Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

16/10/2020

Lost in translation (340) - O dilema de uma republicana

Entendamo-nos, vejo as escolhas políticas como um exercício de racionalidade e de realismo inspirado numa certa visão ética. Em termos práticos, essas escolhas traduzem-se a maior parte das vezes na escolha do menor dos males. Felizmente não voto nas eleições americanas - nem eu nem nenhum dos tugas que andam por aí a fazer comentários incendiários possuídos por uma qualquer verdade - já me chegam os dilemas de quem vota nas eleições portuguesas.

Percebo por isso o dilema de uma americana que sempre votou Partido Republicano, incluindo nas últimas eleições presidenciais, e está agora, sabendo o que agora sabe, perante uma escolha difícil. Trata-se de Kate Andrews, correspondente de economia em Londres da revista The Spectator, que se explica no artigo Why this lifelong Republican has to vote for Biden, do qual respigo alguns excertos, cuja leitura não recomendo a quem o Espírito Santo da política já tenha tocado. No lugar dela também teria ponderado que a escolha Biden e Harris tem uma probabilidade significativa a prazo de se transformar na escolha de Kamala Harris.

«(...) Yet I’m voting for Joe Biden and Kamala Harris.

I know their economic policies will make America poorer, especially as the economy tries to recover from Covid-19: the tax rises and the huge increase in spending (the kind that Senator Biden used to be wary of). And this is now the moderate wing of the party. Biden’s VP pick is further to the left. Harris’s approach to governing would be even more top-down and interventionist. Her politics and mine — I’m a liberal in the British sense of the word — are about as far apart as one can get.

But what about the alternative? What about Donald Trump? The nastiness, unkindness, the racism and misogyny, the way he always punches down rather than up — it’s the antithesis not just of my politics, but of the America I love. His supporters claim his remarks are taken out of context by his opponents in the media, that what he says is made to sound worse than what he meant. But we’ve all watched enough clips to know that the President needs no embellishment. The only way to pretend he didn’t propose a ban on Muslims coming to the United States is to close your eyes and pretend you didn’t read it on his campaign website. The only way to claim he didn’t mock a reporter’s physical disability is to look away and pretend it never happened. (...)

This isn’t to say I begrudge Trump voters. The vitriol thrown at them often mirrors how the President treats his critics. And his supporters are right to point to his policy successes. Trump’s tax reforms have resulted in companies big and small hiking wages and dishing out bonuses to American workers. It’s not a terrible surprise to us free-market lot, but his combination of lower taxes and light-touch regulation produced a booming economy before the virus hit. Last year saw a spectacular 6.8 per cent rise in household median income, the highest increase since records began. His less interventionist stance on the world stage has saved countless lives abroad. The First Step Act has done more to reform criminal justice — and help non-violent offenders rehabilitate — than any Republican or Democrat policy in years.

In this sense the President has been good for America and I have asked myself many times if I can separate the man from his words, hold my nose and cast my vote for the continuation of these policies. The answer is always no, because what is at stake is bigger than the economy, bigger than any piece of legislation that could cross the President’s desk. The social fabric of America is coming undone, and if it unravels much more, I fear it won’t be possible to stitch it back together.

I’ve never felt further away from my home country than I did this summer, sitting in my London flat during lockdown, watching on TV as the divisions that had been stoked in American society for years reached breaking point. Trump thrives on chaos and ego: after the murder of George Floyd he quickly made the protests and the riots about him personally, as if he were the victim of police brutality, or as if setting fires to shops and cars was more of an attack on him than on the Americans watching their businesses and possessions burn to the ground. (...)

This is the culture that arises when a nation’s leader never embraces humility, compromise or anything remotely resembling a statesmanlike demeanour. The first presidential debate reminded me once again that Trump has not bothered to learn any of these lessons: the interrupting, yelling and spin were bad enough, but the dismissal of Beau Biden — when the former vice president was paying tribute to his late son — was one of Trump’s most inhumane moments to date. It’s hard to imagine how a person could stoop much lower, yet I can’t help but think that, given four more years, Trump wouldn’t hesitate to show us.»

7 comentários:

mnvs disse...

Olhando para o que ela própria apresenta dos dois lados...eu votaria Trump. Porque? Para exatamente preservar a sociedade americana que ela aprecia e deseja manter. A destruição dessa sociedade será muito mais significativa com o Biden e terrífica com a sua VP.
Estranho que alguém que apresenta estás duas visões da América/Candidatos decida no fim pelo Biden. Makes no sense!

Anónimo disse...

Caro Impertinente

Pode ouvir varios testemunhos sobre ex-democratas

#Walkaway

Video do criador do movimento:

https://youtu.be/1AkbfmMNVP8

Um de muitos
https://youtu.be/QMpVzxVDVbs

Anónimo disse...

The nastiness, unkindness, (um traço que nada altera os resultados politicos a obter. Eu gosto da combatividade, da falta de papas na Limgua)
the racism and misogyny, [Mentira, nunca o vi desvalorizar ninguem em função da raça ou sexo] [como homem acho perfeitamente normal gostar de mulheres, e até o grab consigo estar de acordo com o statement]
the way he always punches down rather than up — it’s the antithesis not just of my politics, [MAGA é cpuchar para baixo]

but of the America I love. His supporters claim his remarks are taken out of context by his opponents in the media, that what he says is made to sound worse than what he meant. But we’ve all watched enough clips to know that the President needs no embellishment.

e? viu clips, ou viu os discursos?

