Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

31/03/2023

CASE STUDY: Tyranny is a disgrace. Incompetent and corrupt tyranny is a catastrophe. The nightmare of Russian demography

«Over the past three years the country has lost around 2m more people than it would ordinarily have done, as a result of war, disease and exodus. The life expectancy of Russian males aged 15 fell by almost five years, to the same level as in Haiti. The number of Russians born in April 2022 was no higher than it had been in the months of Hitler’s occupation. And because so many men of fighting age are dead or in exile, women now outnumber men by at least 10m.

«Russia’s population nightmare is going to get even worse»

War is not the sole—or even the main—cause of these troubles, but it has made them all worse. According to Western estimates, 175,000-250,000 Russian soldiers have been killed or wounded in the past year (Russia’s figures are lower). Somewhere between 500,000 and 1m mostly young, educated people have evaded the meat-grinder by fleeing abroad. Even if Russia had no other demographic problems, losing so many in such a short time would be painful. As it is, the losses of war are placing more burdens on a shrinking, ailing population. Russia may be entering a doom loop of demographic decline.»

30/03/2023

No Portugal dos Pequeninos a justiça não julga e não prende os políticos (alegadamente) corruptos. Para compensar, a imprensa amiga publica-lhes a opinião


Citando o acusado Dr. Manuel Pinho, ex-ministro e empregado do Dr. Salgado, o Dono Disto Tudo, é «um processo complexo que está sob investigação há 12 anos e cuja acusação tem 570 páginas, 85 volumes e mais de 100 apensos, isto fora o registo áudio do depoimento de testemunhas», processo que até hoje a justiça não conseguiu julgar, como não conseguiu julgar o processo da Operação Marquês com 53 mil páginas de provas, mais 6 mil páginas do despacho de um juiz e vários milhares de páginas dos recursos do MP, onde é acusado o ex-primeiro ministro socialista Eng. José Sócrates.

Durante estes 12 anos, aos acusados, nomeadamente ao segundo, a imprensa amiga foi dando acolhimento às suas opiniões, umas vezes escritas por comentadores ao seu serviço e outras escritas pelos próprios, directa ou indirectamente relacionadas com o processo. Só este ano, os dois citados tiveram oportunidade de ver publicados artigos de opinião saídos do seu punho: «Uma história de aflição» do Eng. Sócrates, no Expresso, e «Um "não" dito com convicção» do Dr. Pinho no Diário de Notícias.

29/03/2023

Ser de esquerda é... (19) - ... ser lunático, ontem, hoje e sempre

Outros "Ser de esquerda é..."

Reiteradamente o jornalismo de causas doméstico publica as mesmas teses. Neste caso é o estudo requentado do CESIS sobre o «valor do trabalho não pago de cuidado e doméstico», objecto de mais uma "notícia" pelo Negócios. Republico por isso, sem pudor, o post requentado de há quatro meses sobre o mesmo estudo. Aqui vai ele:

Um estudo de Heloísa Perista e Pedro Perista do CESIS - Centro de Estudos para a Intervenção Social, inspirado nas ideologias da "identidade de género" e no combate à "assimetria de género", estimou que em 2019 se as actividades domésticas e de cuidados fossem remunerados com base no salário horário médio isso representaria 78 mil milhões. Dito isso assim, nem merece discussão é aritmética pura. 

A coisa começa perder contacto com a realidade quando, escreve o Público que cita o estudo, os autores propõem que «as actividades dos agregados domésticos sejam objecto, periodicamente e de forma mais exaustiva possível, de contas satélite». Proposta que o Público, aka o Avante da Sonae, empolgado pelo mais puro lunatismo, transforma em tese no título da peça: «Se o trabalho doméstico e de cuidados não pago contasse, PIB subiria 36,2%».

Certamente, e aumentará até muito mais se nas actividades domésticas e de cuidados incluirmos os serviços sexuais no seio da família e os valorizarmos a preços médios de mercado. Considerando dois serviços recíprocos em cada coito (para evitar a discriminação de género cada uma pagaria o serviço do outro) e assumindo uma frequência média semanal de dois coitos por cada um dos 4 milhões de casais, a preços médios de mercado o PIB aumentaria mais de 80 mil milhões de euros ou quase 40%. Qed.

28/03/2023

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (59b)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

(Continuação de 59a) 

Cada tiro, cada melro

O Dr. Cravinho na sua passagem pelo ministério da Defesa deixou um rasto de suspeitas de corrupção, além do caso das obras do Hospital Militar de Belém. Curiosamente, a página da Sic Notícias onde a estória era contada é agora uma «página não encontrada». Será a "central de comunicação" já a funcionar?

A formatação da amígdala e do córtex parietal não sai barata

Por falar em central de comunicação, nas últimas eleições «o PS gastou mais de 737 mil euros em “estudos de apoio à comunicação”, o que é quatro vezes mais do que gastou em 2019 e oito vezes mais do que o segundo partido mais votado na mesma eleição».

Primeiro será o Czar Vlad e a seguir o Eng. Sócrates, o Dr. Salgado e outros arguidos que por aí andam à solta

Por falar em Dr. Cravinho, ele mesmo garantiu que em cumprimento do mandato do Tribunal Penal Internacional (que aguarda ser bombardeado pelo Czar Putin, conforme ameaçado pelo секретарь Medvedev), poderá mandar deter o Czar, se ele passar pelo Portugal dos Pequeninos, isto, claro, se o navio patrulha Mondego já tiver sido reparado para o interceptar.

A igualdade será alcançada quando todos forem pobres

Segundo o Banco de Portugal a desigualdade salarial caiu 22% entre 2006 e 2020. Em 2006 o rácio entre os percentis 90 e 10 era de 4,1 e em 2020 desceu para 3,2. Enquanto isso, no mesmo período, o salário médio real dos trabalhadores com ensino secundário e superior diminuiu.

«Em defesa do SNS, sempre» / «O SNS é um tesouro»

O absentismo no SNS por doença aumentou 54% em 2022 em relação a 2019, com mais de três milhões de dias de faltas por doença, o que equivale a uma média diária superior a 13.000 funcionários ausentes, ou mais de 10% dos técnicos de saúde.

«Temos resultados, temos contas certas»

O Dr. Costa diz ter ficado surpreendido pelo défice ter sido menos 1,4 mil milhões do que o previsto porque «a contabilidade tem razões que a razão desconhece muitas vezes». Ele não esclareceu se os seus contabilistas também ficaram surpreendidos.

