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30/10/2005

AVALIAÇÃO CONTÍNUA: ver um argueiro no olho próprio e não ver uma tranca no alheio

Secção George Orwell
A semana passada, 30 representantes de pais, professores, autarquias e partidos políticos, certamente também pais a maioria deles, consideraram-se incompetentes para educar os seus filhos numa matéria nuclear ao seu papel de pais: a teoria e a prática da perpetuação da espécie, assegurada por meios gratificantes.

Suspeito que ao reconhecerem a incompetência terão tido carradas de razão. Nada os autorizava, contudo, a falar em nome das outras centenas de milhar de pais dos cachopos que frequentam as nossas escolas secundárias, pedindo ao governo para adoptar a educação sexual como matéria obrigatória.

Acresce que o módico de lucidez que os membros do Conselho Nacional de Educação mostraram ao reconhecerem-se incompetentes, foi prontamente posto em causa pelo facto de reconhecerem competência a um corpo de profissionais reconhecidamente incompetente para instilar nas meninges dos cachopos os rudimentos da língua pátria, da matemática e de outras matérias áridas e comprometedoras da felicidade que as escolas devem proporcionar.

Atribuo 3 afonsos aos conselheiros pelo reconhecimento da incompetência própria e 5 chateaubriands pelo não reconhecimento da alheia.

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