Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

03/09/2017

Mitos (262) - O contrário do dogma do aquecimento global (XVI)

Outros posts desta série.

Em retrospectiva: que o debate sobre o aquecimento global, principalmente sobre o papel da intervenção humana, é muito mais um debate ideológico do que um debate científico é algo cada vez mais claro. Que nesse debate as posições tendam a extremar-se entre os defensores do aquecimento global como obra humana – normalmente gente de esquerda – e os negacionistas – normalmente gente de direita – existindo muito pouco espaço para dúvida, ou seja para uma abordagem científica, é apenas uma consequência da deslocação da discussão do campo científico, onde predomina a racionalidade, para o campo ideológico e inevitavelmente político, onde predomina a crença.

Fonte
É claro que correlação não é causalidade. É claro que, em qualquer caso, a correlação entre o número de catástrofes e a quantidade de gases com efeito de estufa na atmosfera, em particular do dióxido de carbono. não permite provar que o aumento desses gases seja a causa determinante do aumento do número e intensidade das catástrofes naturais. É ainda mais claro que nada disso permite provar que o aquecimento global (supondo que este está provado) tenha como causa determinante o aumento da quantidade de gases com efeito de estufa na atmosfera.

E também é claro que as emissões com origem humana não são as únicas a contribuir para o aumento do dióxido de carbono na atmosfera. Para ficar por Portugal, nos incêndios de 2010 até 15 de Agosto, os 70 mil hectares de floresta e mato ardidos emitiram um milhão de toneladas de CO2 equivalente, o mesmo que a 29 milhões de automóveis a viajarem de Lisboa ao Porto (estimativa da Quercus). Nos incêndios deste ano até 31 de Julho os 128 mil hectares ardidos libertaram 2,9 milhões de toneladas de CO2 (estimativa da Agência Portuguesa do Ambiente) o equivalente (segundo as contas da Quercus) a 84 milhões de automóveis a viajarem de Lisboa ao Porto ou (segundo as minhas contas) o equivalente a todos os 5,4 milhões de veículos ligeiros existentes em Portugal a circularem durante quatro ou cinco meses.

Mas, sejamos honestos, é igualmente claro que tudo isto ainda menos suporta as teses negacionistas.

2 comentários:

Anónimo disse...

Tretas.

A mortalidade aumenta porque, por um lado, hoje nada escapa, por outro, a diminuição de eventos meteorológicos de importância faz com que as pessoas, nomeadamente no terceiro mundo, de fixem em áreas perigosas onde uma maior ocorrência de eventos extremos evitaria que se fixassem.

Como anteriormente explicado, os pequenos eventos climáticos aumentaram devido à melhoria dos canais de informação, mas os que nem hoje nem antes escapariam à estatística diminuíram consideravelmente.

Face à ciência, a sua análise é negacionista.

Entretanto, desconhecerá que o aumento de 0.03% para 0.04% na concentração de CO2 provocou um aumento na velocidade de crescimento das plantas em 30%?

Anónimo disse...

O furacão Harvey foi um pequeno furacão que provocou muitos estragos pelo facto, pouco comum, de ter estacionado sobre o Texas. Habitualmente vão-se deslocando pelo território e perdendo força, este perdeu força mas ficou parado, chovendo sempre na mesma área.

O Katrina foi também relativamente fraco mas provocou um muito maior estrago que o Harvey (apesar de não ter estacionado) por ter feito estoirar os diques que estavam podres.

Conviria que deixasse de negacionar a realidade.