Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

30/11/2021

De volta à Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva (52) - A conclusão mais importante dos estudos publicados sobre a eficácia das máscaras é que não nos permitem concluir nada

Este post faz parte da série De volta à Covid-19. Colocando a ameaça em perspectiva.

Do face masks halve the risk of Covid? A note on the evidence

By Professor Simon Wood

«Lost of the trouble in life comes from misunderstanding’ as Willy Loman said in Oscar Wilde’s masterpiece An Inspector Calls. Grating isn’t it? But also a reasonable facsimile of how science reporting often reads, at least to those of us self identifying as scientists. Pre-Covid it was so. With Covid the problem has become, well, an epidemic. Recent reporting about the efficacy of masks is a classic case in point.

You might remember the study in question: it certainly made headlines when it came out. 'Mask-wearing cuts Covid incidence by 53%, says global study', stated the Guardian: 'results from more than 30 studies from around the world were analysed in detail'. The New Scientist agreed: 'Covid-19 news: Mask wearing cuts infections by 53 per cent', but instead referenced a greater number of evidence bases: 'using data from 72 studies'. A more cautious Times reported the same results as 'Masks more effective than distancing and handwashing'. It goes for 'more than 30 studies from around the world' which 'were analysed in detail'. Bloomberg claimed 'Masks Cut Covid Risk in Half', now based on a far-lower number: eight studies.

Let’s leave aside the nitpicking details (infections and risk are not the same thing, for example) — surely these reports are usefully communicating the gist of the new evidence, are they not? I’m afraid not.

The BMJ paper at the centre of these reports is a meta-analysis. That is to say: a summary, an attempt to combine the evidence contained in several scientific studies to arrive at an objective assessment of the state of knowledge on a topic.

The analysis identified 72 studies that might potentially have provided evidence on the effectiveness of masks, social distancing and hand washing. Of those, just six (not eight, 30 or 72) were sufficiently relevant — and of sufficient quality — that they could provide any useful information on mask efficacy. And how reliable were the six? Four were assessed to have a moderate risk of bias, and two to have a serious or critical risk.

Let’s start with the moderate four.

29/11/2021

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (113) - A Passarola Afundada (V)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

Os amanhãs que cantam do Dr. Costa

O resultado das eleições de sábado do PSD é uma demonstração que o Dr. Costa não brinca em serviço quando está em causa a sua cabeça. Apostou todas as fichas, colocou a máquina mediática ao serviço da continuidade do Dr. Rio e ganhou. Tem agora a garantia que, mesmo sem uma maioria provavelmente fora do seu alcance, desembaraçado dos restos do naufrágio da geringonça, terá condições para navegar à bolina do PS-D no novo mandato e desembarcar a tempo das eleições presidenciais de 2026. Melhor é impossível.

Mais uma factura atrasada da geringonça

O desmantelamento da PPP do Hospital de Braga, por razões ideológicas para pacificar o berloquismo do BE, o pedronunismo do PS e os encalhados do PCP, traduziu-se num agravamento de 60 milhões (39%) dos custos e provavelmente terá como consequência uma redução da qualidade dos serviços.

«Em defesa do SNS, sempre»

Como habitualmente, mais demissões nos hospitais. Desta foram os chefes da urgência cirúrgica do Hospital de Santa Maria. Desde o fim da proibição de saída do SNS em Maio, despediram-se mais de 400 médicos.

Confrontada com o colapso, a ministra do SNS chuta para o lado e insinua que o problema está na falta de «resiliência» dos profissionais, o que até poderá ser um dos problemas, mas não certamente o principal. Perante a revolta corporativa, picada por S. Ex.ª, que não perde uma oportunidade para garantir que os portugueses são os melhores dos melhores, a ministra pediu desculpa duas vezes.

Take Another Plan

Em resposta aos voos da TAP para a Madeira que custam em média uns mil euros, a Ryanair oferece 350 mil lugares em 10 rotas para a Madeira em 2022, empurrando a TAP para o terceiro lugar na região atrás das duas low cost.

Temos assim a garantia de continuidade dos prejuízos da TAP, que até Setembro atingiram 628 milhões, e de que o Dr. Pedro Nuno continuará a extorquir-nos injecções de fundos à pala da sua candidatura a cacique do PS.

O Big Brother apoderou-se do Banco de Portugal

A partir de 1 de Março todos os empréstimos contratualizados de qualquer montante e envolvendo quaisquer entidades, particulares (incluindo entre familiares) ou empresas, terão de ser comunicados ao BdP que criará uma base de dados. O pretexto: «prevenção e combate à atividade financeira não autorizada e proteção dos consumidores».

28/11/2021

Pro memoria (415) - O Dr. Rendeiro é um pentelho na pentelheira socialista, mas é um pentelho sem pedigree, filho de um sapateiro

Continuação do pentelho anterior

«(...) e quando a tendência do direito penal é para punir menos tempo, Rendeiro apanhou ao todo 19 anos de cadeia. Isto faz sentido? Faz, se analisarmos o fenómeno da ascensão social em Portugal. João Rendeiro continua a ser descrito como “filho de um sapateiro”. Este pecado imperdoável fez dele um milionário diferente de Ricardo Salgado, protegido pela dinastia de que era a cabeça e a providência, o distribuidor de fundos e de dinheiro, ao ritmo de milhões por mês, para manter o clã abastado e contente. João Rendeiro nunca teve uma das proteções nacionais que asseguram ou a impunidade ou o débil juízo moral.

Não teve a proteção de um partido. Se deu dinheiro para a campanha de Cavaco Silva à presidência ou o apoiou, isso não lhe conferiu a proteção do PSD. Não teve, como Armando Vara ou como os suspeitos Manuel Pinho e José Sócrates, ainda por julgar ao cabo de vários anos, a proteção do PS. Vara, aliás, acaba de ser libertado, ao abrigo da covid, tendo passado pouco tempo atrás das grades. Rendeiro não teve a proteção de uma instituição como a Igreja. Nem, julgo, a da maçonaria ou qualquer grupo ou associação secreta ou à luz do dia. Rendeiro era um operador solitário, um pistoleiro do dinheiro que dava aos clientes bom rendimento. O subprime deu cabo dele, como deu cabo de Salgado, ou continuariam ambos a movimentar-se em círculos das elites embora com pedigree diferente, e poder diferente. (...)

Rendeiro não faz parte do clube, não faz parte de nenhum clube, o que quer dizer que se tramou ao ludibriar a gente que lhe entregou as fortunas. E acabou por trair o próprio advogado. À apreciação diferenciada destes crimes pelo jornalismo e pelo corredor de opinião criado chama-se na gíria, em inglês bias, em português viés. (...)»

Clara Ferreira Alves, no Expresso

[Uma vez outra, como agora, a Pluma Caprichosa tem uma epifania e prescinde do habitual estilo gongórico e do diletantismo cosmopolita e, nesse caso, vale a pena lê-la. Registo que as epifanias tem sido mais frequentes depois de ter atingido o grau zero do jornalismo panegírico com a entrevista do «chefe democrático que a direita sempre quis ter».]

Uma pequena vitória do Dr. Costa e do PS preparando uma vitória dentro de dois meses

Qualquer que fosse o desfecho das eleições para líder do PSD, seria sempre um bom resultado para o Dr. Costa. Ou teria um adversário fraco ou teria um aliado, como claramente preferia e por isso a pandeireta mediática fez saber a preferência pelo Dr. Rio ao povo acagaçado pela pandemia e aos empreendedores da mineração do guito europeu salivando de expectativa pelo maná da bazuca.

