porque não reduzir a idade do consentimento para seis anos, seguindo o exemplo do Profeta que desposou Aisha bint Abdullah bin Abi Quhafah bin Uthman bin Amir bin Kaab bin Qanana com essa idade? (fonte)

DIÁRIO DE BORDO: Simplificando, há dois tipos de portugueses...

... há os portugueses genuínos que acham que o Portugal dos Pequeninos está muito bem assim, por isso não é preciso fazer nada e fazer alguma coisa só estraga; há os portugueses desiludidos que acham que o Portugal dos Pequeninos não está bem nem tem salvação e, portanto, não há nada a fazer e, fazendo-se, é perda de tempo.

Olhando mais em pormenor, parece que há uns portugueses estrangeirados que acham que o Portugal dos Pequeninos não está bem ou podia estar melhor e, para isso, seria preciso fazer coisas que, inevitavelmente já foram feitas no estrangeiro -  por isso eles são estrangeirados - coisas que os portugueses genuínos acham que não são genuínas e que os portugueses desiludidos acham que não são possíveis ou, sendo-o, são inúteis.

Em suma, tudo pode e deve ficar na mesma e os estrangeirados podem ser rotulados de falsos (ou traidores) ou de lunáticos pelos portugueses genuínos e pelos portugueses desiludidos, respectivamente, ou continuar a ser rotulados por ambos de estrangeirados que é a mesma coisa. 

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Estes delírios pontuais ocorreram-me por um comentário (de um português desiludido) a um post em que acolhi ideias avulsas (e impossíveis ou inúteis?) de dois estrangeirados.

19/11/2024

Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (34)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa» e do «Semanário de Bordo da Nau Catrineta». Outras Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa.

A geringonça como multiferramenta e a lei de Murphy

A geringonça que tão bem serviu em 2015 os propósitos do Dr. Costa de governar depois de ter perdido as eleições, pode estar a caminho de ser usada de novo, desta vez na Madeira, onde o Chega que agora se pode adicionar à geringonça apresentou uma moção de censura que sendo aprovada, como é provável, poderá ser seguida de uma coligação anti-PSD que poderá formar governo com a abstenção do Chega. Se assim for, poderemos ter mais um exemplo da lei de Murphy: a coisa nunca está tão mal que não possa piorar.

Num país normal, depois dos encómios do Dr. Pedro Nuno, o Estado como agente económico ficaria definitivamente desacreditado

«Olhamos muitas vezes para o Estado como uma espécie de empecilho no desenvolvimento económico. Nós temos de mudar a forma de como olhamos para o Estado no seu papel de transformação das economias. Os Estados com boas políticas são mesmo uns dos principais instrumentos de transformação de uma economia», disse há dias o Dr. Pedro Nuno que como ministro das Infraestruturas teve um papel na transformação em lixo de mais de três mil milhões na TAP e na compra da sucata com amianto comprada à Renfe, declarando nessa altura que Portugal (isto é, ele próprio) «pode ensinar a outros Estados estrangeiros e também a alguns privados como fazer bons negócios».

Fazer do Banco de Portugal um púlpito promocional do governador é uma tradição do PS. A despedida do Dr. Centeno

Recordando, o Dr. Constâncio, que foi governador do BdP duas vezes em 1985-1986 e 2000-2010, intercaladas com a liderança do PS em 1986-1989, foi um precursor do Dr. Centeno que saiu directamente do ministério das Finanças para o BdP e agora se promove e está a ser promovido a candidato pelo PS a Belém. A mais recente acção de promoção vai exigir o encerramento do BdP para a reunião anual de todos os 1752 apparatchiks do BdP perante os quais o Dr. Centeno fará a sua última aparição antes de terminar o mandato no próximo ano.

Pretender resolver a imigração desregulada com restrições ao alojamento local é …

… é mais estúpido do que pretender resolver o problema da habitação como a mesma ferramenta (ler aqui uma boa explicação).