Take Another Plan. Take 1 – “Resultados históricos”, disse Mme Ourmières-Widener

Foi assim que a CEO da TAP anunciou os 65,6 milhões de lucros em 2022. “Históricos” não se refere certamente ao montante dos lucros que é um número pífio face a receitas de 3,5 mil milhões de uma empresa que recebeu até agora mais de 2 mil milhões a custo zero, quando a margem líquida média no transporte aéreo anda pelos 4-5%.

Take Another Plan. Take 2 – O último a sair desliga os motores

Mais uma administradora da TAP (Silvia Mosquera Gonzalez da equipa da CEO) apresentou a renúncia.

Take Another Plan. Take 3 – Cortina de fumaça

O governo do Dr. Costa e a imprensa amiga não têm poupado esforços em manobras de diversão para fazer esquecer ou relativizar o desastre da nacionalização da TAP. Depois da estória dos fundos recebidos da Airbus pela troca dos A350 pelos NEO, estória convincentemente desmontada por David Neeleman numa carta publicada no Expresso, emergiu no mesmo Expresso, com título na primeira página «TAP paga mais pelos aviões que Air France, Lufthansa e Iberia», uma peça baseada em contas a olho por cento de um «analista financeiro independente» que confessou não conhecer os contratos de leasing, as maturidades, nem valores de entrada e residuais. É preciso muita audácia para comparar, por exemplo, os custos anuais de um leasing a 5 anos com uma entrada de 10% com os de um leasing a 10 anos com uma entrada de 20%.

O Dr. Centeno perdeu o chapéu de governador e tem enfiado o barrete de político

Sobre a inflação o Dr. Centeno já disse qualquer coisa e o seu contrário: que «tudo indica que se possa estar a atingir o pico da inflação», que era e ainda é demasiado alta” e “já pouco temporária, que a “Inflação acima de 2% é uma coisa má” e “nunca é temporária.

Já é o mafarrico e já se sente o cheiro das brasas

Em Fevereiro o número de despedimentos colectivos aumentou 31,3% face e o número de trabalhadores em lay-off subiu 8%. Não são ainda muitos, é apenas um sinal confirmado pelo Conselho das Finanças Públicas que prevê um aumento da inflação e da taxa de desemprego.

«Pagar a dívida é ideia de criança»

A dívida directa do Estado aumentou 3% em Fevereiro e o endividamento total da economia aumentou em Janeiro para 794 mil milhões.

27/03/2023

Cinco anos para perceber é demasiado. Melhor tarde do que nunca

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (59a)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

O segredo está no anúncio

Em contraponto à notícia dos seis meses de atraso na modernização da Linha do Oeste, o Dr. Galambra anunciou uma fábrica de comboios, querendo significar que o fornecedor que ganhar o concurso irá montar as carruagens em Portugal.

O Dr. Costa pelo seu lado anunciou que desde 2006 o seu governo conseguiu contar quatro mil imóveis devolutos do Estado e irá transformá-los em cerca de oito mil apartamentos de arrendamento acessível. Não disse quando, mas se foram necessários sete anos para contar os devolutos, transformá-los em oito mil apartamentos é coisa para umas décadas, o que é bom para acertar a oferta com a procura, uma vez que a população residente está a diminuir.

Não havia lugar para ilusões. Ela avisou ao que vinha

«Queremos que esta política fique como o SNS ou a escola pública» disse a Dr. Marina, ministra da Habitação, referindo-se ao plano “Mais Habitação”. Ninguém reparou na sinceridade da ministra e andou-se a discutir desnecessariamente.

O Dr. Siza Vieira teve um ataque de sizo desde que foi despedido pelo Dr. Costa

Em entrevista ao Negócios, o Dr. Siza desmontou a farsa do Dr. Costa sobre a inflação e o suposto papel dos supermercados, dizendo o óbvio, que não foi demonstrado o aumento das margens, que aumentaram sobretudo os preços na produção o que até é “saudável” porque estavam muito baixos.

Primeiro tenta-se responsabilizar alguém, depois logo se vê

Com a inflação dos produtos alimentares o Dr. Costa usou a sua táctica favorita e começou tentar encontrar um culpado – os supermercados. A coisa não correu bem e o Dr. Costa tirou da cartola à pressa um pacote de medidas de apoio às famílias e empresas, sendo a coisa tão mal amanhada e precipitada que a criatura que tanto gosta de anunciar boas-novas estava no estrangeiro e teve que enviar um trio de apoderados, a quem interrompeu a partir de Bruxelas.

Primeiro estranha-se, depois entranha-se. O Portugal dos Pequeninos é mesmo pequenino e isso acontece

A Dr.ª Stéphanie Sá da Silva, que por acaso é esposa do Dr. Medina, foi por coincidência directora jurídica da TAP, tendo-se cruzado com a Dr. ª Alexandra Reis, que entretanto renunciou/demitiu-se, recebendo uma indemnização de 500 mil euros com pareceres positivos de duas sociedades de advogados, uma delas tendo como sócio o irmão do Dr. Marcelo, pareceres sobre os quais se ignora a opinião da directora jurídica da TAP nessa altura. A Dr. Alexandra Reis foi por acaso nomeada secretária de Estado pelo Dr. Medina, que por acaso, recorde-se, é esposo da Dr.ª Stéphanie, Dr.ª Stéphanie a quem, por coincidência, foi pago um bónus de cerca de 20 mil euros no ano em que trabalhou 8 meses e a TAP teve um prejuízo de 118 milhões.

É preciso segurar a freguesia eleitoral

Uma parte significativa dos quase 750 mil funcionários públicos constituem freguesia que o PS tem de manter, se não feliz, pelo menos apaziguada, e daí estar disposto a acelerar a “progressão na carreira, um expediente para evitar coisas desagradáveis como ter que avaliar o desempenho e determinar a remuneração em concordância.

Cada vez menos alunos, cada vez mais professores

A parceria Fenprof-ministério da Educação vem há décadas usando expedientes para justificar a falta de professores e a necessidade do seu aumento, que vão desde a criação de novas disciplinas até à redução do número de alunos a pretexto de responder às “necessidades educativas especiais” de alguns deles. O resultado deste último expediente é que 55,6% das turmas só tem 20 alunos.

A insustentável leveza da política de investimento do FEFSS

O Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social cujas reservas se destinam a garantir o pagamento futuro das pensões aplicou 2,7 milhões em acções do Crédit Suisse, um banco agora resgatado cujos problemas são publicamente conhecidos há 10 anos. O FEFSS registou uma perda de 95%.

«Empresa Financeiramente Apoiada Continuamente (pelo) Estado Central»

Enquanto o governo anda há dois anos a tentar vender o que comprou à Dr.ª Isabel dos Santos, a situação da EFACEC não pára de se degradar. De 2021 para 2022 as encomendas caíram para metade, as receitas baixaram quase 30% e a margem bruta diminuiu 300%.