The only way to pretend he didn’t propose a ban on Muslims coming to the United States is to close your eyes and pretend you didn’t read it on his campaign website. O escurtinuo deve existir e efetivamente não foi a muçulmanos foi a países que efetivamete era muçulmanos. Para mim não há racismo. Como fechar as fronteiras no caso do COVID, eram a origem de terroristas.

The only way to claim he didn’t mock a reporter’s physical disability is to look away and pretend it never happened. (...) isto já foi debunk muitas vezes, há videos dele a fazer o mesmo com 20 anos, e nunca foram a fazer "pouco" de deficientes. Este até é um dos casos em que muitos democratas vão votar nele.

Esta colunista está em Inglaterra há muito, deve ler:

The Power of Powerless de valak Havel,

está a sinalizar ao empregador que é uma GOP envergonhada

A contracorrente é o Trump não é o Biden O bidem é mais socialismo.


Anónimo disse...

O movimento #Walkaway referido no primeiro comentário parece de facto uma iniciativa positiva inspirada numa visão política que qualquer pessoa decente aprovará sem hesitação. Há, contudo, um pequeno e um grande problema.

O pequeno problema é que quase tudo o que é criticado nos apoiantes do partido Democrata se encontra em muitos apoiantes do partido Republicano.

O grande problema é que não se encontram em Donald Trump quaisquer vestígios dessa mensagem de tolerância, pelo contrário o homem é quase uma caricatura do que o movimento #Walkaway justamente critica no partido Democrata.

Afonso de Portugal disse...

Quando uma fulana que se diz republicana aceita o empobrecimento do seu país em nome do seu pavor infantil aos gambozinos ("misoginia" e "racismo" do Presidente Trump), está tudo dito acerca da capacidade intelectual da criatura. Ou, talvez pior ainda, acerca da honestidade intelectual da criatura. A fulana deve ser parente da burrinha da Assunção Cristas...

E quanto a "comentários incendiários", quando se escreve meias-verdades e se omite as falhas gravíssimas dos adversários daqueles que se critica, torna-se inevitável que esses comentários apareçam. Eu só preciso de um argumento para não votar Biden (embora haja dezenas de argumentos para não votar nele): qualquer pessoa que defenda a implementação de (ainda mais) medidas de acção afirmativa, ou os terroristas Antifa/Black Lives Matter é um criminoso. Um CRIMINOSO!!!

Impertinente disse...

Caro Sr. Afonso de Portugal,
Admito que possa estar a ver mal, mas tenho dificuldade em distinguir os seus argumentos dos argumentos dos «terroristas Antifa/Black Lives Matter».

Afonso de Portugal disse...

Então não sei o que mais lhe posso dizer, caro Sr. Impertinente, desde logo porque ainda estou à espera de ser rebatido (e há já 4 anos que espero sentado), mas sobretudo porque o que escrevi é bem claro: um candidato que promete implementar ainda mais acção afirmativa nos EUA (Biden) será um presidente que legitimará a proliferação descontrolada das Joacines e dos Mamadous lá do sítio. Um presidente que estará, a troco de obtenção de dividendos políticos, a comprometer o futuro do seu país e das gerações que nele viverem, ao entregá-lo de bandeja àquilo que de pior existe na humanidade, o racismo disfarçado de anti-racismo e toda a sua clientela parasítica e anti-humana.

Tal como uma fulana que diz preferir empobrecer a apoiar um Presidente "racista" e "misógino" (coisas que Trump não é, nem nunca foi), merece inteiramente viver num regime como o Venezuelano. Justificar o empobrecimento do seu país, com as graves consequências que isso acarretaria para as classes económicas mais baixas, com a falácia da aversão ao “racismo” e à “misoginia” do presidente actual é pura e simplesmente lamentável.

E como demonstrei noutro comentário que deixei neste espaço, o programa político de Biden aumenta desmesuradamente o poder e a influência do Estado, bem como dos inimigos da Constituição e da liberdade. Biden é inimigo declarado da Primeira e da Segunda Emendas, as mais importantes de todo o sistema legal norte-americano. Por mais bronco que possamos achar Trump, as intenções políticas seus adversários são absolutamente inaceitáveis. Insisto, chegam a ser criminosas, na medida em que limitam os direitos dos cidadãos dos EUA.

Não me parece de todo que a minha argumentação seja comparável à dos antifas/black lives matter, porque a “argumentação” dessa gentalha assenta em pseudociência, quando não em mentiras. A mentira do ‘racismo institucional’, a mentira de que todos os brancos são culpados pela escravatura, a mentira de que os ricos são todos ladrões e malvados, a mentira do ‘patriarcado heteronormativo’, etc. A minha argumentação, pelo contrário, tem como base as declarações factuais e o programa político dos adversários do President Trump.

Eu raramente vi, nas milhares de críticas ao Presidente Trump que fui lendo ao longo dos anos, uma única menção às intenções totalitaristas da esquerda, muito menos uma condenação das mesmas. Nem mesmo o Sr. Impertinente, que até é bastante razoável e ponderado noutras questões, se atreve a falar acerca delas. Imagino que, provavelmente, não as considere relevantes, mas é precisamente aí que reside a diferença entre as pessoas como o Sr. (Im)pertinente e os eleitores/apoiantes de Trump. Nós sabemos que são relevantes. São mais relevantes do que tudo o resto!