O balão de hidrogénio do Dr. Galamba estava furado

Nós no (Im)pertinências sempre achámos que o balão de hidrogénio do Dr. Galamba era mais um elefante branco a caminho, o que aliás o mesmo Dr. Galamba reconheceu com um atraso de quatro anos. Uma das empresas que não percebeu a tempo foi a Fusion Fuel SA que pretendia fabricar equipamentos para a produção de hidrogénio verde e está a caminho da insolvência e sem dinheiro para pagar salários, apesar de ter recebido do Estado sucial dezenas de milhões de euros de subsídios.

Contas certas

Se os actuais ministros da Justiça e da Defesa não estiverem a contar estórias da carochinha, os seus antecessores gastaram 20 milhões do fundo de modernização para pagar salários e investiram menos 300 milhões na Defesa do que comunicaram à NATO, respectivamente.

«Em defesa do SNS, sempre» / «O SNS é um tesouro»

mais liberdade

O Dr. Pedro Nuno responsabilizou o governo pela crise do INEM, crise que, como disse o seu correligionário Eng. Guterres a respeito do conflito palestiniano, «não nasceu do vácuo», como o diagrama mostra.

«Empresa Financeiramente Apoiada Continuamente (pelo) Estado Central»

O Dr. Costa, o Dr. Caldeira Cabral, o Dr. Siza Vieira e o Dr. Costa e Silva fabricaram o desastre da nacionalização da EFACEC que na última contagem o total de perdas poderá chegar aos 564 milhões. Nem tudo se perdeu. Um dos fundadores da EFACEC , António Ricca, comprou a subsidiária falida EFACEC - Bombas e Ventiladores e vai agora abrir uma fábrica de transformadores na Póvoa do Varzim que será concorrente da EFACEC.

Take Another Plan. Hamsters tomam de assalto um voo da TAP

Durante cinco dias um avião da TAP ficou retido no aeroporto da Ponta Delgada devido à fuga de 100 hamsters, à solta no porão. Com algum esforçou percebe-se os cem hamsters. A explicação para os cinco dias só pode ser falta de pessoal.

18/11/2024

Crónica de um Governo de Passagem (27)

Outras Crónicas do Governo de Passagem

Navegando à bolina
A doença crónica do SNS “não surgiu do vácuo

É claro que o governo AD, o ministro e os restantes dirigentes actuais têm algumas culpas no cartório pela ineficácia do INEM e de várias outras coisas. Porém, se o essencial da coisa residisse aí, como inúmeros analistas e a comentadoria situacionista nos tentam fazer acreditar, seria fácil de resolver e não é porque são problemas crónicos que se tornaram mais evidentes com a redução das 40 para 35 horas que o Dr. Costa, o Dr. Centeno e o Dr. Marcelo nos garantiram que não teria impacto orçamental. A partir daí foi lançado dinheiro para cima dos problemas e a despesa com o SNS aumentou 60% desde 2015 sem consequências visíveis na melhoria do funcionamento.

Retirar a publicidade da RTP? Não seria melhor retirar o governo da RTP?

Confesso não ter ainda percebido o sentido desta medida anunciada pelo governo e ainda menos ter percebido a oposição da oposição a uma medida que, segundo o credo da esquerdalhada, poria a RTP ao abrigo da influência dos “privados”.

Boa Nova

O Dr. Montenegro anunciou na Web Summit – ou “Exponoivos para start-ups” - o lançamento de «um LLM português - Large Language Model - para inovarmos em português, preservando o nosso idioma e utilizando a nossa cultura ao serviço da inovação», empreendimento que mereceu dúvidas relevantes ao outro contribuinte, que também me inquietam.

Bons conselhos

A presidente do Conselho das Finanças Públicas perante o aumento de 10% da despesa pública lembrou ao governo, durante discussão na especialidade do OE2025, que «o país não suportaria termos taxas de crescimento de despesa anuais na casa dos dois dígitos». O Dr. Montenegro terá tido vontade de responder «ai aguenta, aguenta» mas teve uma epifania e ficou calado.

