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26/08/2022

Internacional nacionalista? (2) - É a comunhão de ideias ou a atracção pelo dinheiro que não tem cor nem cheiro e faz sempre falta?

Uma espécie de continuação daqui

«Na última década, uma parte significativa do financiamento de partidos antissistema em países europeus tem origem em pessoas e entidades ligadas à liderança russa.

O financiamento tem sido canalizado para partidos populistas de extrema-direita, os quais adaptaram o seu discurso racista, xenófobo, securitário, autoritário e nacionalista, para uma narrativa claramente antissistema, em especial anti-UE e anti-NATO.

Em França, o Reassemblement National (RN) de M. Le Pen é um bom exemplo de financiamento russo. Em 2014, o micropartido de J-M Le Pen, Cotelec, recebeu um empréstimo de 2 milhões de euros de uma obscura empresa offshore cipriota - a Vernonsia Holdings Ltd - que é alimentada por fundos russos e ligada a Yuri Kudimov - um ex-agente do KGB que chefiou o banco estatal russo VTB e que é próximo do influente oligarca Konstantin Malofeev. O RN beneficiou desse empréstimo, pois obteve um empréstimo da Cotelec para financiar a campanha presidencial de 2017. Em 2014, o FN (nome anterior do RN) contraiu um empréstimo de 9,4 milhões de euros junto de um banco russo, o First Czech Russian Bank, para financiar a sua campanha para as eleições regionais e departamentais de 2015. E M. Le Pen já assumiu existirem outros empréstimos a bancos russos num "total de 20 milhões de euros". As posições anti-UE e anti-NATO do RN já justificariam o investimento russo. Mas Le Pen ainda faz regularmente declarações pró-Putin e está rodeada de colaboradores russófilos.

Foi na Áustria que um destes partidos populistas nacionalistas chegou ao poder - o Freiheitliche Partei Österreichs (FPÖ). O que não é surpreendente, sobretudo se considerarmos que Viena é desde há muito o principal centro do capital russo; o estatuto neutral do país e a fragilidade decorrente da localização geográfica facilitaram a entrada de capital russo ao longo de décadas e não é certamente por acaso que a sede do principal banco russo, o Sberbank, é em Viena. Em maio de 2019, foi divulgado um vídeo de 2017, mostrando o líder do partido - e em 2019 vice-chanceler do governo austríaco - H-C Strache, a falar de fundos para o partido com uma suposta cidadã russa familiar de um político poderoso na Rússia; no vídeo, Strache acolhe a interferência em meios de comunicação austríacos de uma forma que favoreça o FPÖ, citando o panorama mediático da Hungria de Orban.

Em Itália, também existem indícios de financiamento russo à Lega Nord de Salvini, sobretudo depois da revelação pública de negociações nesse sentido, em 2018, no Metropol Hotel, em Moscovo, entre responsáveis da Lega e russos. O apoio financeiro de Putin a Salvini já rendeu bastante; o líder da Lega chegou a vice-PM, colocou a Itália na linha da frente dos países anti-imigração e levou ao derrube do governo de Draghi.

O regime russo sob a liderança de Putin transformou-se num moderno "Komintern" que coordena e financia ações várias antissistema em países europeus (e noutras geografias...), seja para promover a divisão e o enfraquecimento da UE - que os líderes russos sempre consideraram uma ameaça aos seus interesses -, seja para promover uma Internacional Fascista que proteja os interesses do regime imperialista, fascista e cleptocrático que está instalado na Rússia desde a era pós-soviética.»

O moderno komintern e o financiamento de partidos antissistema na Europa, Jorge Costa Oliveira

4 comentários:

Anónimo disse...

"Jurista de profissão, Jorge Oliveira, que agora se demite do cargo por causa da polémica das viagens pagas pela Galp para assistir a jogos do Euro2016..."

"Este secretário de Estado foi o primeiro membro do Governo a deslocar-se a Angola, em julho de 2016, assumindo o objetivo de relançar as relações entre os dois Estados..."

"Já em abril deste ano, Portugal e Irão assinaram um acordo para a abolição de vistos para os titulares de passaportes políticos ou que estejam em deslocações em serviço. A medida foi considerada "um passo importante" para o desenvolvimento das relações políticas, económicas e culturais entre Portugal e o Irão..."

"Entretanto e já em maio deste ano, Jorge Costa Oliveira representou Portugal no Fórum Internacional "Uma Faixa, Uma Rota", em Pequim, e que juntou líderes de 29 países. Aqui, anunciou que Portugal quer ser um "ponto de encontro" na Nova Rota da Seda, projeto internacional de infraestruturas proposto pela China, através do porto de Sines..."

"O secretário de Estado da Internacionalização apresentou no domingo, juntamente com os secretários de Estado dos Assuntos Fiscais e da Indústria, a sua exoneração de funções ao primeiro-ministro, solicitando ao Ministério Público a sua constituição como arguidos no inquérito relativo às viagens para assistir a jogos do Euro2016..."

Belo currículo para quem nos vem dar lições contra a extrema-direita e o populismo. Enquanto o sr J. Kosta lança gosma sobre a Rússia essa entidade maléfica, vai fazendo acordos com Angola e Irão, democracias exemplares.
O PCP foi sempre financiado pela URRS desde a fundação. O PS recebeu dinheiro de Fundações alemãs e suecas, entre sacos de dinheiro da lavandaria de Macau. O Bloco de Esterco, recebia das narco ditaduras sul-americanas.
Tudo gente séria que combate a demoníaca extrema-direita, essa entidade etérea que ninguém sabe exatamente onde está.

O Espartano disse...

Que diabo! Não bastava o fecho do Nord-Strem, e vêm agora os novos nazis e fáchistas russos reactivar as câmaras de gás. Assim nunca mais nos vamos poder aquecer! Onde é que vamos parar?

Anónimo disse...

Ponto 1. Não existe profissão de "jurista". Em parte alguma do planeta se confere uma licenciatura de "jurista".
São tão só advogados (licenciados em direito) que não se livram da velha chancela de aldrabões. Mudam o nome mas a ignomínia continuará.

Ponto 2. Toda a gente sabe que quem dedica a sua vida à política é, em 99.99% dos casos, um vigarista.

Abraço

Anónimo disse...

A «espécie de continuação» é óptima em tempo de férias.
Seria melhor avisar que continuarão após o dia XYZ.

Abraço