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30/10/2005

SERVIÇO PÚBLICO: o private banking sob o foco do vasculhar em curso

Os episódios já vistos do vasculhar que a Judite e o DCIAP estão a levar a efeito nalguns bancos pertencem a uma novela que é um exemplo dos piores costumes que minam este nosso Portugal das mentes pequeninas.

Pela banda da banca a novela mostra a sobranceria e expectativa de impunidade com que montaram e mantiveram durante anos um serviço de evasão fiscal para os seus clientes do private banking. Isto é conhecido de muita gente há demasiado tempo.

Pela banda do BdeP mostra que está mais preocupado em produzir sound bites e em fazer fretes ao governo, do que levar a cabo genuínas acções de inspecção e fiscalização como lhe competiria como autoridade de supervisão.

Pela banda da face visível da Judite e do DCIAP, o vasculhar caótico de milhares de contas e a incúria exuberantemente evidenciada (segundo o presidente da APB disse na televisão, há informação confiscada aos bancos nos elevadores do DCIAP), mostram a sensibilidade de um hipopótamo numa perfumaria, o pouco escrúpulo legal e um completo desprezo pelo direito ao sigilo.

Pela banda da face invisível da Judite e do DCIAP, o trombetear para os mídia das acções policiais mostra como também esta parte do aparelho do estado napoleónico-estalinista está infiltrada e ao serviço dos lóbis partidários e corporativos.

Pela parte dos mídia, mostra a mal disfarçada satisfação de ver o «capital financeiro» a escorregar na sua própria lama, aflorando debaixo daquele respeitinho reverencial com que, por diversas razões sobre as quais agora não tenho tempo de discorrer, tratam os senhores da finança, sempre tão educados, elegantes e bem-falantes.

Pela parte do populacho, mostra o profundo gozo de ver entalados aqueles «ricos» que levam as «grandes fortunas» de outros «ricos», uns e outros «gatunos», «lá para fora», enquanto os pobres contam as patacas para as esticar até ao fim do mês.

Pela parte do governo, mostra os primeiros sinais de duplicidade. Por um lado, a facção dos vingadores, quer, não tanto a punição exemplar dos culpados, mais o seu opróbrio público. Por outro lado, a facção «pragmática», deseja que tudo isto se resolva deixando o embaraço escorregar para dentro das gavetas da incompetência policial e judicial.

E pela banda dos clientes? Esses fizeram o que lhes competia, adoptando os comportamentos adequados à situação de pilhagem fiscal laxista e incompetente, com tanto escrúpulo como todos os outros. It's just business.

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