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16/09/2024

Crónica de um Governo de Passagem (18)

Navegando à bolina
(Continuação de 17)

Talvez seja uma reforma

Há três meses o governo AD demitiu a presidente da Santa Casa da Misericórdia que depois de um ano no cargo descobriu que as receitas previstas no orçamento de 2024 eram fantasistas. Tinha sucedido a outro apparatchik socialista que torrou milhões para internacionalizar o jogo e acabou a internacionalizar os escândalos e as perdas. O novo presidente apresentou agora um plano que prevê várias medidas e entre elas a venda dos hospitais (incluindo o Hospital da Cruz Vermelha), venda de parte do património imobiliário (quase 700 imóveis em que só um quarto gera rendimentos), redução de mais de 200 apparatchiks, entre outras.

E por falar no Hospital da Cruz Vermelha, recordo que foi sempre uma quinta do PS. Falido e nacionalizado em 1998 pelo governo do Eng. Guterres, passaram por lá desde a Dr.ª Maria Barrosa, esposa do Dr. Soares, até ao Dr. Francisco Ramos, o coordenador da fracassada task force de vacinação. Falido, no final de 2020 a Santa Casa da Misericórdia comprou uma participação de 55% à Parpública depois desta lá torrar muitos milhões.

Boa Nova

O governo do Dr. Montenegro duplicou as promessas do Dr. Costa na oferta pública de habitação e anunciou que em vez das 26 mil casas até 2026, das quais só foram entregue 2 mil, e 10 mil já se sabe que não ficarão prontas a tempo para serem financiadas pela bazuca. Talvez pensando que o rigor do número aumentaria o rigor da promessa o Dr. Montenegro prometeu 58.993 casas. Segundo a Confederação da Construção e Imobiliário, para construir tantas casas serão precisos mais 80 emigrantes. O Dr. Ventura vai votar contra.

Os problemas do Estado sucial português resumem-se a falta de pessoal

a) Nas escolas

Em oito anos de governo do Dr. Costa o número de alunos no ensino não universitário reduziu-se de 1.716.155 em 2015 para 1.610.300 em 2023, o número de professores aumentou de 141.274 para 149.816, pelo que o número de alunos por professor passou de 12,1 para 10,7. Face a isto o que vai fazer o governo? Ora, o que haveria de ser? Vai recrutar mais professores.

b) Nas prisões

Em 2015 havia 121 mil detidos e 122 mil em 2022. A média de funcionários prisionais no período 2020-2022 era de 55 por 100 mil habitantes contra 58 na UE (dados Eurostat). O número de polícias por 100 mil habitantes em Portugal era mais de 40% superior à média da UE (veja-se a propósito a série de posts Vivemos num estado policial?). Face a isto, a que atribuir a fuga de cinco cadastrados? Ora, a que haveria de ser? A falta de efectivos (foi o que o jornalista pôs na boca do ministro que atribuiu a coisa a “desinvestimento”).

[Ninguém se lembrou de atribuir a causa adequada (como se diz em juridiquês) desta fuga em concreto à incompetência e desleixo dos dirigentes e do pessoal da prisão de Vale de Judeus]

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