(Continua) 

26/03/2023

Não acredito em bruxas, mas é bem possível que as haja

«A propósito da insubordinação no navio Mondego, ouvi vários comentadores dizer que o chefe do Estado-Maior da Armada tinha dado uma «reprimenda em público» aos marinheiros sublevados, sujeitando-os a «uma tremenda humilhação».

Os próprios advogados bateram na mesma tecla, afirmando que os militares estavam «psicologicamente afetados» por esse puxão de orelhas em público.

Ora, nem os militares insubordinados levaram uma ‘reprimenda’, nem foi ‘em público’.

Estranho que os comentadores não soubessem que os marinheiros sublevados não estavam presentes na cerimónia, e, sobretudo, que não tenham reparado que as imagens mostradas pela RTP eram filmadas de longe e não captadas no local. 

Nenhuma câmara nem nenhum microfone estavam no convés do navio.

Os cameramen atuaram como os paparazzi: filmaram de longe e captaram o som com microfones de longo alcance.

E isso era fácil de percecionar, pois as imagens não eram nítidas e o som era defeituoso, tanto assim que foi necessário recorrer a legendas.»

«Como foi possível ninguém se aperceber disto?» pergunta-se retoricamente José António Saraiva no jornal Nascer do Sol, sabendo certamente que os comentadores em causa (por exemplo o Dr. Daniel Oliveira e o Dr. Pacheco Pereira) e a esquerdalhada em geral sofrem do reflexo de Pavlov e, apercebendo-se ou não, começam logo a salivar quando se fala de certos nomes, como Cavaco Silva, Passos Coelho e, mais recentemente, de Gouveia e Melo.

Disse-se na II Guerra Mundial que os generais franceses estavam preparados para combater a guerra anterior. Os generais americanos também

Há mais de 20 anos que as forças armadas americanas estão focadas nos conflitos numa área geográfica que se costuma chamar o Grande Oriente Médio e em acções de "nation-building" e contra-insurgência. Este foco teve consequências em todos os domínios e deixou os EU muito mal preparados para enfrentar os desafios estratégicos do século 21, como acentua um artigo recente (How the Iraq war bent America’s army out of shape) de onde extrai os parágrafos seguintes (tradução automática).

«Pior ainda, tudo isso veio em um período crucial para a posição global dos Estados Unidos. Na década anterior à invasão do Iraque, os gastos militares da China praticamente dobraram. Na década que se seguiu, quadruplicou. Enquanto isso, os Estados Unidos desperdiçavam recursos extraordinários. O custo das operações militares no Iraque desde 2003 chega a mais de US$ 800 bilhões em uma estimativa conservadora, e aos trilhões em medidas mais expansivas.

O problema não era apenas a perdulidade. Por mais de uma década, apesar de um esforço muito elogiado pelo governo Obama para efetuar um "pivô" da estratégia americana para a Ásia e o Pacífico, as forças armadas dos EUA dedicaram a maior parte de seus esforços intelectuais e organizacionais à guerra irregular que enfrentaram no Iraque e no Afeganistão. Os oficiais ganharam experiência de combate, com certeza. Mas eles foram festejados por escrever manuais sobre contra-insurgência, em vez de ponderar batalhas de tanques na Europa ou guerra naval na Ásia. (...)

A China assistiu e aprendeu. Embora o Exército de Libertação Popular estivesse impressionado com a velocidade e a determinação do impulso dos EUA a Bagdá, ele observou cuidadosamente a dependência dos EUA de grandes bases, logística segura e acesso garantido a satélites. Investiu metodicamente em táticas e capacidades – como mísseis balísticos, armas antissatélite e guerra cibernética – projetadas para perfurar esse modo americano de guerra. "Muitas dessas reformas foram criadas a partir da experiência americana no Iraque", observou um relatório do Centro para uma Nova Segurança Americana, um think tank, em 2008 (um dos autores foi Kurt Campbell, que agora atua como principal autoridade do presidente Joe Biden na Ásia). (...)

"Durante grande parte das últimas duas décadas, o foco de Washington no Oriente Médio reduziu a prontidão militar, distorceu as prioridades da estrutura da força e, até recentemente, deixou a força conjunta mal equipada e incapaz de se preparar adequadamente para a competição militar de ponta com um adversário de pares", concluiu uma avaliação contundente das tendências de segurança asiáticas publicada pelo Instituto Internacional de Estudos Estratégicos. um think-tank, em junho. Uma guerra que foi travada em 2003 em parte para espantar adversários e cimentar a primazia militar americana deixou cicatrizes duradouras no vencedor.»

Perguntar-se-á e o que importa isso aos europeus que esperam que os ianques lhes protejam as costas enquanto eles se esmeram nos regulamentos sobre a protecção de dados? E o que importa isso em particular aos habitantes do Portugal dos Pequeninos que nem conseguem manter operacionais os seus equipamentos? The answer, my friend, is not blowing in the wind. The answer, my friend, is blowing in history. Starting in old Thucydides' History of the Peloponnesian War.

25/03/2023

Pela mão do governo de Jacinda Ardern, o wokeism infectou a Nova Zelândia

The Spectator

Fica-se a saber por este artigo do biólogo e escritor Richard Dawkins, escrito durante a sua visita à Nova Zelândia, que o governo woke de Jacinda Ardern adoptou uma política, saída da cabeça do ministro da Educação e seu substituto Chris Hipkins, segundo a qual nas aulas de ciência deve ser ensinado que os "Caminhos do Conhecimento" Maori (Mātauranga Māori), um repositório dos saberes tradicionais misturados com mitologia indígena, estão em igualdade com a ciência "ocidental" e que, entre muitos outros insultos à inteligência que o governo de Ardern incitou e promoveu, encontramos princípios como «insistir que as crianças maori aprendam a ler é um ato de colonização».

23/03/2023

Birds of the same feathers flock together (6) - When have we seen bromances like this in the past?

Fonte

QUEM SÓ TEM UM MARTELO VÊ TODOS OS PROBLEMAS COMO PREGOS: O clube dos incréus reforçou-se (XXV)

Outras marteladas e O clube dos incréus reforçou-se.

Recapitulando: o intervencionismo dos bancos centrais (Fed e BoE, copiados pelo BCE), adoptando o alívio quantitativo e as taxas de juro negativas ou nulas, desde o «whatever it takes» do Super Mario de Julho de 2012 criou oceanos de liquidez que impulsionaram os mercados de capitais e incentivaram o investimento em activos de risco, criando as condições para um processo inflacionário que só esperava um trigger que surgiu com a invasão da Ucrânia.

