Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.» (António Alçada Baptista, em carta a Marcelo Caetano)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

18/08/2011

DIÁRIO DE BORDO: É mais ciúme e inveja do que outra coisa

Estou a publicar o email abaixo mais para limitar a assimetria de informação do que para censurar em bloco os passarões nele visados. À boa maneira portuguesa, conhecida por cultivar mais o ciúme e a inveja do que a equidade, todos eles deveriam ser condenados por ganharem muito dinheiro. Antes de os condenarmos, há contudo algumas precisões a fazer.

Primeiro, put it into perspective. O que é muito dinheiro? Para um servente de pedreiro, o salário de muitos destinatários deste email é uma afronta tão grande quanto para estes são os honorários de qualquer dos passarões.

Segundo, é indispensável distinguir entre os cargos dos passarões no Estado e em empresas públicas, todos indirectamente suportados pelos sujeitos passivos da espoliação fiscal, e os cargos dos mesmos passarões em empresas privadas sujeitas à concorrência, com accionistas que os escolheram e lhes pagam. E se lhes pagam demais e/ou se os passarões os induzem a fazer asneiras o mercado puni-los-á por isso.

Terceiro, é sabido o portuguese way poder conduzir também as empresas privadas a contratar uns passarões não pelo que valem mas pelo lóbi que se espera que façam, na melhor hipótese, ou pelas influências corruptas que também se espera que tenham, sobretudo na partidocracia e na esfera estatal. Alguns dos passarões são disso suspeitos. Mas também é sabido muitos dos queixosos acharem legítimo e não terem a menor hesitação em usar o portuguese way para subir na vida, sacar umas massas por baixo da mesa ou arranjar emprego para a família, entre muitas outras utilizações.

Quarto, seja como for, o certo é serem poucas as alternativas para evitar os desvios à equidade, digamos assim. Uma está já fora de moda – o regime dos sovietes, onde só os chefes e os apparatchiks tinham datcha nos arredores e eles próprios ditavam o que é a equidade – e outra ainda não está na moda por cá e tem-se mostrado difícil de compatibilizar com o portugueses way – sociedade civil forte e aberta, concorrência, primado do mérito, igualdade de oportunidades, transparência.

Em conclusão, se não gostam não se queixem e façam alguma coisa para mudar o portuguese way. Ou habituem-se, como sugeriu um conhecido passarão.

1 comentário:

Anónimo disse...

buy tramadol without prescriptions order tramadol online mastercard - tramadol for dogs+urination