Em retrospectiva: que o debate sobre o aquecimento global, principalmente sobre o papel da intervenção humana, é muito mais um debate ideológico do que um debate científico é algo cada vez mais claro. Que nesse debate as posições tendam a extremar-se entre os defensores do aquecimento global como obra humana – normalmente gente de esquerda – e os negacionistas – normalmente gente de direita – existindo muito pouco espaço para dúvida, ou seja para uma abordagem científica, é apenas uma consequência da deslocação da discussão do campo científico, onde predomina a racionalidade, para o campo ideológico e inevitavelmente político, onde predomina a crença.
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«Os incêndios no Ártico produziram mais emissões de carbono neste ano do que em qualquer ano já registado, de acordo com cientistas do Copernicus Atmosphere Monitoring Service (CAMS), uma agência da UE. Até agora, em 2020, milhões de hectares dentro do Círculo Polar Árctico foram incendiados, libertando 244 milhões de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera, em comparação com 182 milhões de toneladas em todo o ano passado. (Antes de 2019, o recorde era de 110 milhões de toneladas em 2004.) Os números do Global Carbon Project, uma rede de cientistas, sugerem que os incêndios deste ano geraram mais emissões de carbono do que, digamos, a Malásia ou a Espanha queimando combustíveis fósseis em um ano inteiro .
Os especialistas temem que os incêndios possam ser uma evidência de um círculo vicioso das mudanças climáticas. Os incêndios florestais do Ártico - especialmente aqueles que queimam na zona rica em carbono entre a tundra e a floresta boreal - emitem uma ampla gama de poluentes, incluindo monóxido de carbono, óxidos de nitrogénio, compostos orgânicos voláteis e partículas sólidas de aerossol. Ao consumirem matéria orgânica, também liberam dióxido de carbono e metano, gases de efeito estufa que causam o aquecimento global. O CAMS estima as emissões de cada incêndio medindo sua “potência radiante”, a taxa de calor radiante gerado pelo incêndio e calculando a quantidade de biomassa queimada necessária para produzi-la. Incêndios maiores e mais quentes são um sintoma e uma causa da mudança climática, que está ocorrendo mais rapidamente no Ártico do que em qualquer outro lugar. Eles não apenas liberam grandes quantidades de gases de efeito estufa que aquecem o planeta mas também deixam cicatrizes escuras e fuligem, aumentando a quantidade de calor que a região absorve do sol.»
3 comentários:
Perdoai. O vosso tradutor automático deu Bot:
Não há círculos viciosos, por enquanto...
Há ciclos viciosos.
Abraço
Além do texto original referir «vicious circle», CITANDO:
'A expressão correcta é «círculo vicioso».
De acordo com alguns dicionários, esta expressão designa uma sucessão, geralmente ininterrupta, de acontecimentos que se repetem e voltam sempre ao ponto de origem, colidindo sempre com o mesmo obstáculo.
Na doutrina de Aristóteles, esta expressão designa uma falha lógica que consiste em alcançar dedutivamente uma proposição por meio de outra que, por sua vez, não pode ser demonstrada senão através da primeira.
Por conseguinte, faz todo o sentido que a expressão seja círculo, uma vez que as situações se vão repetindo sucessivamente, provocando um impasse, isto é, A dá origem a B e, por sua vez, B dá novamente origem a A. Assim, não se sai do círculo!
A palavra ciclo, por sua vez, designa uma sucessão de fenómenos sistematicamente reproduzidos em períodos regulares.'
in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/artigos/rubricas/idioma/ciclo-vicioso-ou-circulo-vicioso/2227 [consultado em 09-09-2020]
Pelas 09/09/2020,12:52:00, um anónimo quis mostrar erudição. Além de só lhe ficar bem a matar, que vá em paz.
Abraço
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