Eis que surge mais um céptico sobre as propriedades miraculosos do quantitative easing, revelado tardiamente. Trata-se de Mervyn King, ex-governador do Banco de Inglaterra de 2003 a 2013, que em entrevista ao Expresso disse 
“Os bancos centrais não perceberam que estavam a imprimir muita moeda que não era necessária” e “assumiram — e todo o seu edifício intelectual assenta nisso — que qualquer aumento da inflação acima da meta é transitório”. O que, na sua opinião, “foi um erro terrível”.
Foi pena que tenha esperado tanto tempo, mas dá-me o pretexto para voltar a escrever o que escrevi há 9 anos, quando era mais difícil encontrar um céptico sobre as propriedades miraculosos do quantitative easing do que um militante socialista com integridade certificada, mas aqui vai de novo:

Essa bolha de crédito está a ser gerada pelo Quantitative Easing da Fed e por taxas de juro próximo de zero que incentivam os investidores a procurarem aumentar os yields em aplicações de risco mais alto (...)

Não se espera que a bolha esteja prestes a rebentar, pode levar anos, mas estão criadas as condições para tão cedo a economia recomece a crescer, um novo surto de «exuberância irracional» e uma abundância de «dinheiro estúpido» conduza a coisas estúpidas.

É a consequência, como já aqui escrevi, da intervenção militante dos governos, resgatando indiscriminadamente bancos, anestesiando a percepção do risco com garantias elevadas de depósitos e injectando artificialmente liquidez com a impressora do Quantitative Easing, terapêuticas para debelar uma crise que criam as condições para gerar a próxima.

22/03/2023

Da paixão socialista pela ópera nasceu o Opart, um aborto que produz abortos

Jorge Calado, entre muitas outras coisas, como professor, cientista e investigador, um melómano em geral e um amante de ópera em especial, escreveu o que se segue sobre a obra da cóltura socialista no Teatro Nacional de São Carlos. Só posso concordar.

«Suspeito que o São Carlos seja hoje o pior teatro nacional de ópera na Europa, ignorado pelas revistas da especialidade. (...)

Além de ignorância cultural, o atual TNSC sofre do chamado ‘problema parasitário português’, definido há quase um século por Augusto Reis Machado como uma “organização caracterizada pelo predomínio de grupos de indivíduos que exclusivamente tratam dos seus interesses em detrimento dos interesses gerais”. O pecado original remonta a 2007 com a invenção do Opart ou Organismo de Produção Artística — uma hidra de sete cabeças que deveria gerir os teatros nacionais (teatro, ópera e dança) em Lisboa e no Porto, e ‘o mais que adiante se veria’. Para desgraça da ópera, ficou com o São Carlos, funcionando como agência de jobs for the boys and girls. (Compare-se o número de funcionários do Teatro antes e depois e as respetivas produtividades.) Recordo apenas que os primeiros administradores nomeados se dirigiram ao São Luiz para tomar posse, pensando que era o São Carlos; houve depois um administrador que se mudou para Madrid (creio que por razões sentimentais), obrigando um funcionário do teatro a ir lá regularmente para assinatura da papelada. Outros têm usado as mais-valias do edifício, incluindo o Salão Nobre, para os seus negócios particulares, etc.

Decorre agora um concurso internacional (?), com um júri integralmente nacional (!) cabeceado pela presidente do Opart — juíza em causa própria? — para a nomeação da ou do próximo diretor artístico. Dos cinco elementos, apenas um é musicólogo! Quanto às 19 páginas de um arrazoado caricato intitulado ‘procedimento de seleção’ — intraduzível em língua decente — não passa de um ataque de ‘burrocracite’ aguda capaz de afugentar qualquer candidato culto, com dois dedos de inteligência. A má e delirante escrita reflete a incapacidade de pensar de quem o redigiu. Pelos lidos, ficamos a saber que acreditam que arte não é cultura (como reza o exercício prospetivo da atividade artística e cultural). Se não sabem pensar, muito menos saberão escolher. (...)

A conclusão é óbvia: deliberadamente não querem resolver o problema, para que tudo fique na mesma. Isto é, com o ignorante Opart como controleiro, à moda soviética. Serão elas e eles a determinar o que o diretor artístico fará. Nestas condições, o TNSC é irreformável. Só enxergo uma solução: começar novamente do princípio, com gente séria e capaz. Se José Sasportes vê a atual situação como comédia — na verdade, esta gente não merece mais do que troça — eu encaro-a como tragédia.»

21/03/2023

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (58b)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

(Continuação de 58a)

Combater a inflação. Em Cuba ou na Venezuela não se faria melhor

Quarenta e cinco brigadas e noventa inspectores da ASAE combatem a inflação “no terreno”. O “terreno” são as grandes superfícies que o Dr. Costa elegeu  como responsáveis pela inflação, não obstante se poder comprovar que as suas margens diminuíram e até absorveram uma parte do aumento dos preços na produção que nos casos de maior relevo resultaram de causas específicas: a peste suína (carne de porco), invasão da Ucrânia (cereais), a gripe aviária (ovos) e a queda da produção de cebolas em vários países.

Expresso

A ministra da Habitação está bem neste governo, mas ficaria melhor num governo cubano ou venezuelano

A Dr.ª Marina Gonçalves, ignorando a não retroactividade das leis, que sendo um princípio inalienável do Estado democrático não faz certamente parte do argumentário pedronunista, admitiu a aplicação com efeitos retroactivos da suspensão dos alojamentos locais.

Take Another Plan. Take 1 – Um exemplo do “modus operandi” socialista

Segundo a formulação de Ricardo Pinheiro Alves, que subscrevo sem hesitação, «O “modus operandi” socialista na TAP» evidencia um modelo em cinco passos que pode ser replicado em qualquer área, departamento ou empresa:
1. Critica as soluções implementadas pelos outros;
2. Anula as decisões tomadas e origina novos problemas;
3. Demonstra incapacidade para resolver os problemas que criou e usa “bodes expiatórios” para se desculpar;
4. Abandona os problemas para os outros resolverem.

Take Another Plan. Take 2 – Um exemplo do “modus operandi” socialista modalidade pedronunista

Afinal a Dr.ª Alexandra Reis ofereceu-se ao Dr. Pedro Nuno Santos ainda em 2021 para renunciar ao cargo. Generosamente o Dr. Pedro Nuno deixou cair a oferta pondo-se a jeito para no ano seguinte lhe pagar 500 mil euros.

