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06/12/2021

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (114) - A Passarola Afundada (VI continuação)

 Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias


[Continuação daqui

Boa Nova

A ministra da Coesão Territorial apresenta periodicamente uma prova da vida, geralmente através da Tass Lusitana ou do Avante da Sonae, como agora, em que a peça mostra a ministra com um ar alucinado de quem teve uma epifania a anunciar mini Lojas do Cidadão em metade das freguesias até... 2030. Anúncio que, só por si, é um paradigma do ilusionismo que o Dr. Costa instilou no seu governo. Uma ministra que deve ter dois meses de vida anuncia uma obra para os próximos nove anos.

O modelo de propagação da Boa Nova é sempre o mesmo: a Tass Lusitana ou um jornal amigo faz o anúncio que de seguida é replicado pelos outros jornais. Outro exemplo da semana passada foi o anúncio de que a Idade da reforma pode regressar aos 66 anos de Passos Coelho e da troika, regresso que é uma consequência automática prevista no regime da SS da redução da esperança de vida, resultante do excesso de mortalidade associado à pandemia, mas é apresentado como se fosse uma medida benevolente de um governo bondoso em contraste com a medida maléfica do governo de Passos Coelho ao serviço da troika, uma instituição sinistra que apareceu cá por via do resgate - por acaso, não mencionado, uma obra de outro governo do PS.

Choque da realidade com a Boa Nova

Pela enésima vez, a venda da Efacec e da Dielmar foram sucessivamente a anunciadas e adiadas.

Anunciado em 2018 pelo Dr. Costa e aprovado um ano e meio depois, o programa Chave na Mão - Programa de Mobilidade Habitacional para a Coesão Territorial, simplesmente desapareceu do espaço mediático submergido por vários outros programas anunciados para resolver o problema da habitação, todos eles igualmente meros instrumentos de propaganda sem impacto real.

Sustentabilidade da Segurança Social? Resolve-se com o ilusionismo socialista

Mais um estudo (Riscos orçamentais e sustentabilidade das finanças públicas), desta vez do Conselho das Finanças Públicas, mostra que a sustentabilidade da segurança social não será possível sem uma reforma profunda. A isto responde a respectiva ministra que a coisa se resolve com a «diversificação de fonte de financiamento», solução que é equivalente ao ministro das Finanças declarar que o problema do défice orçamental se resolve aumentando os impostos.

Ineficiente, sempre. Ineficaz quando possível

Das 4,4 milhões de doses de vacinas que o governo anunciou doar aos países africanos de língua portuguesa e a Timor-Leste até agora só foram entregues 1,9 milhões.

De volta ao velho normal

Até Outubro os novos empréstimos para compra de habitação atingiram 12,4 mil milhões, ultrapassando o máximo atingido em 2007 nas vésperas da crise.

Expandindo a freguesia eleitoral

Depois de ter adicionado em seis anos 72,2 mil novos funcionários públicos, o governo do Dr. Costa ainda vai precisar de recrutar mais 1.300 para tratar da secretaria da torrefacção dos 16,6 mil milhões da bazuca. Bem pode o Dr. Centeno, ex-ministro das Finanças que garantiu que a despesa permanente resultante da redução do horário de 40 para 35 horas não tinha impacto orçamental, vir agora clamar do seu posto no BdP que «o país tem uma janela temporal, que avalio entre dois a três anos, para reverter o aumento da despesa permanente».

Segundo a avaliação do Sistema Nacional de Garantia Mútua estão em alto risco de incumprimento mais de mil milhões de euros de garantias públicas a empresas no âmbito das medidas Covid-19.

O endividamento das PME que geram 60% do VAB e 80% do emprego atingiu o máximo desde a crise de 2008 e representa 65% do total das empresas privadas.

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