17/11/2024

No, maybe it won't be the end of the world (6)

Continued from (1), (2), (3), (4) and (5

Back to the massive deportation of illegal immigrants (“unauthorized population”) that, according to Mr. Trump are 15 to 20 million and according to the Migration Policy Institute are 11,047,000. If the 11 million were deported like Mr. Trump assured, we could imagine that the majority are criminals, drug dealers or drug addicts or dog eaters, but for the MPI 6,829,000 (65%) of the 10,434,000 people over 16 years old are employed in the following activities:

Migration Policy Institute 

Estimates by the Peterson Institute for International Economics for the effects of deporting 8 million immigrants are a reduction in US GDP by 2028 by 7%. What would be the impact on the economy if, for example, 1.4 million or 18% of a total of 7.9 million construction workers were deported? Huge, I would say. 

And how would the Trump administration get the cooperation of the Mexican government for this massive deportation that would directly affect several million Mexicans? Perhaps reactivating the previously made threat to bomb gangs in Mexico to stop fentanyl production.

(To be continued)

16/11/2024

M'espanto e às vezes não m'avergonho

«Diretora do Centro Nacional de Pensões demitiu-se. Decisão foi publicada em Diário da República e segue-se às demissões da presidente e da vice-presidente do Instituto da Segurança Social e da substituição do vogal. Susana Rosa sai do cargo, a seu pedido, um dia antes de um afastamento por iniciativa do Governo implicar o pagamento de uma indemnização.» (negócios)

Não tenho lembrança de algum apparatchik estatal ter renunciado a um cargo sabendo que iria ser demitido no dia seguinte, libertando assim o Estado sucial de pagar uma indemnização correspondente à diferença de salários entre o da comissão de serviço e do seu cargo anterior, neste caso por um período de três anos.   

Por curiosidade foi ver o currículo de Susana Rosa no LinkedIn e constatei que fez um mestrado em administração pública na universidade Webster em Phoenix e voltou agora para Técnica Superior da DGSS- Direção de Serviços de Negociação e Coordenação da Aplicação dos Instrumentos Internacionais, quase certamente com um salário muito inferior ao directora do Centro Nacional de Pensões em comissão de serviço.

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O título deste post é uma espécie de emenda pior do que o soneto «Quando Eu, Senhora, em Vós os Olhos Ponho» de Sá de Miranda.

SERVIÇO PÚBLICO: Ideias para o Portugal deixar de ser Pequenino

Pedro Santa Clara Gomes e Nuno Palma, professores da Universidade Nova e  da Universidade de Manchester, respectivamente, publicaram há duas semanas «Um desafio ao governo a propósito do Nobel de Economia» (*) com várias propostas de reforma do Estado sucial de onde extraio com o propósito de espevitar as meninges os seguintes excertos:     

«A primeira coisa a fazer é medir o valor dos serviços que estamos a obter com os nossos impostos.  Em vez de simplesmente alocar dinheiro a agências e ministérios para “cumprirem a sua função”, devemos estabelecer um contrato-programa com os resultados que pretendemos obter.  Estes resultados não devem depender de quantas pessoas o Estado consegue tratar ou alojar, mas sim de medidas concretas com uma avaliação de impacto que demonstre como a saúde da população vai aumentar ou o número de pessoas sem casa será reduzido.  (...)

Uma segunda área fundamental é a prestação de contas.  Cada ministro deve apresentar um relatório e as contas anuais do seu ministério. Um relatório que explique o que faz, quanto custa e que justifique porque é que as suas funções são mais eficientemente cumpridas no sector público, em vez de ser contratadas a entidades privadas. Que inclua a atividade do ministério e de todas as entidades que tutela.  (...)

 Uma terceira área fundamental é o levantamento e a valorização dos ativos públicos – o levantamento dos passivos, pós-troika, já é bastante bem feito, com a exceção do buraco da segurança social. O governo tem o dever fiduciário perante os cidadãos de cuidar da gestão destes ativos que nos pertencem a todos.  Poderemos ter finalmente um levantamento de todos os imóveis públicos e uma justificação de que estão a ter o melhor uso que lhes pode ser dado? Cada edifício público a degradar-se abandonado representa uma falta de responsabilidade perante a sociedade.

