Our Self: Um blogue desalinhado, desconforme, herético e heterodoxo. Em suma, fora do baralho e (im)pertinente.
Lema: A verdade é como o azeite, precisa de um pouco de vinagre.
Pensamento em curso: «Em Portugal, a liberdade é muito difícil, sobretudo porque não temos liberais. Temos libertinos, demagogos ou ultramontanos
de todas as cores, mas pessoas que compreendam a dimensão profunda da liberdade já reparei que há muito poucas.
» (António Alçada Baptista)
The Second Coming: «The best lack all conviction, while the worst; Are full of passionate intensity» (W. B. Yeats)

07/07/2023

Sleepy Joe's idea of proposing Frau von der Leyen to lead Nato doesn't seem like a good idea

«Why does Joe Biden think that Ursula von der Leyen is qualified to lead the defence of the West? She was German defence minister between 2013 and 2019 and was involved in multiple controversies.

In 2015, German troops were so ill-equipped that they had to use broomsticks instead of machine guns for a Nato exercise. It also emerged that German rifles wouldn’t shoot straight in temperatures above 30°C. By 2019, the Bundeswehr’s ammunition stocks were reportedly so low that they would run out after two or three days of fighting.

The same year, German soldiers used mobile phones on another exercise because they didn’t have encrypted communication devices. Thanks in part to von der Leyen’s leadership, Bundeswehr soldiers still lack modern radios, night-vision equipment, body armour, radio-integrated helmets, combat boots and even thermal underwear and water proof clothing.

In February 2021, the Dutch MEP Derk Jan Eppink called for von der Leyen to stand down from her fairly disastrous spell as president of the European Commission. ‘I did not vote for your candidacy for president of the European Commission because I knew of your past as a minister of defence in Germany,’ he said. ‘You have run away but I will say it anyway, you are to be blamed.’»

Is Ursula von der Leyen fit to run Nato?, by Steerpike, from the Spectator Newsletter

06/07/2023

Os lucros, a inflação e o visconde de Chateaubriand, outra vez

Pela segunda vez em pouco tempo, é invocado aqui no (Im)pertinências o visconde de Chateaubriand que, segundo a lenda, imaginava ter sido a providência divina a fazer passar os rios através das cidades para conforto e conveniência dos seus habitantes. Neste caso, o papel de Chateaubriand é desempenhado por reconhecidas autoridades em ciência económica como o Dr. Marcelo, o Dr. Costa e o Dr. Montenegro, as cidades e os rios são, respectivamente, os lucros das empresas e a inflação, e o lugar da divina providência, segundo essas sumidades, seria ocupado pela perversidade capitalista.

Tal como a explicação do visconde pode ser fundada nos mapas existentes que mostram os rios a passar pelo meio das cidades, também a tese dessas autoridades de que são os lucros das empresas a causar a inflação é sustentada por diagramas, como o do FMI.


A semana passada o economista Ricardo Reis expôs a falácia em linguagem simples e acessível na sua coluna R ao Quadrado do Expresso.
«As margens brutas de muitas empresas têm subido nos últimos 18 meses. Igualmente, os lucros totais do sector empresarial subiram nos EUA e na zona euro. Tendo em conta que são estas empresas que têm aumentado os preços dos seus bens, podemos por isso dizer que o aumento na inflação se deve à cobiça das empresas na busca de mais lucros? O culpado da inflação é a ganância?
Esta hipótese tem o seu apelo. Não só porque ela permite alimentar as teorias da conspiração, que imaginam uma associação de perversos capitalistas algures num iate a congeminar planos para enriquecer à custa do sofrimento dos outros, mas também porque há uma atração humana por encontrar um culpado para o que quer que aconteça. Para mais, é habitual culpar-se a cobiça ou a ganância quando a economia não funciona, da mesma forma que antes se culpavam os deuses da chuva quando as colheitas eram más, e desta vez não é exceção. Mas, se é fácil perceber porque é que as pessoas gostam destas explicações, é mais difícil pensar nelas durante uns minutos e conseguir perceber qual é a substância por trás delas.

