Avarias da geringonça e do país seguidas de
asfixias
Esta é mais uma crónica especial sobre a resposta do governo do Dr. Costa ao Covid-19 e seus impactos na saúde e na economia.
O Dr. Costa do Covid-19 é um poucochinho menos mau do que o Dr. Costa do virar da página da austeridade
Pelo menos comparando-o com S. Exª. o PR, que vitimado pela sua hipocondria se enclausurou e passou a comunicar com os jornalistas na varanda de casa e a informar o país, por uma ligação Skype do mais rasca que já se viu, a sua proposta de estado de emergência, proposta que mais pareceu um álibi para a sua clausura.
O Dr. Costa sempre conseguiu manter uma poucochinho mais de
gravitas e desta vez não se saiu mal nas suas comunicações. Mas o mal estava feito nos quatro anos anteriores onde se limitou a viver dos dividendos do turismo e das exportações, não fez uma só reforma e se dedicou a «repor os direitos» da sua clientela eleitoral deixando o aparelho administrativo de rastos, em particular o SNS incapaz de responder até ao
business as usual quanto mais a uma situação de crise epidémica como a actual.
Cesse tudo quanto a antiga musa canta
Não acreditem em cenários miríficos de uma recessãozita mundial. Em relação à economia americana, mesmo as previsões mais realistas do Morgan Stanley de queda de 30% do PIB no 2.º trimestre e um aumento da taxa de desemprego dos 3-4% actuais para 12,8%, vão ser certamente ultrapassadas.
Aqui no Portugal dos Pequeninos vai ser uma hecatombe económica e financeira em cima de um endividamento pesado (em Janeiro o endividamento total público e privado
voltou a aumentar 1,5 mil milhões atingindo 722,5 mil milhões), uma
economia descapitalizada e uma produtividade medíocre. O turismo que representa quase um sexto do PIB em termos de impacto directo e um impacto total que pode atingir 25% do PIB vai sofrer um rude golpe. As exportações vão igualmente ser fortemente afectadas.
No conjunto, segundo a
estimativa de Abel Mateus, que na circunstância temo seja optimista, haverá uma queda anual de 5,4% do PIB o que adicionado ao crescimento antes previsto de 1,9%, equivale a um impacto de 7,3% resultante da pandemia. Em consequência, segundo Abel Mateus, a taxa de desemprego aumentará 5 a 7,5 pontos percentuais voltando ao níveis da crise anterior.
O cenário de Abel Mateus corresponde aproximadamente ao mais optimista dos
três cenários da Universidade Católica: quedas do PIB de 4%, 10% ou 20% e aumento do desemprego para 8.5%, 10.4% e 13,5%. No vosso lugar, apostaria no último cenário.
A medicina do Dr. Costa para a ecoanomia
E que respostas tem o governo do Dr. Costa para enfrentar a inevitável crise? Em duas semanas anunciou sucessivamente medidas várias que começaram por 100 milhões (até parece mentira mas não é), continuaram com 200 milhões, 2.000 milhões, 9.200 milhões e 10 mil milhões. É o que se chama andar atrás dos acontecimentos e não augura nada de bom.
Não estamos preparados para enfrentar esta crise. Na verdade, já não estávamos preparados para enfrentar a longo prazo a situação "normal".