A eficácia, isto é, fazer as coisas certas, é uma qualidade que até há uns anos não hesitaria em atribuir aos alemães e à Alemanha, que por razões profissionais conheci razoavelmente. Já quanto à eficiência, isto é fazer as coisas que têm de ser feitas usando o mínimo de recursos, hesitaria.
Isso foi no passado, digamos até aos anos oitenta, vá lá, noventa. Desde há uma década ou duas as coisas complicaram-se. Dei-me conta disso pela primeira vez há uns 20 anos em Berlim, onde nessa época se estava já há 10 anos a projectar o novo aeroporto Brandenburg de Berlim que ficou pronto 30 anos depois em 2020, por um custo 3,5 superior ao orçamentado (2,2 mil milhões de euros), depois de terem sido anunciadas 7 datas de inauguração, corrigidos mais de 100 mil defeitos e substituídos 170 mil km de cabos defeituosos.
E Brandenburg não foi um caso único. A estação central de Estugarda era para ser aberta no final de 2019 e agora prevê-se estar terminada em 2025 pelo triplo do custo orçamentado. A sala de concertos Elbphilharmonie em Hamburgo foi concluída por um custo de quase 900 milhões de euros, doze vezes superior ao orçamentado. A renovação do Pergamonmuseum em Berlim, que dispõe de uma das melhores colecções de arte grega, romana e etrusca já decorre há 14 anos e poderá levar mais 19 anos e custará 1,5 mil milhões de euros.
Será tudo assim? Não, não é. Esses são exemplos de projectos da responsabilidade do Estado alemão. As empresas Mittelstand, as PME alemãs, muitas delas empresas familiares e quase metade exportadoras, são altamente eficientes e constituem a coluna vertebral da economia alemã, para não falar das 20 ou 30 maiores grupos industriais e de serviços com volume de negócios entre os 30 mil milhões e 350 mil milhões (1,3 vezes o PIB português), alguns deles líderes mundiais nos respectivos mercados.
3 comentários:
Acho que o primeiro parágrafo não está bem. Nas duas frases usa o termo eficácia. Creio que numa das frases seria para usar o termo eficiência (a 2a frase diria eu)
Deixe lá, (Im)Pertinente, que hoje a Alemanha ficou um bocadinho mais animada:
https://observador.pt/2024/09/01/afd-ganha-eleicao-estatal-na-alemanha-e-a-primeira-vitoria-de-um-partido-de-extrema-direita-alemao-desde-a-ii-guerra-mundial/
Aqui, no rectângulo xuxo-laranjinha, também há muita gente a garantir que "o Chega está acabado", que “vai desaparecer como o PRD”. É realmente assombroso que haja tantas pessoas a vaticinar o fim de um partido que cresceu com base no discurso anti-imigração, sem primeiro resolverem o problema da imigração.
"Ah, mas qual problema da imigração?" - Retorquirá o (Im)Pertinente, - "Não há qualquer problema com a imigração, seu nativista ignorante!" Pois não, Vossa Eminência. O descontentamento das quase 1,2 milhões de pessoas que votaram no partido do Ventura, tal como o descontentamento dos 74 milhões que votaram em Donald Trump em 2020, é porque somos todos burrinhos e/ou maluquinhos e só votamos em narcisistas patológicos. Espertos são os que votaram PS e PSD ao longo dos últimos 50 anos ou quase! Esses sim, são cidadãos honestos, íntegros, inteligentes, cultos, completamente sãos da mente, do corpo e da alma!
É outro mundo. 4ª Economia Mundial.....
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