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26/08/2021

Pro memoria (412) – gone with the wind (epílogo)

Os jornais de ontem publicitaram a primeira central eólica offshore em Portugal a funcionar desde há um ano que já forneceu electricidade para suficiente para fornecer 60 mil famílias. Parece um grande sucesso, não é verdade? Vejamos as coisas mais de perto.

Para quem não saiba, trata-se do projecto Windfloat Atlantic que aqui no (Im)pertinências temos vindo a acompanhar há 10 (dez) anos, desde que em 2011 foi lançado para depois de 9 (nove) anos começar a produzir electricidade.

Em 2017, seis anos depois do início do projecto, o ponto de situação era o seguinte:

«Até 2019, o parque eólico flutuante que o consórcio liderado pela EDP quer instalar ao largo de Viana do Castelo tem de estar ligado e a produzir energia de fonte renovável. O risco de falhar o prazo é o de o projecto Windfloat Atlantic, cujo custo estimado ronda os 115 milhões de euros, perder os fundos comunitários de 30 milhões atribuídos em 2012 pelo Programa NER300.» (fonte)

Repare-se o efeito Lockheed Tristar em todo o seu esplendor. Um projecto eventualmente inviável que custaria 15 ou 20 milhões há seis anos custará agora (em 2017) 115 milhões ou seis a oito vezes mais. À maneira habitual, provavelmente irão ser gastos ainda mais do que os 115 milhões para não perder os 30 milhões de fundos comunitários. Foi assim que uma parte significativa dos mais de cem mil milhões (130 mil milhões em 2021 antes do PRR) de subsídios comunitários pagos extorquidos aos contribuintes europeus, o equivalente a mais de 55% (70% em 2020) do PIB anual actual, foi delapidada.

Em 2020, nove anos depois do início, o ponto de situação era o seguinte:

O brinquedo, que era para custar 15 ou 20 milhões há nove anos e 115 milhões há seis anos, ficou este ano por 125 milhões, financiados por 60 milhões pelo Banco Europeu de Investimento, por um subsídio de 30 milhões do programa europeu NER 300 e outro de €6 milhões do Fundo Ambiental). Resta dizer que o parque Windfloat disfrutará de um preço garantido de venda de energia de €140/MWh quando o preço atual de mercado está abaixo de €40/MWh. Apesar deste maná que os consumidores de electricidade pagarão, a Windfloat está a dever vários milhões as dezenas de empresas subcontratadas. (fonte)

E assim chegamos aos dias de hoje com mais um exemplo do multiplicador socialista que, diferentemente do keynesiano que multiplica o montante do produto resultante de um investimento, o socialista multiplica o montante do próprio investimento do qual resultará um produto inferior ao previsto.

1 comentário:

Anónimo disse...

Dia 26 é duas vezes 13 apesar de não ser 6a-Feira.
A sorte estará sempre connosco.
Mais um exemplo de que somos os melhores dos melhores.
Acima de tudo pela máquina sucial de multiplicar.
Vou esperar para ver o consumidor de Watts a pagar e a não bufar.

Abraço