Em consequência da queda histórica da coligação CDU/CSU-SPD nas eleições de domingo passado, várias alterações se irão verificar na política alemã. A primeira é o fim da coligação que governou a Alemanha nos últimos dezasseis anos, dos quais os últimos doze liderada por Merkel. A segunda é que Wolfgang Schäuble, ministro das Finanças nos últimos oito anos, não é reconduzido e será o líder do CDU no Bundestag.
Com o facelift a que a esquerdalhada submeteu Angela Merkel pela sua decisão de acolher mais de um milhão de migrantes, transmutando-a de hitler de saias em senhora respeitável, Schäuble passou a ter de carregar sozinho a cruz da austeridade. Não espanta por isso que esquerdalhada doméstica se regozijasse pela saída de Schäuble, de pouco lhe servindo o petit nom de Ronaldo das Finanças que ele prantou no nosso alquimista Centeno.
Mais devagar, porque o mais provável sucessor de Schäuble é Christian Lindner, um jovem político com 38 anos líder dos liberais do FDP, que faz parecer Schäuble um ministro das Finanças do Sul da Europa. Isso e o facto de Merkel ficar com pouca margem de manobra numa putativa coligação «jamaica» (com FDP e Verdes) não são boas notícias para Costa-Centeno e Tsipras-Tsakalotos.
Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
30/09/2017
29/09/2017
Culture wars. The left is not right and the right is not left
«Que os americanos de esquerda e direita lêem livros diferentes não é novidade nenhuma no que respeita à edição e uma análise das vendas de livros na Amazon confirma-o. Valdis Krebs, um cientista especializado em network analysis e visualisation, tratou dados para a Economist a partir da rubrica «Customers who bought…also bought…» e criou o diagrama de rede acima. Leitores de livros esquerdistas como «What happened» de Hillary Clinton e de «Al Franken, Giant of the Senate» levaram ambos os livros para o topo da lista de Best Sellers da Amazon, mas esses leitores raramente compram livros do outro lado do corredor. E os compradores de livros conservadores como «Understanding Trump» e «Making of the President 2016» são ainda mais facciosos.» (Books aiming to span America’s political divide rarely succeed)
Como muitas outras, esta é uma tendência que está a espirrar dos Estados Unidos para a Europa, com uma diferença: enquanto a direita americana é mais agressiva e muito facciosa, a direita europeia com os seus complexos históricos (além de estúpida) deixa-se intimidar pela esquerda europeia que é ainda mais facciosa (além de estúpida) do que a direita americana. Nesta equação de colectivismos de esquerda e de direita não entram os liberais, uma espécie que nunca foi abundante e hoje é quase tão rara como o lince da serra da Malcata.
Mitos (264) - O racismo branco como "facto alternativo" do agitprop da esquerdalhada p.c.
«Foi criada a ideia de que Trump foi eleito por uma América branca e racista, uma América empenhada em destruir o legado do primeiro presidente negro, empenhada em destruir a coligação politicamente correta das minorias raciais e sexuais. O maniqueísmo da narrativa é total: o império branco, racista e cristão "versus" a multidão das minorias oprimidas. Problema? O lero-lero não bate certo com a realidade. Em primeiro lugar, a participação eleitoral dos brancos não aumentou em relação ao passado; não houve uma intifada branca nas urnas; Trump não despertou da abstenção hordas de racistas adormecidos. Em segundo lugar, Trump subiu a votação do Partido Republicano junto de negros, hispânicos e outras minorias e, nesse sentido, a sua percentagem de voto branco é inferior à de Romney. Estes factos tornaram-se tabus, porque no reino do politicamente correto são equivalentes à suspensão das leis da Física.
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28/09/2017
ACREDITE SE QUISER: Agarrem-se que eu vou-me a ele
Pesquisa «"rui rio avança" site:pt»: Cerca de 6 720 resultados (0,39 segundos)
«Põe-se a hipótese de Rio avançar. Além do que ele próprio já disse sobre os tempos próprios para qualquer ação, remeto para o 'Canto de Ossanhá', de Vinicius, que Elis Regina tão bem interpretou: "O homem que diz "dou" / Não dá! / Porque quem dá mesmo/ Não diz! / O homem que diz "vou" / Não vai! / Porque quando foi / Já não quis!". Parece dedicada a Ruí Rio, mas não é.»
Henrique Monteiro no Expresso Diário
Por mim remeto para o terceiro verso do Fado Toninho.
«Põe-se a hipótese de Rio avançar. Além do que ele próprio já disse sobre os tempos próprios para qualquer ação, remeto para o 'Canto de Ossanhá', de Vinicius, que Elis Regina tão bem interpretou: "O homem que diz "dou" / Não dá! / Porque quem dá mesmo/ Não diz! / O homem que diz "vou" / Não vai! / Porque quando foi / Já não quis!". Parece dedicada a Ruí Rio, mas não é.»
Henrique Monteiro no Expresso Diário
Por mim remeto para o terceiro verso do Fado Toninho.
O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (162) - A difícil convivência de Costa com a liberdade de imprensa
«No final da conferência, os jornalistas questionaram o primeiro-ministro sobre o facto de não apenas o PSD e o CDS-PP, mas também agora o PCP e o Bloco de Esquerda, contestarem os nomes indicados pelo Governo para a administração da TAP, sobretudo a escolha do antigo secretário de Estado socialista e advogado Diogo Lacerda Machado.
"Já disse no domingo que as polémicas de Lisboa são em Lisboa. Cá por mim não há polémica nenhuma, a decisão está tomada", declarou António Costa, sem fazer mais comentários sobre esse tema.»
«Segundo a Renascença, questionado sobre se os socialistas aceitariam dialogar com Rui Moreira caso nenhuma candidatura ganhe a maioria absoluta, António Costa remeteu a resposta para a concelhia do Porto. E, na sequência da insistência dos jornalistas, deu a entrevista por concluída. "Esta entrevista é melhor fazer ao Manuel Pizarro. Está concluída", disse António Costa.»
27/09/2017
ACREDITE SE QUISER: Ti Celito, himselfie
«A passagem do Presidente da República de Portugal por Angola continua a dar que falar, já não por causa do mergulho na Ilha de Luanda, mas pela ruidosa reacção do público à sua presença na cerimónia de investidura de João Lourenço como Chefe de Estado. Para o canal português SIC Notícias, Marcelo Rebelo de Sousa foi vaiado, entendimento que não tardou a ser rebatido pelos internautas angolanos, e pelo próprio. (...)
Mencionado na etapa inicial do evento, quando se procedia à apresentação das figuras de Estado e de Governo que assistiam à tomada de posse, o Presidente luso foi aquele que suscitou a reacção mais audível da plateia, momento que inclui alguns assobios, noticiados pela imprensa lusa como vaias.
À boleia do canal televisivo SIC Notícias - que deixou de ser transmitido em Angola e tem sido acusado pela empresária Isabel dos Santos de mover uma campanha contra o poder angolano -, vários órgãos de comunicação portuguesa deram como certo que Marcelo Rebelo de Sousa foi apupado pelos angolanos.
A má leitura não demorou a "incendiar" as redes sociais, onde se têm multiplicado os apelos contra as "fake news".
"Em Angola o assobio é sinónimo de satisfação, agrado, ovação", lê-se num dos inúmeros comentários publicados do Facebook, em resposta às notícias, entretanto rectificadas para incluir essa explicação.
A rede social transformou-se, aliás, no barómetro mais visível da popularidade de Rebelo de Sousa em terras angolanas.»
Os angolanos, habituados a verem o ZéDu protegido por dezenas de seguranças, ficaram deslumbrados por ver o Ti Celito dos Afectos himselfie a tomar banho na ilha de Luanda e assobiaram-no, o que para eles é um aplauso. Por mim, quando terminar o mandato (esperemos que seja só um) podemos nomeá-lo embaixador honorário vitalício itinerante para as ex-colónias, perdão para a Lusofonia.
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é muito para um homem só,
incorrigível
CASE STUDY: Porque haveria de ser diferente nas universidades?
Um «estudo da Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência vem confirmar a existência de endogamia académica nas universidades portuguesas» escreveu o Público num artigo com o sugestivo título «No ensino superior não é o mérito que comanda as contratações». No ensino superior e no resto, poderiam ter acrescentado. Um dos exemplos extremos onde 99% dos docentes são doutorados pela própria faculdade é... a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.
Parece que a coisa surpreendeu muita gente. Não se percebe porquê. Pois se estamos num país em que o clientelismo e o nepotismo são endémicos e o inbreeding foi e é o sistema por excelência de reprodução das elites, porque haveria de ser diferente nas universidades?
26/09/2017
Vivemos num estado policial? (13) - Sim, vivemos. E talvez por isso os polícias nunca são suficientes
Outros casos de polícia: (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7), (8), (9), (10), (11) e (12).
Recapitulando:
Segundo o relatório da OCDE divulgado em Fevereiro, Portugal «tem 432 polícias por 100 mil habitantes, um valor que torna a polícia portuguesa 36% mais bem equipada do que as polícias na média dos países europeus» (jornal Eco). Acrescente-se que na Europa só somos ultrapassados por Malta e a Irlanda do Norte.
Segundo os números divulgados pelo SOL há três anos, 10% dos então 21 mil polícias eram sindicalistas de 13 sindicatos diferentes e faltaram em 2013 23 mil dias por actividades sindicais. 600 dos 2.100 sindicalistas são dirigentes e cada um tem direito a 4 dias de folga por mês, os restantes 1.500 são delegados sindicais e podem ter 12 horas de folga por mês. As folgas não usadas acumulam-se como «créditos» para o mês seguinte. Dirigentes e delegados sindicais não podem ser transferidos de local de «trabalho» sem acordo expresso.
Não obstante,
Esta abundância de meios não impediu o MAI, o mesmo ministério que sempre se queixa de falta de meios e que falhou rotundamente no combate aos incêndios deste Verão, liderado pela ministra que chora, vai promover três concursos para a PSP e a GNR num total de 950 novos polícias em cima de 400 novos guardas prisionais que foram recrutados em Maio e começam a trabalhar em Novembro.
Recapitulando:
Segundo o relatório da OCDE divulgado em Fevereiro, Portugal «tem 432 polícias por 100 mil habitantes, um valor que torna a polícia portuguesa 36% mais bem equipada do que as polícias na média dos países europeus» (jornal Eco). Acrescente-se que na Europa só somos ultrapassados por Malta e a Irlanda do Norte.
Não obstante,
Esta abundância de meios não impediu o MAI, o mesmo ministério que sempre se queixa de falta de meios e que falhou rotundamente no combate aos incêndios deste Verão, liderado pela ministra que chora, vai promover três concursos para a PSP e a GNR num total de 950 novos polícias em cima de 400 novos guardas prisionais que foram recrutados em Maio e começam a trabalhar em Novembro.
BREIQUINGUE NIUZ: System-Rücksetzung
Fonte: The Economist Espresso |
25/09/2017
Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (102)
Outras avarias da geringonça.
Como na crónica anterior, comecemos pela celebração da saída do lixo que para Costa representa «a viragem da página da austeridade» e acrescentemos um pormenor convenientemente omitido: Passos Coelho cancelou em 2014 o contrato com a Standard & Poor's pelo que esta agência deixou desde então de poder facturar ao governo português as notações que vem atribuindo à dívida portuguesa; não obstante, a S&P antecipou-se apressadamente à Fitcht e à Moody's no upgrade da notação.
Confirmando a reclamação do PS de que as suas políticas criam mais emprego, ficámos a saber pelo jornal SOL que, até agora, o governo socialista nomeou 1.439 boys como assessores ou adjuntos, batendo irremediavelmente o governo neoliberal que por esta altura tinha pouco mais de um terço. A procura tem sido tão intensa que está a ser difícil encontrarboys com canudo. Só na Protecção Civil, além do seu presidente que obteve uma licenciatura pelo método Relvas e se demitiu recentemente, há mais dois comandantes com licenciaturas suspeitas de irregularidades.
Como na crónica anterior, comecemos pela celebração da saída do lixo que para Costa representa «a viragem da página da austeridade» e acrescentemos um pormenor convenientemente omitido: Passos Coelho cancelou em 2014 o contrato com a Standard & Poor's pelo que esta agência deixou desde então de poder facturar ao governo português as notações que vem atribuindo à dívida portuguesa; não obstante, a S&P antecipou-se apressadamente à Fitcht e à Moody's no upgrade da notação.
