Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

19/12/2021

A arte de bem titular toda a notícia (2)

Expresso

Um marciano lê o título acima e pensa com os seus botões: que belo governo têm estes terráqueos que consegue que os produtores das energias renováveis sejam bondosos ajudando as empresas e poupando-lhes uma pipa de massa melhorando assim a vida dos aborígenes.

Como os marcianos e muitos aborígenes se ficam pelo título, não chegam a ler umas linhas abaixo: «Pela primeira vez na história do sistema elétrico nacional, a existência de tarifas garantidas à produção de energias renováveis representará em 2022 um benefício aos consumidores de eletricidade e não um sobrecusto. E o maior beneficiário será a indústria, que (...) ganhará no próximo ano um alívio tarifário superior a €500 milhões associado às rendas aos produtores de renováveis..» 

Dito em português corrente simplificado, os preços de aquisição aos produtores das energias renováveis são fixos, garantidos e têm sido historicamente muito superiores aos das energias convencionais. Com o aumento dos preços do gás e do petróleo a situação inverteu-se porque os custos de produção das energias convencionais aumentaram significativamente e, em consequência, os respectivos custos de aquisição aos produtores ultrapassaram os preços garantidos das energias renováveis. Moral da estória: os produtores de energias renováveis vão continuar a ser pagos aos mesmos preços e como os seus custos de produção não se alteraram porque por não dependerem dos preços do gás e do petróleo manterão as mesmas margens.

Sem comentários: