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03/07/2014

Mitos (173) – A crise destruiu a economia

Este é um mito complementar deste outro. É um mito, não porque a crise não tenha de facto fechado milhares de empresas inviáveis e destruído centenas de milhar de empregos insustentáveis, mas porque, não só isso era inevitável e faz parte dos processos de ajustamento da economia, como a dimensão dessa destruição foi limitada e, para sermos rigorosos, insuficiente para eliminar o tecido económico morto.

Quanto à dimensão da destruição resultante da crise, a melhor forma de a medir não é através do aumento do desemprego, porque numa economia pouco competitiva o impacto no produto pode ser e é proporcionalmente menor. Em vez disso, é preferível medir esse impacto pela redução do produto potencial, isto é do nível do PIB sustentável a longo prazo com a oferta de trabalho, a estrutura produtiva, os recursos naturais, a tecnologia e as capacidades de gestão existentes.



O gráfico anterior (fonte: "Wasted potential", Economist) mostra a perda do produto potencial de vários países da OCDE. Portugal tem uma perda do produto potencial muito menor que os países com programa de ajustamento orçamental: 1/3 da Grécia, menos de metade da Irlanda e menos 30% da Espanha. E tem uma perda apenas ligeiramente maior do que a Itália e praticamente igual à da Grã-Bretanha, que tem uma moeda própria.

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