A qualidade dos serviços públicos deve ser sistematicamente avaliada e os resultados tornados públicos: os tempos de espera, a satisfação dos utentes, as comparações de qualidade e de custo ao longo do tempo, também internacionalmente. (...)

Outra área em que a qualidade do governo pode ser muito melhorada é o licenciamento e a regulação.  Cada obrigação de licenciamento ou de regulação deve ser justificado para assegurar que cria mais benefícios do que custos.  (...)

Têm de existir regras claras e com aplicação efetiva, que limitem os conflitos de interesse, como as portas giratórias, entre a política, o jornalismo e o poder judicial. Deve existir uma promessa firme e consequente de acabar com as nomeações políticas. Da mesma forma, devem ser aplicados critérios de mérito para as contratações e a progressão na carreira à gestão de recursos humanos em todas as entidades públicas. (...)

A Autoridade da Concorrência e o Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão não estão a desempenhar o seu papel, já que vários estudos demonstram que os níveis de concorrência da economia portuguesa são comparativamente baixos. Sendo impossível reformar os reguladores supostamente independentes, mas na verdade capturados, devem ser extintos e devemos regressar ao modelo das Direções-Gerais: é mais barato e, dessa forma, a responsabilização política é clara.»

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(*) Se parecer estranho a relação entre o último prémio Nobel da Economia e os padecimentos do Portugal dos Pequeninos pode ler-se uma possível explicação no post Os estudos de Acemoglu, Johnson e Robinson não são sobre a desigualdade das nações. São sobre o fracasso de algumas nações.

15/11/2024

DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Web Summit - as 200 mil dormidas já ninguém nos tira (11) - Talvez chegue para pagar o LLM português

Uma sequela de (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7), (8), (9) e (10)

Desde 2016 pela mão do Dr. Costa primeiro e, depois, do Dr. Medina, e actualmente do Dr. Moedas, a Web Summit da iniciativa do Paddy em Dublin de 2009 a 2015 foi movida para Lisboa graças a um generoso subsídio de 11 milhões por ano, reduzido mais tarde para 7 milhões, que a câmara de Lisboa paga ao Paddy (a que acrescem a venda de entradas e o trabalho voluntário) para os alfacinhas terem o privilégio de receber umas dezenas de milhares de participantes estrangeiros.

A fantasia das startups está cada vez mais distante. Apesar de tudo, este ano disse a organização ainda estiveram umas 3 mil de 90 países. Segundo um estudo da Crunchbase as startups que cá vêm captam, em média, 5,5 milhões de dólares de novos investimentos por ano o que são peanuts neste negócio e são a consequência do pouco interesse que os investidores e venture capitalists manifestam por esta «Exponoivos para startups» como lhe chamou o fundador da Remote. Esse pouco interesse reflecte-se na queda de 3 lugares de Portugal no ranking da “Global Startup Ecosystem Index 2024”, da StartupBlink e na felicidade com que 400 startups brasileiras declaram esperar pelo menos 22 milhões de dólares em investimentos, o que seria até um montante modesto para meia dúzia. 

Para fechar o capítulo das fantasias e do pensamento milagroso, evoco o Dr. Luís Montenegro, primeiro-ministro em exercício do Portugal dos Pequeninos, que foi à Web Summit anunciar urbi et orbi o lançamento de «um LLM português - Large Language Model - para inovarmos em português, preservando o nosso idioma e utilizando a nossa cultura ao serviço da inovação». Esquecendo o facto que dada a língua portuguesa e dados os exemplos citados (um "tutor educativo" e "acesso aos serviços da administração pública de forma mais simples»), possivelmente não estamos a falar de um LLM, dos quais em todo o caso já existem por aí umas cinco dezenas, mas de um ou vários domain-specific models dos quais já existem milhares, permito-me manter dúvidas sobre se algum dia veremos tal modelo.