O objetivo de uma empresa é ter lucros. Conheço poucas empresas que se contentem com ganhar menos, dentro das regras e desde que haja concorrência, até porque se o fizessem, rapidamente iam à falência. Isto não é diferente em 2023 do que era em 2020 ou 2013. Porque é que esta cobiça produz inflação hoje, mas não nas últimas duas décadas? Magicamente, a cobiça aumentou?
Pelo contrário, tem havido um aumento no tamanho das empresas em vários sectores desde aproximadamente a viragem do século. Há sinais, não completamente conclusivos mas certamente sugestivos, de que isto aumentou o poder de mercado destas empresas, e com isso as suas margens e lucros. Por isso, se o aumento das margens fosse um dos grandes determinantes da inflação, seria de esperar que os últimos 20 anos tivessem sido de inflação acima do esperado. Pelo contrário, este período viu uma inflação estável, próxima dos 2%.
Além disso, quando se culpa o aumento das margens pela inflação, incorre-se numa confusão clássica entre níveis e taxas de crescimento. Um aumento das margens das empresas levaria a um aumento no nível dos preços. No período desse aumento, a inflação, que é apenas a taxa de crescimento do nível dos preços, seria alta. Mas logo a seguir, com os preços no seu novo nível, a inflação voltaria a ser perto de zero. No entanto, nós temos uma inflação elevada há pelo menos dois anos, e até há uns meses ela estava a crescer. Ou seja, para explicar a inflação que vivemos não bastaria que as margens fossem mais altas, mas elas teriam de ter aumentado cada vez mais depressa todos os meses.
Com certeza não é coincidência que as margens das empresas tenham subido precisamente quando a inflação aumentou, certo? Correto. Uma das características da inflação é que, quando os preços sobem depressa, de início os salários não aumentam tão rapidamente. O poder de compra dos trabalhadores cai. Essa é uma das principais razões pelas quais é tão importante combater a inflação. Ora, se os preços sobem mais depressa do que os salários, então, para muitas empresas cujos custos dependem sobretudo do custo com os trabalhadores, as margens aumentam. Logo, faz parte do processo normal inflacionista as margens aumentarem. Isto não quer dizer que seja o aumento das margens que causa a inflação. Apenas quer dizer que os dois estão aritmeticamente ligados. Naturalmente, nos próximos dois anos, os salários vão subir mais do que os preços, e as margens das empresas vão descer. Não porque elas passem a ter menos cobiça, mas porque os preços tendem a ser mais flexíveis, e a ajustar-se mais rapidamente, e os salários o fazem mais tarde com um atraso.
Se não são as margens, o que determina então a inflação? Acima de tudo, é a política monetária. Todos os meses, a economia muda, algumas margens sobem e outras descem, o preço da energia pode subir ou descer, a produtividade pode estagnar ou disparar. Todos estes fatores afetam o nível dos preços. Mas em relação a todos eles, a política monetária pode reagir. Mudando o retorno em investir em euros (a taxa de juro) o banco central muda a atração de poupar em euros ou antes investir em capital físico. Ao fazê-lo, muda por isso a procura por esses euros. Igualmente, o banco central muda a quantidade de dinheiro em circulação em relação à quantidade de bens que podem ser comprados e vendidos.
Um preço não é mais do que o valor de um bem em euros, e a inflação não é mais do que uma medida da perda de valor desses euros. A inflação está alta hoje porque a política monetária há um ano ou dois fixou as taxas de juro demasiado baixas, ou criou demasiado dinheiro, em relação ao que seria adequado para o nível de produção de bens na nossa economia. Fê-lo em parte por boas razões (a alternativa seria pior), em parte porque é difícil acertar neste controlo em tempos muito voláteis, em parte por erro. Ao mesmo tempo, os erros foram corrigidos nos últimos 12 meses, e estou otimista que, por isso, a inflação vai cair e estar perto de 2% em 2025. Neste sobe e desce da inflação, lucros, salários e muitas outras variáveis mudam mas não são elas que estão a causar os movimentos da influência. Antes, elas são as consequências do processo.»

05/07/2023

TIROU-ME AS PALAVRAS DA BOCA: Os desconchavos de política monetária dos irresponsáveis do Portugal dos Pequeninos

As nossas luminárias silenciosas durante os anos em que o quantitative easing criou as condições monetárias para o actual surto inflacionista, começaram a falar como papagaios ignorantes e/ou oportunistas sobre política monetária quando o BCE está a aumentar com atraso taxas directoras, sendo mais grave o caso do Dr. Mário Centeno, por não ter as desculpas de ignorância que o Dr. Costa e o Dr. Marcelo podem invocar. 

Andava para escrever sobre estes arrotos, mas Luís Rosa no Observador dispensou-me o trabalho de o fazer com o artigo «Mário Centeno quer ser governador do Banco de Portugal ou quer regressar à política?» do qual extraio alguns passagens;

«É neste contexto que as nossas elites políticas, num estranho consenso com o Bloco de Esquerda e do PCP (dois partidos anti-europeus), decidiram atacar a política monetária do BCE, avisando de que a mesma pode levar a uma recessão económica. (...)

O governador Mário Centeno conseguiu ainda ser bastante pior do que o poder político. No mesmo dia em que Lagarde garantia ao mundo que o BCE estava “empenhado em alcançar” a meta de 2% para a taxa de inflação e em que os líderes dos três principais bancos centrais do mundo garantiam que as taxas de juro iriam continuar a subir por a inflação ainda não estar controlada, Centeno surpreendeu a opinião pública com mensagens contrárias numa entrevista à RTP:
  • “A trajetória das taxas de juro vai continuar em alta mas está estabilizada“;
  • “estamos muito próximos de ter de pausar a política monetária”;
  • estão previstas “quedas efetivas, mas baixas, na taxa Euribor ao longo de 2024″, acrescentando que a taxa Euribor deverá atingir o pico entre setembro e novembro. Mais: Centeno especificou mesmo que a Euribor a 12 meses vai atingir o pico “em setembro” e a Euribor a 3 meses e a 6 meses atingirão o seu máximo em “novembro”.
É estranho que um homem tão cauteloso com o seu próprio dinheiro, seja tão temerário nestas projeções que, repito, contrariam o discurso da presidente do BCE.

O que me suscita as seguintes questões:
  • Como é que a trajetória das taxas de juro “está estabilizada”, se a presidente do BCE pré-anunciou na prática duas subidas de 50 pontos base que, globalmente, vão passar a taxa de juro para 4%?
  • Como é que o BCE está “muito próximo de pausar” a subida das taxas de juro, quando Lagarde anunciou precisamente o contrário e recusa explicitamente qualquer pausa? Mais: o Fed e o Banco de Inglaterra também recusam qualquer pausa.
  • E, finalmente, como é que Mário Centeno pode garantir ou prometer “quedas efetivas, mas baixas, da taxa Euribor ao longo de 2024, especificando mesmo que o pico será atingido em setembro (Euribor 12 meses) e em novembro (3 e 6 meses)? O governado Centeno controla ou tem mecanismos para controlar o mercado livre da Euribor que costuma antecipar as subidas da taxa de juro decididas pelo BCE?»