Confirmando a reclamação do PS de que as suas políticas criam mais emprego, ficámos a saber pelo jornal SOL que, até agora, o governo socialista nomeou 1.439 boys como assessores ou adjuntos, batendo irremediavelmente o governo neoliberal que por esta altura tinha pouco mais de um terço. A procura tem sido tão intensa que está a ser difícil encontrarboys com canudo. Só na Protecção Civil, além do seu presidente que obteve uma licenciatura pelo método Relvas e se demitiu recentemente, há mais dois comandantes com licenciaturas suspeitas de irregularidades.
Um governo à deriva (35) - O relatório secreto que não se sabe se existe sobre um assalto que não se sabe se houve
Por um lado, pode ter havido um assalto a Tancos que o ministro da Defesa não sabe se houve e, caso tenha havido, se terá devido a falta de formação. Por outro lado, um dos jornais do regime cita «um documento secreto elaborado pelos serviços de informações militares», documento que, sendo secreto, oficialmente não se sabe se existe, sobre o assalto que não se sabe que houve. Ainda por outro lado, segundo esse jornal, o documento secreto descreve «os 10 cenários sobre o que aconteceu (OU NÃO) em Tancos». Esses (DEZ) cenários têm autores que vão dos jihadistas aos «seguranças privados do mundo da noite do Porto».
Como se fosse pouco, o primeiro-ministro de um país onde se pode ter dado, ou não, um assalto em que foram ou não roubadas armas e munições de um paiol militar, vem a público garantir que o relatório secreto, cuja existência o semanário de referência garante, não existe porque se trata de «algo fabricado e não sobre um documento autêntico».
É isto espantoso? Sem dúvida. Contudo, o mais espantoso é o ruído do silêncio de comunistas, bloquistas e do jornalismo de causas que outrora teriam incendiado os jornais e enchido as ruas com pungentes indignações.
Como se fosse pouco, o primeiro-ministro de um país onde se pode ter dado, ou não, um assalto em que foram ou não roubadas armas e munições de um paiol militar, vem a público garantir que o relatório secreto, cuja existência o semanário de referência garante, não existe porque se trata de «algo fabricado e não sobre um documento autêntico».
É isto espantoso? Sem dúvida. Contudo, o mais espantoso é o ruído do silêncio de comunistas, bloquistas e do jornalismo de causas que outrora teriam incendiado os jornais e enchido as ruas com pungentes indignações.
24/09/2017
ARTIGO DEFUNTO: Jornalismo de "referência" é o jornalismo de causas adoptado pelo jornal que se diz de referência (5)
Continuação de (1), (2), (3) e (4)
Na página 2 do caderno de Economia do Expresso podemos encontrar a "notícia" aqui ao lado, de onde um leitor distraído concluiria que o STJ «recusou» a entrega de documentos pedidos pela CPE, legitimando assim a golpada da geringonça para esconder os podres da Caixa.
Uma leitura do acórdão do STJ esclarece-nos que não houve recusa nenhuma porque este tribunal se limitou a constatar que:
(1) devido à referida golpada, a CPE consumiu o prazo para a sua existência de onde «parece dever concluir-se, em primeira linha, por exigência legal, que a comissão parlamentar de inquérito, requerente neste processo, se encontra extinta»;
e
(2) «A extinção da requerente – não havendo lugar à habilitação desta, nem se devendo prefigurar que a mesma se haja fundido no Plenário -, tornando impossível a continuação da lide, determina a extinção da instância.»
Na página 26 do caderno principal do mesmo semanário já não se trata só de jornalismo de causas, neste caso da causa «barriga de aluguer».
Trata-se da promoção da «colocação de um útero no mercado de arrendamento» por muito que o Expresso escreva o contrário e informe que a renda monetária neste caso é zero.
Na página 2 do caderno de Economia do Expresso podemos encontrar a "notícia" aqui ao lado, de onde um leitor distraído concluiria que o STJ «recusou» a entrega de documentos pedidos pela CPE, legitimando assim a golpada da geringonça para esconder os podres da Caixa.
Uma leitura do acórdão do STJ esclarece-nos que não houve recusa nenhuma porque este tribunal se limitou a constatar que:
(1) devido à referida golpada, a CPE consumiu o prazo para a sua existência de onde «parece dever concluir-se, em primeira linha, por exigência legal, que a comissão parlamentar de inquérito, requerente neste processo, se encontra extinta»;
e
(2) «A extinção da requerente – não havendo lugar à habilitação desta, nem se devendo prefigurar que a mesma se haja fundido no Plenário -, tornando impossível a continuação da lide, determina a extinção da instância.»
Na página 26 do caderno principal do mesmo semanário já não se trata só de jornalismo de causas, neste caso da causa «barriga de aluguer».
Trata-se da promoção da «colocação de um útero no mercado de arrendamento» por muito que o Expresso escreva o contrário e informe que a renda monetária neste caso é zero.
DIÁRIO DE BORDO: a passarada que me visita (30)
Rabirruivo-preto também conhecido por carvoeiro ou pisco-ferreiro (Phoenicurus ochruros) Foto de Aves de Portugal, porque os marotos que me visitam pousam mas não gostam de posar |
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23/09/2017
NÓS VISTOS POR ELES: Se queremos perceber para onde vamos é melhor ler a imprensa estrangeira
Durante a semana, três artigos da imprensa financeira internacional foram várias vezes citados pelas câmaras de eco da geringonça como fazendo referências laudatórias aos feitos do governo de Costa a propósito do upgrade da notação da S&P.
Marcus Ashworth da Bloomberg, num artigo com um título («Portugal Is Investment Grade in Name Only») que é um bom resumo, explica que se mantém a «carga insustentável da dívida» principal razão do downgrade de há cinco anos, e que a melhoria dos yields das obrigações «é muito mais devida à sua relativa escassez, do que de qualquer transformação económica súbita». E insinua aquilo que muita gente sabe, mas poucos comentam publicamente: o rating da DBRS, uma agência que «não tem a mesma relevância para os investidores» do que as três maiores, existiu para o BCE poder aplicar o seu programa de alívio quantitativo a Portugal.
Mehreen Khan do FT no artigo «Portugal’s comeback is the eurozone’s socialist success story», cujas partes mais apetitosas foram abundantemente citadas, atribui o sucesso da recuperação principalmente «às perspectivas brilhantes da eurozona e da economia global» e aos «frutos das reformas dolorosas do mercado de trabalho do governo anterior de centro-direita». E conclui que a maior lição que os outros partidos socialistas europeus podem tirar do PS é «Timing is everything».
Tony Barber, o editor para Europa do FT, no artigo com o título igualmente significativo «Portugal reforms not gone far enough to ensure financial solidity», lembra que os enormes desafios que Portugal de enfrentar com «um governo socialista minoritário, apoiado no Parlamento pela extrema esquerda» e acrescenta que para os empresários portugueses «o governo está mais inclinado a satisfazer as medidas de luta contra a austeridade do que a reformas destinadas a melhorar a eficiência do sector público e a incentivar o investimento. A questão é se os problemas de Portugal tornarão inevitável um segundo resgate».
A partir dos trechos citados nos jornais domésticos e dos comentários dos opinion dealers alguém poderia entender o que de facto escreveu esta gente?
Marcus Ashworth da Bloomberg, num artigo com um título («Portugal Is Investment Grade in Name Only») que é um bom resumo, explica que se mantém a «carga insustentável da dívida» principal razão do downgrade de há cinco anos, e que a melhoria dos yields das obrigações «é muito mais devida à sua relativa escassez, do que de qualquer transformação económica súbita». E insinua aquilo que muita gente sabe, mas poucos comentam publicamente: o rating da DBRS, uma agência que «não tem a mesma relevância para os investidores» do que as três maiores, existiu para o BCE poder aplicar o seu programa de alívio quantitativo a Portugal.
Mehreen Khan do FT no artigo «Portugal’s comeback is the eurozone’s socialist success story», cujas partes mais apetitosas foram abundantemente citadas, atribui o sucesso da recuperação principalmente «às perspectivas brilhantes da eurozona e da economia global» e aos «frutos das reformas dolorosas do mercado de trabalho do governo anterior de centro-direita». E conclui que a maior lição que os outros partidos socialistas europeus podem tirar do PS é «Timing is everything».
Tony Barber, o editor para Europa do FT, no artigo com o título igualmente significativo «Portugal reforms not gone far enough to ensure financial solidity», lembra que os enormes desafios que Portugal de enfrentar com «um governo socialista minoritário, apoiado no Parlamento pela extrema esquerda» e acrescenta que para os empresários portugueses «o governo está mais inclinado a satisfazer as medidas de luta contra a austeridade do que a reformas destinadas a melhorar a eficiência do sector público e a incentivar o investimento. A questão é se os problemas de Portugal tornarão inevitável um segundo resgate».
A partir dos trechos citados nos jornais domésticos e dos comentários dos opinion dealers alguém poderia entender o que de facto escreveu esta gente?
22/09/2017
O (IM)PERTINÊNCIAS FEITO PELOS SEUS DETRACTORES: A esquerdalhada e a sua liberdade de expressão
«Ben Shapiro, um jovem jornalista judeu conservador com uma voz extremamente irritante, com posições anti-trump, tendo há anos como desporto preferido bater nos liberais (leia-se, nos EUA, socialistas) foi convidado a fazer um discurso na meca da liberdade de expressão: a universidade de Berkeley.
Foram precisos gastar US$ 600.000 para medidas de segurança (julgo que orçamento anual normal da Berkeley para segurança rondará os US$ 300.000), autorizar a polícia a poder usar spray irritante (primeira vez desde há vinte anos), chamar 700 polícias para manter a ordem, ter bombeiros e ambulâncias de prevenção, levantar barreiras de controle, prender nove manifestantes, quatro dos quais queriam introduzir armas no recinto, etc.
Há cinquenta anos, foram precisas duras manifestações para esquerdistas lançarem, e bem, o movimento para o Free Speech. Agora são preciso polícias para controlar e bloquear esquerdistas que querem impedirem o Free Speech.
A esquerda adora a liberdade de expressão. Só tem uma condição: a expressão tem que ser de esquerda.»
Foram precisos gastar US$ 600.000 para medidas de segurança (julgo que orçamento anual normal da Berkeley para segurança rondará os US$ 300.000), autorizar a polícia a poder usar spray irritante (primeira vez desde há vinte anos), chamar 700 polícias para manter a ordem, ter bombeiros e ambulâncias de prevenção, levantar barreiras de controle, prender nove manifestantes, quatro dos quais queriam introduzir armas no recinto, etc.
Há cinquenta anos, foram precisas duras manifestações para esquerdistas lançarem, e bem, o movimento para o Free Speech. Agora são preciso polícias para controlar e bloquear esquerdistas que querem impedirem o Free Speech.
A esquerda adora a liberdade de expressão. Só tem uma condição: a expressão tem que ser de esquerda.»
(De um email do Agent Provocateur)
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COMO VÃO DESCALÇAR A BOTA? (12) - Estes já começaram a descalçá-la, antes que se faça tarde
Outras botas para descalçar.
O trilema de Žižek acima representado é evidentemente apenas tendencial. Haverá sempre alguns socialistas (ou comunistas) que serão honestos e inteligentes. Talvez seja o caso dos economistas Paulo Trigo Pereira, deputado do PS, Ricardo Cabral, Luís Teles Morais e Joana Andrade Vicente, que apresentaram um estudo defendendo premissas orçamentais distintas das do orçamento que governo está a negociar com o PCP e o BE.
À primeira vista (e à segunda) o estudo não se afasta do pensamento dominante na Mouse School of Economics, designadamente no que respeita à fé nas propriedades miraculosas da despesa pública e da sua multiplicação, fé tão profunda que resistiu à constatação do desastre das políticas socialistas: um crescimento anual médio de 1% nos últimos 10 anos culminado pelo resgate de 2011, não obstante o elevado investimento público, que aliás este governo socialista reduziu em 2016 para metade.
Nesse sentido, podemos até concluir que o estudo retoma a "pureza" da doutrina socialista abandonada pelo pragmatismo sem princípios nem rumo da mistela de perdões fiscais, aumento de impostos, redução do investimento e cativações adoptada pela dupla Costa-Ronaldo das Finanças para conseguir a quadratura do círculo da sobrevivência da geringonça, mantendo felizes, até ver, Bruxelas, comunistas e berloquistas.