Dúvidas que, para ser curto, se fundam no investimento necessário que para um mid-scale LLM  pode atingir 50 milhões e para um Large-Scale LLM pode ir até mil milhões e no seu desenvolvimento sair da iniciativa de quatro instituições públicas, a saber Faculdade de Ciências e Tecnologia da Nova e Instituto Superior Técnico em articulação com a Fundação para a Ciência e a Tecnologia e o Centro para a IA Responsável (sublinho a palavra-chave "articulação"). 

Contudo, não me interpretem mal imaginando que considero a Web Summit uma inutilidade. Longe disso, considero uma excelente iniciativa para promover o turismo alfacinha, o que já é não nada mau, dada a carência de grana para pagar as importações de bens de consumo duradouro e popós e a partir de  agora um LLM português.
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Post scriptum:
Já depois de ter escrito este post, tomei conhecimento que afinal o LLM português previsto para estar pronto no primeiro trimestre de 2025 «parte de uma base em open source já existente, o Tower LLM, da Unbabel». A Unbabel foi uma startup portuguesa e é hoje uma empresa madura dedicada à tradução sobre a qual escrevi em 2015. Estranhamento nunca excitou os mídia portugueses, sempre muito dados ao wishful thinking. O investimento previsto é de 20 a 30 milhões e aplicando o coeficiente nacional de derrapagem a coisa vai parar a uns 7 ou 8 anos de royalties pagos pelo Paddy. Ou seja, estamos perante não de um desenvolvimento de raiz mas de uma adaptação de um modelo existente, adaptação que com as competências da Unbabel pode ser que algum dia fique concluída.

14/11/2024

No, maybe it won't be the end of the world (5)

Continued from (1), (2), (3) and (4)

If Mr. If Trump adopted even partially the 900 pages of the "Mandate for the Leadership - The Conservative Promise", short name "Project 2025", prepared by the Heritage Foundation, we would have a coherent program in contrast to the bombastic and erratic statements that are common in Mr. Trump's political thought, supposing we could call that a thought.

The problem with what as I've already written about is that many of Project 2025's ideas are not popular, such as closing Medicare and Medicaid, banning pornography, imposing federal restrictions on abortion, repealing child labor protections, and authorizing the president to fire dozens of thousands of career federal employees and replace them with politically trusted appointees.

Let's look at some of Mr. Trump's grandest ideas. The massive deportation of illegal immigrants, whose number is estimated at 10 to 12 million and Mr. Trump inflates it to 15 to 20 million, is something that would take years and would require armies of civil servants and police officers and the collaboration of several governments, starting with Mexico because the majority of illegal immigrants are Mexicans. If mass deportation were to succeed, which is very problematic, the American economy would suddenly be devoid of essential labor.

If at the same time Mr. If Trump were to increase tariffs of the magnitude he announced, which he talks about as if they were to be borne by other countries and not by American consumers, the declines in domestic production could not be completely covered by imports without inflation, an inflation that precisely at the beginning of Mr. Biden's term in office has seriously damaged his popularity. JPMorgan Chase has estimated that a tariff increase half the size of what Trump is proposing would shave a third to a half percentage point off GDP growth in its first year and increase inflation by 1.5 to 2 percentage points.

All of this, assuming of course that a president who has the power to raise tariffs for reasons of national security or in response to the anti-competitive practices of others, could discretionarily increase them by 60% in the case of China and 20% in general without having to face dozens of lawsuits in court. In any case, retaliatory actions by the targeted countries would not fail to occur and damage American exports. Perhaps I should now remember that these policies were widely practiced between the two world wars and remember their results.

(To be continued)

13/11/2024

DIÁRIO DE BORDO: Clowning for a cause (4) - Desta vez uma causa justa - desancar a estupidez

Já por diversas vezes zurzi o que baptizei de humor de causas, um humor praticado frequentemente por Ricardo Araújo Pereira, em que o humor tem pouca graça e está ao serviço de uma agenda mal disfarçada.

