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26/12/2021

CASE STUDY: O legado do Gulag e a lei de Merton

O Gulag, o sistema soviético de campos de concentração e trabalho forçado, por onde passaram durante mais de duas décadas um número estimado de 28 milhões de prisioneiros, dos quais um em cada dez lá morreu ou foi executado, foi uma das maiores atrocidades do comunismo.

No paper Enemies of the people publicado em Setembro, Gerhard Toews e Pierre-Louis Vézina concluíram que da passagem pelo Gulag de «milhões de artistas, engenheiros, gerentes ou professores considerados uma ameaça ao regime soviético apenas por serem a elite educada», representando cerca de um terço dos prisioneiros, passadas seis décadas são visíveis consequências positivas para as regiões onde se situaram as quase cinco centenas de campos do Gulag. Consequências que resultaram de uma boa parte dessa elite ter ficado a residir nas proximidades dos campos quando estes foram fechados nos anos 1956-7. 

É mais um exemplo da lei das consequências inesperadas formulada por Robert Merton, consequências que a maioria das vezes são resultados perversos, mas incluem, por vezes e infelizmente raramente, benefícios imprevistos que têm um preço demasiado elevado.

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