04/07/2023

O velho imperialismo do Novo Império do Meio, dos Mares do Sul ao FMI

«Para os anais da competição de grandes potências no Pacífico, a carta de David Panuelo que divulgada em 10 de março é um marco. Dirigindo-se ao Congresso e aos governadores estaduais de seu país, o presidente cessante da Micronésia descreve detalhadamente os esforços chineses para intimidar e subornar políticos para que sigam uma linha pró-China. Panuelo acusa a China de travar uma "guerra política" contra seu país. Para mitigar os danos que isso está causando, ele recomenda que a Micronésia mude o reconhecimento diplomático para Taiwan. Ele afirma ter garantido uma promessa de US$ 50 milhões de Taiwan, mais pagamentos anuais de US$ 15 milhões, para tapar o buraco fiscal resultante de se distanciar da China.

Os métodos descarados da China para dominar os pequenos Estados insulares do Pacífico não são segredo. No entanto, o nível de detalhe que o Sr. Panuelo fornece é notável – e certamente profundamente embaraçoso para a China. "Somos subornados para sermos cúmplices e subornados para ficarmos em silêncio", escreve. Ele descreve envelopes chineses de dinheiro e ofertas de viagens de avião particular para obter favores entre políticos e administradores que "promovem seu interesse pessoal em vez do interesse nacional". Em outro caso, o embaixador chinês na Micronésia colocou as vacinas contra a covid-19 no centro das recentes campanhas de propaganda global da China de forma tão insistente que o presidente teve que mudar seu número de telemóvel.

Quando os presentes não funcionam, são feitos avisos. Panuelo afirma ter recebido "ameaças diretas contra minha segurança pessoal" de autoridades chinesas. Enquanto participava de uma reunião do Fórum das Ilhas do Pacífico em Fiji, ele diz que foi seguido por dois homens da embaixada chinesa.»

(Micronesia takes on China)

«Três fatores explicam o enfraquecimento do FMI. Primeiro, a intransigência dos credores chineses que emprestaram aos países pobres. Em segundo lugar, o estado lamentável dos países de renda média em dificuldades perenes, para os quais os empréstimos são tanto geopolíticos quanto econômicos. Em terceiro lugar, a incapacidade do fmi de executar um plano, impulsionado por sua liderança, para usar recursos para fins menos controversos do ponto de vista diplomático, como empréstimos climáticos caros e políticas de saúde.

Os credores chineses causam problemas quando o FMI aborda a reestruturação da dívida. Antes que o fundo possa emprestar, ele deve ter certeza de que o empréstimo de um país é sustentável. Isso geralmente requer um acordo para reestruturar - jargão para anotar - dívidas existentes. As amortizações já foram acordadas em negociações tranquilas conduzidas pelo FMI entre os países ocidentais no “Clube de Paris” dos credores. A ascensão da China nos últimos 20 anos como um grande credor tornou isso praticamente impossível. Pelo menos 65 países devem à China mais de 10% de sua dívida externa. (...)

Falando após uma visita à China, Kristalina Georgieva, diretora-gerente do fmi , diz que o país agora está envolvido com o fundo: “A questão já não é 'Deve haver uma redução [nas dívidas dos mutuários]?', mas ' Quanto?' e 'Através de quais instrumentos?'”. No entanto, a China não reduziu o valor nominal de seus empréstimos e, apesar de vagas garantias em contrário, não prorrogou os pagamentos para atender às condições do FMI.»

(The IMF faces a nightmarish identity crisis)

03/07/2023

Semanário de Bordo da Nau Catrineta (versão curta)

O Pertinente saiu por estes dias em missão humanitária para um destino onde o acesso à internet é problemático e por isso a edição normal do Semanário de Bordo foi interrompida. Em vez disso, sai esta edição abreviada pela pena do outro contribuinte. 

Cada governo tem a imprensa que merece (ou será a imprensa que precisa?) e cada eleitorado também tem o que merece (ou será o que pode?) 

O Expresso prantou numa peça do caderno de Economia o título "Governo quer mais multibancos mas falta falar com banca"

Se, como suspeito, a maioria dos eleitores considerar que num país da UE com uma democracia que deveria ser funcional, com liberdade de imprensa, a visão subjacente a tal título não reflecte uma realidade viciada e viciosa de um Estado intrusivo e de um jornalismo abúlico e conformado, então o eleitorado tem aquilo que merece.

02/07/2023

América Latina, uma região encalhada no tempo

O mês passado a Economist publicou um artigo sobre a produtividade na América Latina cujo título ("A land of useless workers”) provocou nalguns leitores mais sensíveis a dose de indignação que nos tempos pós-modernos se dedica a qualquer coisa que cheire a uma realidade desagradável.

E a verdade é que esta realidade é visivelmente desagradável quando comparada, por exemplo, a evolução da produtividade da América Latina (AL) com a do Leste Asiático (LA), abrangendo China, Japão, Mongólia, Coreias do Norte e do Sul e Taiwan.  