Desta vez a paródia «Bem unidos façamos ó-ó» não só tem graça como desanca a estupidez de um exemplo bovino de wokeism de algumas universidades americanas para proteger do impacto trumpista as tenras meninges dos patetas que lá estão inscritos. Desta vez, RAP tem graça e não disfarça a agenda - é uma causa justa e por isso lhe relevo o humor de causas.

«Em 1957, nove alunos negros inscreveram-se na escola secundária de Little Rock, no Arkansas. Eram, como é evidente, menores de idade. O governador do Estado não aceitou o fim da segregação racial nas escolas e impediu a entrada dos estudantes. Por isso, o Presidente dos Estados Unidos mandou a tropa. Protegidos pelos militares, os nove alunos negros, que ficaram conhecidos pelos Little Rock Nine, entraram na escola, embora sob insultos e agressões dos segregacionistas. Melba Pattillo Beals, que pertencia a esse grupo, relatou a experiência no seu livro “Warriors Don’t Cry” (“Os Guerreiros Não Choram”). O primeiro capítulo começa assim: “Em 1957, enquanto a maioria das raparigas adolescentes ouvia ‘Peggy Sue’ de Buddy Holly, (...) eu estava a escapar da corda de enforcamento de um grupo de linchadores, a desviar-me de barras de dinamite acesas e a lavar ácido corrosivo que me tinham atirado para os olhos.”

No dia 9 de Outubro de 2012, Malala Yousafzai decidiu ir à escola, no Paquistão. Era, como é evidente, menor de idade. Os líderes do movimento talibã, que tinham decretado o fim da educação feminina, decidiram, por unanimidade, matá-la. Por isso, nesse dia, depois de sair da escola, no caminho de regresso a casa, Malala levou um tiro na cabeça.

No dia 6 de Novembro de 2024, alguns estudantes universitários decidiram não ir à escola. Eram, como é evidente, adultos. Algumas universidades, como Harvard e a universidade da Pensilvânia, cancelaram aulas, para que os alunos pudessem lidar emocionalmente com a vitória eleitoral de Donald Trump, no dia anterior. Na Universidade de Georgetown foi disponibilizada aos alunos da McCourt School of Public Policy uma “Self-Care Suite”, ou seja, uma sala de autocuidado, que oferecia actividades como brincar com Legos, pintar livros de colorir com lápis de cera e comer bolachinhas com leite.

As pessoas que lutam contra a opressão sempre me repeliram. Lutar aleija. Requer sacrifícios, o que é desagradável. Quando quem luta é um menor de idade que se comporta como um adulto, a minha vergonha é maior, porque sempre fui um adulto que se comporta como um menor de idade. É, por isso, um alívio verificar que, finalmente, vivo num mundo à minha medida. Percebo que vêm aí tempos difíceis e já me pus numa posição de luta — também conhecida como posição fetal. Vou buscar o meu ursinho e preparar-me para quatro anos de intenso combate.»

12/11/2024

Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa (33)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa» e do «Semanário de Bordo da Nau Catrineta». Outras Sequelas da Nau Catrineta do Dr. Costa.

O PS tinha um fascista no sótão que foi detectado por uma antifascista com um detector certificado pelo Dr. Costa que aproveitou a oportunidade para cobrar dívidas antigas do Dr. Pedro Nuno

O Dr. Ricardo Leão, presidente da câmara de Loures e da FAUL do PS, possivelmente receando fuga de votos para o Chega, declarou que os inquilinos de habitações municipais que participarem em distúrbios deveriam ser despejados, declaração que incendiou o Berloque de Esquerda que há no PS, a começar pela Pasionaria Dr.ª Alexandra Leitão que prontamente se demitiu de vice da FAUL De seguida, o Dr. Pedro Nuno, debatendo-se entre os seus instintos esquerdistas e a necessidade aparelhística de não hostilizar os autarcas socialistas prontamente alinhados com o Dr. Leão, cedeu à necessidade e botou água na fervura minimizando a declaração do Dr. Leão. Até aqui just socialist business as usual.