O que verdadeiramente afasta o estudo da mistela é o vértice inferior esquerdo do trilema de Žižek e a denúncia da «alquimia» orçamental:
O trilema de Žižek acima representado é evidentemente apenas tendencial. Haverá sempre alguns socialistas (ou comunistas) que serão honestos e inteligentes. Talvez seja o caso dos economistas Paulo Trigo Pereira, deputado do PS, Ricardo Cabral, Luís Teles Morais e Joana Andrade Vicente, que apresentaram um estudo defendendo premissas orçamentais distintas das do orçamento que governo está a negociar com o PCP e o BE.
À primeira vista (e à segunda) o estudo não se afasta do pensamento dominante na Mouse School of Economics, designadamente no que respeita à fé nas propriedades miraculosas da despesa pública e da sua multiplicação, fé tão profunda que resistiu à constatação do desastre das políticas socialistas: um crescimento anual médio de 1% nos últimos 10 anos culminado pelo resgate de 2011, não obstante o elevado investimento público, que aliás este governo socialista reduziu em 2016 para metade.
Nesse sentido, podemos até concluir que o estudo retoma a "pureza" da doutrina socialista abandonada pelo pragmatismo sem princípios nem rumo da mistela de perdões fiscais, aumento de impostos, redução do investimento e cativações adoptada pela dupla Costa-Ronaldo das Finanças para conseguir a quadratura do círculo da sobrevivência da geringonça, mantendo felizes, até ver, Bruxelas, comunistas e berloquistas.
O que verdadeiramente afasta o estudo da mistela é o vértice inferior esquerdo do trilema de Žižek e a denúncia da «alquimia» orçamental:
«Não é possível, ao mesmo tempo, descongelar carreiras, aumentar emprego público, fazer actualizações salariais, pagar a fornecedores da Saúde e reduzir impostos. Isto não é possível, é do domínio da alquimia.»
21/09/2017
DIÁRIO DE BORDO: A difícil convivência da esquerdalhada com a realidade
Go, go, go, said the bird: human kind / Cannot bear very much reality.
T. S. Eliot, Burnt Norton (No. 1 of Four Quartets)
«É natural que entre os discursos de fim-de-semana das jovens Mortágua, da líder Catarina e do carismático Jerónimo e a realidade as diferenças se tendam cada vez mais a acentuar. Nesse quadro a única expectativa que me parece razoável é admitir que no campo da evolução da ilusão até à realidade ou da demagogia até à seriedade, a juventude dispõe sempre de algum avanço sobre quantos já levam um tempo de vida mais provecto.»
Excerto de «António Costa vs BE e PCP», Francisco Assis no Público
«A única coisa verdadeiramente grave em tudo isto — e a razão pela qual continuamos sujos mesmo tendo saído do lixo — é o desfasamento entre a realidade e a narrativa sobre essa realidade, que conduz a uma série de avaliações demagógicas sobre aquilo que nos tem acontecido. Sim, as previsões da direita falharam naquilo que ao diabo diz respeito. Só que as previsões da esquerda também falharam quanto à receita para sair da crise. Portugal está a crescer e a baixar o défice em condições que a própria esquerda garantiu que nunca cresceria: com o investimento público mais baixo da História e sem qualquer reestruturação da dívida.»
«Como sair do lixo e continuar sujo», João Miguel Tavares no Público
T. S. Eliot, Burnt Norton (No. 1 of Four Quartets)
«É natural que entre os discursos de fim-de-semana das jovens Mortágua, da líder Catarina e do carismático Jerónimo e a realidade as diferenças se tendam cada vez mais a acentuar. Nesse quadro a única expectativa que me parece razoável é admitir que no campo da evolução da ilusão até à realidade ou da demagogia até à seriedade, a juventude dispõe sempre de algum avanço sobre quantos já levam um tempo de vida mais provecto.»
Excerto de «António Costa vs BE e PCP», Francisco Assis no Público
«A única coisa verdadeiramente grave em tudo isto — e a razão pela qual continuamos sujos mesmo tendo saído do lixo — é o desfasamento entre a realidade e a narrativa sobre essa realidade, que conduz a uma série de avaliações demagógicas sobre aquilo que nos tem acontecido. Sim, as previsões da direita falharam naquilo que ao diabo diz respeito. Só que as previsões da esquerda também falharam quanto à receita para sair da crise. Portugal está a crescer e a baixar o défice em condições que a própria esquerda garantiu que nunca cresceria: com o investimento público mais baixo da História e sem qualquer reestruturação da dívida.»
«Como sair do lixo e continuar sujo», João Miguel Tavares no Público
Mitos (263) - O contrário do dogma do aquecimento global (XVII)
Outros posts desta série.
Em retrospectiva: que o debate sobre o aquecimento global, principalmente sobre o papel da intervenção humana, é muito mais um debate ideológico do que um debate científico é algo cada vez mais claro. Que nesse debate as posições tendam a extremar-se entre os defensores do aquecimento global como obra humana – normalmente gente de esquerda – e os negacionistas – normalmente gente de direita – existindo muito pouco espaço para dúvida, ou seja para uma abordagem científica, é apenas uma consequência da deslocação da discussão do campo científico, onde predomina a racionalidade, para o campo ideológico e inevitavelmente político, onde predomina a crença.
O paper «Emission budgets and pathways consistent with limiting warming to 1.5 °C» publicado há dias no nature geoscience por uma equipa internacional de 10 investigadores na maioria europeus, concluiu que, apesar de o aquecimento global ainda se estar a verificar, as previsões do aumento da temperatura global podem ter sido indevidamente exageradas, sendo ainda possível atingir o objectivo do Tratado de Paris de limitar o aumento da temperatura global «bem abaixo» de 2° C acima do nível pré-industrial.
Em retrospectiva: que o debate sobre o aquecimento global, principalmente sobre o papel da intervenção humana, é muito mais um debate ideológico do que um debate científico é algo cada vez mais claro. Que nesse debate as posições tendam a extremar-se entre os defensores do aquecimento global como obra humana – normalmente gente de esquerda – e os negacionistas – normalmente gente de direita – existindo muito pouco espaço para dúvida, ou seja para uma abordagem científica, é apenas uma consequência da deslocação da discussão do campo científico, onde predomina a racionalidade, para o campo ideológico e inevitavelmente político, onde predomina a crença.
O paper «Emission budgets and pathways consistent with limiting warming to 1.5 °C» publicado há dias no nature geoscience por uma equipa internacional de 10 investigadores na maioria europeus, concluiu que, apesar de o aquecimento global ainda se estar a verificar, as previsões do aumento da temperatura global podem ter sido indevidamente exageradas, sendo ainda possível atingir o objectivo do Tratado de Paris de limitar o aumento da temperatura global «bem abaixo» de 2° C acima do nível pré-industrial.
20/09/2017
SERVIÇO PÚBLICO: A ideologia do género é a continuação de um projecto totalitário por outros meios
«A Assembleia da República discute um projeto-lei do Bloco de Esquerda que permite a mudança de sexo aos 16 anos e, no caso de os pais se oporem a esta ideia, possibilita que os menores possam intentar judicialmente contra estes. A agenda política do BE é a seguinte: promover a ambiguidade da identidade sexual e considerar normal aquilo que, na maioria dos casos, é patológico. Convém alertar as pessoas para os perigos desta aberração legislativa, pois os deputados não sabem de medicina, nem tão-pouco de psiquiatria. Os casos de perturbação de identidade sexual (disforia de género) são complexos e levam por vezes os jovens ao suicídio, pelo que este assunto deve ser tratado com uma enorme prudência. Considerar que estes casos se resolvem com um pacote legislativo, é uma visão simplista, redutora e perigosa deste problema.
A estratégia por detrás desta mutação social, que agora se pretende implementar pela via legislativa, é fazer crer que a a ideologia de género é cientificamente correta. As teses desta ideologia são apresentadas como um dado científico consensual e indiscutível, mas isto é absolutamente falso. A natureza tem regras, cabe à ciência compreendê-las e descodificá-las. Portanto, compete à ciência elaborar as teorias que ajudem a desvendar a realidade e não o contrário, como acontece na ideologia do género: elaborou-se uma teoria e para a validar procura-se alterar a realidade.
As consequências deste conflito estão à vista. Nunca como hoje se baralhou e confundiu tanto a mente de crianças e adolescentes. E isto não tem nada a ver com liberdade, mas com uma doutrinação promovida por alguns partidos que se apoderaram ideologicamente do Estado e que desejam proceder à reeducação das massas. Neste contexto, esta proposta legislativa não poderia ser mais tirânica: os pais são expulsos do processo educativo, os psiquiatras e psicólogos são totalmente desvalorizados, sendo-lhes retiradas competências, e os menores passam a ser “propriedade” do Estado que, no plano educativo e legislativo, lhes impõe um novo sistema de valores baseado na ideologia do género. »
Excerto de «A estratégia para acabar com os rapazes e as raparigas», Pedro Afonso no Observador
A estratégia por detrás desta mutação social, que agora se pretende implementar pela via legislativa, é fazer crer que a a ideologia de género é cientificamente correta. As teses desta ideologia são apresentadas como um dado científico consensual e indiscutível, mas isto é absolutamente falso. A natureza tem regras, cabe à ciência compreendê-las e descodificá-las. Portanto, compete à ciência elaborar as teorias que ajudem a desvendar a realidade e não o contrário, como acontece na ideologia do género: elaborou-se uma teoria e para a validar procura-se alterar a realidade.
As consequências deste conflito estão à vista. Nunca como hoje se baralhou e confundiu tanto a mente de crianças e adolescentes. E isto não tem nada a ver com liberdade, mas com uma doutrinação promovida por alguns partidos que se apoderaram ideologicamente do Estado e que desejam proceder à reeducação das massas. Neste contexto, esta proposta legislativa não poderia ser mais tirânica: os pais são expulsos do processo educativo, os psiquiatras e psicólogos são totalmente desvalorizados, sendo-lhes retiradas competências, e os menores passam a ser “propriedade” do Estado que, no plano educativo e legislativo, lhes impõe um novo sistema de valores baseado na ideologia do género. »
Excerto de «A estratégia para acabar com os rapazes e as raparigas», Pedro Afonso no Observador
SERVIÇO PÚBLICO: A geringonça pode gripar
«Até agora, a aposta de António Costa em formar governo com o apoio da extrema-esquerda parlamentar tinha--se revelado um enorme sucesso. No parlamento, esses partidos nunca vacilaram no seu apoio ao governo, que em contrapartida os presenteou com a aceitação de medidas radicais de efeitos desastrosos, como o regresso ao congelamento de rendas ou o imposto Mortágua. Por seu lado, Marcelo Rebelo de Sousa abstinha-se de exercer o que quer que se parecesse com um freio ou contrapeso, nunca suscitando sequer a intervenção do Tribunal Constitucional. António Costa conseguia, assim, ter um controlo absoluto do Estado sem ter vencido as eleições.
E esse controlo estendeu-se mesmo à própria sociedade. O PCP paralisou completamente as tradicionais reivindicações sindicais, que constituíam uma dor de cabeça para qualquer governo, e o Bloco também assegurou o apoio das redacções de jornais em que tem influência. O governo não apenas dispunha do apoio de uma maioria e de um Presidente como gozava ainda de uma paz política e social sem precedentes, por muitas asneiras que fizesse. Foi assim que graves descoordenações, como a morte de 65 pessoas num incêndio florestal ou um roubo de material de guerra, passaram praticamente incólumes na imprensa, enquanto uma simples subida do rating da dívida era objecto de manchetes eufóricas.
Mas começam agora a surgir os primeiros sinais de falhanço desta solução de governo».
Excerto de «A geringonça numa encruzilhada», Luís Menezes Leitão no jornal i
E esse controlo estendeu-se mesmo à própria sociedade. O PCP paralisou completamente as tradicionais reivindicações sindicais, que constituíam uma dor de cabeça para qualquer governo, e o Bloco também assegurou o apoio das redacções de jornais em que tem influência. O governo não apenas dispunha do apoio de uma maioria e de um Presidente como gozava ainda de uma paz política e social sem precedentes, por muitas asneiras que fizesse. Foi assim que graves descoordenações, como a morte de 65 pessoas num incêndio florestal ou um roubo de material de guerra, passaram praticamente incólumes na imprensa, enquanto uma simples subida do rating da dívida era objecto de manchetes eufóricas.