Take Another Plan. Take 3 – O ”blindado” do Dr. Medina, poderá sucumbir ao Javelin de Mme Christine

O Dr. Medina garante que o despedimento dos gestores da TAP está "juridicamente blindado". Permito-me a dúvida cartesiana porque há especialistas no direito do trabalho que garantem que Mme Christine Ourmieres-Widener pode vir a ter uma indemnização de 4 milhões. No (Im)pertinências somos especialistas em generalidades e por isso admitimos sem dificuldade que não pode ser por justa causa um despedimento em que o despedido A conseguiu os primeiros lucros em 5 anos e é despedido por ter despedido o despedido B com pareceres jurídicos de advogados da corte (incluindo do mano do PR) e com a aprovação do representante do seu patrão, que entretanto se auto-despediu, despedido B que o agora despedidor do despedido A contratou mais tarde.

Já é o mafarrico e já se sente o cheiro das brasas
«Em defesa do SNS, sempre» / «O SNS é um tesouro»

A semana passada foi a vez do Hospital S. Francisco Xavier, cujos chefes de equipa de urgência de Medicina Interna apresentaram a demissão.

20/03/2023

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (58a)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

Tropa de bananas da república dos bananas

A tripulação do NRP Mondego recusou-se a cumprir a missão de acompanhamento de um navio russo alegando que não estava em condições de segurança, algo estranho num zingarelho que navegou 500 milhas desde o Continente até Porto Santo onde se encontrava, sem que os cagarolas reclamassem. A Armada admitiu que o zingarelho precisava de manutenção, que não fora feita por falta de verba. O comentador que faz as vezes de comandante supremo das forças desarmadas disse que «sem manutenção, há risco de obsolescência». «Ditosa pátria que tais filhos tem».

A governação pelo empurrão

Por uma feliz coincidência, dois dias depois do episódio com o outro zingarelho o governo “descativou” 39 milhões para manutenção das fragatas com data de duas semanas antes (et pour cause).

Numa república a caminho do socialismo, universidades a caminho da endogamia

No Portugal dos Pequeninos quase 70% dos doutoramentos têm lugar na mesma universidade onde os doutorados leccionam e em dez faculdades essa percentagem sobe para 90%. Na maioria das universidades internacionais considera-se que essa percentagem não deve ultrapassar 10%.

Numa república a caminho do socialismo, um sistema fiscal kafkiano

mais liberdade

Um eléctrico chamado lunatismo, incompetência e desonestidade

A compra de cacilheiros eléctricos pela Transtejo que anda à deriva há quatro anos é um case study de empresas públicas gerida por apparatchiks lunáticos (uma empresa anquilosada fazer de early adopter de barcos eléctricos, um projecto “revolucionário”, dizem eles), incompetentes (encomendar, desencomendar baterias, ter as estações de carregamento, mas não ter os terminais prontos para as instalar) e desonestos (adjudicação que indicia manobras e esquemas e mentiras ao Tribunal de Contas).

Enterrada a geringonça, morta a “paz social”

Desde a morte da geringonça, com atestado de óbito passado nas últimas eleições, o número de greves cresceu exponencialmente e em 2022 foram convocadas 1.087 no sector privado e este ano 157 em Janeiro e Fevereiro, atingindo os números do período de resgate (Expresso).

O anúncio como método socialista de administrar o Estado sucial

O anúncio reiterado de medidas, investimentos, iniciativas, programas, planos, etc., é um clássico do governo do Dr. Costa. O governo que tinha anunciado em Outubro a criação de um Observatório dos preços da alimentação, voltou a anunciar – isto é business as usual. Desta vez, porém, ocorreu uma importante inovação: o observatório já tinha sido criado em 2015 pelo governo anterior. É mais um para juntar à colecção que há dois anos já estava em 119 (cento e dezanove) observatórios.

(Continua)

19/03/2023

How to explain the military disaster of Putin's armies in Ukraine?

Here's what struck me as a good military explanation (found on Quora) by someone who seems to know what he's talking about but is only worth reading by someone who is immune to the alternative facts that Putin devotees' plant around.

«I spent a decade (late 70s to late 80s) as a russian analyst and linguist. The Soviet Union had a massive army that dwarfed anything the West could put up. At least on paper. In truth, the maintenance required to maintain such a huge inventory of military equipment was prohibitively expensive without even taking into account the lack of discipline/motivation/training on the part of the maintenance crews. A significant percentage of the equipment was nonfunctional and many that were functional were marginally reliable. Not the best equipment to take into a rugged military environment. We have seen a repeat of this in the Ukranian campaign. The Ukrainians have proven themselves to be better at repairing captured russian equipment than the Russians are at maintaining them. What the Russians excel at is the complete lack of concern for the lives of their infantrymen (as shown during WW2 and the Ukranian war). To them, they are just cannon fodder. If they throw enough men into the fray, sooner or later they will break through. They have displayed this in both wars by using blockade brigades behind their troops. They do this to catch deserters as well as “encourage” the troops to obey semi-suicidal orders.

So in short, yes, overall (a few soldiers the exception) were and are inept. And overcome this by carelessly sacrificing their infantrymen.»  

Martin McQueen, Former Russian Analyst and Linguist at Federal Government of the United States (1977–1987)

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Postscript

"A new Afghanistan" says one comment. With a slight difference, I would say: in 21 years post-9/11 wars in Iraq, Afghanistan, and elsewhere, the U.S. and its allies have suffered about 15,000 deaths including contractors; in a year of war, Russia has had several hundred thousand dead. That is, in a twentieth of time, ten times more deaths.

18/03/2023

No Portugal dos Pequeninos o empreendedorismo e a iniciativa estão um poucochinho murchos

O Financial Times publicou no princípio deste mês o ranking das 1.000 empresas europeias com crescimento mais rápido baseado na facturação de 3 anos 2019-2021. Trata-se de empresas independentes que foram convidadas a inscreverem-se com base nos critérios definidos, dessas foram escolhidas 1.000, das quais 356 já figuravam no ranking do ano anterior e 125 estavam presentes nos três anos. 

O peso do Portugal dos Pequeninos na população e no PIB da Europa faria esperar que se encontrassem umas 15 a 30 empresas portuguesas nas 1.000 do ranking. Encontramos apenas as seguintes 5 pequenas empresas e uma média empresa, todas com facturações bastante modestas: 
  • 295 Plásticos Dão, Manufacturing, 2,911,905
  • 305 Sweetcare.Com, Pharmaceuticals & Cosmetics, 11,900,000
  • 499 Singularity Digital Enterprise, IT & Software, 2,690,967
  • 669 Revesperfil, Manufacturing, 6,755,712
  • 670 Sa Formação, Education & Social Services, 5,170,521
  • 732  Mixprice, Wholesale, 6,012,997
A distribuição por países, encabeçada pela Itália (algo surpreendente numa economia pouco dinâmica) é a seguinte:

Destaco a Espanha (37) e alguns países pequenos países como a Suécia (17), Hungria (15), Países Baixos (14), Lituânia (12), Noruega (10) e República Checa (10). 