A eleição do Dr. Rio é também uma vitória para o IL e o Chega que previsivelmente ganharão peso eleitoral à custa do PSD.

27/11/2021

O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (199) - À boleia das bodycams, o Dr. Costa a querer ser o Sr. Xi da Jangada de Pedra

«Como se não houvesse já um abuso generalizado da recolha de imagens no espaço público e a absoluta ausência de verificação da legalidade dos sistemas (graças à diluição de competências da autoridade responsável), o Governo demissionário quis criar uma verdadeira sociedade controlada, à boa imagem da ditadura chinesa. Para isso tentou passar uma lei absolutamente abusiva que só se alterou na especialidade graças à quantidade de pareceres humilhantes que recebeu. Mas fica o registo da tentativa – e da aceitação acéfala – que a maioria dos deputados fez deste projeto que dava às forças de segurança o controlo de um dos melhores mecanismos para minar a democracia e as liberdades individuais.

O projeto foi reduzido à utilização de imagens recolhidas por drones e por agentes da autoridade no exercício de funções. Mas a verdade é que o número de câmaras no espaço público cresce sem controlo e pouco ou nada se sabe sobre a forma como os registos são armazenados – e esta lei, que agora foi aprovada, vem simplesmente agravar o problema. O texto é propositadamente ambíguo, para permitir interpretações que conduzam facilmente ao abuso das liberdades. (...)

Mas a lei original, que passou no Parlamento, era muito pior. A lei original tornava todo e qualquer espaço público alvo de videovigilância, sem respeito pelas liberdades individuais nem proteção dos cidadãos. Pior, permitia a que se usasse inteligência artificial e se fizesse a recolha de dados biométricos. (...)

Toda a discussão foi feita em tempo recorde, com desprezo absoluto pelos princípios democráticos. (...)

É difícil saber se os deputados deixaram passar este monumento à ditadura por absoluta ignorância ou por influência de um qualquer lobby securitário liderado por um ministério da Administração Interna que vê ameaças onde elas não existem. (...)»

António Costa, o inesperado big brother, Diogo Queiroz de Andrade no Jornal Eco

NOTA: Na verdade este episódio é principalmente vergonhoso para o PS (exceptuando Cláudia Santos e Isabel Moreira que votaram contra), cujo governo apresentou o projecto de lei. Mas não exclusivamente, porque, além das duas deputadas PS, só votaram contra a aprovação na generalidade BE, PCP, PEV e IL  (ver Projeto de Resolução 119/XIV/1), uma votação que é um exemplo das limitações da visão unidimensional esquerda-direita.

26/11/2021

Pro memoria (414) - O Dr. Rendeiro é apenas um pentelho na pentelheira socialista

Trilema de Žižek

Nos últimos meses as televisões e os jornais foram assaltados por resmas de jornalistas de causas, políticos comentadoresopinion dealers que nos intervalos de nos acagaçarem com a pandemia nos ensopam as meninges com os feitos do Dr. Rendeiro, como se de repente a criatura fosse o responsável por todos os desastres por que este país tem passado pela mão de vários governos, com um especial destaque para os governos do PS com os seus apparatchiks e toda a tralha que trazem pendurada e onde se penduram.    


É por isso indispensável recordar como chegámos aqui, o que faço usando as palavras de Luís Marques  no seu artigo Rendidos a Rendeiro:

«O BPN foi tomado e destruído por um grupo de gente sem escrúpulos, sem competência e sem dinheiro, perante o silêncio e inoperância do Banco de Portugal (BdP). A PT foi sacrificada no altar dos interesses do BES, de Salgado, de Bava e dos seus cúmplices, com a participação ativa do poder político. O BCP foi assaltado por um grupo liderado por Berardo e comandado à distância por uma mistura de inconfessáveis interesses empresariais e pessoais, alimentados pelo Governo de Sócrates e pela cumplicidade do BdP. O BES ruiu, com políticos e reguladores a assegurarem a sua solidez. O Banif foi vendido ao desbarato ao Santander, num percurso cheio de buracos.

Do velho capitalismo português ficaram um monte de ruínas, uma enorme montanha de dívidas, pagas pelos contribuintes, e alguns figurões que continuam a rir-se na nossa cara, tomando-nos por parvos. Rendeiro é mais um dessa já longa lista, daqueles que se julgam acima do poder e da lei e a quem, não poucas vezes, o poder e a lei se rendem. Por ação, por omissão ou por incompetência.»

25/11/2021

ACREDITE SE QUISER: Quase um quinto dos trabalhadores do Portugal dos Pequeninos gostariam de ser pagos com criptomoedas

Se as conclusões de um inquérito da empresa coverflex, com o apoio da Associação Portuguesa de Gestão das Pessoas, abrangendo 814 participantes, tiverem alguma aderência à realidade laboral mostram uma mão-de-obra surpreendentemente moderna e arejada (ou, para os cépticos, não surpreendentemente lunática).  

Não surpreende a preferência de 60% dos inquiridos por uma semana de quatro dias, nem mesmo a de 30% que preferiam uma semana de 32 horas. Começa a surpreender que um quinto dos inquiridos declare receber ajudas de custo em teletrabalho, uma retribuição que se destinar a compensar custos extraordinários e aleatórios, normalmente nas deslocações em serviço, quando neste caso se trabalha em casa e se suportam geralmente menores custos.

O mais surpreendente, porém, é o desejo manifestado por 23% dos inquiridos de terem uma parte da remuneração paga em cripto-moedas. Só me recompus da surpresa quando recordei a espantosa capacidade imaginativa dos indígenas mostrada por exemplo num estudo de opinião de há uma meia dúzia de anos que concluiu haver uma percentagem considerável de portugueses cujo local favorito para o sexo era junto a uma lareira, um dispositivo presente apenas numa pequena percentagem de habitações.

24/11/2021

DIÁRIO DE BORDO: A principal virtude do Dr. Rangel é não ser o Dr. Rio

A boutade do título é de Alberto Gonçalves, um veterano da bloguilha agora no Observador, e traduz bastante bem (substituindo na virtude o qualificativo «enorme» por principal) o que eu penso do Dr. Rangel, uma criatura que para nele votar teria de fazer como preconizou o Dr. Cunhal que os comunistas fizessem ao votar no Dr. Soares: «Se for preciso tapem a cara com uma mão e votem com a outra».

Por várias razões, entre as quais não se conta o seu comportamento na esfera privada nem as suas ideias e práticas sobre a sexualidade, matéria que só a ele diz respeito, mas onde se inclui a cobardia do seu voto contra o casamento dos homossexuais no parlamento em 2008. 

Razões como os conflitos de interesse enquanto deputado europeu (denunciados por Pedro Arroja, que o detesta, talvez por boas razões), como a sua choruda avença mensal da sociedade de advogados Cuatrecasas, entre outros. Ou a sua auto proclamada virgindade política, comparando-se com «António Costa e Rui Rio (que) são pessoas que estão há 40 anos no sistema», sendo certo que ele com as idades dos dois já terá 27 e 31 anos de «sistema», respectivamente. Ou a sua insensatez demagógica de propor «por razões económicas» a subida de um salário mínimo que já representa a maior percentagem na UE em relação ao salário médio e é uma ameaça à sobrevivência das dezenas de milhar de pequenas e micro empresas.