Mas começam agora a surgir os primeiros sinais de falhanço desta solução de governo».
Excerto de «A geringonça numa encruzilhada», Luís Menezes Leitão no jornal i
19/09/2017
CAMINHO PARA A INSOLVÊNCIA: A nível nacional como a nível local
A nível nacional:
A nível local:
Não é que as câmaras controladas pelos outros partidos se recomendem, mas o certo é que oito das dez autarquias mais endividadas são do PS. (Público)
jornal Eco |
jornal Eco |
A nível local:
DIÁRIO DE BORDO: O Céu visto da Terra (17)
[Outros céus vistos de outras terras - este Céu não é um céu nem é visto da Terra mas fica em boa companhia]
Saturno fotografado em Outubro de 2016 pela sonda Cassini da NASA que nele mergulhou na 6.ª feira passada |
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delírios pontuais
18/09/2017
Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (101)
Outras avarias da geringonça.
Comecemos pela celebração da saída do lixo que para Costa representa «a viragem da página da austeridade que nos permitiu também agora virar a página do lixo». Que Costa tenha sido capaz de celebrar como um grande feito a melhoria do rating por uma agência que ele há dois anos considerava «lixo» com «uma gente que já demonstrou não ser minimamente credível, fiável» só confirma que o seu descaramento está à altura da sua ignorância. De facto, o upgrade da notação da S&P para BBB- (o nível mais baixo de investimento) significa que a dívida portuguesa passou em 15 de Setembro para o mesmo nível que tinha em 29-03-2011, com o resgate à vista. Como o outlook é estável isso significa adicionalmente que a S&P não prevê a curto prazo uma melhoria.
Comecemos pela celebração da saída do lixo que para Costa representa «a viragem da página da austeridade que nos permitiu também agora virar a página do lixo». Que Costa tenha sido capaz de celebrar como um grande feito a melhoria do rating por uma agência que ele há dois anos considerava «lixo» com «uma gente que já demonstrou não ser minimamente credível, fiável» só confirma que o seu descaramento está à altura da sua ignorância. De facto, o upgrade da notação da S&P para BBB- (o nível mais baixo de investimento) significa que a dívida portuguesa passou em 15 de Setembro para o mesmo nível que tinha em 29-03-2011, com o resgate à vista. Como o outlook é estável isso significa adicionalmente que a S&P não prevê a curto prazo uma melhoria.
17/09/2017
ACREDITE SE QUISER: Um cruzeiro heterofóbico
«Pela primeira vez vai sair do porto de Lisboa um cruzeiro exclusivamente para gays. A partir de amanhã e durante oito dias, o navio Monarch vai passar por Madeira, La Palma, La Gomera, Tenerife, Lanzarote, terminando a viagem na Gran Canaria. Organizada pela La Demence - responsável por uma das maiores festas gay europeias que costuma ter lugar em Bruxelas -, esta é a sétima edição de uma iniciativa que já faz parte dos roteiros homossexuais anuais.
A novidade nesta iniciativa, que contará com 2200 viajantes de 85 nacionalidades - 35 deles portugueses, segundo disse ao DN a organização -, é a partida de Lisboa, considerada por várias publicações como uma das cidades mais gay friendly da Europa.» (DN)
A propósito desta espécie de heterofobia como oposto da homofobia, lembrei-me que, nos tempos em que a esquerdalhada não disfarçava as suas inclinações profundas com esta treta da ideologia dos géneros, Millor Fernandes explicava assim a diferença entre comunismo e capitalismo: «O capitalismo é a exploração do homem pelo homem. E o comunismo é exactamente o contrário.»
A novidade nesta iniciativa, que contará com 2200 viajantes de 85 nacionalidades - 35 deles portugueses, segundo disse ao DN a organização -, é a partida de Lisboa, considerada por várias publicações como uma das cidades mais gay friendly da Europa.» (DN)
A propósito desta espécie de heterofobia como oposto da homofobia, lembrei-me que, nos tempos em que a esquerdalhada não disfarçava as suas inclinações profundas com esta treta da ideologia dos géneros, Millor Fernandes explicava assim a diferença entre comunismo e capitalismo: «O capitalismo é a exploração do homem pelo homem. E o comunismo é exactamente o contrário.»
Pro memoria (357) – O choque com a realidade do carro eléctrico de Sócrates (IV)
[Continuação de (I), (II) e (III)]
Balanço no final de 2013:
Comparemos Portugal com os países europeus com maior penetração de veículos eléctricos em relação a novos registos nos últimos 12 meses terminados em Julho, frota em Julho e número de postos de carregamento e número de veículos por posto de carregamento:
Noruega 31.063 ; 140.752 ; 11.520 ; 12,5
Suécia 9.413 ; 37.594 ; 4.522 ; 8,3
Bélgica 8.624 ; 24.705 ; 3.850 ; 6,4
Holanda 4.375 ; 115.210 ; 21.357 ; 5,4
Portugal 2.062 ; 5.580 ; 1.884 ; 3,0
(Fonte: novos registos e frota - EAFO ; número de postos de carregamento - ChargeMap)
Como seria de esperar também estes planos socráticos saíram furados, houve um enorme desperdício de recursos para plantar postos de abastecimento e provavelmente teremos de esperar talvez uma década para justificar a rede existente que entretanto continuará a crescer.
Balanço no final de 2013:
- Planos socráticos até 2020: 180 mil carros eléctricos e 25 mil locais de carregamento;
- No final de 2013 havia 1.300 pontos de carregamento normal, 50 pontos rápidos, postos que terão custado 15 milhões, e 426 carros eléctricos vendidos desde 2010 sendo 140 em 2013 até Outubro (Expresso);
- Desde 2010 até 2013 foram feitos 27 mil carregamentos - o que dá 555 euros de investimento por carregamento nos 1.300 pontos, equivalentes a 7 carregamentos por ponto e ano ou um carregamento em cada 52 dias.
Comparemos Portugal com os países europeus com maior penetração de veículos eléctricos em relação a novos registos nos últimos 12 meses terminados em Julho, frota em Julho e número de postos de carregamento e número de veículos por posto de carregamento:
Noruega 31.063 ; 140.752 ; 11.520 ; 12,5
Suécia 9.413 ; 37.594 ; 4.522 ; 8,3
Bélgica 8.624 ; 24.705 ; 3.850 ; 6,4
Holanda 4.375 ; 115.210 ; 21.357 ; 5,4
Portugal 2.062 ; 5.580 ; 1.884 ; 3,0
(Fonte: novos registos e frota - EAFO ; número de postos de carregamento - ChargeMap)
Como seria de esperar também estes planos socráticos saíram furados, houve um enorme desperdício de recursos para plantar postos de abastecimento e provavelmente teremos de esperar talvez uma década para justificar a rede existente que entretanto continuará a crescer.
16/09/2017
Pro memoria (356) - O que significa a saída do lixo? Nada, segundo Costa. As agências de rating são lixo!
Costa sobre as agências de rating em Julho de 2015
«A minha classificação sobre as agências de rating é que são lixo e foi por isso, aliás, que rescindi o contrato com todas quando era presidente da câmara de Lisboa. É uma gente que já demonstrou não ser minimamente credível, fiável, que contribuíram muito gravemente para o endividamento generalizado dos Estados. das famílias, das empresas e não deram nenhum contributo sério até agora para uma gestão mais regulada do mercado de capitais. Portanto, a minha visão sobre essas instituições é péssima e acho mesmo que uma das medidas que ainda é necessário tomar na sequência desta crise é pôr ordem nessa coisa dos ratings.» (Fonte)
«É a demonstração de que a viragem de políticas, que a viragem da página da austeridade nos permitiu também agora virar a página do lixo e que estamos no bom caminho». (Fonte)
Ou bem que as agências de rating não são minimamente credíveis nem fiáveis e são lixo, ou bem que Costa não é minimamente credível nem fiável e é lixo, ou bem que umas e outro não são minimamente credíveis nem fiáveis e são lixo.
Costa sobre o upgrade da notação da Standard & Poor's em Setembro de 2017
«É a demonstração de que a viragem de políticas, que a viragem da página da austeridade nos permitiu também agora virar a página do lixo e que estamos no bom caminho». (Fonte)
Em conclusão
Ou bem que as agências de rating não são minimamente credíveis nem fiáveis e são lixo, ou bem que Costa não é minimamente credível nem fiável e é lixo, ou bem que umas e outro não são minimamente credíveis nem fiáveis e são lixo.
15/09/2017
NÓS VISTOS POR ELES: A Europa do Jean-Claude
Jean-Claude Juncker, o presidente da Comissão Europeia, no discurso onde anunciou a sua visão para a União Europeia disse enigmaticamente:
Uma explicação simples partiria do facto de ser voz corrente em Bruxelas e noutras capitais que Jean-Claude tem um «increasingly erratic behavior», não consegue ler os relatórios dos assessores nem conter a verborreia (nós também estamos bem servidos nesta matéria) e que esse comportamento se pode dever ao «cognac for breakfast». Mais do que simples, esta explicação é simplista, também porque, mesmo etilizado, um Jean-Claude, primeiro-ministro luxemburguês durante oito anos, dificilmente se esqueceria de um país cujos nacionais e seus descendentes representam 1/6 dos residentes no Luxemburgo e constituem a maior comunidade estrangeira.
A explicação de Rui Ramos constitui um bom ponto de partida para compreender o aparente lapso de Juncker e assenta em duas premissas: (1) Portugal não conta na relação de forças com o grande urso russo, outra vez com ambições de grande potência e uma ameaça sentida pela Alemanha e todos os antigos países comunistas; (2) Com todos os membros da UE na Zona Euro, como defendeu Juncker, a presença dos relapsos financeiros do Sul seria uma borbulha no rabo da União. Conclusão: «uma Europa sem Portugal é perfeitamente imaginável.»
O que é menos imaginável é a viabilidade política de uma União Europeia saída da cabeça de um eurocrata, sem nações, comandada por um «directório franco-alemão (mais alemão do que francês)», como refere RR, e administrada por legiões de apparatchiks bruxelenses.
«Não se iludam, a Europa estende-se de Vigo a Varna. De Espanha à Bulgária»Sendo certo que para dar uma imagem da amplitude da UE seria muito mais adequado dizer que a Europa se estende de Portugal à Estónia ou de Lisboa a Talin (uma diagonal perfeita que atravessa o centro do território da UE), o que quereria ele significar com essa imagem geográfica?
Uma explicação simples partiria do facto de ser voz corrente em Bruxelas e noutras capitais que Jean-Claude tem um «increasingly erratic behavior», não consegue ler os relatórios dos assessores nem conter a verborreia (nós também estamos bem servidos nesta matéria) e que esse comportamento se pode dever ao «cognac for breakfast». Mais do que simples, esta explicação é simplista, também porque, mesmo etilizado, um Jean-Claude, primeiro-ministro luxemburguês durante oito anos, dificilmente se esqueceria de um país cujos nacionais e seus descendentes representam 1/6 dos residentes no Luxemburgo e constituem a maior comunidade estrangeira.
A explicação de Rui Ramos constitui um bom ponto de partida para compreender o aparente lapso de Juncker e assenta em duas premissas: (1) Portugal não conta na relação de forças com o grande urso russo, outra vez com ambições de grande potência e uma ameaça sentida pela Alemanha e todos os antigos países comunistas; (2) Com todos os membros da UE na Zona Euro, como defendeu Juncker, a presença dos relapsos financeiros do Sul seria uma borbulha no rabo da União. Conclusão: «uma Europa sem Portugal é perfeitamente imaginável.»
O que é menos imaginável é a viabilidade política de uma União Europeia saída da cabeça de um eurocrata, sem nações, comandada por um «directório franco-alemão (mais alemão do que francês)», como refere RR, e administrada por legiões de apparatchiks bruxelenses.
14/09/2017
A superioridade moral imobiliária do socialismo (2)
Em retrospectiva:
Acrescente-se que o duplex de Costa na Avenida da Liberdade lhe foi arrendado entre 2012 e 2014 por 1.100€ (uma renda baixa até para um duplex na Reboleira) pela Holding Violas Ferreira, num imóvel ampliado em 2010, com Costa já presidente da câmara, contra o parecer técnico dos serviços (fonte).