17/03/2023

COMO VÃO DESCALÇAR A BOTA? (38) - P'ra mentira ser segura... (VI)

Outras botas para descalçar

Este post é uma continuação de (I), (II), (III), (IV) e (V

Em retrospectiva:

Em 2019 o governo anunciou 104 milhões de euros (três quartos dos quais destinados à área metropolitana de Lisboa) para permitir reduzir o preço dos passes sociais, justificou que daí resultariam mais 100 mil pessoas por ano nos transportes públicos, mais 63 milhões de viagens e menos 72 mil toneladas de dióxido de carbono, escrevi aqui que se tratava de mais um exercício de planeamento milagroso porque as famílias com menores rendimentos já então privilegiavam o transporte público e tinham um passe social.

Os meses foram passando e os resultados milagrosos não aparecerem ou só apareceram do lado dos passes que têm vindo a aumentar, o que se explica pelo acréscimo da procura induzido pela redução dos preços de quem não é passageiro regular, nomeadamente as centenas de milhar de reformados nas zonas metropolitanas.

Decorridos quatro anos, há uma novidade em relação aos planos do governo do Dr. Costa. Desta vez não ficou tudo na mesma. Desta vez as coisas pioraram, como descreve o Expresso:

«Só um em cada quatro portugueses vai a pé ou de transportes coletivos para o trabalho (24,9%), segundo os dados dos Censos de 2021 divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) esta quarta-feira. Há uma década a percentagem era de 29,1%. Portanto, ao contrário do desejável, a utilização desses modos de deslocação diminuiu e aumentou o uso do automóvel, tornando mais distantes as metas definidas pelo Governo para 2030.

Os dados sobre dinâmicas territoriais agora discutidos pelo INE focam-se nas deslocações para o trabalho, sem incluir a ida das crianças para a escola. E mostram que ir a pé para o trabalho tornou-se ainda menos frequente na última década: era a escolha de 13,5% dos portugueses em 2011 e passou para 12,7% em 2021.

O mesmo aconteceu com a utilização de transportes coletivos, como comboio, autocarro, Metro ou barco, a caminho do trabalho: passou de 15,6% em 2011 para 12,2% em 2021.

Pelo contrário, aumentou o uso do carro. Há uma década era o meio usado por 68,3% dos portugueses na ida para o trabalho, agora subiu para 72,6%.»

16/03/2023

Os equívocos do Programa "Mais Habitação", ou como tentar administrar uma medicação sem saber qual é a doença (2)

Continuação de (1). 

Algumas questões que deveriam ser respondidas antes de apresentar um plano para resolver os problemas da habitação:

  • Segundo o censo de 2021 há 723 mil alojamentos vagos, mas apenas 109 mil careciam de reparações profundos. Por que estavam vagos os restantes cerca de 614 mil?
  • O Estado construiu em Lisboa entre 1974 até 1980 em média 1.055 casas por ano; nas décadas seguintes a média anual foi sucessivamente 982, 1.151, 991 e 17 (fonte). Nos 32 anos, entre 1990 e a actualidade, com excepção de menos de 8 anos, os presidentes foram socialistas. Durante a segunda década deste século em que foram construídas no total 170 casas, os dois presidentes foram o actual primeiro-ministro e o seu putativo sucessor ministro das Finanças. Por que só agora estas duas criaturas sentiram o apelo da paixão pela habitação?
  • E, já agora, a nível nacional, olhando para o diagrama seguinte, porque esse apelo não se fez sentir durante a vigência do actual governo em que a construção de novas habitação caiu abruptamente para 12 mil? 

mais liberdade
  • Por que não considera o governo do Dr. Costa incentivar a construção de novas casas reduzindo a carga fiscal média que é actualmente de 40% (fonte) do preço final da casa?

(Continua)

15/03/2023

CASE STUDY: Um Portugal do Pequeninos com mais intenções do que acções e muita opacidade

"THE UKRAINE SUPPORT TRACKER", Kiel Institute for the World Economy 

No diagrama da esquerda está representado o compromisso total de ajudas à Ucrânia em percentagem do PIB e mostra-nos um Portugal do Pequeninos em boa posição, não tanto pelo montante das ajudas, mas, sobretudo, pela pobreza do PIB. No diagrama da direita está representado o grau de transparência das ajudas à Ucrânia e aqui o Portugal do Pequeninos ficou no último lugar ou, se preferirem, no primeiro lugar da opacidade.

14/03/2023

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (57b)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

(Continuação de 57a)

Orchestral Manoeuvres in the Dark. Os senhorios e os merceeiros são os judeus do Dr. Costa

Os déspotas procuram distrair o povo com inimigos externos que inventam. O Dr. Costa – que não é um déspota – não precisa de inimigos externos. Quando quase tudo está a correr mal, ele inventa uma distracção, por exemplo, o plano “Mais Habitação” que faz dos senhorios os inimigos internos que é preciso combater para todos os portugueses terem casinhas onde gostariam de as ter. Se não chegar, como não chega no caso da inflação, o seu governo inventa outros: os merceeiros, por exemplo. 

A teoria dos merceeiros do governo do Dr. Costa defronta um pequeno obstáculo

Se os merceeiros são os responsáveis pela inflação, as suas margens deveriam estar a aumentar, e muito. Não é isso, porém, que se está a verificar, como se descreve nesta peça e o diagrama abaixo na esquerda mostra. 

Jornal Eco

Então quem está a ganhar com o negócio? Como se mostra no diagrama da direita, quem está a ganhar com a inflação é o governo do Dr. Costa que aumentou mais do que proporcionalmente a receita do IVA.

Como ministra do SNS, cantava a Internacional Socialista “aos berros para se acalmar”. Agora canta loas aos privados e o PS diz que tem “capital político

A Dr.ª Temido, em licença sabática na concelhia do PS de Lisboa, de reserva para a câmara (onde tem “capital político”, diz o PS), depois de ter terminado os contratos das PPP dos hospitais de Braga e Loures agora entregues ao caos da gestão pública, tem o desplante de dizer na SIC Notícias «privado e social foram absolutamente essenciais para a resposta à pandemia». A sua versão esquerdista era, apesar de tudo, preferível à sua versão hipócrita (ou talvez sejam duas faces da mesma versão).