Razões próprias que não tenho a certeza se são anuladas pelas razões dos portugueses, com a sua histórica falta de discernimento, que parecem preferir abertamente o Dr. Rio para opositor (ou candidato a vice do Dr. Costa). Ou se são anuladas pelas razões do PS que, pelos vistos, já perdeu de todo o recato e faz abertamente campanha oficial pelo Dr. Rio, como é o caso do Dr. Ferro Rodrigues, no seu habitual estilo de múmia, e do Dr. Santos Silva, com a sua proverbial falta de decoro, a que se juntam as vozes de apparatchiks menores.

23/11/2021

SERVIÇO PÚBLICO: Como uma lei iníqua dá ao Partido Comunista, através dos sindicatos que controla, um poder que os votos há muito deixaram de lhe dar

«Enquanto há 50 ou 100 anos a maioria dos membros dos sindicatos trabalhava no sector privado, em muitos países hoje a maioria dos membros dos sindicatos trabalha para o sector público ou para empresas diretamente ligadas ao Estado. Ou seja, os sindicatos deixaram de ser uma forma de os trabalhadores se unirem para ganhar poder negocial em relação ao seu patrão, que, sem sindicatos, tinha um poder quase monopsonista sobre alguns deles. Os membros dos sindicatos públicos ganham antes poder negocial sobre os restantes contribuintes, que estão muito menos organizados e dependem do Governo para zelar pelos seus interesses difusos.

Por fim, há um terceiro facto que é particularmente extremo em Portugal. Como o jovem economista Hugo Vilares tem documentado (com Addison, Portugal e Reis), em Portugal só cerca de 10% dos trabalhadores são membros de um sindicato. Mas a lei (*) impõe que 90% dos trabalhadores sejam afetados pelos contratos negociados por esses sindicatos. É difícil imaginar um maior défice democrático em Portugal. Há uma enorme discrepância entre os que têm voz nas negociações e aqueles que são afetados por elas.

Combinando todos os factos, temos que, se Portugal continuar a abrir a sua economia ao comércio internacional (como é inevitável, tendo em conta a nossa dívida externa), os sindicatos vão possivelmente praticamente desaparecer do sector privado. Ao mesmo tempo, protegidos pela lei, eles vão continuar a determinar as tabelas salariais por toda a economia e, graças a umas dezenas de milhares de associa­dos no sector público, vão conseguir bloquear serviços públicos essenciais usando greves. Junta-se a este panorama a suposta subordinação de uma fração significativa dos sindicatos aos interesses políticos do PCP, que tantos comentadores afirmam como sendo um facto. Se assim for, acabamos com um partido que caminha para ter menos de 5% dos votos, e, usando como seus peões menos de 2% ou 3% dos trabalhadores em Portugal, a conseguir bloquear a economia, influen­ciar quem ganha quanto e a dificultar seriamente quaisquer reformas, tudo ao serviço de impor em Portugal princípios marxistas-leninistas rejeitados em todo o mundo e com os quais quase nenhum português concorda. Talvez seja verdade, mas é de certeza uma situação perversa num regime democrático.»

Excerto de O PCP e os sindicatos, Ricardo Reis no Expresso

(*) O autor refere-se ao mecanismo das Portarias de Extensão previsto no Código do Trabalho, mecanismo cujo alcance foi limitado pelo governo de Passos Coelho e reposto pelo governo do Dr. Costa, por exigência dos comunistas para embarcarem na geringonça - ver o post SERVIÇO PÚBLICO: Regresso ao passado (continuação).

22/11/2021

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (112) - A Passarola Afundada (IV)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

Até no exercício da solidariedade o governo do Dr. Costa é incompetente

Primeiro, as trombetas do regime noticiaram o acolhimento de 26 futebolistas da selecção afegã em fuga do regime talibã. Decorridos 3 meses veio a saber-se que só 7 das raparigas são futebolistas e que a alegada treinadora afinal não o é, trabalha para uma organização americana que financia as operações de resgate e vive no Hotel Ritz. A estória foi desmontada pelo programa Sexta às 9 da RTP de Sandra Felgueiras, a mesma jornalista que já tinha sido alvo de censura pela directora amiga do Dr. Costa e, talvez não por acaso, parece estar em vias de saída para o Canal do CM.

A Transparência Internacional vê opacidade onde S. Ex.ª viu transparência

Há duas semanas S. Ex.ª pronunciou-se sobre tráfico na RCA por militares garantindo que o caso «não atinge minimamente o prestígio das Forças Armadas» e considerou que investigá-lo «só as prestigia em termos internacionais». Nem de propósito, segundo o Government Defence Integrity Index 2020 da Transparency International as FA portuguesas apresentam um alto risco de corrupção e situam-se no mesmo grupo da Albânia, Hungria, Botswana, Uganda entre outros. E não, isso não tem que ver com o escândalo dos diamantes, porque o período analisado foram os 12 meses terminados em Abril. Se fosse agora só poderia ser pior.

A tabuada do Dr. Leão não é a mesma da UTAO

O mês passado o Dr. Leão estimou em 40 mil milhões o impacto da pandemia na dívida pública, de onde se concluiria que os gastos totais teriam sido superiores a esse montante já que uma parte dos gastos com a pandemia teria sido financiada pelas receitas correntes. A UTAO pediu licença para discordar e estimou os gastos adicionais o ano passado em 3.800 milhões e este ano até Setembro em 5.120 mil milhões. Fica por explicar porque precisou o Dr. Leão de se endividar mais 40 mil milhões para gastar mais 9 mil milhões.

Take Another Plan

No próximo dia 10 de Dezembro o plano de reestruturação da TAP completa um ano de estadia em Bruxelas a aguardar aprovação. Receando que as más notícias caiam em cima das eleições, o Dr. Pedro Nuno, patrono da TAP e putativo sucessor-em-chefe do Dr. Costa, ruma a Bruxelas para tentar minimizar a inevitável perda de slots e diminuir a entrada de 250 milhões de capital privado, sendo que esta segunda é a parte mais fácil já que não se consegue ver um "privado" a enterrar dinheiro na múmia.

Enquanto o Dr. Pedro Nuno tenta que os contribuintes paguem os seus devaneios, a TAP vai tentando que os seus passageiros suportem a factura - os voos para a Madeira custam em média uns mil euros (veja-se o fact check do Avante da Sonae que é uma lição de jornalismo de ficção).

«Em defesa do SNS, sempre»

O colapso do SNS prossegue enquanto a Dr.ª Temida passeia pelo país a fazer o circuito das inaugurações. O Hospital Amadora-Sintra fecha a urgência a ambulâncias; bombeiros alertam para a situação caótica no Hospital de Vila Franca de Xira; o número de portugueses sem médico de família aumentou 100 mil este ano.

«Estamos preparados»

O processo de vacinação continua a patinar sem o Vice-Almirante e os objectivos de vacinar totalmente os mais idosos são cada vez mais obviamente inalcançáveis.

Alguns dados revelados pelo relatório Health at a Glance 2021 da OCDE mostram que o governo socialista estava completamente impreparado para enfrentar a pandemia: a segunda maior percentagem (34%) de pessoas que nos 12 meses da pandemia de 2020 a 2021 consideram não ter tido acesso aos cuidados de saúde necessários; a mais alta queda (28%) do número de consultas e internamentos de urgência; a mais alta queda (66%) das consultas presenciais.

