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13/08/2022

Internacional nacionalista?

Internacional nacionalista? Parece uma contradição nos termos. Desde os tempos da 1.ª Internacional Comunista fundada em 1864 por Marx e Engels, passando pela 3.ª Internacional Comunista dissolvida em 1943 por supérflua (os partidos comunistas seguiam fielmente o PCUS) e a 4.ª Internacional trotskista, o internacionalismo costumava ser propriedade da esquerda.

Pois parece que pode deixar de ser. A direita nacionalista está a tentar tornar-se internacional e, em consequência, internacionalista. E até já tem um candidato a guru internacional ou pelo menos um modelo - Viktor Orban - que acabou de ter um papel de destaque na Conservative Political Action Conference em Dallas e foi adoptado por Donald Trump que o convidou para o seu campo de golfe em New Jersey.

Porquê este fascínio da direita americana por Orban? Uma resposta possível (Why is the American right obsessed with Viktor Orban?):

«Orban fornece um modelo do que o populismo de direita pode alcançar. Ele primeiro-ministro desde 2010, tendo servido anteriormente entre 1998 e 2002. Durante seu mandato mais recente, defendeu valores conservadores, transformando a Hungria na “democracia iliberal” que prometeu aos eleitores em 2014. Ele eliminou os estudos de género dos currículos universitários, construiu uma vedação na fronteira para impedir a entrada de refugiados da Síria devastada pela guerra e de outros lugares e inscreveu valores cristãos na constituição. Ele alterou as circunscrições eleitorais a seu favor. Tendo enchido os tribunais e a mídia com seus aliados, controla as instituições da Hungria. Isso cimentou seu poder e eliminou uma oposição efectiva. Colocou partes da economia nas mãos de comparsas; seus amigos e familiares ficaram ricos. Muito disso apela para a direita americana.

Orban conseguiu fazer isso porque seu partido, o Fidesz, ganhou no voto popular em 2010, levando sua aliança a uma supermaioria no parlamento. Isso permitiu que seu governo aprovasse uma lei eleitoral manipulada com impunidade. Desde então, ele cortejou os eleitores com uma narrativa de guerra cultural que explorou seus medos. Ele valoriza muito a identidade cristã da Hungria (cerca de três quartos dos húngaros dizem que são cristãos, embora apenas 15% frequentem a igreja semanalmente). Orban também apresenta o seu país como uma vítima perpétua, enfatizando sua perda de território após a Primeira Guerra Mundial e suas décadas de sofrimento sob o jugo da União Soviética. Ele agora apresenta a UE (da qual a Hungria é membro) como uma ameaça existencial. Mas os espectros que evoca são principalmente imaginados. Ele protesta contra os “invasores muçulmanos” e em 23 de julho disse à multidão que “não queremos nos tornar um povo mestiço”, embora a população da Hungria seja pelo menos 84% ​​branca. Em 2021, ele proibiu “propaganda homossexual e transexual” nas escolas e na mídia, acrescentando insulto à injúria em um dos países mais homofóbicos da UE. Essas tácticas continuam a dar frutos. Nas eleições deste ano, o Fidesz obteve 53% dos votos populares.

A Hungria oferece aos conservadores americanos um modelo de estado cristão e etnonacionalista com freios e contrapesos limitados, onde um partido sempre vence, mas que ainda parece observar os rituais da governação democrática. Também mostra como o medo populista bem-sucedido pode ser apoiado pelos eleitores. Na eleição deste ano, o Fidesz triunfou contra uma confusa aliança de esquerda de socialistas, liberais e nacionalistas. O Partido Republicano espera conseguir um resultado semelhante nas eleições de meio de mandato em Novembro, aproveitando as questões da guerra cultural para dividir os democratas. Já alimentou temores sobre o ensino de teoria racial crítica e direitos de gays e trans nas escolas, e fez incursões com eleitores de minorias, particularmente hispânicos. Discurso de Orban no CPAC, intitulado “Como lutamos”, certamente forneceu mais inspiração.»

7 comentários:

Anónimo disse...

Exacto. É incompreensível governar de acordo com a vontade de quem elege. No mínimo, deviam fazer a vontade ao sr Soros.
O Orban, esse malandro, faz referendos quando o assunto é de interesse nacional. Consulta a população. Isso é a subversão total da democracia.
Proibir doutrinação de crianças por ideologias de género e privá-las de mudar de sexo aos 6 anos, é de uma violência sem paralelo. Um homofóbico inveterado.
Ser cristão também não abona nada em seu favor. Podia ser comunista ateu ou muçulmano. Mas, tinha que lhe dar para ali.

mensagensnanett disse...

