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09/12/2021

De boas intenções está o inferno cheio (57) – A religião é a política por outros meios? (XXIV)

Outros posts sobre a religião como a política por outros meios.

Advertência: não sou fã do papa Francisco; emanam dele vapores de teologia da libertação (ou teologia da submissão ao totalitarismo) que um agnóstico e adepto de a César o que é de César e a Deus o que é de Deus, como este escriba, não aprecia.

Feito o aviso, passo a comentar a reacção indignada de Francisco a mais um manual totalitário de «linguagem inclusiva», neste caso produzido pela comissária europeia para a Igualdade, Helena Dalli, que entre outras tolices pretendia suprimir a palavra «Natal» substituindo-a por «festividades». Francisco não poupou nos adjectivos e para condenar a ideia não hesitou em evocar as ditaduras nazi e comunista.

Aplaudo a crítica papal e até a evocação de ditaduras, porque é disso que se trata. Feito o aplauso, evoco o silêncio papal de 8 anos perante dictatus emitidos dia sim, dia não, pelos mais variados grémios da polícia do woke, do politicamente correcto, da identidade do género e congéneres por esse mundo, silêncio só agora quebrado a propósito do Natal.

E acrescento que o silêncio seguido de indignação papal também evocou no meu espírito as palavras do pastor luterano alemão Martin Niemöller, contemporâneo de Hitler, que começou por simpatizar com o nazismo, arrependeu-se amargamente e acabou a denunciá-lo, penalizando-se assim pela inacção: 
Quando os nazis vieram buscar os comunistas, eu fiquei em silêncio; eu não era comunista.
Quando eles prenderam os sociais-democratas, eu fiquei em silêncio; eu não era um social-democrata.
Quando eles vieram buscar os sindicalistas, eu não disse nada; eu não era um sindicalista.
Quando eles buscaram os judeus, eu fiquei em silêncio; eu não era um judeu.
Quando eles me vieram buscar, já não havia ninguém que pudesse protestar.

3 comentários:

Anónimo disse...

O pobre pastor era um ingénuo. Mal ele sabia que se não levassem primeiro o comunista, era o comunista que o levava a ele, como sucedeu a milhares de padres na URSS e a muitos na guerra civil de Espanha.

Bilder disse...

Ainda vamos ver uma foice/martelo no topo da ârvore de natal(no lugar da estrela) lá no vati-cano.(até o cata-vento vai lá acender uma vela mais o Costa das chamuças)

Unknown disse...

Bilder,isso acontecia nos idos de 73 em S.Petersburgo , Leninegrado nesses tempos - presumo que se passasse o mesmo no resto da Rússia.
Diga-se em abono da verdade que a foice e o martelo faziam conjunto com a estrela ... suspeito que não se trataria da estrela de Belém,,,