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27/03/2022

Cada país tem a tropa que merece

Por questões de higiene e falta de tempo e por via de regra, não vejo telejornais que duram duas horas com uma hora de anúncios, onde na melhor hipótese se distorcem factos por ignorância e na pior se distorcem factos por encomenda, onde desfilam militantes que se fazem passar por comentadores, picaretas falantes, que na melhor hipótese dizem inocuidades e na pior dizem enormidades. Não será certamente preciso explicar que, com esta regra, só vejo telejornais portugueses quando o rei faz anos.

Esta regra tem vantagens óbvias e tem inconvenientes menos óbvios que consistem em privar-me de informação relevante online para o exame laboratorial do estado do comentariado oficial do Portugal dos Pequeninos. Tento compensar essa privação com a informação offline minerada na imprensa por vezes com atraso, como foi o caso agora com os comentários do oficialato reformado sobre a invasão da Ucrânia.

Citando o Expresso: «o major-general Raul Cunha chegou a dizer, na SIC, que “o Presidente russo foi encurralado” pela NATO e justificou a anexação da Crimeia; o major-general Carlos Branco disse ao “Observador” que a Rússia não ia “permitir a chacina da população ucraniana russa” em Luhansk e Donetsk, classificando a parte ucraniana como “a ameaça”; um terceiro analista, o major-general Agostinho Costa, tem usado (nos três canais de televisão) argumentos como “a preocupação [dos russos] em não causar baixas civis”, ou a desvalorização da coluna paralisada perto de Kiev. No dia seguinte à invasão, garantiu: “Os russos já estão em Kiev.” E disse que Volodymyr Zelensky tinha fugido para Lviv, na zona ocidental.»

Também António Araújo se referiu a essas declarações concluindo que, apesar de tudo, se tivesse de confiar, confiaria mais nos generais russos do que em sumidades como aquelas.

Enfim é a tropa que temos, sucessora da fugida da guerra colonial e politizada durante o PREC. No topo temos generais assim, na base temos fuzileiros que dão porrada em polícias e temos um governo que envia 18 (dezoito) tropas para manobras da NATO que envolvem 30 mil.

2 comentários:

Anónimo disse...

Como se vê e se lê, o cabeçalho diz tudo o que o Portugal dos pequeninos merece.
Abraço

Ricardo A disse...

E entretanto segue(recomeça)o circo que isto não é só guerra. https://portugalnonevoeiro.blogspot.com/2022/03/o-votismo-e-o-parlamentarismo-saoem.htm