«Torna-se, dado o descaramento ou o descuido, bastante ingrato defender o papel da imprensa num regime democrático quando ela se curva sistematicamente aos poderes do regime que devia contrabalançar. Acrítica e obediente, deixou de questionar e passou a comunicar, parou de analisar e resignou-se a narrar. O modo como tentou normalizar – e até abrilhantar – o recrutamento de Costa Silva diz muito do que é o jornalismo de hoje em Portugal. Descredibiliza-se e insulta-se a classe política, como se esta não estivesse habilitada a levantar o país de uma crise e fosse necessário convocar um providencial CEO para a empreitada. Desvaloriza-se a informalidade do convite, promovendo-se inconscientemente a falta de transparência, quando o propósito da comunicação social é justamente o contrário: responsabilização. Se olharmos para os últimos meses, reparamos como se foram criando exceções deste género para tudo – comemorações, concertos, regras e cargos –, enchendo assim a boca àqueles que lucram com um eleitorado cansado de viver debaixo de excecionalidades tão indevidas quanto incompreensíveis. Querem mesmo parar Ventura? Comecem por aqui.»
Excerto de Costas quentes, Sebastião Bugalho no Observador
A pletora de referências encomiásticas ao paraministro António Costa Silva e o acolhimento acrítico às dúzias de declarações que proferiu desde a nomeação são um indicador do grau de alienação e da ausência de independência da maioria dos mídia em relação ao polvo socialista que excedem o que os comunistas conseguiram durante o PREC, durante o qual, apesar de tudo, ainda havia algumas resistências nas redacções.
1 comentário:
Qual "jornalistas" , qual quê !
Designação genérica da classe, de alguns anos para cá : "câncios/as"...
Nalguns casos específicos, "nicolaus" ( in memoriam do saudoso, e chorado, Prof. Doutor Artur Baptista da Silva ).
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