«Não há narrativas fáceis para o que se passa há vários anos naquele país sul-americano, por muito que haja a tentação de tudo acantonar na habitual e simplista dicotomia bons e maus. Não há inocentes, na Venezuela. Não há, sequer, uma oposição. Há um conglomerado de oposições, quase sempre muito divididas como reflexo dos muitos e contraditórios interesses representados. E há um setor de extrema-direita, cada vez mais radicalizado, a assumir o palco, empurrado e alimentado por atores externos, cuja intervenção desejam.
A Venezuela vive uma situação política, social e económica desastrosa, seja quais forem as razões que cada um entenda privilegiar para justificar o caos instalado, com exponencial aumento da pobreza, colapso dos serviços públicos, hiperinflação e crescente violência nas ruas.»
A Venezuela vive uma situação política, social e económica desastrosa, seja quais forem as razões que cada um entenda privilegiar para justificar o caos instalado, com exponencial aumento da pobreza, colapso dos serviços públicos, hiperinflação e crescente violência nas ruas.»
Esta narrativa de Valdemar Cruz no Expresso Curto é o máximo que o jornalismo de causas que escrevinha nos jornais consegue produzir sobre o inferno chávista quando já é impossível esconder a realidade. Repare-se: simplista dicotomia bons e maus, não há inocentes, sector de extrema-direita (uma designação suave para fascismo), alimentado por actores externos (cá está Trump e o Império do Mal), seja quais forem as razões. E onde pára o socialismo chávista responsável pela miséria e pela opressão?
O que dizer a este branqueamento? Felizmente, por cá ainda não temos Jerónimo e Catarina em S. Bento e, por isso, podemos procurar a resposta dentro do próprio semanário de reverência onde coexistem jornalistas que não foram contaminado pela lengalenga esquerdista, como Henrique Raposo que há 5 meses escreveu no Expresso Diário:
«Em nome da tradição, os intelectuais de esquerda portugueses sempre apoiaram facínoras. Mas o apoio à Venezuela é um salto em frente. Não se trata de uma mera traição da decência e da verdade, é uma traição a centenas de milhares de portugueses ou de luso-descendentes, que, curiosamente, continuam por descobrir pelo jornalismo português. No fundo, no fundo, o português da Venezuela também tem um problema: não é grego, não foi “oprimido” por Merkel ou pela troika ou por Passos.»
«Em nome da tradição, os intelectuais de esquerda portugueses sempre apoiaram facínoras. Mas o apoio à Venezuela é um salto em frente. Não se trata de uma mera traição da decência e da verdade, é uma traição a centenas de milhares de portugueses ou de luso-descendentes, que, curiosamente, continuam por descobrir pelo jornalismo português. No fundo, no fundo, o português da Venezuela também tem um problema: não é grego, não foi “oprimido” por Merkel ou pela troika ou por Passos.»
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