Uma amostra de 76 bancos analisados o ano passado pelas autoridades de supervisão bancária europeias, segundo a Economist (Breaking the doom loop, Fev 3), tinha uma exposição de 1,7 biliões de euros à dívida pública dos estados membros, dos quais cerca de 2/3 (1,1 biliões) eram dívida dos países onde esses bancos têm a sede, montante que excede em 10% o common equity tier-one capital (grosso modo os capitais próprios) desses bancos (na altura 1 bilião).
Nisso consiste o doom loop (círculo vicioso) a que se refere a Economist. As dificuldades de financiamento dos Estados repercutem-se nos bancos, os quais pressionados a comprar mais dívida pública acabam a registar imparidades com a subida dos yields e a ter no limite de ser resgatados pelo Estado, que fica ainda mais endividado.
No caso português, no final de 2017 a dívida pública directa total do Estado segundo o IGCP era de 238,3 mil milhões de euros. Segundo números citados pelo Expresso, o financiamento total da banca portuguesa ao Estado atinge 47 mil milhões, ou seja praticamente 1/5 da dívida total, e estimo que seja uma vez e meia o montante os fundos próprios de base totais para efeitos de solvabilidade (common equity tier-one capital).
Se 1,1 constitui um círculo vicioso, que figura geométrica viciosa constituem 1,5? Tomemos nota para memória futura quando a geringonça começar a chutar a bola para o neoliberalismo, a economia de casino e as agências de rating.
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Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)
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20/02/2018
Pro memoria (370) - No caso da banca portuguesa é mais um círculo viciado
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