Governo adjudica aos senhorios a assistência aos imigrantes

O governo pretende que os senhorios cujas casas estejam sobrelotadas fiquem responsáveis «pela salvaguarda de alternativa habitacional dos respetivos arrendatários».

«Empresa Financeiramente Apoiada Continuamente (pelo) Estado Central»

Parece confirmar-se que a maioria das propostas de privatização da EFACEC é para comprar apenas os seus activos, deixando para o governo as dívidas e o dinheiro que o Dr. Costa lá foi sepultando depois da empresa que entregou à Dr.ª Isabel dos Santos lhe ter voltado a cair no colo. E andamos nisto vai para três anos.

As ajudas aos agricultores em três anos são sete Alexandras Reis

A ministra da Agricultura anunciou, impante, que “nós pagámos” (no luso-socialês, o “nós” costuma referir-se ao PS) em três anos 3.400 milhões de euros aos agricultores nas ajudas à produção.

De volta ao velho normal

Durante décadas o saldo da balança comercial foi negativo e só se tornou positivo partir de 2013, na vigência do governo de Passos Coelho e assim permaneceu até 2019. Desde então, o saldo tornou-se novamente negativo e só o turismo impede um desequilíbrio irremediável.

Fonte

Já é o mafarrico e já se sente o cheiro das brasas

As emissões de OT da semana passada de 915 milhões a 9 anos e 518 milhões a 12 anos fizeram-se a yields de 3,549% e 3,744%, as mais altas dos últimos 6 anos. Os tempos do dinheiro barato foram-se nos próximos anos (ou décadas), a dívida essa ficou.

13/03/2023

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (57a)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

(Apesar de parecer, esta edição do semanário não é dedicada à TAP)

Take Another Plan. Take 1 – De bestial a besta

Mme Ourmières-Widener, apresentada pelo Dr. Pedro Nuno como uma experiente gestora internacional que salvaria a TAP, acabou a ser despedida com alegada justa causa pelo seu envolvimento na renúncia/demissão com uma bela indemnização da Dr.ª Alexandra Reis, renúncia/demissão que fora aprovada pelo Dr. Pedro Nuno (via WhatsApp) e que a IGF considerou ilegal. Mme Ourmières-Widener já anunciou que irá accionar o governo e, tudo indicando que tem razão, acabará a receber uma bela indemnização várias vezes superior à da Dr.ª Alexandra Reis.

Take Another Plan. Take 2 – Afinal havia nos Açores uma melhor alternativa a Mme Ourmières-Widener

O governo não perdeu tempo substituiu Mme Ourmières-Widener pelo Dr. Luís Rodrigues, presidente da SATA desde 2020 e antigo administrador da TAP, apresentado como o seu novo salvador. Ninguém explicou por que foi contratada a “gestora internacional “ Mme Ourmières-Widener quando havia uma melhor alternativa nos Açores.

Take Another Plan. Take 3 – O “obviamente” ilegal não foi visto por ninguém, incluindo alguns para os quais agora é “óbvio”

Sim, também me parece óbvio que despachar a Dr.ª Alexandra Reis com uma bela indemnização foi ilegal, apesar várias sumidades jurídicas que a TAP consultou terem garantido que seria perfeitamente legal e, entre essas sumidades, o Dr. Pedro Rebelo de Sousa, managing partner da SRS Legal e irmão mais novo de S. Ex.ª o PR, Excelência que, não obstante o óbvio conflito de interesses, produziu vários comentários.

Take Another Plan. Take 5 - Teoria da conspiração

A nacionalização da TAP pode não ter sido da iniciativa do Dr. Pedro Nuno, mas ele esforçou-se bastante para que parecesse e acabou vítima de excesso de confiança nas suas insuficientes capacidades e da sua obsessão de protagonismo. Acabou transformado em bode expiatório dos enormes desastres, cujos estilhaços atingiram toda a administração da TAP e três membros do governo, o que talvez tenha feito do Dr. Pedro Nuno um ex-futuro caudilho socialista. Logo agora que o seu concorrente Dr. Medina, implicado de diversas maneiras com os mesmos desastres e outros ainda larvares (como a contratação do apparatchik Sr. Morão, sabe-se lá para quê) também está a lutar pelo seu futuro ao colo do seu padrinho Dr. Costa.

Take Another Plan. Take 6 – Para comprar o cão com o seu pelo, seria necessário que o cão não estivesse pelado

Para estimular a comentadoria do regime e distrair o povo ignaro, os spin doctors do Dr. Costa agitaram um episódio com sete anos, perfeitamente conhecido do governo de então, insinuando que o accionista David Neeleman teria comprado a TAP com os fundos recebidos da Airbus pela troca dos A350 pelos NEO. David Neeleman, desmontou convincentemente a estória numa carta publicada no Expresso que vale a pena ler e da qual cito apenas um único facto que arruína em definitivo o argumento: «em 2015, a TAP (…) tinha um valor negativo, até menos quatrocentos milhões de euros, como atestam algumas avaliações feitas à empresa». De onde, em rigor, o governo teria de pagar aos novos accionistas para lhes transmitir o mono.

(Continua)

12/03/2023

SERVIÇO PÚBLICO: A Pluma Caprichosa sofreu uma epifania

«Vivo num país onde é normal o Estado, leia-se o Governo, ajudar a pagar a renda da casa. Onde é normal o Estado, leia-se o Governo, ajudar a pagar as compras do supermercado e da mercearia. O Estado substitui-se ao cidadão e retira-lhe a capacidade de controlar os aspetos mais íntimos da sua vida, como gastar o dinheiro em bens essenciais. O Estado está presente em todos os quartos da casa física e espiritual do cidadão. Na cama, dirigindo-lhe a vida sexual através de prescrições doutrinárias disfarçadas de podes ser tudo o que quiseres e deves mesmo tentar ser tudo o que quiseres em matéria de género e identidade, na consciência individual, dirigindo-lhe a vida espiritual através de imposições doutrinárias nas escolas, estendendo um modelo de consciência coletiva sobre a individual que não é considerada suficientemente elevada para ter autonomia ou discernimento.

Nunca houve tanto Estado nas nossas vidas, em democracia, e nunca ele foi tão incapaz de formar cidadãos completos. O que resulta desta invasão subtil, permanente e insistente nas esferas privadas é um povo anestesiado e dependente, que protesta sobre tudo e com tudo, mansamente, surdamente, e aceita tudo o que lhe vendem todos os dias como bom procedimento, embora desconfie o tempo todo de que está a ser enganado. O Estado é o que se poderia designar como Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo.