21/11/2021

Mitos (317) - O contrário do dogma do aquecimento global (XXVII) - A COP26, a histeria climática e a fábula de Esopo

Outros posts desta série

Em retrospectiva: que o debate sobre o aquecimento global, principalmente sobre o papel da intervenção humana, é muito mais um debate ideológico do que um debate científico é algo cada vez mais claro. Que nesse debate as posições tendam a extremar-se entre os defensores do aquecimento global como obra humana – normalmente gente de esquerda – e os outros – normalmente gente de direita – existindo muito pouco espaço para dúvida, ou seja para uma abordagem científica, é apenas uma consequência da deslocação da discussão do campo científico, onde predomina a racionalidade, para o campo ideológico e inevitavelmente político, onde predomina a crença.

A COP26 foi mais um evento mediático em que uns diabolizaram o "sistema", isto é o capitalismo e a democracia liberal, e outros exorcizaram os seus demónios de vários modos, infantilizando-se numa espécie de Gretas retardadas ou fazendo declarações de paixão climática e promessas vãs. É claro que também por lá havia gente cientificamente preparada e intelectualmente séria, mas no meio do ruído mediático passaram despercebidos.

E estamos assim. Ficamos entalados entre o ruído da histeria climática que levada às suas últimas consequências conclui que o homo sapiens sapiens tem de ser erradicado para salvar o planeta, e o ruído das teorias da conspiração que consideram que o único problema sério com o ambiente é a histeria climática.

Também por cá é mais ou menos assim. Com excepções, claro, como do artigo Alterações climáticas: duas faces da desonestidade intelectual de David Marçal, bioquímico e divulgador científico.

Sendo aquelas duas faces igualmente desonestas e danosas para a compreensão do que está em causa, considero que a histeria climática é potencialmente mais perigosa. Por um lado, a histeria exalta uma minoria de áctivistas lunáticos e desacredita qualquer ideia das consequências negativas dos modelos existentes de produção e de vida e por outro apresenta às pessoas comuns uma visão deturpada e catastrofista que esgotado o pânico pela repetição, como a fábula do pastor mentiroso, convida ao descrédito ou ao conformismo.

20/11/2021

Proposta Modesta Para Evitar que os Áctivistas Desperdicem Acções e Indignações (10) - Áctivistas das mudanças climáticas ide plantar Relógios do Resgate

Outras propostas modestas

[Em 1729 Jonathan Swift publicou um panfleto satírico com o título longo e insólito A Modest Proposal: For Preventing the Children of Poor People in Ireland from Being a Burden to Their Parents or Country, and for Making Them Beneficial to the Public.]

Público

Os três cromos áctivistas climáticos pousados na foto representam a Associação Académica de Coimbra e tinham acabado de plantar o primeiro Relógio do Clima em Portugal que «nos lembra que temos sete anos para nos salvarmos»

Ora, segundo as minhas estimativa, muito antes disso deveremos ter por cá outra vez a troika, o que me leva a propor modestamente àqueles e a todos os outros áctivistas climáticos que plantem também Relógios do Resgate ilustrados com um cartaz como o que plantei em cima. 

19/11/2021

Lost in translation (356) - O que eles disseram traduzido em linguagem simples

Ao passar ontem os olhos pelos jornais deparei-me, como de costume, com várias expressões enigmáticas em politiquês, e resolvi desta vez submeter, como de costume. três delas ao nosso tradutor automático (um web bot de AI com machine learning baseada numa Neural Network com acesso a servidores de Big Data). Eis os resultados:
Tradução: É obrigação deste governo do PS esmifrar os contribuintes da UE ou, não sendo possível, os contribuintes portugueses, para repor as mordomias que tiveram de ser retiradas para resgatar o país do estado em que o outro governo do PS o deixou.     

Tradução: É dramático que Portugal tinha a décima produtividade mais baixa da UE em 2000 e vinte anos depois tenha a sétima mais baixa.

  • Catarina Martins, líder do BE, em entrevista à RTP disse «O Bloco de Esquerda nunca permitirá com a sua força que a direita seja Governo, isso é óbvio.» 

Tradução: Não é preciso explicar que se estivéssemos em Cuba ou na Venezuela, a direita nunca seria governo, nem talvez o Bloco de Esquerda.

18/11/2021

Bons exemplos (140) - Prime Minister shut the fuck up and sit down, said in other words a Speaker with balls

 

«You may be the prime minister of this country, but in this House, I'm in charge
Speaker of the House of Commons Sir Lindsay Hoyle's intervention «to stop Johnson from turning Prime Minister's Questions into, err, Leader of the Opposition Questions.»

SERVIÇO PÚBLICO: Aristides Sousa Mendes, a construção de um mito (2) - "Raramente a verdade é pura, e nunca é simples"

Citei há três semanas um artigo Sousa Mendes no Panteão: justifica-se? de Rodrigo de Sá-Nogueira Saraiva, publicado no jornal Nascer do Sol, pelo gosto da desmistificação porque visava reduzir o mito do herói Aristides à sua suposta real dimensão.

Acontece que no sábado passado, o mesmo jornal publicou o direito de resposta de um familiar de Sousa Mendes que coloca em causa as principais conclusões do artigo de Sá-Nogueira Saraiva. 

Pelo meu gosto pela verdade, só possível pela prática do contraditório, gosto que supera o da desmistificação, resolvo agora encaminhar quem leu o post anterior para a resposta de António de Moncada Sousa Mendes, que desta vez tem um link que me dispensa de citação.

17/11/2021

Dúvidas (324) - Será o Wokeismo um Transtorno obsessivo-compulsivo ou Esquizofrenia paranóide? (II)

Se exibir em aulas um filme em que o actor britânico Laurence Olivier surge com a pele escurecida para representar o mouro Otelo na peça homónima de Shakespeare obriga um professor a abandonar o seu cargo na Universidade do Michigan, a que deveriam os áctivistas obrigar Lynsey Miller, o realizador da série Ana Bolena, que para protagonizar uma das mulheres branquíssimas de Henrique VIII, que ele mandou executar em 1536, escolheu a actriz e áctivista negra Jodie Turner-Smith? 

Pela mesma ordem de razões deveriam exigir a Lynsey Miller que apresentasse desculpas à minoria branca (1/6 da população mundial e a descer), ou não? Não. Pelo contrário, Miller foi muito elogiado, sobretudo pelo Guardian que com uma pirueta de quase cinco séculos fez equivaler a suposta marginalização dos Bolenas - uma delas foi rainha -, à suposta marginalização de uma person of colour, corporizada numa actriz jamaicana a quem são creditadas 25 participações em filmes e séries.

ARTIGO DEFUNTO: Como dar boas notícias insultando a inteligência dos leitores (que a têm). Ou pode ser ignorância

Com a verdade me enganas
Provérbio popular
P'ra a mentira ser segura 
e atingir profundidade, 
tem de trazer à mistura  
qualquer coisa de verdade
António Aleixo
Já tinham havido em Setembro celebrações do «segundo maior crescimento da UE no segundo trimestre» em termos homólogos, sem que quase ninguém tenha referido que isso só foi possível pela queda histórica de -16,5% no segundo trimestre de 2020

Naquele caso tratava-se do crescimento homólogo, isto é do crescimento do segundo trimestre de 2021 comparado com o segundo trimestre de 2020. Agora tivemos a segunda vaga das comemorações, desta vez do segundo maior crescimento em cadeia, ou seja o crescimento no segundo trimestre deste ano comparado com trimestre anterior. Alguns exemplos de títulos glorificando o feito:
Desta vez também quase ninguém (com excepção do Negócios) assinalou que a segunda maior subida do crescimento no segundo trimestre em relação ao primeiro foi apenas devida ao facto de no primeiro trimestre ano a queda homóloga (-5,4%) ter sido a maior da Europa e a queda em cadeia (-3,3%) ter sido a terceira maior.