Novos desenvolvimentos:
Fernando Medina, que herdou de Costa a presidência da câmara de Lisboa, é mais um socialista com olho para o negócio imobiliário. Primeiro vendeu um apartamento T3 em 2016 por 490 mil euros que lhe tinha custado dez anos antes 360 mil.
Também em 2016 comprou um apartamento duplex (a inclinação dos socialistas para o duplex...) por 645 mil euros à proprietária que tinha pago por ele 843 mil dez anos antes. A proprietária que perdeu de uma assentada quase 200 mil euros é, por acaso, um membro da família Teixeira Duarte (várias empresas da Teixeira Duarte haviam sido proprietárias do edifício, entretanto convertido em propriedade horizontal). Medina não reparou a quem comprou o apartamento porque, disse, foi-lhe proposto por uma agência, apartamento que ele pelos vistos não sabia situar-se no mesmo edifício onde o sogro (por acaso ex-ministro de Sócrates) também era proprietário de outro apartamento (bem como outros ex-ministros do CDS), apartamento que, por acaso, seis anos antes lhe custara mais cinco mil euros do que o preço pago pelo genro Medina. Também por acaso, depois disso, a câmara adjudicou sem concurso várias obras à Teixeira Duarte. (Observador, Público)
Em resumo o génio negocial de Medina permitiu-lhe em dez anos realizar uma mais-valia actual de 230 mil euros e uma mais-valia potencial de 198 mil. É obra!
Não pretendo insinuar que dos casos referidos se conclua que os socialistas envolvidos sejam corruptos - abro uma excepção para José Sócrates, tanto quanto o segredo de justiça já permitiu saber. Nada disso, pretendo apenas concluir que esses casos são exemplares das trapalhadas e dos circuitos subterrâneos do funcionamento do polvo socialista com o seu corpo entrincheirado no Estado Sucial e os seus tentáculos em todos os sectores que dele dependem.
Da esquerda para a direita e de cima para baixo: Héron Castilho, Lisboa (José Sócrates); Passy, 16ème, Paris (José Sócrates); Avenida da Liberdade, Lisboa (António Costa); Rua Milharada, Massamá (Pedro Passos Coelho) |
Fernando Medina, que herdou de Costa a presidência da câmara de Lisboa, é mais um socialista com olho para o negócio imobiliário. Primeiro vendeu um apartamento T3 em 2016 por 490 mil euros que lhe tinha custado dez anos antes 360 mil.
Também em 2016 comprou um apartamento duplex (a inclinação dos socialistas para o duplex...) por 645 mil euros à proprietária que tinha pago por ele 843 mil dez anos antes. A proprietária que perdeu de uma assentada quase 200 mil euros é, por acaso, um membro da família Teixeira Duarte (várias empresas da Teixeira Duarte haviam sido proprietárias do edifício, entretanto convertido em propriedade horizontal). Medina não reparou a quem comprou o apartamento porque, disse, foi-lhe proposto por uma agência, apartamento que ele pelos vistos não sabia situar-se no mesmo edifício onde o sogro (por acaso ex-ministro de Sócrates) também era proprietário de outro apartamento (bem como outros ex-ministros do CDS), apartamento que, por acaso, seis anos antes lhe custara mais cinco mil euros do que o preço pago pelo genro Medina. Também por acaso, depois disso, a câmara adjudicou sem concurso várias obras à Teixeira Duarte. (Observador, Público)
Em resumo o génio negocial de Medina permitiu-lhe em dez anos realizar uma mais-valia actual de 230 mil euros e uma mais-valia potencial de 198 mil. É obra!
Não pretendo insinuar que dos casos referidos se conclua que os socialistas envolvidos sejam corruptos - abro uma excepção para José Sócrates, tanto quanto o segredo de justiça já permitiu saber. Nada disso, pretendo apenas concluir que esses casos são exemplares das trapalhadas e dos circuitos subterrâneos do funcionamento do polvo socialista com o seu corpo entrincheirado no Estado Sucial e os seus tentáculos em todos os sectores que dele dependem.
13/09/2017
ACREDITE SE QUISER: Afinal era só um problema de falta de formação
Já sabíamos que o ministro da Defesa não sabe se alguém entrou em Tancos e no limite, pode não ter havido furto.
Ficámos agora a saber que «as avaliações pedidas pelo ministro da Defesa à segurança das instalações militares recomendam o aperfeiçoamento da formação e treino do pessoal dedicado à guarda do material militar, partilha de informação e normas comuns aos ramos. Essas avaliações foram pedidas na sequência do (alegado) assalto aos Paióis Nacionais de Tancos, em junho, que resultaram no desaparecimento de granadas, explosivos e outro armamento. Esta semana, o ministro admitiu que possa nunca ter havido um furto.»
De onde podemos concluir que a (alegada) tropa que o Estado Sucial nos cobra para defender o (alegado) país vai precisar antes disso de umas aulas e, em qualquer caso, se tiver (alegadamente) de combater será só nas horas de expediente.
Ficámos agora a saber que «as avaliações pedidas pelo ministro da Defesa à segurança das instalações militares recomendam o aperfeiçoamento da formação e treino do pessoal dedicado à guarda do material militar, partilha de informação e normas comuns aos ramos. Essas avaliações foram pedidas na sequência do (alegado) assalto aos Paióis Nacionais de Tancos, em junho, que resultaram no desaparecimento de granadas, explosivos e outro armamento. Esta semana, o ministro admitiu que possa nunca ter havido um furto.»
«Está-se mesmo a ver que os rapazes precisam de umas aulas para guardar o armazém» |
DIÁRIO DE BORDO: Senhor, concedei-nos a graça de não termos outros cinco anos de TV Marcelo (45)
Outras preces.
Dando razão outra vez à crítica implícita (chapéu que Marcelo enfiou prontamente) de Cavaco Silva, que na circunstância disse algo com pertinência, o presidente dos Afectos, durante um passeio em Andorra à beira de uma ravina, note-se durante um passeio no estrangeiro, fez os seguintes comentários para a comitiva:
Acredito que ele mantenha quotas de popularidade de 80 e tal por cento durante meses ou anos, enquanto durar o dinheiro dos credores e dos «ricos». Não acredito que essa popularidade resista à primeira crise ao virar da esquina e antecipo que, quando o Zé Povinho se sentir outra vez miserável, o maquiavelismo de pacotilha do «catavento de opiniões erráticas» não o salvará de uma impopularidade simétrica da popularidade de hoje.
Dando razão outra vez à crítica implícita (chapéu que Marcelo enfiou prontamente) de Cavaco Silva, que na circunstância disse algo com pertinência, o presidente dos Afectos, durante um passeio em Andorra à beira de uma ravina, note-se durante um passeio no estrangeiro, fez os seguintes comentários para a comitiva:
«Quem será a oposição ao Presidente que ama todos os portugueses? Não há oposição. Tem de ser alguém muito distraído. Com quotas de popularidade de 80 e tal por cento, tem de ser alguém muito distraído. (...)
Agora viramos à direita, coisa que eu em Portugal já não faço há algum tempo (...) De vez em quando faço, mas a direita não nota. Eu quando viro à direita em Portugal, a direita está distraída a bater na esquerda, não nota. Em vez de aproveitar, não nota.»É difícil de acreditar que que isto tenha sido dito por um presidente de uma República que não seja das Bananas. Por isso, confesso que hesitei entre citar MRS na série «ACREDITE SE QUISER» ou nesta colecção do DIÁRIO DE BORDO que lhe é dedicada.
Acredito que ele mantenha quotas de popularidade de 80 e tal por cento durante meses ou anos, enquanto durar o dinheiro dos credores e dos «ricos». Não acredito que essa popularidade resista à primeira crise ao virar da esquina e antecipo que, quando o Zé Povinho se sentir outra vez miserável, o maquiavelismo de pacotilha do «catavento de opiniões erráticas» não o salvará de uma impopularidade simétrica da popularidade de hoje.
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é muito para um homem só,
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picareta falante
12/09/2017
CAMINHO PARA A SERVIDÃO: O Estado Sucialista d'après Costa
«Lembremos qual foi a tese que os actuais ministros e os seus aliados parlamentares trouxeram para o governo. Em 2011, num país próspero e de contas equilibradas, um bando de malfeitores neo-liberais apossou-se do poder, e começou a cortar rendimentos aos portugueses. Como recuperaram os portugueses esses rendimentos? Trabalhando, reorganizando-se, reequilibrando as contas, tornando-se mais competitivos? De modo nenhum. “Resistindo” e “lutando”, até o governo maldoso ser substituído por um governo bondoso.
Reparem: para a diminuição de rendimentos, segundo o presente governo, não houve nenhuma razão, a não ser a ideologia do governo anterior; e para a sua reposição, nenhuma outra razão, a não ser a derrota desse governo. A “luta”, e não o trabalho, é portanto o modo de adquirir proventos. É esta a cultura económica de António Costa e da sua maioria: o Estado é o grande distribuidor de rendas, e a situação de cada um depende, por isso, da sua relação com o Estado.
Toda a sociedade é explicada desta maneira. Se há ricos, é só porque o Estado não lhes cobra impostos. Se há pobres, é só porque o Estado não lhes dá subsídios. Tudo passa pelo poder político. A ideia de um esforço colectivo para aumentar a riqueza e melhorar a condição de todos é estranha a esta filosofia. A riqueza é uma quantidade constante disputada pelos vários grupos, e repartida pelo Estado de modo arbitrário, conforme a relação de forças.»
Com este governo, o que importa é a “luta”, Rui Ramos no Observador
Reparem: para a diminuição de rendimentos, segundo o presente governo, não houve nenhuma razão, a não ser a ideologia do governo anterior; e para a sua reposição, nenhuma outra razão, a não ser a derrota desse governo. A “luta”, e não o trabalho, é portanto o modo de adquirir proventos. É esta a cultura económica de António Costa e da sua maioria: o Estado é o grande distribuidor de rendas, e a situação de cada um depende, por isso, da sua relação com o Estado.
Toda a sociedade é explicada desta maneira. Se há ricos, é só porque o Estado não lhes cobra impostos. Se há pobres, é só porque o Estado não lhes dá subsídios. Tudo passa pelo poder político. A ideia de um esforço colectivo para aumentar a riqueza e melhorar a condição de todos é estranha a esta filosofia. A riqueza é uma quantidade constante disputada pelos vários grupos, e repartida pelo Estado de modo arbitrário, conforme a relação de forças.»
Com este governo, o que importa é a “luta”, Rui Ramos no Observador
Um governo à deriva (34) - No limite pode nem haver ministério da Defesa
«Não sei se alguém entrou em Tancos. No limite, pode não ter havido furto»
«Não vejo ninguém a entrar em Tancos»
«Não vejo ninguém a entrar em Tancos»
Já tínhamos concluído que Azeredo Lopes pertence a outro governo. Concluímos agora que o ministério dele não é deste mundo.
11/09/2017
Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (100)
Outras avarias da geringonça.
«Governo nunca foi tão impopular» titula preocupado o semanário de reverência. Exagero, não é caso para preocupações. Afinal, depois de 20 meses de austeridade heterodoxa e de escândalos vários (colapso da resposta aos incêndios, roubo das armas de Tancos, etc.) o governo continua com um saldo positivo de 2,1% e o PS com 40,3% de intenções de voto.
O que é negativo é o saldo até Julho entre a receita de 8,9 mil milhões e a despesa de 9,38 mil milhões da Segurança Social. Também este saldo negativo não é preocupante porque, como diz o ministério respectivo, «em 2017, os sinais de curto prazo continuam positivos» e, segundo a doutrina da Mouse School of Business, no sistema de pensões o que importa é o curto prazo.
«Governo nunca foi tão impopular» titula preocupado o semanário de reverência. Exagero, não é caso para preocupações. Afinal, depois de 20 meses de austeridade heterodoxa e de escândalos vários (colapso da resposta aos incêndios, roubo das armas de Tancos, etc.) o governo continua com um saldo positivo de 2,1% e o PS com 40,3% de intenções de voto.
O que é negativo é o saldo até Julho entre a receita de 8,9 mil milhões e a despesa de 9,38 mil milhões da Segurança Social. Também este saldo negativo não é preocupante porque, como diz o ministério respectivo, «em 2017, os sinais de curto prazo continuam positivos» e, segundo a doutrina da Mouse School of Business, no sistema de pensões o que importa é o curto prazo.