O fulcro da questão é exactamente este:
- os boys e girls do cidadanismo de Roma europeu vão continuar a cagar em cima dos Identitários... enquanto... os Identitários forem cobardes!
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Toda a gente sabe:
-> OS BOYS E GIRLS DO CIDADANISMO DE ROMA EUROPEU ESTÃO A INVESTIR NO SAQUE DA RUSSIA: um território imenso com apenas 140 milhões de habitantes.
--->>> armas da NATO para a Ucrânia e sansões económicas à Russia: o cidadão de Roma Ocidental espera, assim, colocar a Russia ao nível do tempo de Ieltsin: um caos... e multinacionais ocidentais a fazer compras no caos.
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Toda a gente sabe:
-> O cidadão de Roma europeu possui um largo historial de participações em investimentos no caos:
- inúmeros focos de tensão (Iraque, Líbia, etc) fabricados pelo Ocidente XX-XXI... culminaram exactamente, inevitavelmente, fatalmente, no mesmo resultado: no caos... a exploração de riquezas passou a ficar na posse de multinacionais Ocidentais.
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Um foco de tensão criado pelos gurus da NATO em conluio com os mercenários de Zelensky:
- a ameaça de, via Ucrânia, estrangular a economia russa, leia-se: cortar o acesso da Russia ao oceano Atlântico.
[nota: depressa inventaram um pretexto para bloquear o transporte doméstico de mercadorias Russia <-> Kaliningrado]
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Mercenários de Zelensky: um governo fantoche financiado pelos boys e girls do cidadanismo de Roma europeu.
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-->> na guerra com a Russia os boys e girls do cidadanismo de Roma europeu usam mílicias neonazis para silenciar vozes da oposição: aqueles que defendem negociações de paz...
-->> na guerra com o governo Sírio (muito petróleo foi roubado à Síria) os boys e girls do cidadanismo de Roma europeu usaram milícias de radicais religiosos...
-->> etc, etc.
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Coragem, urge LIBERDADE/DISTÂNCIA/SEPARATISMO em relação aos boys e girls do cidadanismo de Roma europeu:
- Separatismo Identitário (separatismo-50-50), sim, óbvio:
-->> na origem da nacionalidade esteve o Ideal de Liberdade Identitário:
- «ter o seu espaço, prosperar ao seu ritmo».
--->>> NÃO, não foi o cidadanismo de Roma (imbuído de um ódio tiques-dos-impérios): ódio à existência de povos autóctones dotados da liberdade de ter o seu espaço e prosperar ao seu ritmo.
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--->>> Os Identitários reivindicam o Ideal de Liberdade que esteve na origem da nacionalidade.
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SEPARATISMO 50-50:
- os globalization-lovers, UE-lovers, etc, que fiquem na sua (possuem imensos territórios ao seu jeito)... respeitem os Direitos dos outros... e vice-versa.
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-» blog http://separatismo--50--50.blogspot.com
em

Anónimo disse...

As crianças húngaras não têm oportunidades para destruir as suas vidas, para agradar à tribo da moda.
Nem sabem o que perdem, tudo por causa do homofóbico Orban.
https://rumble.com/v1ft96b-genspect-advisor-helena-kerschner-i-was-convinced-that-i-was-transgender-fo.html

Unknown disse...

Exactamente(anónimo)mas os liberais(os que se dizem verdadeiros liberais e que até falam contra o esquerdismo liberal) nao se cansam de promover o internacionalismo(desde que nao seja socialista claro) e de atacar quem de facto quer alternativa capaz ao avanço do socialismo global(seja ele mais ou menos "liberal" ou mais ou menos ortodoxo).

mensagensnanett disse...

SÓ A IMPLOSÃO DO CIDADANISMO DE ROMA EUROPEU É QUE VAI PERMITIR ACABAR COM AS SUCESSIVAS GUERRAS DE SAQUE EM NOVO SAQUE (Iraque, Líbia, etc etc)

Anónimo disse...

Há uma imagem do resultado das últimas eleições húngaras, onde o Fidesz teve, não 53%, mas 67.84%, contra a união de todos os outros, que só ganharam em Budapeste.
Mas debe haver engano, por certo…
https://ne-np.facebook.com/szamokadatok/photos/a.109141310563011/525813825562422/?type=3
Já agora, “Kétharmad” e “Gratulálunk” traduzem-se por “dois terços” e “parabéns”.

Anónimo disse...

Pois é, o Orban é uma grande preocupação para os europeus(?).
Assim, sempre serve de biombo para tapar a vista de outras moléstias de que ninguém quer falar.
A Alemanha, que daqui a dias passarei a grafar com minúscula como faço para os países comunistas:
- tem na sua estrutura de estado, o ‘Bundesamt für Verfassungsschutz’, que na prática funciona como polícia política, e aos costumes, os empedernidos democratas europeus, ‘Impertinente’ incluído, nada dizem;
- tem um edifício do parlamento, com inscrição “Dem Deutschen Volk”, vai ser ser cercado com um fosso de 10 metros de largura e com 2,5 de profundidade, falando-se até em complementar aquilo com uma cerca metálica e os mesmos ‘preocupados’, aos ditos costumes dizem o mesmo, nada;
- tem no seu exército unidades, ‘Heimatschutzregiment’, destinadas, entre outras coisas a reprimir manifestações populares e o silêncio continua a ser de ouro.
Entre muitas mais coisas ‘exemplares’ que não refiro, estas não impressionam os tais ‘preocupados’, pois para eles, conhecedores iluminados, tudo aquilo não tem qualquer importância.
Mas o Órban, esse é que é ‘muita’ mau. A população até vota maioritariamente nele e é amigo do Trump, portanto só pode ser um tipo perigosíssimo.
Até o putin já declarou a Europa como insignificante - porque seria(?) - mas aqueles ‘preocupados’ acham que o Órban é que é o perigo. Enfim, é o que se tem.
Gosto mais das notícias da Nau Catrineta. Revelam mais ponderação …

João Brandão