Eis um exemplo de realidade alternativa criada «pela mais poderosa organização de comunicação desde há muitas décadas».

16/11/2021

SERVIÇO PÚBLICO: A realidade alternativa criada "pela mais poderosa organização de comunicação desde há muitas décadas"

«Verdade é que a fantasia é a última a morrer. Vivemos, há uns anos, tempos de crença. Os socialistas de António Costa estão absolutamente convencidos de que a realidade que vêem todos os dias nos jornais e nas televisões é verdadeira. Esquecem-se do simples facto de que foram eles que lá colocaram grande parte dos dados e das informações. Que parecem tanto mais verdade quanto as alternativas não existem. O que o PSD, o CDS e o Chega afirmam não tem sustento nem merece confiança. O que o Bloco e o PCP garantem é do domínio do irreal. O que faz com que o Governo e o PS não necessitem de ser rigorosos, nem coerentes, muito menos verdadeiros. O governo e os Socialistas são incapazes de provar o que, sem pestanejar, afirmam sobre o nível de vida dos portugueses (a subir, dizem…), sobre a pobreza em Portugal (a descer…), sobre o emprego (a dilatar…), sobre o investimento privado nacional e estrangeiro (a crescer…), sobre o êxito escolar (a aumentar…) e sobre os cuidados de saúde (a melhorar…). Nas suas melhores fantasias, aumenta o investimento público e privado na economia, na cultura e na ciência. E da dívida nem se fala. Nem da mediocridade do desenvolvimento das duas décadas do século XXI.

O governo é incapaz de criticar o que há de mais negativo na realidade, a não ser que possa dizer que a culpa é dos governos anteriores. Como os socialistas gostam de dizer, desde o inefável Sócrates, a realidade socialista é uma narrativa confirmada pela mais poderosa organização de comunicação desde há muitas décadas.»

Excerto de Acreditar em si próprio, António Barreto no Público

15/11/2021

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (111) - A Passarola Afundada (III)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

República dos Bananas. Precisa-se de um Coronel Tapioca

Quando se pensava que as instituições não poderiam descer mais baixo, surge o caso do tráfico de diamantes, ouro e etc. perpetrado por um gangue dos Comandos participando numa missão da ONU na República Centro-Africana. O caso envolve uma teia que começa com um miúdo de Camarate que se alistou para fazer bodybuilding e uma mulher misteriosa que alegadamente o aliciou, continua com soldados, sargentos e oficiais dos Comandos, gente da GNR e da PSP, bancários, empresários e tutti quanti, passa pela Guiné-Bissau e por Angola, e acaba não se sabe onde, algures em Amsterdão ou Antuérpia.

A comédia inclui um ministro da Defesa que durante quase dois anos, invocando, acredite-se ou não, o segredo de justiça, não informou o primeiro-ministro, que diz não saber de nada, nem o presidente da República - por acaso comandante supremo da tropa segundo a Constituição - que garantiu que o caso «não atinge minimamente o prestígio das Forças Armadas» e considerou que investigá-lo «só as prestigia em termos internacionais». É demasiado até para S. Ex.ª


Garantiu o Dr. Siza Vieira a propósito da melhoria de umas décimas nas previsões da CE. É uma opinião bastante questionável, desde logo porque a mesma CE prevê um minúsculo crescimento em cadeia de 1,1% no quarto trimestre e a economia só atingirá o nível antes da pandemia em meados do próximo ano. Sem esquecer que o Dr. Centeno no seu poiso do BdP diz que a economia em Outubro cresceu menos de 1%, e ainda que a produção industrial em Agosto caiu 7,2% em Portugal e subiu 5,3% na UE e em Setembro voltou a cair 4,8% em Portugal, em comparação com o mesmo período do ano passado, que já foi um ano mau.

Ineficiente, sempre. Ineficaz quando possível

Depois das trapalhadas do IVAucher, o governo resolveu continuar as trapalhadas com o AUTOvoucher para devolver 5 (cinco) euros por mês a cada português que comprar gasolina, chicletes, jornais, doces, sandes ou produtos de limpeza.

Enquanto sonha com o TGV, o pedronunismo exercita-se na CP com sucessivas avarias do sistema de controlo de velocidade que este ano têm atingido o Alfa Pendular obrigando a velocidade de circulação a ser reduzida para metade ou mesmo para um terço.

Não se pense, no entanto, que o governo tolera a ineficácia em todos os domínios. O Dr. Costa e os seus antecessores sabem perfeitamente que há um departamento governamental que tem de funcionar bem - a cobrança de impostos aos sujeitos passivos. Daí o desvelo pelos respectivos funcionários e os seus incentivos que este ano atingiram o máximo previsto de 5% do valor das execuções fiscais - quase 900 milhões de euros.

14/11/2021

Dúvidas (323) - Estará a inflação a caminho?

Um pouco por todo o mundo os preços estão a aumentar. Os preços na produção industrial na União Europeia registaram um aumento homólogo de 16,2% em Setembro, sobretudo devido aos preços da energia que aumentaram 40,1%. Os mesmos preços na China também dispararam (ver gráfico seguinte). 

Fonte

Na OCDE a taxa de inflação homóloga em Setembro subiu para 4,6% puxada pelos preços da energia que aumentaram 18,9%. O índice dos preços de produtos agrícolas da FAO atingiu o valor mais elevado em dez anos. Nos EU nos preços registaram em Outubro um aumento homólogo de 4,6% (ver gráfico).

Fonte

Também nos EU a inflação foi puxada pelos preços da energia e ainda pelos veículos usados (devido à queda da produção automóvel pela escassez de chips).


Será puramente conjuntural o aumento da inflação pelos impactos directos e indirectos da pandemia? Talvez não. Pela primeira vez numa década os salários estão a subir na OCDE acima da inflação (ver gráfico).
  
Fonte

E no caso dos EU, os maiores aumentos estão a ser registados nos salários mais baixos (ver gráfico).

Fonte

Talvez estejamos a assistir a uma mudança estrutural induzida pela pandemia, mas também aparentemente sustentada por uma mudança de atitude em relação à deslocalização para a China da produção dos países industriais ocidentais motivada pela desconfiança, pelo receio justificado da dependência de uma superpotência tirânica cada vez mais agressiva, mudança também facilitada pela crescente redução do diferencial de preços e salários e da competitividade chinesa. 

Mais previsível é a resposta ao aumento da inflação obrigar os bancos centrais ao abandono do quantitative easing, medida não convencional inevitável nos anos seguintes à crise de 2008 mas a prazo com consequências negativas que no (Im)pertinências se têm vindo a sublinhar desde 2014.

Como será o futuro? Não sabemos, pois se até o passado é imprevisível, como dizem os russos, com boas razões, e poderiam dizer os chineses, com ainda melhores razões. Só sabemos que será diferente do passado, como poderia ter dito o Senhor de La Palice se lhe tivesse ocorrido tal coisa.

13/11/2021

ARTIGO DEFUNTO: O jornalismo de causas como câmara de eco dos áctivismos

Numa peça publicada há dias sobre a área de plantação de eucaliptos, além duma porção de disparates, como habitualmente nestas questões que fazem parte das agendas dos áctivismos esquerdistas, o Público presta-se a ser câmara de eco de uma carta aberta ao governo de oito associações, incluindo a ACRÉSCIMO (uma fachada para um sujeito com uma história de slalom ideológico) e a CLIMÁXIMO (uma sucursal do BE "gerida" pelo genro do Dr. Louçã), além das habituais GEOTA, QUERCUS e ZERO e ainda três outras menos mediáticas.