LASCIATE OGNI SPERANZA, VOI CH'ENTRATE: Os gestores do futuro são filhos dos gestores do passado
A revista Exame e o Fórum de Administradores e Gestores de Empresas organizaram uma espécie de concurso «40 Líderes Empresariais do Futuro». Depois de muita elaboração, o júri, uma selecção nacional com onze notáveis, escolheu 40 jovens de elevado potencial com menos de 40 anos que estão pré-destinados a serem os gestores do futuro. Uma olhadela pelos nomes da lista que pode ser vista aqui diz imenso sobre o nosso Portugal dos Pequeninos e o inbreeding característico das nossas elites o que, por sua vez, explica como o nosso Portugal é o Portugal dos Pequeninos.
10/09/2017
As minorias são o novo proletariado da esquerdalhada
«Por culpa do marxismo cultural, hoje quando ouvimos falar em minorias associa-se de imediato a um grupo de “coitadinhos” escravizados, maltratados e segregados pela sociedade malvada, sem qualquer hipótese de igualdade social. Por isso, estes pseudo-defensores destes grupos impõem que o Mundo inteiro se transforme de forma radical para que essas minorias se “sintam em casa” deixando de ser minorias, o que é profundamente ERRADO. A verdade por trás disto não é a luta por direitos mas sim a sobrevivência de uma ideologia morta que por não ter vingado junto do proletariado, procura alimento nestas minorias que quer fazer crescer para assegurar votos. Confuso? Eu explico.
Há minorias por todo lado. Se eu for para a África, eu sou minoria porque sou branca. Se eu for para um país nórdico, eu sou minoria porque não sou loira, nem alta, nem tenho olhos azuis. Se eu for para um país muçulmano sou minoria porque sou cristã. Se eu for trabalhar para as obras sou minoria porque sou mulher. Ou seja, somos minoria ou maioria consoante o sítio onde vivemos ou trabalhamos. Mas isso faz de mim uma coitadinha? Claro que não.»
As Minorias Não São “Coitadinhos”, Cristina Miranda no Blasfémias
Há minorias por todo lado. Se eu for para a África, eu sou minoria porque sou branca. Se eu for para um país nórdico, eu sou minoria porque não sou loira, nem alta, nem tenho olhos azuis. Se eu for para um país muçulmano sou minoria porque sou cristã. Se eu for trabalhar para as obras sou minoria porque sou mulher. Ou seja, somos minoria ou maioria consoante o sítio onde vivemos ou trabalhamos. Mas isso faz de mim uma coitadinha? Claro que não.»
As Minorias Não São “Coitadinhos”, Cristina Miranda no Blasfémias
09/09/2017
QUEM SÓ TEM UM MARTELO VÊ TODOS OS PROBLEMAS COMO PREGOS: O alívio quantitativo aliviará? (52) O clube dos incréus reforçou-se (XVII)
Outras marteladas e O clube dos incréus reforçou-se.
Recapitulando:
O intervencionismo do BCE, que copiou com atraso a Fed e o BoE, adoptando o alívio quantitativo e as taxas de juro negativas ou nulas, desde o «whatever it takes» do Super Mario de Julho de 2012, está cada vez mais parecido como terapêutica com a sangria dos pacientes praticada pela medicina medieval para tratar qualquer doença, incluindo a anemia.
Por razões fáceis de entender, estas políticas continuam a merecer a reverência, sobretudo em países como o nosso em que o Estado vive directa e sobretudo indirectamente, pela indução de confiança nos mercados, a expensas do BCE. Proliferam assim as luminárias que vêem a União Europeia e as miríficas políticas de mutualização da dívida como o alfa e ómega da salvação sem esforço das finanças arruinadas da pátria.
Agora que passaram dez anos do espoletar da última grande crise financeira, é quase um serviço público a divulgação das visões divergentes dos incréus na bondade das políticas de injecção de dinheiro e de juros artificialmente baixos dos bancos centrais. Como é o caso (inesperado?) de Patrick Jenkins, o editor financeiro do FT num seu artigo recente se pergunta «A decade on from the financial crisis, what have we learnt?» Muito pouco, creio.
Jenkins situa as raízes da crise em 1995 com a aprovação pela administração Clinton da alteração do Community Reinvestment Act para incorporar a agenda da «habitação acessível». Precisamente nesse ano foi criado o New Century Financial focado no crédito hipotecário de alto risco (subprime) que, para potenciar um crescimento exponencial do crédito aos americanos até aí sem score suficiente, lançou a securitização empacotando milhares ou centenas de milhares de crédito de alto risco e "vendendo" os pacotes como se os riscos individuais se anulassem colectivamente - o que aconteceu foi precisamente o contrário quando estas engenharias mostraram a sua verdadeira natureza sistémica. Em Abril de 2007 o New Century Financial faliu o incêndio começou a pegar na floresta. No ano seguinte quando faliram o Northern Rock e depois o Lehman Bros ficou claro que o sistema financeiro corria o risco de colapsar.
Dez anos passados, novos focos de incêndio são já visíveis. Nos Estados Unidos o car-loan subprime tornou-se um problema potencial com o crescimento de 70% em dez anos. A China com a sua dívida total em 300% do PIB é outro problema pronto a explodir, mas é apenas uma fracção da dívida total a nível mundial que triplicou para USD 271 milhares de biliões (triliões na escala curta).
Abaixo desta camada visível temos a invisível: os triliões investidos em projectos com TIR insuficientes que foram financiados a taxas de juro insustentáveis a longo prazo, taxas que quando gradualmente se forem aproximando dos seus níveis "normais" históricos tornarão esses investimentos inviáveis.
Recapitulando:
O intervencionismo do BCE, que copiou com atraso a Fed e o BoE, adoptando o alívio quantitativo e as taxas de juro negativas ou nulas, desde o «whatever it takes» do Super Mario de Julho de 2012, está cada vez mais parecido como terapêutica com a sangria dos pacientes praticada pela medicina medieval para tratar qualquer doença, incluindo a anemia.
Por razões fáceis de entender, estas políticas continuam a merecer a reverência, sobretudo em países como o nosso em que o Estado vive directa e sobretudo indirectamente, pela indução de confiança nos mercados, a expensas do BCE. Proliferam assim as luminárias que vêem a União Europeia e as miríficas políticas de mutualização da dívida como o alfa e ómega da salvação sem esforço das finanças arruinadas da pátria.
Agora que passaram dez anos do espoletar da última grande crise financeira, é quase um serviço público a divulgação das visões divergentes dos incréus na bondade das políticas de injecção de dinheiro e de juros artificialmente baixos dos bancos centrais. Como é o caso (inesperado?) de Patrick Jenkins, o editor financeiro do FT num seu artigo recente se pergunta «A decade on from the financial crisis, what have we learnt?» Muito pouco, creio.
Jenkins situa as raízes da crise em 1995 com a aprovação pela administração Clinton da alteração do Community Reinvestment Act para incorporar a agenda da «habitação acessível». Precisamente nesse ano foi criado o New Century Financial focado no crédito hipotecário de alto risco (subprime) que, para potenciar um crescimento exponencial do crédito aos americanos até aí sem score suficiente, lançou a securitização empacotando milhares ou centenas de milhares de crédito de alto risco e "vendendo" os pacotes como se os riscos individuais se anulassem colectivamente - o que aconteceu foi precisamente o contrário quando estas engenharias mostraram a sua verdadeira natureza sistémica. Em Abril de 2007 o New Century Financial faliu o incêndio começou a pegar na floresta. No ano seguinte quando faliram o Northern Rock e depois o Lehman Bros ficou claro que o sistema financeiro corria o risco de colapsar.
Dez anos passados, novos focos de incêndio são já visíveis. Nos Estados Unidos o car-loan subprime tornou-se um problema potencial com o crescimento de 70% em dez anos. A China com a sua dívida total em 300% do PIB é outro problema pronto a explodir, mas é apenas uma fracção da dívida total a nível mundial que triplicou para USD 271 milhares de biliões (triliões na escala curta).
Abaixo desta camada visível temos a invisível: os triliões investidos em projectos com TIR insuficientes que foram financiados a taxas de juro insustentáveis a longo prazo, taxas que quando gradualmente se forem aproximando dos seus níveis "normais" históricos tornarão esses investimentos inviáveis.
08/09/2017
CASE STUDY: O pensamento económico da Mouse School of Economics à luz do revisionismo de Costa (2)
Continuação de (1)
Recapitulando: o pensamento económico de Costa seria, se Costa tivesse um pensamento económico para além da sua inspiração na Banda do Casaco («Hoje há conquilhas, amanhã não sabemos»), fundado na doutrina dominante da Mouse School of Economics.
Concluímos também que a governação de Costa abandonou os corolários principais da doutrina, a saber: o défice das contas públicas e o défice das contas externas que eram irrelevantes passaram a ter a maior importância e a «aposta no investimento público» faleceu vítima das cativações e de outros expedientes.
Contudo, a inovação de Costa não se limitou ao abandono desses corolários. Costa, assessorado pelo Ronaldo das Finanças, criou um novo teorema no que respeita à influência da economia internacional na economia doméstica. A doutrina tradicional da Mouse School of Economics, desenvolvida por alturas da falência do Estado Sucial às mãos do Grande Líder José Sócrates, a que seguiu o resgate pela troika, consistia em explicar que a economia doméstica atravessava um período de grande prosperidade até ser atingida pela crise internacional resultante da economia de casino e do neoliberalismo e da conspiração das agências de rating.
O novo teorema, pelo contrário, postula que a economia internacional não tem qualquer influência na economia doméstica e, por isso, como corolário o «maior crescimento do século» não deve nada ao crescimento da Espanha, França, Alemanha e Reino Unido e ao crescimento das importações por esses países de bens e serviços portugueses (56% do total destinaram-se àqueles 4 países em 2016), nem ao turismo, e é fruto da adopção pelo governo do Documento dos Doze Sábios.
Recapitulando: o pensamento económico de Costa seria, se Costa tivesse um pensamento económico para além da sua inspiração na Banda do Casaco («Hoje há conquilhas, amanhã não sabemos»), fundado na doutrina dominante da Mouse School of Economics.
Concluímos também que a governação de Costa abandonou os corolários principais da doutrina, a saber: o défice das contas públicas e o défice das contas externas que eram irrelevantes passaram a ter a maior importância e a «aposta no investimento público» faleceu vítima das cativações e de outros expedientes.
Contudo, a inovação de Costa não se limitou ao abandono desses corolários. Costa, assessorado pelo Ronaldo das Finanças, criou um novo teorema no que respeita à influência da economia internacional na economia doméstica. A doutrina tradicional da Mouse School of Economics, desenvolvida por alturas da falência do Estado Sucial às mãos do Grande Líder José Sócrates, a que seguiu o resgate pela troika, consistia em explicar que a economia doméstica atravessava um período de grande prosperidade até ser atingida pela crise internacional resultante da economia de casino e do neoliberalismo e da conspiração das agências de rating.
O novo teorema, pelo contrário, postula que a economia internacional não tem qualquer influência na economia doméstica e, por isso, como corolário o «maior crescimento do século» não deve nada ao crescimento da Espanha, França, Alemanha e Reino Unido e ao crescimento das importações por esses países de bens e serviços portugueses (56% do total destinaram-se àqueles 4 países em 2016), nem ao turismo, e é fruto da adopção pelo governo do Documento dos Doze Sábios.
07/09/2017
CASE STUDY: Perguntas politicamente incorrectas podem ter respostas politicamente incorrectas (2)
As perguntas são como as cerejas. Depois destas perguntas (politicamente incorrectas) e destas tentativas de respostas (politicamente incorrectas), surgem outras perguntas: porquê os negros, além de mais pobres, são mais vítimas de assassinatos?
Quão mais? Em cinquenta grandes cidades americanas a taxa de assassinatos dos negros voltou a aumentar significativamente nos últimos anos, é quatro vezes maior do que a taxa média da população dessas cidades e oito vezes maior do que a média nacional americana.
Porquê o aumento? Há quem o explique como consequência do "efeito Ferguson" em resposta ao assassinato de Michael Brown pela polícia de Ferguson, Missouri, em 2014, potenciado pela morte de Freddie Gray pela polícia de Baltimore em 2015; efeito que teria levado as polícias a uma atitude mais passiva potenciando a criminalidade. Contudo, se esse efeito é visível nessas cidades, no resto do país não há evidência.