Porém, a coisa tomou proporções sísmicas quando o Dr. Costa do seu remanso em Bruxelas aproveitou para zurzir o Dr. Leão com uma peça no Público (peça devidamente saudada pelos costistas fiéis) e apontar o «calculismo tacticista» do seu sucessor, sucessor que reagiu indignado, negando ser tacticista, com razão, reconheça-se.

Bastaram seis meses fora do poder para o PS se transformar num saco de gatos (continuação)

Além do fascista encontrado no sótão que acaba num confronto de chefes socialistas, o possível voto do PS-Madeira na moção de censura que o Chega vai propor na Assembleia do RAM, põe de candeias às avessas o Dr. Cafôfo, o Gauleiter madeirense, e o Dr. Pedro Nuno.

«A educação é a nossa paixão»

Contas feitas todos os anos em média faltam todos os dias 11 mil professores, ou seja, uma taxa de abstenção superior a 8% , e ficam por dar dois milhões de aulas.

«Em defesa do SNS, sempre» / «O SNS é um tesouro»

Mais do que maquiavelismo, é a habitual mistura de superficialidade, ignorância e inconsciência que leva o Dr. Pedro Nuno a responsabilizar o Dr. Montenegro pelos problemas do INEM que foram sendo fabricados durante os oito anos em que o Dr. Pedro Nuno andou pelos governos no Dr. Costa.

O que acontece quando um governo socialista se propõe colmatar as falhas de mercado

As Sociedades de Investimento e Gestão Imobiliária (SIGI) foram criadas pelo Dr. Siza Vieira em Setembro de 2018 para «colmatar uma falha de mercado», dinamizando e atraindo investimento para o mercado de arrendamento. Foram precisos três anos para ser criada a primeira SIGI pela Sonae Sierra associada ao Bankinter. Seis anos depois das três SIGI existentes e cotadas na Bolsa, duas delas não tiveram transaccionada nenhuma acção e da terceira (Olimpo Real Estate) na bolsa desde 2020 só foram transaccionadas 43 mil acções.

11/11/2024

Crónica de um Governo de Passagem (26)

Outras Crónicas do Governo de Passagem

Navegando à bolina
Começam a ser visíveis sinais do governo a deslaçar

A ministra da Administração Interna disse que se pode negociar o direito à greve das polícias o que, sendo uma matéria crítica num Estado de Direito, é muito mais do que uma mera distração da ministra. A ministra da Saúde distraiu-se com a greve do INEM da qual resultaram sete mortes de vidas por demora no atendimento.

A educação também é uma paixão para a AD? Sempre a falta de pessoal

No seu primeiro ano de governo o Dr. Costa anunciou que até 2020 todas as crianças teriam acesso ao ensino-pré-escolar. Quatro anos depois de findo o prazo que ele próprio fixou, o número de crianças matriculadas era praticamente o mesmo de 2016 e havia milhares de crianças sem vaga. Oito meses depois do o governo AD tomar posse, faltam 800 salas no ensino pré-escolar e há 12 mil crianças à espera de lugar. O Dr. Montenegro tem algumas desculpas que de nada lhe valerão porque para as redacções infectadas de esquerdalhos oito anos foi pouco tempo e oito meses é demasiado.

Os portugueses «vão ter razões para confiar no SNS»

Disse o Dr. Montenegro, mas até agora os portugueses ainda não tiveram razões para confiar porque não sendo razoável esperar que os problemas que se foram agravando durante oito anos e três governos socialistas fossem resolvidos em oito meses, era razoável esperar que não se continuassem a agravar, como está a ser o caso do INEM cujos tempos de resposta são o dobro dos recomendados, por várias razões que vão desde viaturas paradas mais de 6 mil horas este ano até às consequências da greve deste mês de que a ministra não se deu conta.

