Agora que anda tanta gente inflamada com a licenciatura de Miguel Relvas, um fait divers fruto da promiscuidade entre políticos, aventais e algumas universidades privadas, seria uma boa oportunidade para discutir coisas mais sérias como o divórcio entre as necessidades do país, por um lado, e, por outro, o que as escolas portuguesas oferecem e os portugueses procuram por causa dos incentivos errados que os levam a privilegiar diplomas em vez de obterem competências.
Um dos resultados deste divórcio é a completa inversão de prioridades do ensino que nos leva a ser o país da OCDE com menos graduados no ensino secundário e com mais doutorados, como aqui sublinha Avelino de Jesus. A taxa de graduação nos doutoramentos aumentou de 0,9% em 2000 para 3,4% em 2007 e será hoje talvez superior a 4% contra uma média da OCDE inferior a 0,9%.
Fonte: «Miséria e ostentação no ensino», Avelino de Jesus |
O número de doutorados vem crescendo ano após ano: 1.305, 1.476, 1.522, 1.595 e 1.666 nos últimos 5 anos com informação disponível (fonte «Indicadores Sociais 2010», INE). Sabendo-se que muitos doutoramentos têm bolsas a que se somam as despesas feitas pelos doutorandos, ou mais frequentemente pelos seus pais, o custo total para o país por doutorando seria certamente suficiente proporcionar ensino secundário de qualidade a dezenas de jovens.
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