(Pode ler-se no Corta-fitas a autópsia da peça do Público por Henrique Pereira dos Santos)

12/11/2021

DIÁRIO DE BORDO: A aversão ao risco é um convite ao autoritarismo e uma ameaça à democracia liberal

 «A verdadeira ameaça à sobrevivência da democracia não são grandes desastres como a guerra. São perigos comparativamente menores, que na natureza das coisas ocorrem com mais frequência. Isso pode parecer paradoxal. Mas reflita por um momento. Quanto mais rotineiros os perigos dos quais exigimos proteção, mais frequentemente essas demandas surgirão. Se conferirmos poderes despóticos ao governo para lidar com os perigos, que são uma característica comum da existência humana, acabaremos fazendo isso a maior parte ou o tempo todo. É porque os perigos contra os quais agora exigimos protecção do estado são muito mais numerosos do que antes, que provavelmente levarão a uma mudança mais fundamental e duradoura em nossas atitudes em relação ao estado. Este é um problema mais sério para o futuro da democracia do que a guerra.

Surge por causa da crescente aversão das sociedades ocidentais ao risco. Ansiamos por proteção contra muitos riscos inerentes à própria vida: perdas financeiras, insegurança econômica, crime, violência e abuso sexual, doenças, lesões acidentais. Mesmo a pandemia tardia, por mais séria que tenha sido, estava dentro da ampla gama de doenças mortais com as quais os seres humanos sempre viveram. Certamente está dentro da ampla gama de doenças com as quais devemos esperar viver no futuro.

Apelamos ao estado para nos salvar dessas coisas. Isso não é irracional. De certa forma, é uma resposta natural ao notável aumento da competência técnica da humanidade desde meados do século XIX, que aumentou consideravelmente a gama de coisas que o Estado pode fazer. Como resultado, temos expectativas excessivamente altas em relação ao estado. Estamos menos inclinados a aceitar que há coisas que ela não pode ou não deve fazer para nos proteger. Para todos os perigos, deve haver uma solução governamental. Se não houver nenhuma, isso significa falta de competência governamental.

As atitudes em relação à morte fornecem um exemplo notável. Poucas coisas são tão rotineiras quanto a morte. “No meio da vida, estamos na morte”, diz o Livro de Oração Comum. No entanto, as possibilidades técnicas da medicina moderna com financiamento público nos acostumaram à ideia de que, exceto na velhice extrema, qualquer morte por doença é prematura e que toda morte prematura é evitável. Começando como um evento natural, a morte se tornou um sintoma de fracasso social.

Nas condições modernas, a aversão ao risco e o medo que a acompanha são um convite permanente ao governo autoritário. Se responsabilizarmos os governos por tudo que dá errado, eles tirarão nossa autonomia para que nada dê errado. Tivemos uma demonstração espetacular disso durante a pandemia, onde medidas coercitivas com efeitos radicais em nossas vidas foram tomadas por ministros com forte apoio público, mas com mínimo contributo parlamentar. Um ministro me disse há alguns meses que considerava a democracia liberal um instrumento inadequado para lidar com uma pandemia e que algo mais “napoleônico” era necessário. Ele estava fazendo uma afirmação mais significativa do que imaginava. O que quer que se pense sobre isso - e minhas próprias opiniões são bem conhecidas -, sem dúvida, marca uma mudança significativa em nossa mentalidade coletiva.»

When fear leads to tyranny, Jonathan Sumption, ex-juiz do Supremo Tribunal do Reino Unido

11/11/2021

ESTADO DE SÍTIO: E agora? Irá o Dr. Costa tentar reconstruir um novo Bloco Central com os tijolos do Muro de Berlim? É homem para isso (3) - Caso ainda persistissem dúvidas, o Dr. Rio já as eliminou

Admiti que o Dr. Costa tentasse aliciar o Dr. Rio para com ele reconstruir um novo Bloco Central. Três dias depois Dr. Rio sentiu o chamamento e chegou-se à frente. Como se pudesse haver dúvidas, o Dr. Rio foi ontem à SIC desfazê-las explicando que se o PS ganhar sem maioria está disponível para negociar e nem vê necessidade de integrar o governo. 

É claro que o quid não está na declaração em si, porque é evidente que numa democracia qualquer partido tem de estar disponível para negociar com quase todos os outros sobre quase tudo. O quid reside no facto de, sendo isso evidente, se antes das eleições o líder de um partido com aspirações a governar com um programa próprio sente necessidade de dar essa garantia ao líder do principal adversário está a fazer uma declaração de desistência e admissão antecipada de derrota e, em em consequência, a pôr-se a jeito para perder as eleições.

Proposta Modesta Para Evitar que os Áctivistas Desperdicem Acções e Indignações (9) - Áctivistas das mudanças climáticas ide manifestar-vos para a Praça Tiananmen e levai convosco Barack Obama

Outras propostas modestas

[Em 1729 Jonathan Swift publicou um panfleto satírico com o título longo e insólito A Modest Proposal: For Preventing the Children of Poor People in Ireland from Being a Burden to Their Parents or Country, and for Making Them Beneficial to the Public.]

Desta vez, trata-se de uma Proposta Modesta de Jeremy Clarkson, um produtor e apresentador de programas de automobilismo na televisão britânica (Top Gear), conhecido pelo seu humor corrosivo agora aplicado à menina Greta e seus seguidores. 
The Times

Entre os seguidores da menina Greta deve incluir-se o ex-POTUS Barack Obama cuja participação na COP26 foi assim apropriadamente descrita por João Marques de Almeida:
«Mas o momento mais cínico foi a ida de Obama a Glasgow para rivalizar com a Greta. E qual foi a estratégia do antigo Presidente norte Americano para competir com a Greta? Foi o regresso a uma espécie de virgindade política. Em Glasgow, discursou como um activista. Mas muitos ainda se lembram da Cimeira de Copenhaga, no final de 2009, quando Obama era Presidente norte americano e se juntou à China para travar as propostas europeias sobre o combate às alterações climáticas. Eu lembro-me. Estava lá. Recordo-me bem do choque e do espanto dos líderes europeus. Que falta fez o Obama de Glasgow em Copenhaga. Mais um antigo líder que tem soluções brilhantes depois de deixar o poder

10/11/2021

DIÁRIO DE BORDO: Não é o consenso que evitará o colapso das nossas sociedades. É a aceitação de que o consenso não é possível

«O que nos mantém unidos como sociedade é precisamente o meio pelo qual fazemos as coisas. Uma vez que provavelmente nunca chegaremos a acordo sobre questões de princípio controversas, não é o consenso o que nos mantém unidos, mas sim o respeito comum por um método de resolver nossas diferenças, quer aprovemos ou não as decisões resultantes.»

When fear leads to tyranny, Jonathan Sumption, ex-juiz do Supremo Tribunal do Reino Unido (apud Blasfémias)

09/11/2021

As Forças Armadas dão o exemplo de iniciativa comercial no estrangeiro

«A Polícia Judiciária deteve, esta segunda-feira, 10 pessoas durante as buscas em 100 locais em todo o país por suspeitas de tráfico de diamantes e ouro em missões militares noutros países, como na República Centro-Africana (RCA).