Em 1962 o produto per capita do LA era um terço o da AL, em 2012 o LA tinha alcançado a AL e em 2022 estava 40% acima. A Economist aponta várias causas possíveis: baixo nível de investimento, baixo nível educacional, falta de concorrência (as economias latino-americanas são um chão fértil para monopólios e oligopólios), uma gigantesca economia informal e a corrupção generalizada em todos os sectores mesmo da economia formal. 

É claro que, como é típico nas questões económicas e sociais, todos essas causas concorrem para o resultado e influenciam-se reciprocamente. Se, como Daron Acemoglu e James Robinson (Why Nations Fail: The Origins of Power, Prosperity, and Poverty), considerarmos o papel das elites insubstituível para o sucesso dos países, poderemos acrescentar uma causa precedente às citadas: as elites da AL são elites extractivas, isto é, elites parasitárias cujas origens, não certamente por acaso, remontam aos tempos das potências colonizadoras, elas próprias ainda hoje com elites com dificuldades, to say the least, de servirem de catalizadoras ao desenvolvimento económico e social, elites que segregam uma cultura colectivista e avessa ao risco.

01/07/2023

Lost in translation (365) - Bendito governo que reembolsa impostos e aumenta salários

Em uníssono, como é costume, os jornais destacaram as palavras do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais que lembrou ao povo ignaro que já tinha reembolsado 2,5 mil milhões de euros do IRS a 2,5 milhões de famílias.

Teria o Dr. Félix anunciado a redução retroactiva do IRS? Perguntei ao ChatGPT o significado das estranhíssimas palavras e o Chat esclareceu ter o Dr. Santos Félix querido dizer que a engenharia fiscal socialista fixou as taxas das retenções de IRS do ano passado em montantes superiores aos resultariam de uma estimativa fiável do IRS final, permitindo assim ao governo extorquir uma média de mais de 200 milhões de euros por mês de impostos em excesso que foram como que um empréstimo forçado sem juros dos contribuintes ao Estado sucial.

Fiquei esclarecido e curvo-me perante a criatividade fiscal socialista que, em seguida, tirou mais um coelho da cartola informando o povo ignaro que a partir de 1 de Julho as taxas de retenção deste ano seriam corrigidas do excesso o que faria o salário líquido «crescer até 65 euros». Melhor não é possível.

29/06/2023

LASCIATE OGNI SPERANZA, VOI CH'ENTRATE: Vamos todos fingir que o problema não existe? Sim, vamos (7) - A leveza insustentável do sistema público de pensões (IV)

Continuação de (1), (2), (3), (4), (5) e (6)

mais liberdade

Como o diagrama mostra, já em 2022 as contribuições e quotizações asseguraram apenas 74% das despesas correntes, sabendo-se que a reserva do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social anda pelos 24 mil milhões, insuficiente para pagar as despesas correntes de um ano, imagine-se o que será dentro de uma década ou duas num cenário demográfico com a população activa a diminuir e a esperança de vida a aumentar. 

Concluindo a citação dos excertos da entrevista ao Eco de Jorge Bravo:

«Hoje é praticamente insignificante [o segundo pilar na proteção social, isto é, os fundos de pensões]. Por causa da integração dos grandes fundos de pensões (Portugal Telecom, ANA, Caixa, etc.) no sistema Previdencial e na Caixa Geral de Aposentações (CGA), a cobertura por planos do segundo pilar reduziu-se significativamente e tornou-se praticamente insignificante. O que tem havido e aumentando com alguma expressão são as funções complementares individuais, através dos seguros de vida, dos planos de poupança reforma (PPR), dos planos de pensões individuais. (...)

O que temos tido é uma insuficiente aposta da parte das entidades públicas em promover a poupança. Aliás, até temos tido uma cultura de ostracização da poupança, como se vê no esforço fiscal que é aplicado sobre a poupança. Até nas mais elementares formas de poupança, como um depósito, há a aplicação de uma taxa unilateral de 28%. Isso é absurdo. (...)»

Vem a propósito da referência de Jorge Bravo aos grandes fundos de pensões que foram integrados na SS e na CGA remeter para o post com mais de 10 anos "Receba agora e pague depois ou a cosmética do défice em preparação" onde se denuncia a manobra para limpar défices orçamentais e se elencam os fundos que para tal foram usados.

Não vem a propósito, mas não resisto a lembrar que o número de imigrantes que desconta para a Segurança Social portuguesa se multiplicou por cinco desde 2015 e atinge 650 mil. Agradecei-lhes por fazerem o trabalho que os nativos com diplomas em ogias rejeitam e a contribuições que pagam.

28/06/2023

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (72c)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

(Continuação de 72a e 72b)

Choque da realidade com a Boa Nova. Os comboios descarrilam

Uma vez ou outra, alguns jornalistas mostram menos boa-vontade – louvados sejam – e fazem um inventário do desempenho do governo do Dr. Costa. 

É o caso da peça do Público (o Avante da Sonae ainda tem lá alguns jornalistas) sobre a execução do Ferrovia 2020 que pode ser resumida assim:



Poucos dias depois do anúncio de mais 117 comboios e «pelo menos» uma nova fábrica dos ditos, pode dar-se mais um choque dos comboios com a realidade: as regras da Óropa podem pôr em causa os sonhos do Dr. Pedro Nuno agora corporizados pelo Dr. Galamba. Se ao menos a Óropa mandasse a grana e deixasse das fantasias de assegurar a concorrência.

No socialismo há dois mercados que funcionam bem. O mercado paralelo e o mercado negro. Agradeçam aos esforços do socialismo para mitigar o efeito Laffer

Segundo um estudo da FEP, o peso da economia não registada, isto é, da chamada economia paralela que inclui actividades legais e também o mercado negro, tem vindo a crescer desde 1996 e atingiu 34,37% em 2022. A uma taxa média de IVA de 20% a economia paralela geraria uma receita adicional superior a 16 mil milhões de euros.

Mais Habitação. Os deputados socialistas insultam os senhorios

A última invenção dos deputados socialistas para tornar atractiva aos senhorios a redução das rendas é proporem «uma redução de cinco pontos percentuais da respetiva taxa de IRS, sempre que a renda seja inferior em pelo menos cinco pontos percentuais à renda do contrato de arrendamento anterior». Traduzindo por miúdos, é passar de uma renda líquida de impostos de 72% da renda bruta para 73,15%. Estão a pensar que 0,15% não é incentivo nenhum? Pensam bem, mas não pensaram tudo, por exemplo que com a volatilidade do fisco socialista um ou dois anos depois o incentivo pode ser anulado e fica o quê? Fica uma base 5% inferior para actualizar a renda até ao fim dos tempos.

De volta ao velho normal

A taxa de poupança das famílias voltou a descer 0,6 pp no primeiro trimestre deste ano face ao último trimestre do ano passado.

«Pagar a dívida é ideia de criança»

Em Abril o endividamento da economia aumentou 1,9 mil milhões e atingiu 804 mil milhões de euros ou cerca de 3,3 vezes o PIB previsto para 2023.
Jornal Eco
Pro memoria: o endividamento da economia é a soma das dívidas do Estado, das famílias e das empresas não financeiras.

27/06/2023

Putin is increasingly losing touch with reality

«Trailed as a historic address to the nation following the weekend’s Wagner rebellion, Vladimir Putin’s short speech on Monday night was an unconvincing condemnation of everything generally and nothing much specifically. If the speech was historic, it was only because of the way the President brought up Russia’s historical betrayals and revolutions.

Putin’s allusions to civil war and ‘times of troubles’ (historical periods when the state is weak and chaos ensues) only remind people of the instability currently afflicting Russia. Likewise, the comparisons with ‘neo-Nazi Ukraine’, supposedly a failed state, raise the question why it was in Rostov, not Kyiv, that Russian fighters were welcomed with fanfare, pastries, and selfies.

Putin’s efforts to blame Wagner – and ‘the West’ – ignores a discomforting reality: that Prigozhin’s complaints about the war’s failures appeal to many ordinary people. First, because he tells the truth, namely that the invasion was based on lies and the war has been fought incompetently. Second, because his ‘truth’ is packaged in a way that consoles the many thousands of Russians who have lost loved ones in Ukraine, and the many millions who feel disoriented by the decision to launch a full-scale invasion in the first place.

The use of ‘everything is going according to plan’ as an ironic catchphrase on Russian social media shows the widespread awareness of the Kremlin’s failed prosecution of the war on Ukraine. But Prigozhin’s tirades and audio messages salvage Russia’s bruised national pride by pinning these failures on corrupt and incompetent elites, whose children swan around Europe while everyone else is sent to battle without proper equipment or training.

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (72b)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

(Continuação de 72a) 

Insanidade é continuar a fazer a mesma coisa e esperar resultados diferentes

Depois de décadas a promover bolsas para doutoramentos em ogias, cujos destinatários vão encavalitar-se nas mesmas universidades onde sempre estiveram, por via da endogamia, ou vão ocupar um lugar de apparatchik num qualquer departamento do Estado sucial, chega-se à conclusão que «apenas 6% dos doutorados chegam às empresas. Na UE são 40%». Que outros resultados esperavam?

Os turistas continuam a manter o Titanic socialista a flutuar

Nos quatro primeiros meses do ano o saldo das viagens e turismo na balança de serviços aumentou 1.423 milhões de euros. Dá jeito para equilibrar a balança comercial e para dar emprego aos graduados em ogias da geração mais educada de sempre.

Em vez de se envergonharem, celebram. Não é uma questão de falta de dinheiro é uma questão de falta de dignidade

A Dr.ª Margarida Marques, eurodeputada socialista e vice-presidente da Comissão de Orçamentos do Parlamento Europeu, garantiu aos jornais que no próximo quadro financeiro plurianual que está em preparação Portugal terá a sua contribuição no orçamento aumentada, mas, não se preocupem, porque «o país deverá continuar a ser um beneficiário líquido». A caminho dos 40 anos a receber esmolas da Óropa, o Portugal dos Pequeninos felicita-se por continuar pobrezinho e de mão estendida para os seus benfeitores.

Boa Nova

Quando mais o Dr. Costa e o seu governo estão enrascados mais os seus ajudantes se desdobram em anúncios. A semana passada foi o Dr. Galamba a anunciar mais 117 comboios «pelo menos» e uma nova fábrica dos ditos e a Dr.ª Mariana a anunciar um novo hospital em Évora com 351 camas que custará 205 milhões de euros e estará pronto no próximo ano. Que esta estratégia comunicacional de agitprop continue a ser usada com sucesso mostra bem três coisas: a falta de memória e preguiça intelectual dos portugueses, a boa-vontade dos jornalistas e a falta de escrúpulos e vergonha da nomenclatura socialista.

Take Another Plan. O multiplicador socialista, uma vez mais

Uma das singularidades do pensamento milagroso inerente ao socialismo lusitano é o conceito do multiplicador socialista cujos exemplos temos vindo a referenciar no (Im)pertinências (ver a etiqueta “multiplicador”). O exemplo porventura mais acabado é o da esperada multiplicação de cada euro torrado em autoestradas em 18 euros de aumento do PIB – a coisa falhou e o que se multiplicou foi a dívida pública. A uma escala mais modesta temos agora a multiplicação da indemnização de 500 mil euros paga por Mme Ourmières-Widener para se ver livre da Dr.ª Alexandra, que pode agora multiplicar-se e atingir 3 milhões de euros que é quanto Mme vai exigir ao Dr. Medina por se ter visto livre dela.

Os prognósticos baseados no pensamento milagroso não costumam dar bom resultado

Outro exemplo do pensamento milagroso socialista são os anúncios do fim para breve da inflação, normalmente a cargo do Dr. Centeno, cujas funções que sobram do Banco Central Europeu não dão para lhe ocupar senão uma pequena parte do seu tempo e uma ínfima do seu enorme talento. Para temperar o provável exagero destes anúncios, recomendo leitura da peça «Investors must prepare for sustained higher inflation» que expõe com clareza os dilemas que os bancos centrais vão ter de enfrentar para mitigar a inflação e os custos para as economias.

(Continua)

26/06/2023

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (72a)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

Os cabecilhas do Estado sucial têm uma relação difícil com a verdade

É publicada uma foto do Dr. Costa sentado ao lado do Dr. Órban, um notório representante de «uma coligação mais ou menos assumida entre forças da direita (…) que, na verdade, estão a concorrer para um objetivo que é o de, (…) dar verdadeira e efetivamente má fama ao PS». Em seguida, o comentador residente em Belém justifica a presença com a vontade do Dr. Costa “abraçar” Mourinho, para pouco depois corrigir com uma “escala técnica”. Por fim, o gabinete do primeiro-ministro acrescenta à escala técnica o convite do presidente da UEFA, que afinal já era velho de dois meses, e o protocolo para justificar sentar-se ao lado do Dr. Órban.

No Estado sucial não há conflito de interesses. Há interesses em conflito

O Arquitecto Manuel Salgado, primo do DDT Dr. Ricardo e ex-vereador do Urbanismo da Câmara de Lisboa durante os mandatos do Dr. Costa e do Dr. Medina, é proprietário do ateliê de arquitectura Risco a quem foram adjudicadas, durante o seu mandato, as obras do Convento do Beato e o alargamento do Hospital da Luz (que está a ser investigado). Ao seu ateliê acaba de ser adjudicada a concepção e construção do Hub do Mar em Pedrouços. (Sol)

Um patrão que não resolve os seus diferendos com os seus empregados pretende resolver os diferendos dos outros patrões

Já tratei com mais pormenor num outro post do anúncio pela imprensa do regime de que o governo prepara aumentos de 8% para quase 100 mil trabalhadores do privado, anúncio que resulta da coexistência da falta de decoro do governo com a falta de competência dessa imprensa.

«Em defesa do SNS, sempre» / «O SNS é um tesouro»

Decorridos 10 meses da sua ascensão ao ministério do SNS, é tão óbvio que o Dr. Pizarro não tem nada para apresentar que mesmo o respeitador semanário de reverência faz um título que diz tudo: «As promessas de Pizarro são o mistério da Saúde»

Lupus est homo homini lupus

A Iberdrola tem congelado o parque eólico do Tâmega de 450 milhões de euros devido a um parecer negativo do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas por causa do lobo-ibérico. Acontece que o lobo-ibérico, que esteve praticamente extinto durante vários séculos devido ao aumento da ocupação humana, agora que essa ocupação está a desaparecer, voltará a prosperar como quase todas as espécies selvagens por essa Europa. Em breve, pode haver um problema semelhante à superabundância do javali no Sul. Talvez a melhor razão para não autorizar aquele parque não seja o lobo-ibérico mas corrigir a irracionalidade das prioridades do governo na localização das energias renováveis, como defende Mira Amaral que aqui citámos.

(Continua)

25/06/2023

Wagner Revolt in a nutshell: "Russians killing other Russians because they disagree about how to kill Ukrainians"

«Tavberidze: Finally, a somewhat philosophical question, or a moral conundrum. In a nutshell, whatever Prigozhin's real motivations might have been, it boils down to Russians killing other Russians because they disagree about how to kill Ukrainians. What does that say about modern Russia?

Eggert: It just adds to the picture: that of a very significant moral crisis inside society. A moral crisis that, I'm afraid, may lead to Russian society never being able to rise again and do something good about its own country. What's happened definitely shows to us the depths of the moral crisis that Russian society is undergoing: It is not for Putin, it is not against Putin, it is OK to kill others as long as it basically doesn't touch upon me that much. It is OK for armed gangs to capture the cities and then for them to retreat.

It is a society where citizens are in the minority. This means that whoever is in the Kremlin will be able to basically present society with any choice he or she chooses, and there is a very high chance that society will just accept it.

This is the main issue here. It's not an issue so much of arms or demographics, as important as they are. It is an issue of a society that basically agrees to any order coming from above -- some gladly, some grudgingly, some actually want to isolate themselves from reality and did it pretty successfully until recently.

Any change that may come in such circumstances will definitely come from intra-elite struggles rather than some kind of popular democratic revolution. This, to me, is probably the perspective we will be facing in the coming weeks and months.»

