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28/08/2012

AVALIAÇÃO CONTÍNUA: Professor Louçã chumba pela segunda vez em Rudimentos de Finanças

Secção George Orwell

Com poucos dias de intervalo o professor Louçã voltou a provar uma de duas coisas, ou ambas: a) é um rematado demagogo, sem o menor pingo de honestidade intelectual, para quem o rigor ou a verdade são indiferentes; b) é um rematado incompetente. Primeiro demonstrando que não sabe calcular os juros e agora demonstrando que não faz a menor ideia do que sejam custos e perdas, proveitos e ganhos e resultados, prejuízos ou lucros.

Comentando o modelo para a RTP, o insigne mestre, com a sua habitual linguagem colorida, acusou o governo de criar «um negócio pró menino e prá menina. Vai ser a primeira privatização na história de Portugal, em que a empresa que fica com o que é público não só não paga nada como vai receber».

E vai receber o quê? Segundo os termos com que a maioria dos jornais resumiu a lengalenga, coincidência que indicia o manipulado berloquista, «lucros na ordem dos 140 milhões de euros por ano com a taxa cobrada aos contribuintes», ou seja com a «Contribuição audiovisual» cobrada na factura de electricidade.

Primeira asneira: os 140 milhões não são lucro, isto é resultados, são proveitos. Os lucros ou os prejuízos podem até ser centenas de milhões, dependendo dos custos e dos restantes proveitos, por exemplo da publicidade.

Segunda asneira: ao denunciar o alegado negócio da China para o futuro concessionário, o professor Louçã implicitamente assume a inferioridade da gestão pública que em termos líquidos até hoje não deu um chavo aos depauperados cofres do Estado Sucial. De facto, a gestão pública da RTP tem contado além da «Contribuição audiovisual» com as chamadas indemnizações compensatórias pagas a título de prestação do serviço público de televisão. Nos últimos 5 anos os Fundos Públicos e os resultados líquidos foram os seguintes:

Fontes: Relatórios e contas da RTP e Resolução do Conselho de Ministros 53/2012

Do quadro se conclui que os proveitos próprios, essencialmente publicidade, foram sempre insuficientes em mais 200 milhões para cobrir os custos totais. Sem os fundos públicos pagos com impostos dos contribuintes, a exploração da RTP teria tido prejuízos em cada um dos 5 anos de 2007 a 2011 entre 222 e 276 milhões.

A empresa privada concebida no prolixo cérebro do professor Louçã, para realizar 140 milhões de lucros sem as indemnizações compensatórias teria em alternativa: aumentar a publicidade mais de 6 vezes, dos 40 milhões de 2011 para 250 milhões ou despedir todo o pessoal poupando 108 milhões e aumentando «só» 4 vezes as receitas de publicidade.

Resultado desta segunda avaliação: cinco ignóbeis pela demagogia e/ou incompetência e cinco chateaubriands por insultar a inteligência dos infiéis.

Declaração de interesse:
Não concordo com a solução divulgada como sendo do governo. Não vejo qualquer razão para a existência de uma empresa pública de televisão e/ou de rádio ou qualquer outro mídia que na verdade só serviu e servirá de câmara de eco do governo da ocasião. Por isso, extinguiria a câmara de eco poupando um mínimo de 200 milhões por ano do dinheiro dos contribuintes.

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