Os militares sob suspeita utilizariam os meios aéreos das missões ao abrigo da Nações Unidas para fazer o transporte para a Europa. O objetivo final era fazer chegar os produtos à Antuérpia, na Bélgica.» (SIC)

É por esta e por outras que se diz que as FA são o Espelho da Nação, Nação agora ocupada pelo Estado sucial parasitado por apparatchiks socialistas.

Como tentar cumprir o plano de vacinação, apesar de tudo? Resposta: um dia de cada vez (67) - Quem disse que o Sr. Almirante poderia ir de férias?

Eu disse, mas estava enganado. A coisa entregue a apparatchiks sem diligência nem competência não pode correr bem. A informação diária do número de vacinados deixou de ser actualizada no site da DGS e foi substituída nos mídia do regime por uma onda de louvaminhices e celebrações do tipo «portugueses no topo do mundo», enquanto o caos recomeçou a instalar-se.


Veja-se como exemplo o vídeo que um amigo filmou cerca das 17H de ontem no pavilhão 3 do Estado Universitário em Lisboa mostrando o «caos total (...) ainda agora passou um bombeiro com o anúncio - marcações entre as 15.30 e as 16.00! Misturaram as marcações ao minuto com o regime do sempre cabe mais um!»

08/11/2021

Crónica da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa (110) - A Passarola Afundada (II)

Avarias da geringonça e do país seguidas de asfixias

«Uma Exponoivos para startups»

«A Web Summit é uma Exponoivos para startups. É uma feira, ponto (...) e não é uma feira que vai levar a que se chegue lá», foi assim que o fundador da Remote, o quinto unicórnio lançado por portugueses, se referiu à Web Summit, onde não se deu ao trabalho de participar.

Foi este ano, mais uma vez, um show off muito celebrado por deslumbrados que deliram com um evento que, sendo sem dúvida um bom meio de promover o turismo, é por eles visto como uma fábrica de unicórnios, num país onde quando a verdadeira vocação do Estado sucial não é lançar empresas de sucesso mas manter empresas falidas.

A vocação empresarial do Estado sucial é a promoção de zombies

A EFACEC é um dos exemplos mais recentes. Depois de ser nacionalizada por um governo do PS que sucedeu a outro governo do PS que facilitou a entrada de Isabel dos Santos na empresa, a EFACEC está para ser vendida desde Julho do ano passado, enquanto lá vai sendo injectado dinheiro emprestado pelos bancos com garantias do Estado que já somam 110 milhões.

A Dielmar é outro exemplo. Escrevi que a oferta 25 vezes maior do que a dos empresários desistentes apresentada há duas semanas era uma coisa perfeitamente lunática e, nem de propósito, poucos dias depois veio a saber-se que o autor da proposta estava acusado de burla e falsificação. Entretanto, um outro interessado Outfit 21 desistiu da compra por não ter conseguido financiamento e os sindicatos acusam o Dr. Costa de na campanha para as autárquicas ter lá ido garantir que a Dielmar era para salvar, o que desabona tanto o Dr. Costa pelas suas promessas vãs, como os sindicatos pela sua credulidade.

O Hospital da Cruz Vermelha é um exemplo muito mais antigo. Falido e nacionalizado em 1998 por outro governo socialista - o do Eng. Guterres, agora entronizado em ambientalista global - está novamente falido depois de lá enterrados muitos milhões pela Parpública que entretanto vendeu a sua participação à Santa Casa da Misericórdia. O HCV é agora gerido pelo Dr. Francisco Ramos - o apparatchik socialista que esteve a descoordenar a task force da vacinação antes de terem de a entregar ao Vice-Almirante - e acrescentou ao passivo de 48 milhões mais 4 milhões de prejuízos no 1º semestre.

Take Another Plan. TAP, o laboratório do Dr. Pedro Nuno

Quanto à TAP, o zombie dos zombies, o plano de reestruturação apresentado no final do ano passado continua por aprovar em Bruxelas o que mais do que atraso parece significar desaprovação por falta de aprovação, uma espécie de pocket veto da Comissão Europeia. Entretanto, a TAP depois de ter despedido vários directores com grande experiência teve de contratar outros e acabou de receber mais 100 milhões, subindo para 564 milhões o dinheiro recebido este ano.

07/11/2021

CASE STUDY: A bidenlogia não é uma alternativa à trumpologia. É diferente mas igualmente negativa

Enquanto esteve acordado na COP26 em Glasgow, Biden fez prelecções sobre as mudanças climáticas à China e à Rússia que nem o Imperador Xi nem o Czar Vladimir se dignaram presenciar. Enquanto isso o candidato que apoiou fortemente perdia a eleição para governador da Virgínia, um Estado tradicionalmente democrata. A retirada do Afeganistão foi um desastre sem apelo e enquanto a China ameaçava Taiwan a administração Biden anunciava eufórica a nomeação do primeiro almirante de quatro-estrelas transgénero

Lá em casa o programa de vacinação está a patinar e o número diário de mortes aumentou, o seu projecto de investimento maciço em infraestruturas, que será financiado com um aumento sem paralelo de impostos, continua a aguardar aprovação do Congresso e as suas medidas para impedir a entrada ilegal de imigrantes não se distinguem das de Trump.
As coisas não parecem correr bem a um Biden com quase 80 anos, dois aneurismas cerebrais e uma senilidade cada vez mais difícil de esconder. Biden que foi o presidente eleito com maior número de votos da história americana é hoje um dos presidentes mais impopulares.

Rasmussem Reports

Por esta altura a taxa de aprovação de Biden é inferior à de Donald Trump na mesma altura. A vice-presidente Kamala Harris, apoiada por progressistas e adeptos da cancel culture, rivaliza com Biden nos disparates e, por inacreditável que pareça, é a responsável directa pelas medidas de imigração que ela e os seus apoiantes demonizaram.

06/11/2021

DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Web Summit - as 200 mil dormidas já ninguém nos tira (9) - Uma Exponoivos no "país unicórnio"

Uma sequela de (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7) e (8)

Recapitulando: o número estimado de participantes estrangeiros entre 2016 e 2019 foi 50, 59, 60 e 77 mil, respectivamente, e em 2021 não atingiu 43 mil. Apesar disso, já concedi que umas dezenas de milhar de visitantes que por cá apareçam para ver o show de várias luminárias, incluindo o extra-programa do presidente Marcelo a agitar-se no palco, gastem umas dezenas de milhões de euros, vá lá uns cento e tantos milhões (as estimativas para 2019 apontam para um VAB entre 58 a 96 milhões), justificando assim os 11 milhões que o governo paga com o nosso dinheiro ao Paddy. Quanto aos intangíveis, que por serem intangíveis nunca ninguém os vai tanger, esses, como já aqui escrevi, são insultos à inteligência.

Volto agora aos impactos intangíveis a propósito das declarações exuberante do director executivo da Startup Portugal que na sua comunicação da Web Summit anunciou o 5.º unicórnio [a Remote] e concluiu que «temos mais do que Espanha, Grécia e Itália juntos. Estamos a ficar conhecidos como um país unicórnio, mas isso é uma forma de cativar a atenção.» 

Como escrevi num outro post sobre a fábrica de unicórnios do Dr. Moedas, a nacionalidade dos fundadores só é considerada na Complete List Of Unicorn Companies da CBInsights quando a sede da startup se situa fora dos Estado Unidos. Por isso se, como suspeito, espanhóis, gregos e italianos não sofrem tão intensamente de «uma vontade de exibição que toca as raias da paranoia» nas palavras sábias de Eduardo Lourenço, não se preocuparam a catar na lista as startups fundadas por nacionais dos respectivos países.