Vazha Tavberidze of RFE/RL's Georgian Service in an interview with Konstantin Eggert, correspondent in the Baltic States and weekly columnist on Russian affairs for Deutsche Welle

Um Major-general discípulo do visconde de Chateaubriand

Já por diversas vezes escalpelizei os delírios do "Major-general e Investigador" Carlos Branco sobre a invasão da Ucrânia como aquiali e acoli. Volto agora a citá-lo a propósito do seu artigo Linhas vermelhas que repete as suas ladainhas habituais para justificar as agressões russas com acções anteriores da NATO.

É a invasão da Georgia em 2008, que ele rebaptiza guerra na Georgia e atribui ao convite à Ucrânia e à Georgia para aderirem à NATO. É a invasão da Crimeia, que ele concede seja "invasão", que se deve à promoção de um golpe de estado em Kiev. É a invasão da Ucrânia que, segundo ele foi uma antecipação ao ataque em preparação ao Donbass. É a colocação de armas nucleares táticas na Bielorrússia, que resulta da «possibilidade de a Polónia vir a pisar mais uma linha vermelha e invadir a Bielorrússia». Até aqui nada de novo.

Aguardo com mal disfarçada ansiedade a sua explicação autorizada sobre a génese da sublevação com marcha sobre Moscovo do Grupo Wagner de mercenários capitaneado por Yevgeny Prigozhin, ex-cozinheiro de Putin. Será que Prigozhin se converteu ao nazismo e está ao serviço da NATO? Será que foi comprado pela CIA que o vai levar ao colo até ao Kremlin?

Aqui no (Im)pertinências citámos algumas vezes François-René, visconde de Chateaubriand, como tendo dito «abençoada a divina providência que fez os rios atravessar as cidades», que ele provavelmente nunca disse, mas daria jeito se o tivesse feito.

24/06/2023

A arte de bem titular toda a notícia (6) - É comovente a comunhão de ideias do governo e da imprensa do regime


É uma espécie de mimetismo. Às 23.30 de quinta-feira o jornal Negócios dá a "notícia" de que a «portaria de condições do trabalho para trabalhadores administrativos, é assinada por oito ministros, e decide de forma administrativa os salários mínimos que se aplicam potencialmente a 94 mil trabalhadores que não estão cobertos por negociação» e quase todos os outros a repetem com títulos praticamente iguais que induzem nas meninges dos leitores que o governo irá pagar do bolso dos seus ministros a quase 100 mil trabalhadores do "privado", como eles dizem.

Ninguém explica e contextualiza a "notícia", esclarecendo que estamos perante um expediente chamado "portarias de extensão", pelo qual os contratos colectivos negociados pelos sindicatos (controlados pelo PCP) que representam 10% dos trabalhadores têm influenciado 90% dos contratos de trabalho, em empresas e sectores sem condições para pagarem a bitola das maiores empresas e continuarem competitivas. Por esta via, a concertação social tem tido principalmente o papel de defender os «direitos adquiridos» das corporações empresariais e sindicais, aumentar o desemprego e assim manter o statu quo.

Em Outubro de 2012, por pressão da troika, as portarias de extensões passaram a ter um alcance mais limitado que foi resposto em Abril de 2014. Ler aqui o que Ricardo Reis escreveu em Novembro de 2021 sobre este tema. 

23/06/2023

A paixão pelas energias renováveis, tem o mesmo resultado das outras paixões socialistas

Nas energias renováveis, como no resto, a estratégia dos governos socialistas não visa optimizar os recursos e os esforços para conseguir os melhores resultados. Em vez disso, é ditada por um ou vários dos propósitos habituais de sacar fundos europeus, embarcar no facilitismo, recompensar os lóbis domésticos e fazer agitprop.

Mira Amaral, que entre muitas outras coisas foi ministro da Energia e tem um background académico que lhe permite tratar com propriedade dos temas da energia, escreveu uma vez mais sobre as prioridades do governo na localização das energias renováveis.

As exigências de ocupação de superfície das energias renováveis por unidade de output são um múltiplo das centrais convencionais: no caso das centrais fotovoltaicas 65 vezes mais do que as centrais nucleares e 37,5 mais do que centrais a gás. Por isso, em vez das grandes centrais de energia fotovoltaica, que ocupam imenso espaço e obrigam ao abate em massa de árvores, deveria ser privilegiada a produção descentralizada próxima do consumo que permitiria eliminar a ocupação de mais superfície com as linhas e as perdas de energia no transporte. O que está planeado até 2030 é precisamente o contrário: apenas 2 GW de energia distribuída de um total de 9 GW de fotovoltaica. 

Outro aspecto que Mira Amaral salienta resulta da descontinuidade inerente às energias renováveis (sol durante o dia e dependência do vento) e da inexistência de soluções de armazenamento da energia, limitações que conduziram a um gigantesco desperdício de ter uma capacidade instalada dupla da ponta de consumo (20GW e 10MW, respectivamente).

É mais uma paixão socialista com más consequências.

22/06/2023

CASE STUDY: Não é bem competitividade, é mais "competividade", como diz o Dr. Costa

A IMD publica anualmente os rankings de Competitividade, de Competitividade Digital e de Talento. Foi publicado há dias o ranking da Competitividade, ao qual já várias vezes fizemos referência. 

Depois da descida de seis lugares o ano passado, voltámos ao 39.º lugar de 2019. Mais interessante do que olhar para os rankings agregados é ver como nos posicionamos nos diversos factores.


