A Suécia foi durante décadas um país de baixa violência. considerado dos mais seguros em todo o mundo, com uma política de imigração aberta e quase irrestrita, sobretudo para refugiados políticos ou para quem se apresentasse como tal, que levou a imigração da primeira ou segunda geração a representar cerca de 20% da população residente.
Nos últimos anos a violência tem vindo a aumentar e o número de mortos por arma de fogo é actualmente 0,6 por 100 mil habitantes, o terceiro índice mais elevado da Europa, o triplo dos Países Baixos, da Itália e da Croácia e quatro a cinco vezes o índice da Suíça, Áustria, Irlanda do Norte, Espanha e Eslovénia. A maior parte dessas mortes violentas na Suécia está associada a rivalidade entre gangues, na sua maioria compostos por imigrantes, a maior parte muito jovem.
Esses são os factos pelos quais, como seria de esperar, a direita que está no governo atribui a responsabilidade aos sociais-democratas que governaram entre 2014 e 2022, e a esquerda atribui a responsabilidade aos apoios insuficientes e às falhas na integração dos imigrantes das políticas da direita.
Lá, como cá, a ideologia escamoteia a natureza e dimensão dos problemas que a imigração coloca e as soluções variam entre as políticas de portas abertas e as políticas de portas fechadas. As primeiras inspiradas numa mistura de pensamento milagroso com o secreto desígnio de subverter a "ordem estabelecida" e as segundas inspiradas no preconceito e no menos secreto desígnio de manter a "pureza da raça", desígnio que no caso sueco faz pouco sentido e no caso do Portugal dos Pequeninos, provavelmente o maior caldo étnico da Europa, é apenas ridículo. E estamos nisto.
[Reflexões avulsas a propósito desta peça jornalística]
1 comentário:
Primeiro parágrafo: factos.
Segundo parágrafo: factos.
Terceiro parágrafo: o problema é que uma das duas forças mencionadas tem razão. A grande questão aqui é essa, há de facto culpados pelo que se passa actualmente na Suécia. E em relação a essa culpa, Esquerda e Direita não podem estar ambas erradas ou ambas correctas, uma delas tem de ter a razão e a outra não.
Quarto parágrafo, primeira frase: não é verdade que as propostas em torno da imigração se resumam aos dois extremos mencionados, "portas abertas" e "portas fechadas". Todos os partidos da Direita radical que têm tido sucesso na Europa, incluindo os Democratas Suecos, propõem controlar a imigração, e não fechar as fronteiras.
Quarto parágrafo, segunda frase: os promotores das fronteiras abertas não são apenas esquerdistas subversivos, são também direitinhas liberais pouco esclarecidos ou altamente gananciosos, que vêem a imigração como uma fonte inesgotável de mão-de-obra barata, sem pensarem duas vezes nos problemas decorrentes do processo de integração dos estrangeiros.
Quanto aos nacionalistas, não se trata tanto de manter a "pureza da raça", caricatura risível empregada recorrentemente por quem não tem de enfrentar a hostilidade dos invasores pessoalmente, mas sim de garantir que Portugal não se transforma num Brasil de terceira categoria, com todos os seus defeitos e nenhuma das suas virtudes, uma vez que a não-assimilação das populações vindas de fora implica a constituição de zonas exclusivas e até de estados dentro do estado.
Já agora, se calhar o facto de Portugal ser "o maior caldo étnico da Europa" (altamente discutível, mas vamos admitir que é verdade) pode ter alguma coisa a ver com o nosso atraso. É que quando se junta muita gente diferente no mesmo sítio, raramente o que se segue é bonito de ver...
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