Nem todas as notícias são más, mas várias das boas não se devem ao Dr. Montenegro

Uma das consideradas boas é que vão chegar no próximo ano mais 10 mil milhões de euros da caridade de Bruxelas (PRR, Portugal 2030 e PAC). Numa outra perspectiva – a de que os fundos europeus são como o petróleo para os países do Terceiro Mundo que agora se chamam de países em Desenvolvimento – esta notícia não seria boa porque vai prolongar a dependência e o alibi para não fazer o que deveria ser feito.

Entre os donativos e o turismo, lá se vão conseguindo umas sobras para reduzir a dívida pública que voltou a descer no segundo trimestre para 97,4% do PIB.

10/11/2024

No, maybe it won't be the end of the world (4)

Continued from (1), (2) and (3)

On Friday, when many votes still needed to be counted, I wrote that to the overwhelming defeat of the Democratic Party we will have to add the embarrassing fact that Kamala Harris had 13 million fewer votes than Joe Biden in 2020. On the other hand, Donald Trump had approximately the same votes as in 2020. Now with 94% of electoral college votes counted, Harris has 71.2 million votes, 10 million less than Biden in 2020, and Trump 75.2, a million more than in 2020. Defeat now appears less overwhelming and the fact less embarrassing.

The following chart is a standardized aggregation removing undecided voters made by Europe Elects from voting intention polls in 32 European countries that were collected during the month of October.

Europe Elects

If we divide the 32 countries into two equal groups, half with an intention to vote for Donald Trump less than 30% and the remainder, we find in the first group all countries with democratic regimes and tolerant societies and in the second we find non-democratic regimes, flawed democracies and only a few democratic countries.

This does not mean that Trump supporters appreciate dictatorships, it just means that the man's ideas and above all his style are more attractive to people who do not feel any serious threat to freedom or do not value freedom very much and feel insecure and threatened. Apparently many of them are people influenced by negative partisanship and identify themselves primarily with those they think share the same enemies and fight against the same ideas.

In the next post I will comment on the main policies and measures announced by Trump during the election campaign and their likely consequences.

(To be continued)

09/11/2024

No, maybe it won't be the end of the world (3)

Continued from (1) and (2)

How can we explain that this time the difference between projections and results was even greater than usual without using the usual conspiracy theories that Trumpists are so fond of?

RealClearPolitics Poll Average

If, as is reasonable to admit, most of the projections are prepared by reliable entities and are not intentionally manipulated, the huge difference in the final results could arise, in my opinion, in addition to the usual and known difficulties, from a part of the “shy” Trump voters who for some reason do not reveal their voting intention.

The Economist

The second chart shows larger deviations precisely in the most “Trumpist” states.

Another issue that is little highlighted and which contradicts the extreme radicalization of the electorate is the high level of non-participation. In the 2020 elections, 159 million voted out of a voting age population of around 231 million, leaving around 72 million or 31,2% who were eligible (not just registered voters) but did not participate. 

In the 2024 elections around 239 million Americans were estimated to be eligible to vote and at this moment only 144 million votes have been counted, which suggests a level of non-participation much higher than in 2020, with Trump's votes very close to those of 2020. Put another way, eligible voters who did not vote because they did not consider either candidate suitable were more numerous than voters for either candidate.

(To be continued)

08/11/2024

No, maybe it won't be the end of the world (2)

Continued from (1)

To the crushing defeat of the Democratic Party we will have to add the embarrassing fact that Kamala Harris had 13 million fewer votes than Joe Biden in 2020. On the other hand, Donald Trump had approximately the same votes as in 2020. We therefore have to conclude that it was not Trump who defeated Harris, it was Harris who defeated herself due to the loss of Democratic votes.

Financial Times

In any case, Trump managed to gain greater support in some sectors of the electorate as shown in the chart, especially among white non-college men and women, which is consistent with the estimates I cited yesterday of the three-quarters of votes cast by white workers and evangelicals. Another noteworthy fact and another humiliating defeat for Harris was Trump's 10% margin in the Hispanic vote, which had been 20% for Biden in 2020.

Financial Times

The second chart clearly shows the fact that the Democrats stuck in their woke bubble shot themselves in the foot by completely missing the issues that most concerned the electorate.

(To be continued)