Uma vez mais (ver por exemplo 2021) persistiram como factores mais negativos:
  • Fiscalidade
  • Finanças públicas
  • Práticas de gestão

Os dois primeiros devemos agradecer sobretudo aos governos socialistas e o terceiro à dificuldade congénita dos portugueses lidarem com exercícios de racionalidade de que a gestão é um exemplo. A esses três adicionaram-se em 2023 o Quadro Institucional e o Mercado de Trabalho, cortesia das trapalhadas do governo do Dr. Costa e das recentes alterações do Código do Trabalho, respectivamente.

21/06/2023

Numa democracia defeituosa o chefe escolhe os deputados. Numa democracia funcional os deputados escolhem o chefe (4)

Continuação de (1), (2) e (3)

O parlamento inglês aprovou ontem por 354 votos (entre os quais 118 dos 364 deputados conservadores) contra 7, com 225 abstenções, um relatório que concluiu ter Boris Johnson, o anterior primeiro-ministro e ex-líder dos conservadores, enganado intencionalmente os deputados acerca das festas em Downing Street durante o confinamento da covid.

A ex-primeira-ministra Theresa May, a líder da Câmara dos Comuns, Penny Mordaunt, e a ministra de Educação, Gillian Keegan, aprovaram as conclusões do relatório.

O deputado conservador Tobias Ellwood referiu-se à aprovação como «foi a consciência colectiva do Parlamento sendo julgado pelo povo britânico».

Alguém imagina um terço dos deputados socialistas a votarem um relatório que considera ter o seu primeiro-ministro mentido ao parlamento?

20/06/2023

Semanário de Bordo da Nau Catrineta comandada pelo Dr. Costa no caminho para o socialismo (71b)

Continuação das Crónicas: «da anunciada avaria irreparável da geringonça», «da avaria que a geringonça está a infligir ao País» e «da asfixia da sociedade civil pela Passarola de Costa». Outras edições do Semanário de Bordo.

(Continuação de 71a)

Jobs for the boys, a endogamia socialista

Já aqui escrevemos várias vezes que o governo do Dr. Costa desvirtuou completamente a CReSAP, criada pelo governo PSD-CDS para fazer escolhas com base na competência. Mais um exemplo: o novo presidente do Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana é o chefe de gabinete da ministra da Habitação Dr.ª Marina Gonçalves, que por sua vez foi chefe de gabinete do Dr. Pedro Nuno nas suas diversas encarnações de secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares e de ministro das Infraestruturas e da Habitação.

O que faz correr o Dr. Centeno, com centenas de aparições nos mídia?

Quem esperava que o Dr. Centeno ficasse sossegado e em repouso no BdP terá ficado decepcionado porque a criatura desde então está sempre a falar sobre tudo e mais alguma coisa, rivalizando com o Dr. Marcelo, o que não é dizer pouco. Só nos últimos 5 dias úteis a pesquisa Google de notícias credita ao Dr. Centeno uma centena de declarações.

Choque da realidade com o Mais Habitação

No 1.º trimestre os números de edifícios com licença de utilização e dos concluídos diminuiu 10,9% e 2,9%, respectivamente, em relação ao 1.º trimestre do ano passado.

De volta ao velho normal

Apesar da subida das taxas de juro, o crédito ao consumo no 1.º trimestre atingiu o valor mais alto desde 2013.

Cada vez mais distantes da Óropa e dos outros. Na “protividade” e no resto

Expresso


As notícias de que economia está a ir muito bem, são manifestamente exageradas

Apesar das legiões de turistas, as perspectivas de crescimento do 2.º trimestre são pouco animadoras – até o semanário de reverência titula na 1.ª página «Economia trava fundo no 2.º trimestre». A propósito dos «excelentes» 2,5% de crescimento no 1.º trimestre, o governo antes de se felicitar deveria fazer contas para verificar qual foi o (de)crescimento do resto da economia se abatermos o crescimento pletórico de 41% do turismo que representa cerca de 8% do PIB o que, só por si, deveria gerar um crescimento superior a 3%. E deveria olhar também para o investimento em volume que caiu 6,1% no 1.º trimestre.

E, já agora, deveria olhar para as exportações em quantidade até Abril que estão a diminuir e só subiram em valor porque o preço unitário ainda aumenta devida à inflação.

A geração mais bem-educada de sempre arrisca-se a ser a geração mais mal paga de sempre

Expresso

A diferença de salários dos jovens portugueses com ensino superior face aos jovens com ensino secundário desceu de cerca de 50% em 2011 para 27% em 2022. Comprometido pelos factos, o mito que da banalização dos diplomas universitários nasce o desenvolvimento do Portugal dos Pequeninos, os factos estão em vias de questionar a prática de que do diploma nasce um melhor salário.

«A educação é a nossa paixão» . Talvez devêssemos implorar ao Dr. Costa que odiasse a educação

No ranking das notas dos exames do 9.º ano encontramos a escola pública mais bem classificada em 31.º lugar e encontramos apenas duas escolas públicas nos primeiros 50 lugares. Nos exames finais do ensino secundário a escola pública melhor classificada não passou do 40.º lugar e encontramos apenas 3 escolas públicas nos primeiros 50 lugares (fonte). Cada vez mais as famílias com posses inscrevem os seus filhos nas escolas privadas, reduzindo ainda mais a já reduzida mobilidade social. É uma demonstração prática do teorema socialista que nos diz que quanto mais facilitamos o ensino para “ajudar” os pobres mais difícil fica para os pobres apanharem o elevador social que tem poucos lugares e quase todos ocupados pelo esperma sortudo.