As pessoas têm medo do Estado. A carta no correio, a multa, o requerimento, o selo, o imposto, o sobrescrito picotado da Autoridade Tributária. Exceto quando um antigo ministro da Economia tem o topete de dizer que cometeu fraude fiscal durante anos e que recebeu dinheiro do BES através de offshores, e que tal era prática normal no grupo e toda a gente fazia a mesma coisa, dentro e fora do grupo, e que o dinheiro, os milhões, diz ele, que recebeu do grupo enquanto era ministro, eram “prémios” atrasados. Mas “o que lá vai lá vai”, diz o distinto político socialista, ou ex-político, ou mesmo ex-socialista, quem sabe? Se é para o dom Fradique... é o que quiser.

Isto não parece provocar no povo de mão estendida, um povo de subsidiados que não ganham um salário ou reforma dignos e suficientes para comprar ovos e fruta e arrendar ou pagar a casa, qualquer protesto operacional, embora as redes sejam um esgoto compensatório

A Dr.ª Clara Ferreira Alves, a Pluma Caprichosa, uma vez ou outra, como agora, faz uma pausa na demonstração do seu cosmopolitismo erudito que verte na sua coluna da Revista do semanário de reverência, é vítima de uma epifania e escreve coisas como esta que agora cito. Infelizmente não retira todas as consequências da sua visão do excesso de Estado nas nossas vidas a começar por não se distanciar dos promotores desse excesso.

11/03/2023

A reversão para 35 horas que não teria impacto orçamental, sete anos depois

Uma das promessas do Dr. Costa aos eleitores e aos seus parceiros da geringonça foi reverter o horário dos funcionários públicos para as 35 horas. Façamos uma retrospectiva aos pressupostos dessa medida, anunciados em 2016 pelo governo e garantidos pelo Dr. Marcelo:

  • «Uma das garantias do ministro das Finanças desde o início foi de que a medida não iria implicar aumento de custos com pessoal» (fonte)
  • «O ministro das Finanças, Mário Centeno, afirmou hoje que a reposição das 35 horas de trabalho semanais na Função Pública "não é discussão de natureza orçamental neste momento", acrescentando que o tema "só tem impacto" para a oposição.» (fonte)
  • Em Junho de 2016 «Marcelo promulga 35 horas mas envia para o TC se despesa aumentar» (fonte)
É claro que qualquer alma com um módico de inteligência perceberia que todas as garantias eram pura fraude e ninguém deveria ter ficado surpreendido pela evolução do número de utentes da vaca marsupial pública que o Dr. Costa aumentou de 655 mil para 742 mil na última contagem disponível, num Portugal dos Pequeninos que está a perder população.

No que respeita em especial ao Serviço Nacional de Saúde, a par da educação objecto da paixão socialista, o relatório da Nova SBE sobre os Recursos Humanos em Saúde, publicado há dias, veio mostrar o que aconteceu como resultado da reversão para as 35 horas.


«A figura 9 representa estes efeitos e o seu impacto entre 2015 (antes da reversão do horário de trabalho) e 2018 (após a reversão do horário de trabalho). Em 2015, verificou-se um total de 74 milhões de horas trabalhadas. A alteração do horário de trabalho implicou uma redução de nove milhões de horas trabalhadas entre 2015 e 2018.

Em sentido contrário, verificou-se neste período um aumento de um milhão de horas de trabalho suplementar, bem como sete milhões de horas associadas às novas contratações realizadas. A conjugação destes três efeitos implica que o volume de horas de trabalho entre 2015 e 2018 teve uma ligeira redução, apesar das novas contratações. Ou seja, as novas contratações e o aumento do trabalho suplementar – principalmente de enfermeiros – permitiram compensar quase na totalidade o efeito das 35 horas. Contudo, as novas contratações realizadas neste período não se traduziram num aumento global do volume de trabalho do SNS, não contribuindo assim para o aumento da prestação de cuidados de saúde.»

E qual foi o efeito sobre a prestação de serviços do SNS? Em quatro anos, desde 2018, duplicou o número de pessoas sem médico de família, apesar do aumento do aumento de 22% da despesa e de 20 mil funcionários em relação a 2017.

Expresso

10/03/2023

DIÁRIO DE BORDO: Elegeram-no? Então aguentem outros cinco anos de TV Marcelo (14) - Continuemos no sofá a ver TV

Então aguentem outros cinco anos, uma espécie de sequência indesejada da série Outras preces (não escutadas).

A propósito da entrevista de ontem à RTP de S. Ex.ª (*) o picareta falante, Rui Ramos (que em tempos depositou esperança no presidente-comentador), escreveu no Observador:  

«A política portuguesa, do ponto de vista do Presidente, é um conjunto de caprichos ideológicos temperados pela impotência colectiva. O comentador presidencial insinuou assim que o povo nunca poderá ser mais do que uma simples audiência de televisão, porque não há meios de acção política, e nem o governo, nem a oposição, nem ele próprio têm força para nada. A única coisa que nos resta é, enquanto espectadores, continuarmos no sofá a ver TV. Talvez aconteça alguma coisa. Mas o mais certo é não acontecer nada. Eis a lição do presidente comentador.

A imprensa, recorrendo ao palavreado empresarial que passa por análise política, louvava ontem o Presidente pela “gestão do regime”. É a “gestão do regime” num país em divergência da UE, e onde a escola pública, entre confinamentos e greves, deixou de funcionar. Não, o Presidente não é a causa nem o maior responsável. Pode até ser que não seja a solução. Mas é certamente parte do problema.»

(*) Declaração de interesse: A conselho médico, não vejo os pronunciamentos do Dr. Marcelo pelo que não posso confirmar o rigor da apreciação de Rui Ramos.

Os equívocos do Programa "Mais Habitação", ou como tentar administrar uma medicação sem querer saber qual é a doença (1)

Introdução

Se os preços das casinhas e as rendas para as alugar sobem mais depressa do que a inflação, é porque a procura é superior à oferta. Não necessariamente com a mesma intensidade em todo o lado: os preços das casas e das rendas das zonas “nobres” das grandes cidades sobem mais depressa porque há quem tenha dinheiro para pagar, a começar pelos cidadãos estrangeiros atraídos por impostos mais baixos do que os dos nacionais. Não é por acaso que apesar dos estrangeiros serem cerca de 7% dos residentes representam o dobro da percentagem dos novos créditos à habitação. Também não é por acaso – é pelas políticas de arrendamento dos governos socialistas - que se constrói muito pouco para habitação.

Acresce a tudo isto que a religião oficial dos direitos inseriu nas meninges de muitos portugueses que existe um direito a ter uma habitação no sítio do gosto de cada um. Por exemplo, um jovem progressista adepto da identidade de género deveria dispor de uma habitação no Bairro Alto.

(Continua)