Em qualquer caso, porquê uma taxa de assassinatos entre os negros tão mais elevada? E porquê continua a aumentar? Em 1980 os negros representavam 56% das vítimas de assassinato e em 2015 já eram 68%. Um factor importante é a violência dos gangues de jovens negros ligados à droga. E porque não de jovens brancos ou asiáticos?
O que fazer? Não sei. Sei o que não fazer: não aplicar as receitas de engenharia social baseada em ciências ocultas e na vulgata do politicamente correcto.
Quão mais? Em cinquenta grandes cidades americanas a taxa de assassinatos dos negros voltou a aumentar significativamente nos últimos anos, é quatro vezes maior do que a taxa média da população dessas cidades e oito vezes maior do que a média nacional americana.
Fonte |
Em qualquer caso, porquê uma taxa de assassinatos entre os negros tão mais elevada? E porquê continua a aumentar? Em 1980 os negros representavam 56% das vítimas de assassinato e em 2015 já eram 68%. Um factor importante é a violência dos gangues de jovens negros ligados à droga. E porque não de jovens brancos ou asiáticos?
O que fazer? Não sei. Sei o que não fazer: não aplicar as receitas de engenharia social baseada em ciências ocultas e na vulgata do politicamente correcto.
06/09/2017
O ruído do silêncio da gente honrada no PS é ensurdecedor (161) - Ele sabe do que fala
«Mais tarde aderi ao Partido Socialista, por ser o partido defensor da liberdade, da democracia e da justiça social, tendo acabado recentemente por também abandonar o PS ao verificar que os objectivos democráticos do partido eram mais formais do que reais e que, através de sucessivas direcções partidárias, bem como de vários governos, o PS praticava com relativo sucesso uma ideia que me repugna: de que a vontade dos cidadãos pode ser manipulada através da informação disponibilizada e de algum controlo dos meios de comunicação, onde se incluem mais modernamente as redes sociais. Tal como no PCP, ainda que de forma diferente, no PS acredita-se ser possível controlar duradouramente a vontade dos militantes e a partir daí o pensamento livre dos portugueses, usando um modelo eleitoral onde todo o poder de escolha reside na direcção dos partidos. (...)
Por outro lado, quarenta anos depois de termos um regime supostamente democrático, o atraso organizacional, económico e social de Portugal, relativamente aos outros países de democracia consolidada, aumentou. E que isso aconteceu à medida que o poder político português aprendeu a manipular a vontade dos cidadãos e a dominar o Estado e a sociedade através do enfraquecimento das suas instituições.»
O aventureirismo do poder, Henrique Neto no jornal i
Por outro lado, quarenta anos depois de termos um regime supostamente democrático, o atraso organizacional, económico e social de Portugal, relativamente aos outros países de democracia consolidada, aumentou. E que isso aconteceu à medida que o poder político português aprendeu a manipular a vontade dos cidadãos e a dominar o Estado e a sociedade através do enfraquecimento das suas instituições.»
O aventureirismo do poder, Henrique Neto no jornal i
CASE STUDY: Uma espécie de affirmative action do nepotismo
Aqui tratei do insucesso da affirmative action como forma de luta contra discriminação racial na admissão às faculdades e universidades americanas. Mas há outras formas sub-reptícias de discriminação. E não, não se trata da discriminação sexual, até porque actualmente as mulheres estão em maioria ou para lá caminham em muitas universidades e, mais cedo do que tarde, é até provável que seja "necessário" adoptar medidas de affirmative action sexual em benefício dos homens (brancos).
Trata-se da discriminação positiva em favor das famílias - uma espécie de nepotismo nas universidades de elite americanas. O fenómeno também existe em Portugal - por exemplo no Liceu Francês.
Veja-se o caso de Harvard, uma das oito universidades da Ivy League e a segunda mais selectiva, em que pelo menos 30% das admissões são herdadas de pais ou familiares próximos devido aos critérios explicitamente adoptados. «Among a group of similarly distinguished applicants, the daughters and sons of Harvard College alumni/ae may receive an additional look» escreve-se no site da universidade com notável frontalidade (ou falta de pudor dirão as almas sensíveis).
Como o rácio médio de admissões na Ivy League é inferior a 10%, há todos os anos um bom número de estudantes talentosos preteridos em favor do esperma feliz, como lhes chama Warren Buffet.
Trata-se da discriminação positiva em favor das famílias - uma espécie de nepotismo nas universidades de elite americanas. O fenómeno também existe em Portugal - por exemplo no Liceu Francês.
Veja-se o caso de Harvard, uma das oito universidades da Ivy League e a segunda mais selectiva, em que pelo menos 30% das admissões são herdadas de pais ou familiares próximos devido aos critérios explicitamente adoptados. «Among a group of similarly distinguished applicants, the daughters and sons of Harvard College alumni/ae may receive an additional look» escreve-se no site da universidade com notável frontalidade (ou falta de pudor dirão as almas sensíveis).
«The affirmative action ‘we don’t talk about’ — 30% of Harvard freshmen are legacies: survey» |
05/09/2017
Pro memoria (355) - Os militantes do politicamente correcto vivem dentro de uma bolha
Lembram-se das declarações de André Ventura sobre os comportamentos dos ciganos de Loures? Essas declarações são censuráveis? Um módico de senso comum é suficiente para perceber que é conveniente separar os factos dos juízos e só refutar os segundos depois de demonstrar que os primeiros são falsos. Afinal o que disse a criatura sobre os ciganos?
Lembram-se das reacções politicamente correctas, nomeadamente da queixa-crime dos berloquistas? Vejam-se agora os resultados de 597 entrevistas telefónicas a nível nacional realizadas nos dias 29 e 30 de Agosto (e tenha-se em conta a dificuldade cada vez maior que pessoas comuns têm em exprimir ideias diferentes do manual todos os dias trombeteado pelos militantes do politicamente correcto que ocupam os mídia):
O que podemos concluir? Várias coisas, das quais sublinho uma: as doutrinas dos militantes do politicamente correcto amplificadas por várias corporações profissionais, como os jornalistas e os políticos que na sua maioria vivem dentro de bolhas sem contacto com o mundo real, servem principalmente para exacerbar a xenofobia.
- vivem quase exclusivamente de subsídios do Estado
- acharem que estão acima das regras do Estado de direito
- vários munícipes queixam-se de pessoas de etnia cigana que entram nos transportes, usam os transportes e nunca pagam, e ainda geram desacatos.
- A ideia de maioria e minoria inverteu-se a partir do momento em que as minorias se tornaram minorias de privilégio. Isto tem de acabar.
- A etnia cigana, quer em Loures quer no resto do país, tem de interiorizar o manual do Estado de direito
- Na Quinta da Fonte, o comandante da polícia diz-me que são chamados lá só para serem agredidos
- Nada tenho contra as pessoas de etnia cigana, isto tem a ver com um grupo que acha que está acima do Estado de direito.
Lembram-se das reacções politicamente correctas, nomeadamente da queixa-crime dos berloquistas? Vejam-se agora os resultados de 597 entrevistas telefónicas a nível nacional realizadas nos dias 29 e 30 de Agosto (e tenha-se em conta a dificuldade cada vez maior que pessoas comuns têm em exprimir ideias diferentes do manual todos os dias trombeteado pelos militantes do politicamente correcto que ocupam os mídia):
Fonte: Negócios |
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Desconformidades,
esquerdalhada,
Tele-evangelismo,
tiro no pé,
trilema de Žižek
04/09/2017
ESTADO DE SÍTIO: Habituem-se (12) - Perpétuo é manifestamente exagerado. Talvez duradouro
Outros Habituem-se
«Esta fórmula [a geringonça] de poder perpétuo, que tem tudo para funcionar, impõe três lições sobre este novo tempo político. A primeira é que se tornou consensual que o verdadeiro poder político não está no parlamento – se estivesse, o PS ficaria entusiasmado pela possibilidade de obter uma maioria absoluta e libertar-se dos parceiros à esquerda. Ou seja, assume-se que, num país centralizado e pendurado no Estado, o controlo da máquina estatal define quem detém o poder. E, nesse sentido, o PS sozinho nunca conseguiria esse domínio, ficando nas mãos sindicais da CGTP ou dos sectores da administração central controlados pelo PCP e pelo BE, que bloqueariam as suas iniciativas. Ora, num contexto de geringonça, todas as portas se abrem.
A segunda é o reconhecimento utilitário de que, tendo PCP e BE ao seu lado, o PS esvazia a oposição política a um governo seu. Desde logo, pelas razões óbvias: os partidos mais à esquerda gerem a “rua” e definem os níveis de contestação social, podendo impor o caos ou estabelecer a paz. A “descrispação” que Marcelo saudou como vitória política resulta artificialmente desse monopólio da contestação social que PCP e BE detêm – ou seja, o ambiente social é gerado pelas conveniências desses partidos e tê-los do lado do governo é proteger o PS do desgaste da governação. Além disso, no debate parlamentar, durante décadas perdurou o entendimento de que a oposição estava a reboque de PCP e BE, partidos de protesto cuja especialidade era sovar ministros no plenário da Assembleia da República. PS e PSD habituaram-se a fazer oposição de mãos nos bolsos, à espera que chegasse a sua vez de regressar a São Bento. Ora, agora que PCP e BE trocaram as críticas ao governo pelas ovações, a direita ficou dependente de si própria na luta parlamentar – e não sabe o que fazer.
A terceira lição é que o tempo das reformas acabou. (...)
Entender que, sendo a geringonça uma força de bloqueio, a direita tem a oportunidade de se assumir como motor reformista do país – e, portanto, formar alternativa na apresentação de ideias inovadoras por sector, com bons think tanks ou até um governo sombra. E aceitar que, no contexto parlamentar, terá de começar a sujar as mãos e trabalhar mais. Já era tempo.»
«A fórmula do poder perpétuo», Alexandre Homem Cristo no Observador
«Esta fórmula [a geringonça] de poder perpétuo, que tem tudo para funcionar, impõe três lições sobre este novo tempo político. A primeira é que se tornou consensual que o verdadeiro poder político não está no parlamento – se estivesse, o PS ficaria entusiasmado pela possibilidade de obter uma maioria absoluta e libertar-se dos parceiros à esquerda. Ou seja, assume-se que, num país centralizado e pendurado no Estado, o controlo da máquina estatal define quem detém o poder. E, nesse sentido, o PS sozinho nunca conseguiria esse domínio, ficando nas mãos sindicais da CGTP ou dos sectores da administração central controlados pelo PCP e pelo BE, que bloqueariam as suas iniciativas. Ora, num contexto de geringonça, todas as portas se abrem.
A segunda é o reconhecimento utilitário de que, tendo PCP e BE ao seu lado, o PS esvazia a oposição política a um governo seu. Desde logo, pelas razões óbvias: os partidos mais à esquerda gerem a “rua” e definem os níveis de contestação social, podendo impor o caos ou estabelecer a paz. A “descrispação” que Marcelo saudou como vitória política resulta artificialmente desse monopólio da contestação social que PCP e BE detêm – ou seja, o ambiente social é gerado pelas conveniências desses partidos e tê-los do lado do governo é proteger o PS do desgaste da governação. Além disso, no debate parlamentar, durante décadas perdurou o entendimento de que a oposição estava a reboque de PCP e BE, partidos de protesto cuja especialidade era sovar ministros no plenário da Assembleia da República. PS e PSD habituaram-se a fazer oposição de mãos nos bolsos, à espera que chegasse a sua vez de regressar a São Bento. Ora, agora que PCP e BE trocaram as críticas ao governo pelas ovações, a direita ficou dependente de si própria na luta parlamentar – e não sabe o que fazer.
A terceira lição é que o tempo das reformas acabou. (...)
Entender que, sendo a geringonça uma força de bloqueio, a direita tem a oportunidade de se assumir como motor reformista do país – e, portanto, formar alternativa na apresentação de ideias inovadoras por sector, com bons think tanks ou até um governo sombra. E aceitar que, no contexto parlamentar, terá de começar a sujar as mãos e trabalhar mais. Já era tempo.»
«A fórmula do poder perpétuo», Alexandre Homem Cristo no Observador
Crónica da anunciada avaria irreparável da geringonça (99)
Outras avarias da geringonça.
Um evento trivial, uma "aula" de Cavaco Silva aos jovens aspirantes a apparatchiks do PSD, transformou-se no acontecimento da semana, graças aos barretes que o PS e o presidente dos Afectos enfiaram nas suas próprias monas, suscitando variados comentários incluindo o do presidente que, como M Jourdain dizia prosa sem o saber, garantiu não comentar fazendo um comentário surpreendentemente insípido.