Como que a repor as coisas no seu lugar, o fundador da Remote, o 5.º unicórnio anunciado pelo excitado director executivo da Startup Portugal, não se deu ao cuidado de comparecer na Web Summit e explicou que um unicórnio «faz-se com negócio real (...) a Web Summit é uma Exponoivos para startups. É uma feira, ponto (...) e não é uma feira que vai levar a que se chegue lá». Estamos conversados, ponto.

05/11/2021

ACREDITE SE QUISER: Ele disse fábrica de unicórnios. E não pode ser só uma oficina?

Só agora me dei conta da intenção do Dr. Moedas, como presidente da câmara de Lisboa, montar uma «fábrica de unicórnios, onde vamos ensinar os detalhes e os processos, e fazer dos sonhos grandes negócios, criar empregos e mudar o mundo e ter propósito. É isso que a Fábrica de Unicórnios será.»

Suponho que o Dr. Moedas chama unicórnios às startups tecnológicas avaliadas em mais de mil milhões de dólares, das quais segundo a Complete List Of Unicorn Companies da CBInsights há em todo o mundo cerca de 900 e entre elas não se encontra nenhuma classificada como portuguesa.

É claro que isso é o ponto de vista da Complete List, já que para a imprensa portuguesa existem quatro unicórnios portugueses, a saber: Farfetch, Talkdesk, OutSystems e Feedzai. Com excepção da Farfetch, que não consta da lista, as outras três são consideradas pela CBInsights como americanas porque foram criadas, operam e se financiam nos Estados Unidos e a nacionalidade dos fundadores só é considerada quando a sede da startup se situa no exterior.

Seja como for, para os jornalistas portugueses e, pelos vistos para o Dr. Moedas, sendo os portugueses os melhores dos melhores, independentemente de onde têm lugar, todos os seus feitos contam para o engrandecimento da Pátria e por isso com quatro unicórnios já estamos acima dos 1,2 que nos caberiam na proporção dos residentes em Portugal. 

Ainda assim, estamos muito longe dos 22 unicórnios israelitas, que seriam certamente muitos mais se a nacionalidade dos fundadores contasse no critério da CBInsights. Tudo isto sem que se saiba ter o presidente da câmara de Telavive montado uma fábrica de unicórnios, como o Dr. Moedas pretende montar, e que bem se poderia ser substituída por uma simples oficina de unicórnios mais em linha com as nossas posses.

04/11/2021

DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Web Summit - as 200 mil dormidas já ninguém nos tira (8) - Os efeitos deletérios do tempo nos delírios

Uma sequela de (1), (2), (3), (4), (5), (6) e (7)

Retomo esta série recapitulando: já concedi que umas dezenas de milhar de visitantes (o número estimado de participantes estrangeiros entre 2016 e 2019 foi 50, 59, 60 e 77 mil, respectivamente) que por cá apareçam para ver o show de várias luminárias, incluindo o extra-programa do presidente Marcelo a agitar-se no palco, gastem umas dezenas de milhões de euros, vá lá uns cento e tantos milhões, justificando assim os 11 milhões que o governo paga com o nosso dinheiro ao Paddy. Quanto aos intangíveis, que por serem intangíveis nunca ninguém os vai tanger, esses, como já aqui escrevi, são insultos à inteligência.

Para de seguida corrigir: os cento e tantos mil participantes e as 200 mil dormidas este ano são bastante menos porque o número de participantes foi inferior ou mesmo muito inferior ao dos anos anteriores e não atingiu 43 mil.

E acrescentar que, confirmando as reservas que desde 2016 venho apresentando aos impactos anunciados pelo jornalismo de causas e louvaminhados pelo comentariado do regime, o estudo «Avaliação do Impacto da Web Summit» da Universidade do Minho concluiu que da Web Summit resultaram os seguintes Valores Acrescentados Brutos (arredondados para milhões de euros) para os cenários menos e mais optimista:

  • 2016..... 44 a 73
  • 2017..... 50 a 82
  • 2018..... 58 a 95
  • 2019..... 58 a 96

Repare-se na amplitude dos intervalos entre os cenários sugerindo que estamos no domínio da realidade virtual, ou pelo menos da realidade aumentada.

Curiosamente, o estudo de 2021 da Universidade do Minho chegou a números muitíssimo inferiores (menos de metade) aos do cenário mais pessimista do estudo de 2018 «Impacto Económico da Web Summit 2016-2028» do Gabinete de Estratégia e Estudos do Ministério da Economia que em devido tempo aqui citei, cenário que na altura considerei o mais realista, mas afinal nem por isso. Aposto singelo contra dobrado que se em 2024 vierem a ser realizadas novas estimativas estas serão muito inferiores ao do estudo de 2021.

Confrontado com estas conclusões, o Paddy começou por dizer que não comentava para de seguida fazer o comentário mais desonesto que lhe ocorreu: «o relatório, a meu ver, tem a ver com as eleições».

03/11/2021

Mitos (316) – Os meninos são iguais às meninas (REPUBLICAÇÃO)

Gavin Newsom, um darling progressista governador da Califórnia que escapou em Setembro a um recall que visava a sua demissão por incompetência na resposta à pandemia, assinou em Outubro uma lei que obriga a partir de 2024 os grandes retalhistas com mais de 500 empregados a criar nas suas lojas, além das secções de "meninos" e "meninas", uma secção de brinquedos «gender-neutral». (Los Angeles Times

Há uns anos escrevi um post sobre este tema que, por se manter actual, agora republico. Aqui vai ele: 

Os meninos são iguais às meninas? Só se forem os meninos gays, que para efeitos práticos não são meninos. Durante décadas, desde que existe a Lego, 90% das vendas dos seus brinquedos foram para rapazes. Para as vendas de brinquedos para raparigas atingirem 25% do total foi preciso a Lego lançar o «Lego Friends».

Um defensor da tese das diferenças entre sexos (e não entre géneros, como diz essa tralha do politicamente correcto, porque género são todos do homo sapiens) se deverem à nurture e não à nature, ao saber daquele facto e olhar para a caixa do Lego Friends se não mudar de ideias deveria bater com a sua atrapalhada mona cem vezes na parede.



Se não bastasse a experiência da Lego, poderíamos acrescentar a da Hasbro que para vender bonecas aos rapazes teve que inventar o GI Joe e os bonecos Star Wars, e para vender brinquedos para rapazes às raparigas teve que os redesenhar, introduzindo temas femininos e, claro, dar-lhes tons cor-de-rosa.

02/11/2021

DEIXAR DE DAR GRAXA PARA MUDAR DE VIDA: Portugueses no topo do mundo (44) - «Nós somos bons, muito bons. Somos os melhores dos melhores», a confirmação

Outros portugueses no topo do mundo.

Um curto inventário só dos últimos três meses e picos, confirmando a asserção de S. Ex.ª o PR citada no título:
«Os Portugueses vivem em permanente representação, tão obsessivo é neles o sentimento de fragilidade íntima inconsciente e a correspondente vontade de a compensar com o desejo de fazer boa figura, a título pessoal ou colectivo. A reserva e a modéstia que parecem constituir a nossa segunda natureza escondem na maioria de nós uma vontade de exibição que toca as raias da paranoia, exibição trágica, não aquela desinibida que é característica de sociedades em que o abismo entre o que se é e o que se deve parecer não atinge o grau patológico que existe entre nós.»
Eduardo Lourenço, um pensador já falecido