Em retrospectiva: que o debate sobre o aquecimento global, principalmente sobre o papel da intervenção humana, é muito mais um debate ideológico do que um debate científico é algo cada vez mais claro. Que nesse debate as posições tendam a extremar-se entre os defensores do aquecimento global como obra humana – normalmente gente de esquerda – e os outros – normalmente gente de direita – existindo muito pouco espaço para dúvida, ou seja para uma abordagem científica, é apenas uma consequência da deslocação da discussão do campo científico, onde predomina a racionalidade, para o campo ideológico e inevitavelmente político, onde predomina a crença.
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A COP29 realizou-se este ano no Azerbaijão, um país onde a produção de petróleo e gás representam metade do PIB cujo presidente de acredita, compreensivelmente, que «o petróleo e o gás são dons de Deus».
Mme Sandrine Dixson-Declève, que falou em representação do Clube de Roma, fez uma intervenção incendiária onde a par das teses catastrofistas habituais do áctivismo ambientalista fez também a habitual ligação estúpida entre a direita e os inimigos do ambiente - «quem vota à direita não acredita em alterações climáticas», assim transformando o problema das mudanças climáticas numa questão partidária, mais até do que política.
Model Standard Run as shown in The Limits to Growth |
Se olharmos para as teses catastrofistas de Mme Dixson-Declève à luz das previsões catastrofistas do Clube de Roma no seu relatório de 1972 The Limits to Growth (pode ler aqui o texto integral nas suas mais de 200 páginas ou aqui um resumo de 13 páginas) que antevia o esgotamento de todos os principais recursos minerais nalgumas décadas seguida da fome generalizada, poderíamos concluir essas teses não tem qualquer credibilidade e que o Clube de Roma continua a contribuir para transformar uma questão científica numa questão ideológica, prestando um péssimo serviço à causa que se propõe defender.
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