Registe-se o reconhecimento em entrevista à Bloomberg do ministro Santos Silva - o que gosta de malhar na direita - que o seu governo apenas abandonou «the most orthodox austerity». De onde temos de concluir que o governo adoptou a nova austeridade socialista, baseada, como agora já sabemos, em perdões fiscais, cativações, cortes do investimento e engenharia orçamental.
Entre os vários resultados desta nova austeridade boa, temos o aumento do número de «utentes» à espera de cirurgia, número que no primeiro ano da geringonça atingiu 211 mil, com o tempo médio de espera mais alto desde 2011, isto é desde os tempos da austeridade má.
Um evento trivial, uma "aula" de Cavaco Silva aos jovens aspirantes a apparatchiks do PSD, transformou-se no acontecimento da semana, graças aos barretes que o PS e o presidente dos Afectos enfiaram nas suas próprias monas, suscitando variados comentários incluindo o do presidente que, como M Jourdain dizia prosa sem o saber, garantiu não comentar fazendo um comentário surpreendentemente insípido.
Registe-se o reconhecimento em entrevista à Bloomberg do ministro Santos Silva - o que gosta de malhar na direita - que o seu governo apenas abandonou «the most orthodox austerity». De onde temos de concluir que o governo adoptou a nova austeridade socialista, baseada, como agora já sabemos, em perdões fiscais, cativações, cortes do investimento e engenharia orçamental.
Entre os vários resultados desta nova austeridade boa, temos o aumento do número de «utentes» à espera de cirurgia, número que no primeiro ano da geringonça atingiu 211 mil, com o tempo médio de espera mais alto desde 2011, isto é desde os tempos da austeridade má.
03/09/2017
ARTIGO DEFUNTO: Jornalismo de "referência" é o jornalismo de causas adoptado pelo jornal que se diz de referência (4)
Continuação de (1), (2) e (3)
O recorte do lado esquerdo é da primeira página do caderno principal do semanário de reverência e dirige-se aos leitores que se ficam pelo título e aos leitores que lêem o texto e não fazem a menor ideia de que a notação que o título diz que «melhora» é uma coisa e o outlook ("perspectiva") é outra, sendo que no conjunto estes leitores provavelmente representam a maioria, e tenta subliminarmente convencê-los de mais uma realização do governo de Costa.
O recorte do lado direito é da segunda página do caderno de economia e dirige-se aos leitores distraídos e aos que procuram ver a confirmação dos prognósticos que lhes impingiram, sendo que no conjunto também estes leitores provavelmente representam a maioria. Esta "notícia" é ainda mais pornográfica do que a outra quando confrontada com outra imprensa menos alinhada que noticia ter a dívida em Julho aumentado 100 milhões atingindo 249,2 mil milhões de euros.
Até mesmo para os padrões de alinhamento do luso-jornalismo, o semanário de reverência está a exceder-se na manipulação. Enfim, talvez estejam a tentar reestruturar os 160 milhões de dívida bancária com um empréstimo de Caixa e a rezar para melhorar a cotação das acções que perderam 60% do seu valor durante o ano passado e mesmo depois do anúncio da vendas das revistas ainda estão 40% abaixo da cotação de Janeiro do ano passado. Moral da estória: é preciso ganhar dinheiro para pagar o preço da independência.
O recorte do lado esquerdo é da primeira página do caderno principal do semanário de reverência e dirige-se aos leitores que se ficam pelo título e aos leitores que lêem o texto e não fazem a menor ideia de que a notação que o título diz que «melhora» é uma coisa e o outlook ("perspectiva") é outra, sendo que no conjunto estes leitores provavelmente representam a maioria, e tenta subliminarmente convencê-los de mais uma realização do governo de Costa.
O recorte do lado direito é da segunda página do caderno de economia e dirige-se aos leitores distraídos e aos que procuram ver a confirmação dos prognósticos que lhes impingiram, sendo que no conjunto também estes leitores provavelmente representam a maioria. Esta "notícia" é ainda mais pornográfica do que a outra quando confrontada com outra imprensa menos alinhada que noticia ter a dívida em Julho aumentado 100 milhões atingindo 249,2 mil milhões de euros.
Até mesmo para os padrões de alinhamento do luso-jornalismo, o semanário de reverência está a exceder-se na manipulação. Enfim, talvez estejam a tentar reestruturar os 160 milhões de dívida bancária com um empréstimo de Caixa e a rezar para melhorar a cotação das acções que perderam 60% do seu valor durante o ano passado e mesmo depois do anúncio da vendas das revistas ainda estão 40% abaixo da cotação de Janeiro do ano passado. Moral da estória: é preciso ganhar dinheiro para pagar o preço da independência.
Mitos (262) - O contrário do dogma do aquecimento global (XVI)
Outros posts desta série.
Em retrospectiva: que o debate sobre o aquecimento global, principalmente sobre o papel da intervenção humana, é muito mais um debate ideológico do que um debate científico é algo cada vez mais claro. Que nesse debate as posições tendam a extremar-se entre os defensores do aquecimento global como obra humana – normalmente gente de esquerda – e os negacionistas – normalmente gente de direita – existindo muito pouco espaço para dúvida, ou seja para uma abordagem científica, é apenas uma consequência da deslocação da discussão do campo científico, onde predomina a racionalidade, para o campo ideológico e inevitavelmente político, onde predomina a crença.
É claro que correlação não é causalidade. É claro que, em qualquer caso, a correlação entre o número de catástrofes e a quantidade de gases com efeito de estufa na atmosfera, em particular do dióxido de carbono. não permite provar que o aumento desses gases seja a causa determinante do aumento do número e intensidade das catástrofes naturais. É ainda mais claro que nada disso permite provar que o aquecimento global (supondo que este está provado) tenha como causa determinante o aumento da quantidade de gases com efeito de estufa na atmosfera.
E também é claro que as emissões com origem humana não são as únicas a contribuir para o aumento do dióxido de carbono na atmosfera. Para ficar por Portugal, nos incêndios de 2010 até 15 de Agosto, os 70 mil hectares de floresta e mato ardidos emitiram um milhão de toneladas de CO2 equivalente, o mesmo que a 29 milhões de automóveis a viajarem de Lisboa ao Porto (estimativa da Quercus). Nos incêndios deste ano até 31 de Julho os 128 mil hectares ardidos libertaram 2,9 milhões de toneladas de CO2 (estimativa da Agência Portuguesa do Ambiente) o equivalente (segundo as contas da Quercus) a 84 milhões de automóveis a viajarem de Lisboa ao Porto ou (segundo as minhas contas) o equivalente a todos os 5,4 milhões de veículos ligeiros existentes em Portugal a circularem durante quatro ou cinco meses.
Mas, sejamos honestos, é igualmente claro que tudo isto ainda menos suporta as teses negacionistas.
Em retrospectiva: que o debate sobre o aquecimento global, principalmente sobre o papel da intervenção humana, é muito mais um debate ideológico do que um debate científico é algo cada vez mais claro. Que nesse debate as posições tendam a extremar-se entre os defensores do aquecimento global como obra humana – normalmente gente de esquerda – e os negacionistas – normalmente gente de direita – existindo muito pouco espaço para dúvida, ou seja para uma abordagem científica, é apenas uma consequência da deslocação da discussão do campo científico, onde predomina a racionalidade, para o campo ideológico e inevitavelmente político, onde predomina a crença.
Fonte |
E também é claro que as emissões com origem humana não são as únicas a contribuir para o aumento do dióxido de carbono na atmosfera. Para ficar por Portugal, nos incêndios de 2010 até 15 de Agosto, os 70 mil hectares de floresta e mato ardidos emitiram um milhão de toneladas de CO2 equivalente, o mesmo que a 29 milhões de automóveis a viajarem de Lisboa ao Porto (estimativa da Quercus). Nos incêndios deste ano até 31 de Julho os 128 mil hectares ardidos libertaram 2,9 milhões de toneladas de CO2 (estimativa da Agência Portuguesa do Ambiente) o equivalente (segundo as contas da Quercus) a 84 milhões de automóveis a viajarem de Lisboa ao Porto ou (segundo as minhas contas) o equivalente a todos os 5,4 milhões de veículos ligeiros existentes em Portugal a circularem durante quatro ou cinco meses.
Mas, sejamos honestos, é igualmente claro que tudo isto ainda menos suporta as teses negacionistas.
02/09/2017
DIÁRIO DE BORDO: Pensamentos a propósito da luso-dificuldade de lidar com a realidade
Go, go, go, said the bird: human kind
Cannot bear very much reality.
Time past and time future
What might have been and what has been
Point to one end, which is always present.
T. S. Eliot, Burnt Norton (No. 1 of Four Quartets)
Reality is the leading cause of stress among those in touch with it.
Mary Jean "Lily" Tomlin. comediante, escritora e cantora americana e, por acaso, lésbica praticante há mais de 4 décadas que simplesmente nunca sentiu necessidade de nos informar disso
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delírios pontuais,
um país talvez normal mas rançoso
ESTADO DE SÍTIO: Habituem-se (11)
Outros Habituem-se
Mais uma sondagem e mais do mesmo. As intenções de voto no PS, embora caindo ligeiramente nos últimos 2 meses, continuam 20 pontos percentuais acima das do PSD que nos últimos 12 meses foi descendo gradualmente até aos 23% actuais. Quanto à apreciação dos líderes partidários, o desastre da gestão do combate ao incêndio fez perder a Costa menos de 3 pontos em 20 possíveis.
O que quer isto dizer? O mesmo que as sondagens anteriores: Costa e o PS montados numa clientela eleitoral potencial de mais 5 milhões de pensionistas e funcionários públicos (3,6 milhões) e respectivos apêndices (talvez 2 milhões) que constituem a base do partido do Estado, como lhe chamava o falecido Medina Carreira, com boa imprensa garantida pelo jornalismo de causas e contando com a passividade na pior hipótese e o apoio na melhor de comunistas e berloquistas, só serão derrotados pela realidade, como até Cavaco Silva já percebeu.
Dito de outro modo, enquanto houver dinheiro para extorquir à classe média - os ricos para geringonça - e sacar aos credores, a geringonça estará de pedra e cal. Bom, pelo menos até se desintegrar por interesses inconciliáveis dos seus componentes.
E quando acabará o dinheiro? Em condições ideais, navegando à bolina da conjuntura internacional, pode durar o suficiente para Costa ganhar um segundo mandato. Só que as fragilidades são tão grandes que se o vento muda a nau começará a meter água e em pouco tempo podemos recuar a 2011 e passar de um estado de aparente prosperidade para um estado de aparente miséria e, no final, o que conta é a aparência para um eleitorado infantilizado.
A prolongada esperança de vida de Costa dará a Passos Coelho mais um tempo (saberá ele usá-lo?) se, como é provável, os seus putativos sucessores se encolherem amedrontados por uma travessia do deserto que os transformará em cadáveres políticos adiados.
Mais uma sondagem e mais do mesmo. As intenções de voto no PS, embora caindo ligeiramente nos últimos 2 meses, continuam 20 pontos percentuais acima das do PSD que nos últimos 12 meses foi descendo gradualmente até aos 23% actuais. Quanto à apreciação dos líderes partidários, o desastre da gestão do combate ao incêndio fez perder a Costa menos de 3 pontos em 20 possíveis.
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Dito de outro modo, enquanto houver dinheiro para extorquir à classe média - os ricos para geringonça - e sacar aos credores, a geringonça estará de pedra e cal. Bom, pelo menos até se desintegrar por interesses inconciliáveis dos seus componentes.
E quando acabará o dinheiro? Em condições ideais, navegando à bolina da conjuntura internacional, pode durar o suficiente para Costa ganhar um segundo mandato. Só que as fragilidades são tão grandes que se o vento muda a nau começará a meter água e em pouco tempo podemos recuar a 2011 e passar de um estado de aparente prosperidade para um estado de aparente miséria e, no final, o que conta é a aparência para um eleitorado infantilizado.
A prolongada esperança de vida de Costa dará a Passos Coelho mais um tempo (saberá ele usá-lo?) se, como é provável, os seus putativos sucessores se encolherem amedrontados por uma travessia do deserto que os transformará em cadáveres políticos adiados.
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